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quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

HIV/AIDS: HAVERÁ CURA PARA A PANDEMIA DE PRECONCEITO E DESINFORMAÇÃO?

Em 1981, há 40 anos, o infectologista Artur Timerman (✩?/✞2019), uma das maiores autoridades brasileiras no tratamento da AIDS (era mestre em Infectologia pela Universidade de São Paulo, foi chefe da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Complexo Hospitalar Professor Edmundo Vasconcelos e presidente Sociedade Brasileira de Dengue/Arboviroses), ouviu falar pela primeira vez sobre a doença. 

Uma revista publicada semanalmente pelo Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, o CDC, relatava os primeiros casos graves de uma infecção desconhecida. Devido à falta de dados sobre o assunto e pelo medo de contágio, médicos e enfermeiros recusavam-se a atender os pacientes que chegavam aos hospitais — geralmente com sintomas avançados. 

Para se aproximar dos doentes, os profissionais de saúde eram orientados a se paramentar com dois aventais, luva, máscara, óculos e gorro. Não era necessário, mas pouco se sabia sobre as formas de transmissão da AIDS. Ainda assim, Timerman permanecia na linha de frente. 
"Ninguém estava preparado para lidar com aquele tipo de doença e nem com aquele tipo de paciente. Gente jovem escapando entre os dedos como água, morrendo por causa de um problema que ninguém sabia tratar"
escreveu o médico no primeiro capítulo do fenomenal livro "Histórias da AIDS" (2015, Editora Autêntica), realizado em parceria com a jornalista Naiara Magalhães.

Na obra, Timerman reúne relatos de oito pacientes que convivem com o HIV (Human Immunodedeficiency Virus = Vírus da Imundeficência Adquirida). Em entrevista ao site da revista Veja, em 2016, o infectologista, que já cuidou de mais de 1.000 portadores do vírus, abordou as evoluções sociais e científicas ao longo de mais de três décadas desde o surgimento da doença.

A história do surgimento da Aids

O terror que assolou o mundo


Parece não haver dúvidas quanto o caráter novo da pandemia mundial de AIDS (Acquired Immunodeficiency Syndrome = SIDA — Síndrome da Imunodeficiência Adquirida . Os primeiros casos foram detectados na África e nos Estados Unidos e a epidemia passou a adquirir importância no decurso do decênio de 1980. Não obstante, constitui ainda mistério a questão de sua origem.

Admitindo-se como correta a hipótese de que o vírus precursor tenha passado de primatas para o homem, permanece sem explicação plausível o mecanismo pelo qual isso teria ocorrido. E mais ainda, porque após milhares de anos de coexistência de homens e primatas no Continente Africano, somente então se deu a emergência da infecção humana pelo vírus aidético.

A guisa de pano de fundo, há que se considerar o conceito de nidalidade para os agentes infecciosos e as múltiplas maneiras pelas quais eles interagem com seus hospedeiros, dentre os quais o homem. Se dessas interações resultam comunidades, as populações que delas participam têm seu próprio papel na repartição dos recursos disponíveis e ao qual se dá o nome de nicho ecológico de cada população, ou seja, de cada espécie (Forattini, 1992). 

Quando esta é representada por um agente infeccioso, a infecção que ele determina pode vir a desaparecer, local ou temporariamente, se ele se revelar ineficiente na transmissão. Em outras palavras, se, em média, a cada hospedeiro atual suceder menos de um novo. 

Obviamente, vários são os fatores para que essa situação ocorra, tanto naturais como artificiais. Dentre os primeiros pode-se mencionar o desenvolvimento da imunidade ou o desaparecimento da população hospedeira, enquanto os segundos referem-se às medidas de saúde pública. 

No que concerne à Aids, há que se considerar mais de um agente viral HIV, muito semelhantes aos SIV, ou seja, os vírus da imunodeficiência simiana. Assim sendo, embora os primeiros óbitos atribuíveis a essa causa possam ter ocorrido nos anos 1950, acredita-se que a infecção tenha surgido nas regiões africanas central e oriental, uma vez que ali teve início sua maior frequência e onde a infecção de primatas ocorre na natureza.

Diante disso surgiu a tendência a se aceitar a hipótese de que o vírus da AIDS tenha se difundido na população humana a partir de sua presença em populações de macacos. Ou seja, que tenha encontrado a possibilidade de ocupar nicho ecológico interativo com o homem. 

Explicações científicas


O mecanismo graças ao qual isso possa ter ocorrido, não está ainda esclarecido. Vários são os aspectos que demandam explicações. Em primeiro lugar, a aparente benignidade da infecção por SIV entre primatas, contrastando com a extrema virulência da AIDS humana. 

Em segundo lugar e como já se mencionou, o porquê de, após milhares de anos de convivência, só no século XIX deu-se a manifestação epidemiologicamente detectável da doença. Essas questões, ao que parece, constituem o âmago da misteriosa origem da AIDS.

Várias são as hipóteses que podem ser aventadas para desvendá-las. Desde a simples questão de oportunidade e desta vir a se tornar mais frequente em virtude das mudanças sociais resultantes da aglomeração urbana e do intercâmbio extremamente desenvolvido. 

Há também os que admitem a influência das transfusões sanguínas experimentais realizadas, no decurso deste século, para estudos de malária. Contudo, nenhuma delas é capaz de trazer explicações incontestes sobre a questão (Diamond, 1992). Em vista disso, torna-se lícito que outras teorias possam vir a ser aventadas.

É sabido que os agentes infecciosos apresentam a possibilidade de emergirem sob novas formas para dar origem a epidemias. Algumas revelam-se associadas às mudanças do comportamento humano enquanto outras surgem de novas espressões gênicas (Krause, 1992). 

Estas podem ser representadas por mutação que atinge somente um único nucleotídeo da cadeia do DNA e, mesmo assim, ser essencial para o desenvolvimento da virulência. É conhecido o fato de a rapidez da taxa mutacional do HIV resultar em grande potencial de mudanças nas taxas de replicação. 

É por isso que, fora do período de latência, o vírus desenvolve-se intensamente no intervalo entre o surgimento dos sinais clínicos e a morte (Ewald, 1993). Por sua vez, o progresso da invasão antropogênica de qualquer espécie, ao longo do processo de homogeneização dentre as populações da comunidade invadida, está na dependência de fatores essencialmente dinâmicos. 

Em outros termos, a natureza das interações dessa espécie com as outras da comunidade invadida é a determinante do sucesso dessa invasão (Lodge, 1993). Porém, para que esse processo tenha sucesso e logre a estabilidade, essa interação deverá dar origem a novo nicho ecológico, ou então, assentar-se sobre nicho deixado vago. 

Esta última possibilidade torna-se admissível ao se considerar a atuação do ser humano extinguindo espécies da biosfera. E essa extinção não deve ser encarada apenas como a de animais e plantas no decurso das macro-alterações ambientais, mas sim também como resultado conscientemente colimado ao se planejar campanha de erradicação de doença infecciosa. 

Esta, sob o ponto de vista ecológico, nada mais representa do que a extinção de, pelo menos, uma espécie, a do agente infeccioso. Em logrando êxito, dá-se a vacância de um nicho, que poderá vir a ser ocupado por outro. Talvez seja simples coincidência e, portanto, não se trata de estabelecer afirmações. 

Porém, não deixa de ser interessante ponderar que, no tempo, à erradicação mundial da varíola sucedeu a pandemia de AIDS. E, no espaço, aquela tenha sido supostamente extinta por último, na África, e esta tenha se originado, por primeiro, no mesmo Continente. Em outras palavras, poderia ter-se dado o caso de que os vírus SIV, pré-existentes e relativamente inócuos, estivessem "aguardando" essa oportunidade.

Conclusão

Como nasceu a data


Em primeiro de dezembro celebra-se o Dia Mundial de Combate à Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), doença causada pelo vírus HIV. Neste ano de 2021, a data também marca os 40 anos da descoberta do primeiro paciente infectado por este vírus no mundo. 

Desde então, muitas pesquisas científicas tem buscado caminhos para controlar o agente infeccioso e tentar colocar um ponto final nesta pandemia — que, embora ainda esteja em curso, mostra-se muito mais silenciosa do que a da Covid-19, por exemplo.

No Brasil, a data também é o ponto de início do Dezembro Vermelho, uma campanha de conscientização para o tratamento precoce desta síndrome e também de outras doenças sexualmente transmissíveis. O mês de dezembro foi escolhido pelo Ministério da Saúde (MS) em decorrência do Dia Mundial de Combate à AIDS, e a cor vermelha é referência à cor do laço que serve como símbolo da luta contra a patologia.

Embora ações de conscientização fossem adotadas no Brasil e no mundo ao longo de décadas, o movimento não era oficialmente reconhecido até 2017. Em outubro daquele ano, o Senado Federal promulgou a Lei 13.504, que instituiu oficialmente 
"a campanha nacional de prevenção ao HIV/Aids e outras infecções sexualmente transmissíveis, denominada Dezembro Vermelho". 
A lei foi publicada no Diário Oficial da União em 7 de novembro.

De acordo com dados da UNAIDS, um programa associado à Organização das Nações Unidas, aproximadamente 37,6 milhões de pessoas vivem com HIV no mundo. Em 2020, 73% desse grupo tinham acesso ao tratamento antiviral, o que representa 27,4 milhões de pessoas. No Brasil, o Ministério da Saúde estima que aproximadamente 936 mil pessoas vivem com HIV.

Para quem teve acesso ao diagnóstico, à testagem e ao acompanhamento médico, que são elementos fundamentais na luta contra a doença, a ciência traz novidades animadoras. Atualmente, os tratamentos disponíveis garantem a qualidade de vida, mas é preciso fazer com que estejam disponíveis para ainda mais pessoas.

Informações importantes


  • O que é uma pessoa de soropositivo? — Chama-se soropositivo um indivíduo portador de anticorpos no sangue que provém a presença de um agente infeccioso. 
  • O termo é mais usado para descrever a presença do vírus HIV — Causador da Síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS), no sangue. 
  • Uma pessoa portadora do vírus HIV — Ou seja, um indivíduo soropositivo NÃO É ALGUÉM QUE ESTEJA DOENTE DE AIDS.
  • Diferença entre HIV e AIDS: O que é AIDS — Na medida em que se multiplica e destrói os linfócitos T-CD4+, o vírus HIV vai incapacitando o sistema imunológico da pessoa, permitindo que ela desenvolva outras doenças, que são chamadas de oportunistas. Quando isso acontece é que a pessoa desenvolve a aids. 
  • A diferença entre HIV e AIDS — É que HIV é o vírus que pode provocar a aids (Acquired Immune Deficiency Syndrome), que significa síndrome da deficiência imunológica adquirida.
  • As formas de contágio são as seguintes — Fazer sexo vaginal, anal e oral sem usar preservativo; receber transfusão de sangue contaminado; compartilhar instrumentos perfurocortantes sem esterilizar antes, como seringas e alicates de unha; da mãe para o filho durante a gravidez, o parto e a amamentação.
  • A pessoa que faz tratamento com antirretrovirais e tem a carga do vírus HIV indetectável em exames durante seis meses no mínimo, não o transmite em relações sexuais. 
O conceito de que o vírus indetectável é igual a intransmissível (I = I) é consenso entre cientistas e instituições de referência sobre HIV de abrangência mundial e está baseado em evidências científicas. 
 
Esse conceito foi adotado pelo governo brasileiro, conforme a Nota Informativa Nº 5, de 14 de maio de 2019, divulgada pelo Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais da Secretaria de Vigilância em Saúde (DIAHV/SVS) do Ministério da Saúde. Mas, a Nota ressalta que o uso regular de preservativos continua sendo uma estratégia fundamental para a resposta ao HIV.
  • A Nota da Secretaria de Vigilância em Saúde também destaca a importância de compreender corretamente como o HIV é ou não é transmitido, pois isso tem efeitos positivos sobre a estigmatização da pessoa soropositiva e a autoestigmatização por ser portador do vírus. Também afeta positivamente os direitos sexuais e reprodutivos, a testagem, a vinculação aos serviços de saúde e a adesão ao tratamento de quem vive com HIV.
  • Discriminações relacionadas ao HIV normalmente baseiam-se em atitudes e crenças estigmatizantes em relação a comportamentos, grupos, sexo, doenças e morte. A discriminação pode ser institucionalizada através de leis, políticas e práticas que focam negativamente em pessoas que vivem com o HIV e grupos marginalizados.
[Fonte: SciELO, por Oswaldo Paulo Forattini — Departamento de Epidemiologia Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo; Bibliografia: Diamond, J. The mysterious origin of AIDS, Natural History, 101(9): 25-9, 1992. Ewald, P.W. The evolution of virulence. Sci. Amer., 268(4): 56-62, 1993. Forattini, O.P. Ecologia, epidemiologia e sociedade. São Paulo, Editora da Universidade de São Paulo/Livraria Editora Artes Médicas Ltda., 1992. Krause, R.M. The origin of plagues: old and new. Science, 257: 1073-1078,1992. Lodge, D. M. - Biological invasions: lessons for ecology. Trends Ecol. Evol., 8: 133-7,1993; Veja, por Carolina Melo; Jornal da Unesp, por Renato Coelho]

A Deus toda glória.
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade.
E nem 1% religioso.
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. Não confuda avanço na vacinação e flexibilização com o fim da pandemia

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