"Porque nada podemos contra a verdade, senão pela verdade" (2 Coríntios 13:8 — ênfase acrescentada).
Vivemos dias em que a tecnologia se torna uma grande aliada para podermos pregar o evangelho, divulgar as doutrinas da salvação, alcançar as pessoas nos quatro cantos do mundo numa velocidade assombrosa e ao mesmo tempo a mesma tecnologia tem distanciado pessoas, separado famílias, causado dissoluções de amizades, aumentado ainda mais a intolerância ao contraditório, tirado o prazer de se conversar cara a cara... O grande dilema é:
Como a igreja pode lidar com isso?
Da mesma forma que a tecnologia pode aproximar as pessoas ela pode distanciar. Da mesma forma que ela pode ser usada para ensinar coisas boas e ser usada como instrumento para o desenvolvimento do ser humano ela pode ser usada para o engano e para distanciar as pessoas da verdade.
O ser humano tem muita sede de conhecimento e necessidade de saber a verdade, mas por causa dessa sede muitas vezes busca saciá-la em fontes erradas e se contamina com diversos princípios danosos.
Talvez pela facilidade, muitos têm misturado informações verdadeiras com falsas, doutrinas santas com profanas, coisas que promovem crescimento e coisas que minam energia e tem desiludido com muita facilidade.
Graça multiforme X pluralidade pagã
O Mundo [ou seja, o sistema, a sociedade humana em determinado tempo ou espaço] está mudando muito rápido e a pluralidade de crenças e ideias também. Essa pluralidade tem entrado na Igreja — sutil ou, em muitos casos, sem nenhuma cerimônia — e precisamos aprender como lidar com ela e saber como se posicionar. Como manter a ética e a clareza na interpretação da Bíblia para poder manter a Igreja no caminho correto, sem se contaminar.
Numa era em que tudo parece ser mais fácil as desilusões têm aumentado de forma assustadora. Estresse, depressão, conflito existencial, síndrome do pânico, ansiedade e outros transtornos tem crescido de forma assustadora.
Muitos não se desapegam do passado e muitos deixam de viver o presente na expectativa do futuro. O tempo continua passando da mesma forma e mesmo assim parece que vinte e quatro horas não têm sido suficientes para dar conta de tantos afazeres que temos.
A necessidade de ter e de ser tem gerado muita desilusão na sociedade de hoje. Tenho ouvido constantemente se falar em empatia, em ajudar o próximo, em gratidão, em missão de vida e em viver o momento, mas na prática observamos que não tem sido assim, pelo contrário, conforme Paulo escreve a Timóteo se referindo ao final dos tempos:
"Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te" (2 Tm 3:1-5 — ênfase acrescentada).
(Interessante notar, que Paulo não orienta Timóteo a evangelizar e/ou tentar resgatar esse tipo de pessoa. Ele o instrui sem delongas a que o jovem pastor se afaste deles [E é exatamente o que eu faço!]!)
Quando se fala em gratidão é sempre esperando receber algo em troca, Deus virou o "gênio da lâmpada" que realiza todos os desejos, e quando não realiza mudam de igreja buscando sua satisfação pessoal. Fazem projetos de ajudar os outros (e/ou o que chamam de "obra de Deus") desde que não toquem no bolso (e muitos, quando, enfim, conseguem o que tanto queriam [que denominam como "bênçãos"], se esquecem até do endereço das respectivas congregações que frequentavam), filhos não respeitam mais seus pais, as pessoas são ingratas e muitos têm misturado o santo com o profano.
Um exemplo dessa mistura é de cristãos comemorando o tal do halloween (sim, há muitas denominações, digamos, "moderninhas", "ecléticas", "contemporâneas" que já têm em sua agenda o "halloween gospel"), que por coincidência é comemorado dia 31 de outubro. Como um cristão pode se dizer seguidor, discípulo de Jesus, servo de Deus e comemorar o dia das bruxas? Uma festa de tradição e essência explicitamente pagã?
Sapatinhos de algodão
Claro que essa aberração chegou de uma forma bonitinha e inocente, veio devagarinho, e aparentemente despretensiosa, "inocente", mas veio e muitos cristãos não se deram conta. Não têm nem ideia de como essa "festa" foi criada e nem o que representa.
Certa feita me contaram uma história de um especialista em falsificação de dinheiro. Perguntaram para ele como ele fazia para saber que uma nota era falsa e ter tanta certeza? Se ele estudava as falsas e conhecia seus defeitos? Ele respondeu que não, para conhecer as falsas ele estuda muito a verdadeira e conhecia cada detalhe dela, assim quando surgia uma falsa ele sabia que faltava alguma coisa e já identificava a falsificação.
O Cristão não precisa conhecer festas e tradições pagãs para saber se é bom ou ruim, ele precisa conhecer a Bíblia, e quanto mais ele conhece das Escrituras mais ele fica preparado para identificar algo que não está de acordo com a vontade de Deus.
Reforma Protestante ou Halloween, eis a questão
Dia 31 de outubro em diversas partes do mundo haverá duas celebrações bem diferentes entre si: Halloween e Reforma Protestante (no final deste texto, vou deixar os links dos diversos artigos que já escrevi sobre este tema). Gostaria de aproveitar para fazer uma breve reflexão sobre estas duas celebrações, por duas razões que julgo muito importante.
A primeira razão é o esquecimento ou completo desconhecimento (e até mesmo a total indiferença) por parte de muitos cristãos do que significou a Reforma Protestante e a segunda razão é o aumento cada vez mais notório das celebrações vinculadas ao Halloween em nosso país.
- Farei aqui um breve resumo de ambos e você, caro leitor, faça a análise do que lhe seja mais conveniente comemorar, de acordo com sua consciência e sua convicção de fé.
Halloween
A celebração mais antiga do Halloween teve lugar entre os Celtas, que viveram a mais de dois mil anos na região onde hoje se encontram a Inglaterra, Irlanda, Escócia e noroeste da França. Os sacerdotes Celtas, chamados druidas, costumavam honrar Samhain, deus dos mortos, ao entardecer do dia 31 de outubro e no dia 1º de novembro. De acordo com a lenda Celta, Samhain controlava os espíritos dos mortos e tinha poder tanto para permitir que eles descansassem em paz como para fazê-los aterrorizar os vivos durante aquela noite.
No século XIX, imigrantes irlandeses levaram esta tradição para a América do Norte, onde ela gradualmente se tornou uma celebração nacional. Dentre alguns símbolos usados nesta tradição destaco o da abóbora recortada em forma de "careta", lenda que conta a história de um homem (Jack) a quem foi negada a entrada no céu, por sua maldade, e no inferno, por pregar peças no diabo. Condenado a perambular pela terra como espírito até o dia do juízo final, Jack colocou uma brasa brilhante num grande nabo oco, para iluminar-lhe o caminho através da noite. Este talismã (nabo que virou abóbora) simbolizava uma alma condenada.
Outros símbolos utilizados eram do gato preto (pessoas transformadas por magias), lua cheia (época de praticar rituais de ocultismo), morcego (por sua habilidade de perseguir sua presa no escuro, adquiriu a reputação de possuir forças ocultas), etc. Estes são alguns símbolos desta antiga lenda Celta que são utilizados até hoje nos festejos do Halloween.
Reforma Protestante
Movimento religioso iniciado por um monge agostiniano chamado Martinho Lutero. Sua vida religiosa poderia ter sido igual à de tantos outros, não tivesse sido profundamente marcada pela leitura da Bíblia. O resultado disso é que em 1511, em visita à Roma, começou a achar que nada do que a Igreja e a tradição religiosa ofereciam como caminho para Deus era eficaz. As relíquias veneradas, os lugares sagrados ou as indulgências para diminuir a pena do purgatório pareceram-lhe tentativas fracassadas de alcançar paz interior e comunhão com Deus. Seus estudos da Bíblia tornaram-se uma obsessão em busca de respostas.
Foi então que encontrou a passagem de Romanos que incendiou sua alma:
"...O justo viverá pela fé" (1:17,18).
A distância entre a realidade da Igreja e os princípios bíblicos que descobrira revoltou-o a tal ponto que resolveu protestar publicamente contra os rumos que Roma vinha imprimindo à fé cristã. Em 31 de outubro de 1517, fixou 95 teses contra as indulgências na porta da igreja onde pastoreava (Witenberg). Suas teses foram rapidamente divulgadas por toda a Alemanha. Nelas, ele afirmava a nulidade das indulgências para perdoar pecados e livrar almas da condenação, contestava o poder da Igreja como mediadora entre os fiéis e Deus e assegurava que todo fiel arrependido era remido de seus pecados através da fé em Cristo. Este foi o início da Reforma Protestante.
O legado deixado por Lutero, de retorno às Escrituras, move as igrejas de tradição protestante até hoje. Portanto, diante do exposto, convido-os a refletir:
- Qual a celebração que deve ser lembrada por um cristão de tradição protestante, por se aproximar de sua teologia? A que trás elementos da cultura e lendas celtas ou a que lembra a ação de Deus na história levantando um homem para reformar a Igreja?
Conclusão
Há 500 anos a Igreja estava se contaminando com coisas que não agradavam a Deus, homens recebiam mais honra do que o Criador. E atualmente? Será que está diferente? Vou citar três pontos das 95 teses de Lutero e não vou entrar no mérito do restante. Lutero era contra o paganismo na igreja, contra a venda de indulgências e contra a avareza.
A Igreja de hoje tem novamente lutado contra esses três pontos. O dinheiro na Igreja tem se tornado um tema delicado e alguns líderes avarentos tem sujado o nome de muitos líderes fieis. Alguns tem prometido entrada no céu e prosperidade na terra usando o tema de dízimos e ofertas (não vou entrar no princípio da semeadura e colheita para não me estender demais).
E muitos símbolos pagãos, como amuletos e festas tem feito parte dos cultos, que recebem títulos bem peculiares e que, consequentemente, atraem a cereja do bolo de bispos, apóstolos, patriarcas... semi-deuses: as tão vislumbradas multidões em busca de seus pães e peixes!
O maior Líder de todos os tempos ensinou um princípio que leva o ser humano ao sucesso, felicidade, propósito, alegria e tudo mais que o homem tem buscado. E o segredo é o amor. E não digo sentimento, mas o amor no sentido de serviço, de servir, de se doar, de renunciar. Se preocupar com a situação do outro, com a dor do outro e tomar atitudes para melhorar a vida uns dos outros.
A Igreja de hoje precisa buscar a esse princípio simples e poderoso.
"Assim todos saberão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros" (João 13:35).
"E também em louvar, buscar e conhecer cada vez mais ao Deus todo poderoso" (Efésios 1:12, cf. Oséias 6:3).
Como diz as Cinco Solas que definem os princípios fundamentais da Reforma Protestante:
- Sola fide (somente a fé),
- Sola scriptura (somente a Escritura),
- Solus Christus (somente Cristo),
- Sola gratia (somente a graça),
- Soli Deo gloria (glória somente a Deus).
Amém. Pense nisso, e ajude a esclarecer a importância da Reforma para o cristianismo.
Artigos que escrevi sobre a Reforma Protestante:
- Reformadores: #1 — Calvino, Cinco Séculos Depois
- Reformadores: #2 — Martin Bucer
- Reformadores: #3 — Knox, Zwinglio e Farel
- Reformadores: #4 — Martinho Lutero
- Filmes Que Eu Vi — #3: Lutero
- Resumo Sobre a História Protestante
- Muito Além das Semelhanças
- 31 de Outubro, Dia da Reforma Protestante
- 31 de Outubro de 1517: Mais Que Uma Data, Um Marco na História da Igreja
- A Reforma Protestante e Seu Legado Para a Humanidade
- Canções Eternas Canções — "Castelo Forte", Martinho Lutero
- Especial — Reforma Protestante: DII Anos Depois, Análise Sob o Viés do Capitalismo
Soli Deo Gloria.
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade.
E nem 1% religioso.
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. A pandemia não passou, a guerra não acabou.
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