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sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

SEITAS E HERESIAS — VERDADE SUPREMA

O salmista nos ensina a reter as sagradas letras em nossos corações para não pecarmos contra o Senhor (Sl 119:11). Um conselho simples de entender e, talvez, não tão simples de praticar, mas que, reconhecidamente, pode nos assegurar uma vida cristã aprazível diante de Deus.

É por isso que todo cristão tributa reverência à Palavra de Deus, pois identifica sua divina inspiração e sabe que ela é "lâmpada para os seus pés"  (119:105). Que outra "isca" poderia desfrutar de tamanha atratividade e autoridade entre os crentes? O diabo, conhecedor dessa primazia, utiliza-se com eficácia da Bíblia para ludibriar as pessoas. Ele se vale da "lâmpada" que deveria iluminar os caminhos da humanidade para escurecê-los, conduzindo a todos quanto pode às trevas do abismo (1 Pedro 5:8).

"Novas revelações", velho engano


Na verdade, esta é uma estratégia tão lógica quanto antiga e foi pretensiosamente empregada pelo diabo ao próprio Filho de Deus. Leiamos o texto bíblico selecionado: 
"Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo [...] Então o diabo o transportou à cidade santa, e colocou-o sobre o pináculo do templo, e disse-lhe: 'Se tu és o Filho de Deus, lança-te de aqui abaixo; porque está escrito: Que aos seus anjos dará ordens a teu respeito, e tomar-te-ão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra' [citação do Sl 91:10-12]. "Disse-lhe Jesus: 'Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus" [citação de Deuteronômio 6:16]" (Mateus 4:1,2; 5-7  grifos meus).

"Está escrito"  Guerra de Espada


Estas são palavras que abrem caminhos para o diálogo inter-religioso. Porventura não é isso que dizem aqueles que vêm às nossas portas todos os domingos matinais? Não é isso que prega a grande maioria das seitas (algumas delas com muita robustez e eloquência, como o suposto domínio do grego, do hebraico e até mesmo do aramaico, tudo, obviamente, para impressionar)? Aliás, não é isso que nós mesmos afirmamos ao apresentarmos o evangelho a alguém? Está escrito! Acertadamente ou erroneamente, o fato é que muitos utilizam a "mesma moeda".

Perceba a forma sorrateira como as coisas ocorrem. Até mesmo os grupos que defendem crenças esotéricas orientais não resistem ao apelo dessa tática, pois, por mais rudimentar e óbvia que pareça, ela é funcional: 
  • É funcional porque muitos não conhecem a Palavra de Deus de forma satisfatória. 
  • É funcional porque muitas escolas bíblicas dominicais, discipulados e reuniões de estudos estão vazios (e neste ponto, infelizmente, falo com conhecimento de causa). 
  • É funcional porque poucos líderes incentivam os membros de sua igreja ao desenvolvimento de um curso teológico. 
  • É funcional porque culto de ensino não dá quórum. Enquanto outros elementos (também importantes) do culto são supervalorizados, o ensino é menosprezado.
Perseguimos a graça, abandonamos o conhecimento (2 Pe 3:18), e, como consequência, nos tornamos crentes sem equilíbrio entre estes "pólos". 

Mas nesse ínterim alguém poderia objetar entendendo que esta é uma colocação imprópria, pois, na verdade, não se trata de pólos, mas de elementos que se complementam. Mas, lamentavelmente, é assim que eles são verificados na prática, como pólos, como se fossem um a oposição do outro. Qual é a implicação dessa conduta?

Mente vulnerável é terreno fértil para o diabo


Vulnerabilidade. Esta palavra resume a situação do crente que não conhece e não se importa em aprender as doutrinas bíblicas. É vulnerável. Está suscetível à persuasão por meio dos argumentos mais banais. 

Mas, considere, na maioria dos casos não o são, pois há muitos peritos na invenção de estranhas interpretações bíblicas capazes de fazer hesitar até mesmo os mais preparados — e/ou aqueles que, na sua jactância, se dizem ser

O caminho desses crentes é vacilante porque não possuem alicerces — substituem aquilo que diziam ser o fundamento de sua fé ao primeiro brilho de algo mais "interessante" ou impressionante. E, por conta disso, crente assim é alguém que corre risco de morte, e morte eterna. Basta um prosélito dizer "está escrito" e suas convicções estremecem, a apostasia dá início ao seu processo e sua concepção torna-se uma questão de tempo, pouco tempo. 

Lembre-se, a distorção do texto bíblico por meio de acréscimos ou decréscimos sempre será evidente entre as seitas, embora alguns não enxerguem isso tão claramente, tanto, que o primeiro contra argumento delas é justamente a de recusarem receber o "selo" de seita.

Discernindo as coisas desta forma, podemos classificar a ignorância das doutrinas bíblicas como uma enfermidade, forte indício de imaturidade da fé. O escritor aos hebreus censura os crentes que deveriam possuir grande cabedal de conhecimentos, mas ainda permaneciam na condição de principiantes: 
"Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus; e vos haveis feito tais que necessitais de leite e não de sólido mantimento. Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é menino" (5:12,13).
Apôs este longo, mas necessário e relevante preâmbulo textual, conheçamos, então o...

Cristo de Tóquio


O japonês Shoko Asahara, líder da seita Verdade Suprema, escolheu usar esse nome após uma peregrinação que fez pelo Himalaia. Embora seu nome original seja Chizuo Matsumoto, ele se autonomeou Deus da Destruição, Cristo de Tóquio, Papa Sagrado e Salvador da Nação. 

Nos anos 80, Asahara entrou na seita religiosa Agonshu, mas pouco tempo depois decidiu fundar sua própria religião, que acabaria conhecida como Verdade Suprema (ou Aum Shinrikyo, no termo original). A primeira fase do grupo foi de popularidade e certo reconhecimento pela sociedade japonesa: recebeu autorização do governo para existir e tentou emplacar membros no parlamento. O grupo também atraiu jovens de classe alta, mas quando essas tentativas falharam deu uma guinada para uma atuação muito mais extrema.

Ideais malucos


A filosofia da Verdade Suprema consistia numa crença híbrida de hinduísmo, budismo e cristianismo, além de referências aos escritos do monge cristão Nostradamus, famoso pelas predições que realizou no século 16. Mas a seita atraiu membros, principalmente, pelo discurso apocalíptico: Asahara dizia que o mundo seria palco de uma guerra nuclear e a humanidade estaria fadada à destruição. 

Claro que apenas aqueles que seguissem seus ensinamentos estariam salvos (esta é mais uma característica comum em TODAS as seitas: a lideranças cristãs tradicional são ridicularizadas e chamadas de "impostoras" e "fraudulentas", afinal, a "verdade" está com elas, as seitas, e todos os demais são, portanto, "enganadores"). Chegou a comandar em torno de 50 mil membros. Alguns seguidores mais fanáticos chegavam a pagar para beber a água que Asahara utilizava para se banhar. Outros pagavam para beber o sangue dele.

Seita criminosa


A maior atrocidade do grupo aconteceu em março de 1995, quando integrantes da seita realizaram um ataque terrorista no metrô de Tóquio. Eles embarcaram em cinco linhas diferentes, carregando sacolas com sarin, uma arma química. Ao ser liberada, a substância evaporou e infectou os vagões e as estações por onde os metrôs paravam. 

O ataque resultou em 13 mortes e mais de 5 mil feridos. Aquela não tinha sido a primeira maldade da Verdade Suprema. Depois do ataque, autoridades japonesas ligaram o grupo a uma série de crimes não resolvidos, como o assassinato de um advogado japonês, que havia ajudado famílias a tentar resgatar filhos desse culto.

O que o símbolo significa 


Durante sua viagem pelo Himalaia, Asahara foi muito influenciado pelo hinduísmo, uma religião praticada principalmente na Índia. Tanto que o nome original do grupo, Aum Shinrikyo, carrega essa influência: "Shinrikyo" significa "verdade suprema" em japonês, "aum" é uma sílaba mística, usada durante a leitura de textos sagrados hindus e meditações. 

Essa sílaba — usada em exercícios de meditação e ioga — também aparece no emblema original da seita (acima), que virou símbolo de terror. Depois do ataque no metrô, diversos membros da Verdade Suprema foram presos e seu líder foi condenado à morte, em 2004. Até hoje, a sentença não foi cumprida. A seita, entretanto, apenas precisou mudar de nome e continua a existir, agora chamada Aleph. Os caras mantêm um site (aleph.to) para arrebanhar novos membros.

Conclusão


Como Jesus se comportou diante das palavras do diabo? Ele empregou a interpretação da Bíblia pela Bíblia: Scriture sacre sui ipsius interpres, ou seja, "a Sagrada Escritura se interpreta a si própria". Respondeu ao "está escrito" do diabo com um "também está escrito", igualmente contido nas Escrituras Sagradas. Será que temos tal habilidade? 

Talvez a resposta seja "não". Mas o que estamos fazendo para mudar este estado? Se a resposta permanecer negativa, então a situação é grave e precisa ser remediada com emergência. O que faríamos se nos deparássemos com "a Bíblia na boca do diabo?" 

Uma citação bíblica distorcida só pode ser respondida com conhecimento integral (hermenêutica, exegese, texto e contexto) das Escrituras. Até quando trocaremos "o sólido mantimento" pelo "leite da infância"? Cuidado, esta não é uma situação que pode ser sustentada por longo tempo! Até o próximo capítulo.


A Deus, toda glória.
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