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segunda-feira, 23 de setembro de 2019

CANÇÕES ETERNAS CANÇÕES: "SOL DE PRIMAVERA", BETO GUEDES


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Mais do que uma canção, "Sol de Primavera" é uma poesia cantada, musicada. Com uma mensagem que sobrepuja o tempo e quaisquer outros conceitos preconceituosos, essa belíssima canção é daquelas que toda vez que você ouve, te traz uma inefável sensação de paz no espírito e descanso na alma. 

Por sua magnitude e singeleza, uma obra dessas, não deve, em absoluto, ser rotulada com tarja de segmentação - "secular", "mundana", "religiosa", "sacra", "profana"... -, como eu disse, é uma poesia que foi revestida magistralmente com uma linda melodia que cumpre com louvor sua intenção.

A letra



Quando entrar setembro 
E a boa nova andar nos campos 
Quero ver brotar o perdão 
Onde a gente plantou 
Juntos outra vez 

Já sonhamos juntos 
Semeando as canções no vento 
Quero ver crescer nossa voz 
No que falta sonhar 

Já choramos muito 
Muitos se perderam no caminho 
Mesmo assim não custa inventar 
Uma nova canção 
Que venha nos trazer 
Sol de primavera 
Abre as janelas do meu peito 
A lição sabemos de cor 
Só nos resta aprender 

Já choramos muito 
Muitos se perderam no caminho 
Mesmo assim não custa inventar 
Uma nova canção 
Que venha nos trazer 
Sol de primavera 
Abre as janelas do meu peito 
A lição sabemos de cor 
Só nos resta aprender

Sobre o autor e intérprete


O músico e compositor mineiro Beto Guedes, cuja voz aguda chamou a atenção ao gravar em dupla com Milton Nascimento a canção "Fé Cega, Faca Amolada", teve um início de carreira fulminante, com três elepês muito bem-sucedidos, lançados entre 1977 e 79. 

O repertório desses discos, predominantemente de sua autoria, contém elementos pop – frutos de sua admiração pelos Beatles – com sotaque de toada mineira, dois pontos comuns aos componentes do chamado "Clube da Esquina", expressão que surgiu como nome de uma canção (de Milton nascimento, Márcio e Lô Borges) em 1970 e se estendeu a dois álbuns de Milton (em 72 e 78) e um show. 

Alberto Guedes nasceu em Montes Claros, interior de Minas Gerais. Com nove anos de idade, mudou-se com os pais para Belo Horizonte, cidade para a qual ia nas férias de verão. Era só um menino tímido e quieto, admirador das serestas das quais o pai, Godofredo Guedes, participava. Um dos grandes prazeres do garoto era ver o velho compondo seus chorinhos e não tardou a aprender violão. 

O instrumento teve efeito milagroso na vida de Beto, que, mesmo sem deixar a timidez extrema de lado, decidiu (ou percebeu) que a música seria sua atividade principal na vida. Estudou até a quarta série e abraçou uma rotina de viver com o pai, compor, aprender as coisas da forma mais simples possível e, além disso, montar miniaturas de aviões, sua outra grande paixão. 

Nada disso foi planejado, era algo mais ou menos normal naquele início de anos 1960. Quando vieram morar em Belo Horizonte, os Guedes foram se instalar a poucos metros de outra família: Os Borges. E, a partir disso, tudo mudaria para o jovem Alberto, a partir do momento que faria amizade com os jovens Yé, Márcio e Salomão (Lô) Borges.

O "Clube" e a (da) Esquina"


Aliás, este clube jamais existiu materialmente, ao contrário da "esquina", que se situa no cruzamento das ruas Divinópolis e Paraisópolis, no bairro belo-horizontino de Santa Teresa - um dos principais pontos da arte, da cultura e da música na capital mineira. Era lá que se reuniam os "sócios" do "clube", ligados pela música e pelo cinema, ou seja: os irmãos Márcio e Lô Borges, Wagner Tiso, Milton Nascimento (o "Bituca"), que por coincidência moravam no mesmo edifício Levy, no centro da cidade, bem próximo à residência do "sócio" Beto Guedes. 

A canção


'Sol de Primavera', uma das melhores composições de Beto e que também intitulou o seu terceiro elepê, foi composta ao piano, sendo remetida em fita cassete ao parceiro carioca Ronaldo Bastos para ganhar uma letra cheia de esperança, em sintonia com a estação do título: 
"Quando entrar setembro / E a boa nova andar nos campos / Quero ver brotar o perdão / Onde a gente plantou / Juntos outra vez..." 
A gravação de "Sol de Primavera" foi trabalhosa, tendo Beto gasto três sessões de estúdio para colocar a voz, do jeito que ele queria, sobre um arranjo de Wagner Tiso. Mas o resultado seria dos melhores, com a canção agradando em cheio aos jovens da época.

A carreira de Beto iniciou-se ali mesmo. Em pouco tempo, já contratado pela EMI-Odeon, ele participaria de outro disco de Milton, "Minas", em 1975. Dois anos depois, após uma curta passagem pelo grupo 14 Bis, Beto lançaria seu primeiro álbum solo, "A Página Do Relâmpago Elétrico", apresentando uma variação mais roqueira e enguitarrada da estética do Clube, chegando a ter flertes firmes com o Rock Progressivo, tão em voga na época. 

Beto seguiu em ascensão e, sem saber, uma das canções deste primeiro trabalho seria adotada como um hino hippie tardio: 'Lumiar'. Homônima do distrito da Serra Verde Imperial, perto de Nova Friburgo, a música seria transformada em sinônimo de vida simples, em contato com a natureza, num ritmo mais lento que a das cidades. A ideia era viver no mato, viver da terra, coisas assim. 

Era o movimento de retorno daquela juventude urbana, que tentara mudar o mundo uma década antes. No Brasil do governo Figueiredo, isso era tão revolucionário quanto marchar. O segundo disco de Beto, "Amor de Índio", além da belíssima faixa-título, trazia seu grande sucesso 'Feira Moderna', devidamente regravado e com potencial radiofônico inegável. Apesar de canções lindas como a faixa título, 'Só Primavera'  e 'Luz e Mistério', o álbum ainda não faria de Beto um ídolo. Ainda.

O grande momento da carreira viria com o terceiro álbum, "Sol de Primavera", cuja faixa título foi logo escalada para integrar a trilha sonora da novela global "Marina" (1980). Em pouquíssimo tempo, a canção estava nas rádios do país inteiro, impulsionando o disco para o primeiro lugar das paradas da época. 

Com o mesmo discurso de vida melhor numa cidade menor, em contato com a natureza e primando pelos valores mais simples, num clima de harmonia total. De alguma forma, tais mensagens chegavam claras e emocionantes a quem ouvia. "Sol de Primavera" seria o degrau mais alto de popularidade que Beto experimentaria. sendo uma das melhores músicas de Beto Guedes, foi lançada em 1979, e rompeu fronteiras.

Conta-se que a gravação de "Sol de Primavera" foi trabalhosa, tendo Beto produzido três sessões de estúdio para colocar a voz, do jeito que ele queria, sobre um arranjo de Wagner Tiso. Os resultados foram excelentes, com a música agradando em cheio aos jovens da época.

Conclusão


Alguns acadêmicos dizem que "Sol de Primavera" é uma canção de protesto, que a intenção do autor era trazer uma mensagem ao período da Ditadura Militar, que já estava chegando ao seu fim, mas ainda era latente naquele final da década de 1970 e início da de 1980. A letra da canção, inclusive, foi usada como tema de atividades didáticas. 

Pode até ser que sim, afinal, tudo irá depender de qual prisma, sob qual viés você faz sua análise. Para mim, esse detalhe é secundário e, definitivamente, não tem a menor importância. A única coisa que tenho a dizer é que AMO essa música - uma das grande obras-primas da MPB, que anda tão órfão de talentos, criatividade e cultura, diga-se de passagem - e que, portanto, ela recebe o meu carimbo de
[Fonte: "A Canção no Tempo" de Jairo Severiano e Zuza Homem de Melo]

A Deus toda glória. 
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