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quinta-feira, 15 de agosto de 2019

OPINIÃO: SERÁ QUE LUCCAS NETO É MESMO TÃO "INOFENSIVO"?


Me responda umas perguntas: você costuma acompanhar o que seu filho anda vendo no YouTube? Você costuma assistir junto? Já conversou com ele sobre o conteúdo do que aprende ali? Percebeu mudanças de comportamento? Pois se a sua resposta for não a essas perguntas, me desculpe mas, de acordo com as normas da pedagogia, sua nota é ZERO como pai/mãe.

Tudo a se preocupar


Não sou pai, mas tenho criança em casa, um sobrinho de 4 anos e sabe qual o ídolo dele? O influencer Luccas Neto, um ex-hatter, que, "regenerado", agora virou o principal influenciador infantil, cujo canal os vídeos têm milhões de visualizações. Não por acaso ele é um dos tantos que conseguiram ficar milionários com essa atividade, que talvez a NASA explique o porque de estar fazendo fortunas.

Sem querer ser alarmista, mas buscando equilíbrio na razão e no bom senso, eu percebo a necessidade de se debater de forma séria o tipo de conteúdo que está sendo transmitido às novas gerações. 

Um dia, nossos filhos pegam nossos celulares, olham para o espelho e dizem: 
"Se você gostou desse vídeo, deixe seu comentário e inscreva-se no canal". 
No outro, colocam o boné para trás e começam a berrar. 

Quando você percebe, estão pedindo para irem ao "show" do Luccas Neto, a versão infantil e histriônica do irmão Felipe Neto, fenômenos do YouTube que a ciência ainda tenta entender o segredo do sucesso. No começo, até tentei assistir para saber como uma criança de quatro anos consegue ficar pirada naquela gritaria em loop infinito. Mas acreditem: os decibéis são ininteligíveis para pessoas com mais de 15 anos. Você tenta ouvir o que eles estão dizendo, mas é em vão. 

À partir de então, passei a entender o porque do Samuel, o meu sobrinho, gritar tanto, por qualquer coisa e sem nenhum motivo. O Samuel, de uns tempos pra cá, não fala, grita! Gritos irritantes, insistentes, insuportáveis.

Sobre o influencer


  • Ter o poder de influenciar pessoas sem estar na televisão ou na rádio, era uma alternativa inimaginável há alguns anos atrás. Mas sim, a internet possibilitou várias oportunidades, inclusive o surgimento de outras profissões, dentre elas a do digital influencer. O digital influencer, ou em bom português, influenciador digital é o indivíduo que detém o poder de influência em um determinado grupo de pessoas. Os influenciadores digitais impactam centenas e até milhares de seguidores, todos os dias, com o seu estilo de vida, opiniões e hábitos.

Irmão mais novo do youtuber (assim eram chamados os hoje influencers) Felipe Neto, Luccas Neto, que já soma treze milhões de inscritos em seu canal, descobriu um filão para seus vídeos infantilóides – crianças entre 6 e 10 anos de idade. Para estas, exibe vídeos gravados, em sua maioria, em sua mansão chamada de Netoland, que comprou para servir de cenário para vídeos de "trollagens", 

  • Trollar é uma gíria da internet que significa zoar, chatear, tirar o sarro. Consiste em sacanear os participantes de uma discussão em redes sociais da internet, com argumentos sem sentido, apenas para enfurecer e perturbar a conversa. Atualmente, o ato de trollar alguém não acontece só no ambiente virtual.

brinquedos caros, coleções de bonecos e muita, muita comida.

Aparentemente o moço de barba na cara e boné para trás ganha a vida imitando foca e falando como criança numa versão sem filtro e aos berros das antigas Olimpíadas do Faustão. Num dia, ele promove uma luta de cotonete gigante na ponte da piscina. No outro, o cenário serve para a batalha de boias protetoras. No outro, enche uma banheira INTEIRA de Nutella (o famoso e nauseabundo creme de avelã) e MERGULHA.

Se um dia me perguntarem o que é o inferno eu respondo de pronto: é um garoto entediado assentado no sofá da sala, com os olhos grudados, hipnotizado pelo tal de Luccas Neto no celular. O amigo leitor aqui do blog pode perguntar: mas por que você dá um celular para uma criança? Primeiro que não fui eu quem deu. No meu celular, criança alguma toca (e acho que um pai e/ou mãe em sã consciência NUNCA dá um celular para uma criança com menos de 15 anos). Mas, talvez seja porque só tem algo pior do que o inferno: é uma criança insistindo para usar o celular. 

Como nossos pais?


Se você, pai e mãe da tradicional família brasileira, passa por problemas semelhantes, procure ajuda. Ou me abracem. Se os problemas persistirem, tenham em mente que: 
  1. Como toda moda entre crianças, essa também será passageira (Deus me ouça!); 
  2. Nós já tivemos essa idade e já chocamos nossos pais com porcarias similares (lembra do famigerado "Xou da Xuxa"?); 
  3. É impossível criar filhos em uma redoma; 
  4. Eles são seres independentes sobre os quais teremos cada vez menos controle, e isso não necessariamente é ruim.
Tento me apoiar nesses quatro pilares para não pegar a gola do especialista em criação do filho alheio que jurou ser tiro e queda ouvir música clássica durante a gestação e nos primeiros dias de nascimento. Pois, apesar de todo o aparato montado ao redor do berço, e do esforço em falar baixo para transmitir calma e segurança, o fato é que muitos filhos - a maioria deles - já nascem dando pirueta. 

Geração vai, geração vem...


Que lindo quando os pimpolhos enchem a casa de orgulho quando juram amar o "Papai do Céu", quando torcem para o time do coração dos pais e quando rendem vídeos de pais corujas no Instagram cantando 
"Lindo, lindo, lindo És; Glórias, glórias eu te dou, Jesus, Jesus...
pela casa. 

Naquele ritmo, imaginava, com 8 anos ele estaria com algo mais que João 3:16 na ponta da língua e quem sabe, até traduzindo o "Grande Sertão: Veredas" para mandarim. Até então, o celular era um aliado. Com ele, fazíamos uma espécie de curadoria de boa música, melhores lances da rodada e programas infantis sofisticados. 

Mas nossa influência sobre eles vai até um limite. Até que eles descobrem os tais dos youtubers da moda. Ou os vizinhos da rua começarem a cantar em coro no pula-pula: 
"Ooooooolha a explosão!". 
Um filho numa redoma é um filho sem amigos. Cortar o embalo é cortar o assunto em comum que eles terão daqui em diante. 

E, é bom ter sempre em mente, nós não temos o monopólio do bom gosto. Se sobrevivemos ao já citado "Xou da Xuxa", à sexualizada "Banheira do Gugu", aos desbocados Mamonas Assassinas (in memorian), ao politicamente incorreto Chaves e sua turma, ao maldoso Pica-pau com suas travessuras contra o Zeca Urubu... eles também podem – que eu saiba, ninguém depois dos 15 saiu pelas ruas vestidos de Dengue, Praga, nem fez de um barril sua casa e isso é um alento. 

O fato é que, no auge da desolação, entendi um pouco mais os meus pais e avós quando viram um também histriônico Serginho Mallandro, com o mesmo boné para trás, e diziam "essa juventude está perdida". No fundo, nossa birra não é com este ou aquele youtuber, mas com o fato de alguém fazer a vida e conversar com nossos filhos em uma linguagem que não dominamos. 

No caso, os meninos que gravam, falam, repercutem, editam e influenciam uma multidão com uma ferramenta que simplesmente não existia quando éramos crianças. Em outras palavras: o que nos assusta é o "novo", e ele é um indício irrefreável de que o mundo como conhecemos é algo que se perdeu, algo se quebrou, está se quebrando.

Por que então a preocupação?


Quando se ousa tocar nesse assunto - devido à sua legião estelar de fãs, esses ilustres influenciadores parecem ser intocáveis, incriticáveis, por isso, ai de quem não fizer nada alem que encher de like$$$$ os seus respectivos canais - muitos dos questionamentos são sobre o porquê de se permitir aos filhos acompanharem o dito influencer pelo YouTube. A resposta para isso não é fácil e passa por questões como: 
  1. conectividade total das crianças, que podem acessar usando celular, TV, notebook e, claro, os celulares dos amigos; 
  2. uma rotina doméstica corrida e atribulada, que acaba gerando oportunidades que o moleque aproveita, como toda criança; 
  3. o fato de a maioria dos pais trabalharem fora e, portanto não terem muito tempo para vigiar o que os filhos andam vendo na internet.
Fato é que se tornou impossível vigiar o tempo todo e a proibição – como era conosco quando crianças – torna ainda mais interessante. Pois, meus caros senhores pais, acho que toda a vigilância ainda não é o suficiente. É preciso estar ainda mais atentos.

A pergunta que fica é: não é preciso exigir responsabilidade aos influencers, ainda mais adultos como o Luccas Neto, que ao se comportarem como crianças, ganham um poder ainda maior junto aos pequenos? Estes passam a vê-los como iguais e a imitá-los, num comportamento de manada que é mais do que perceptível – é preocupante!

Conclusão


Diante disso, é inquestionável o de fato de que o poder de fascinação que esses seres exercem sobre as crianças é enorme. E com grandes poderes, a gente sabe… Enfim, concluo com a pergunta que dá título ao artigo: Será que Luccas Neto (e os de sua espécie) é mesmo tão "inofensivo"? Eu prefiro me valer do saudável benefício da dúvida.

A Deus toda glória.
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade. 
E nem 1% religioso.

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