"Pois nada podemos contra a verdade, senão pela verdade" (2 Coríntios 13:18).
O ser humano tem o costume de se escandalizar quando alguém comete um deslize. Esse comportamento é compreensível, pois gostamos de estar ao lado da verdade e da justiça. Entretanto, nos dedicarmos a fazer julgamentos pode nos nos levar a outro problema: de tanto apontarmos as falhas alheias corremos o risco de ficarmos cegos para os nossos próprios erros. Sendo assim, é um desafio diário manter a nossa retidão sem deixar nenhuma mácula escondida debaixo do tapete da vida (e todos nós temos os nossos tapetes pessoais).
O caso Joana D'Arc
Nas últimas semanas, o caso da professora-doutora Joana D'Arc Felix de Souza ganhou destaque no noticiário brasileiro depois que uma reportagem do jornal O Estado de S. Paulo revelou que ela havia mentido sobre um suposto diploma da renomada Universidade de Harvard. Segundo o texto, a professora não fez pós-doutorado na instituição norte-americana, contrariando o que costumava afirmar em palestras. Em uma participação num programa matinal exibido por uma grande emissora, Joana teve sua história contada como um exemplo de superação, por ser mulher, negra e de origem pobre.
Depois de pedir o certificado à professora, a reportagem constatou que o documento que ela enviou era falso. Apesar da mentira, Joana de fato fez doutorado em química na Unicamp, uma das universidades brasileiras mais renomadas. No Brasil e no mundo, o doutorado é o mais alto grau acadêmico que alguém pode alcançar - ou seja, ela tem esse título. Joana também possui bacharelado em química tecnológica e fez mestrado na mesma instituição.
Apesar da trajetória real de Joana, muitas pessoas não pouparam críticas e foram à internet para humilhar e xingar essa profissional. Ela virou alvo de chacotas através de memes em redes sociais, como Instagram e Facebook, é fácil encontrar pessoas zombando dela. Poucos detratores sabem que ela desenvolve pesquisas importantes em reaproveitamento de resíduos do setor coureiro-calçadista para a produção de produtos nas áreas da saúde, química, agropecuária, energias renováveis e construção civil.
É fato que mentir é algo negativo. Ela não precisava acrescentar algo falso em seu currículo, que tem peso e importância grandiosos, pois não foram poucos os seus esforços e a sua dedicação acadêmica. Não carecia desse verniz da mentira, dessa falso brilho.
Da mesma forma, a mentira não deve ser tolerada. Se houve mentira por parte da pesquisadora, ela deve arcar com as consequências legais, caso existam. Deixemos que as instâncias jurídicas tomem conta do caso.
Quem pode atirar a primeira pedra?
Mas será que todos os que correram para criticar a pesquisadora na internet possuem um currículo impecável? É provável que não. Uma pesquisa feita pela DNA Outplacement mostra que 75% dos currículos enviados aos departamentos de recursos humanos das empresas em 2018 no Brasil tinham informações distorcidas. O levantamento foi feito durante seis meses, com base em 6 mil currículos, com 500 empresas baseadas no Brasil, Chile, Peru e Colômbia.
Aliás, currículos de pessoas públicas no Brasil têm gerado desconfiança nos últimos meses. O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, por exemplo, informou que tinha feito parte de seu curso de doutorado na mesma universidade Havard (parece que o povo gosta mesmo dessa universidade) - ele ainda está cursando Universidade Federal Fluminense (UFF) e não saiu do Brasil para estudar -, e o ministro do meio ambiente, Ricardo Salles, afirmou que era mestre em direito público pela Universidade de Yale, onde não esteve como aluno.
Para evitar que situações como essa continuem a acontecer não só no mercado de trabalho, mas também na esfera pública, o polêmico senador Jorge Kajuru (PSB/GO) propôs, em um Projeto de Lei, que quem mentir no currículo deverá ser penalizado com multa e reclusão de dois a seis anos. Para servidores públicos, a pena deve ser aumentada em um sexto.
"Esse projeto de lei visa tipificar e criminalizar os agentes que se beneficiam de falsos títulos acadêmicos, sejam eles mostrados, falados ou insinuados, de forma a induzir ao erro a população",escreveu ele no documento.
Entre as mentiras contadas por profissionais brasileiros em seus currículos estão inflar o salário atual ou a última renda recebida e o nível de domínio de inglês. As mentiras são criadas tanto por pessoas em início de carreira como por profissionais com mais experiência.
Essa evidência mostra que os cristãos precisam se manter atentos à Palavra de Deus. Nesse sentido, vale lembra do ensinamento de Jesus contido em João 8:7:
"...Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire a pedra contra ela..."
Mentir vai contra os preceitos cristãos, assim como difamar e caluniar, e, por isso, vale o conselho não deixe que a emoção impeça você de agir com consciência e fé inteligente.
Conclusão
Em meio aos desapontamentos e injustiças sofridos, no seu relacionamento ministerial com os membros da igreja de Corinto, Paulo resume todas as suas tribulações – e as nossas – escrevendo:
"Pois nada podemos contra a verdade, mas somente em favor da verdade".
Quem é, de acordo com a Bíblia, o "pai da mentira"? O próprio Jesus o revelou: "o diabo" (João 8:44). Lutar contra a mentira, portanto, é lutar contra satanás – coisa que não temos o poder de realizar. O único capaz de lutar contra a mentira e, definitivamente, vencê-la, é o próprio Jesus Cristo. Ele mesmo o declarou:
"Eu venci o mundo" (16:33).
Há duas batalhas, então, que não são nossas.
- Primeiro, lutar contra a verdade é receita garantida de derrota.
- Segundo, lutar contra a mentira é o alimento fundamentalista do enganar-se a si próprio.
A única batalha que a Bíblia garante ser vitoriosa é aquela em que nos submetemos "em favor da verdade". A Verdade não é uma doutrina, mas uma pessoa, que é Cristo –
"...eu sou a verdade..." (14:6).
E porque Ele é o Caminho, Ele garante, para sempre, a Vida.
[Fonte: Revista Exame]
A Deus toda glória.
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E nem 1% religioso.
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