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quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

PAPO RETO - 8: CRISTIANISMO, FEMINISMO E FÉ: ANTAGÔNICOS OU CONGRUENTES?


"A beleza é enganosa, e a formosura é passageira; mas a mulher que teme o Senhor será honrada" (Provérbios 31:30).
Ai, ai, ai! Sei que vou estar pisando em um terreno minado. Sei que vou estar enfiando não a mão, mas a cabeça num vespeiro. Mas, vamos lá né? Quem está na chuva - sem o guarda-chuva - é pra se molhar.


Para que encontremos o indispensável equilíbrio nesse tema, é fundamental que fujamos como o vampiro foge do alho de todos os excessos. Todo o excesso é prejudicial em qualquer instância, nível, altura ou profundidade. No contexto em questão, há que se frisar que:
  • 1) O reconhecimento dos direitos e igualdades da mulher são se sobrepõem à pirâmide familiar delineada pela Bíblia Sagrada, onde o homem e a mulher têm seus devidos lugares em total harmonia e consonância.
  • 2) O entendimento espiritual do que é submissão à luz da Palavra de Deus, sem distorções e/ou conveniências na sua interpretação, em absoluto é contrário ao reconhecimento dos direitos e deveres das mulheres na sociedade.
  • 3) Usar a submissão para embasar posicionamentos machistas é tão errado quanto usá-la para embasar posicionamentos femistas.
Isto posto, vamos lá. Primeiramente, faço questão de deixar bem claro que fiz um minucioso estudo para composição deste artigo.

É claro que sabemos que a internet está lotada de haters, trolls, juízes e críticos de tudo, e acabamos aprendendo a ignorar certas coisas. Isso passou. O grupo continua, as páginas continuam e os pensamentos feministas ou não continuam também. 

Um breve resumo sobre o feminismo


Na França revolucionária de 1791, a dramaturga Olympe de Gouges organizou, junto de outras mulheres, uma resposta à Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, feita dois anos antes. A Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã pedia direito ao voto e à propriedade e acesso às instituições políticas. De Gouges foi guilhotinada em 1793, sob o argumento de ter traído a natureza de seu sexo.

Nos séculos 18 e 19, as ideias sobre o direito ao voto ganharam força. Em 1897, a britânica Millicent Fawcett fundou a União Nacional pelo Sufrágio Feminino. A grande vitória veio em 1918, quando o voto feminino foi legalizado no Reino Unido. A vitória se deve, em boa parte, à participação ativa das mulheres na 1ª Guerra, ganhando mais respeito na sociedade. Um ano depois, os EUA seguiram o exemplo.

No Brasil


No Brasil, as mulheres só ganharam direito ao voto em 1932. Exatos cem anos depois da publicação do primeiro livro a tratar do assunto no pais: Direito das Mulheres e Injustiça dos Homens, da potiguar Nísia Floresta.

A partir da década de 1940, pautas como a legalização do aborto, o fim da violência sexual e o combate a papéis sociais impostos às mulheres, como ser mãe e dona de casa, entraram na agenda. A pílula anticoncepcional simbolizou o período, marcado pela maior pluralização dos discursos – não por acaso, nos anos 80, o feminismo negro, liderado por Angela Davis, ganhou força.

O feminismo contemporâneo começou na década de 1990. Alguns pontos se destacam, como o discurso pela propriedade do corpo e as questões de gênero. Assim, o discurso do "meu corpo, minhas regras" abriu precedentes para o "meu corpo biológico não dita minha escolha de gênero". O corpo é a questão central, e o que fazer com ele é uma escolha individual.

Origens do Movimento Feminista Fora da Igreja


Examinemos primeiramente o movimento feminista fora da igreja, focalizando suas principais protagonistas.

Século 18: A Vindicação dos Direitos da Mulher


A "Primeira Onda" do feminismo teve início na primeira metade dos anos de 1700 quando uma inglesa, Mary Wollstonecraft, escreveu A Vindication of the Rights of Woman (A Vindicação dos Direitos da Mulher). Um ano depois desta publicação, Olimpe de Gouges publicou um panfleto em Paris intitulado Le Droits de La Femme (Os Direitos da Mulher) e uma americana, Judith Sargent Murray, publicou On the Equality of the Sexes (Sobre a Igualdade dos Sexos).

Outras pensadoras feministas surgiram em pouco tempo tais como Frances Wright, Sarah Grimke, Sojourner Truth, Elizabeth Cady Stanton, Susan B. Anthony, Harriet Taylor e também John Stuart Mill. Seus pensamentos e obras foram defendidos com fervor e pouco a pouco foram deitando profunda influência na sociedade moderna contemporânea do mundo ocidental.

Século 19: A Declaração dos Sentimentos


Em 1848 cerca de 100 mulheres se reuniram em uma convenção em Seneca Falls, Nova York, para ratificar a Declaração dos Sentimentos escrita para defender os direitos naturais básicos da mulher. As autoras da Declaração dos Sentimentos reclamavam que as mulheres estavam impedidas de galgar posições na sociedade quanto a empregos melhores, além de não receber pagamento equitativo pelo trabalho que realizavam.

Notaram que as mulheres estavam excluídas de profissões tais como teologia, medicina e advocacia e que todas as universidades estavam fechadas para elas. Denunciavam também um duplo padrão de moralidade que condenava as mulheres a penas públicas, enquanto excluía os homens dos mesmos castigos em relação a crimes de natureza sexual.

A Declaração dos Sentimentos foi um marco profundamente significativo no movimento feminista. Suas reivindicações eram, em sua grande maioria, justas e consistentes. Por isto, o movimento foi ganhando muitas e muitos adeptos, apesar, e por causa das grandes barreiras que foram impostas às mulheres que se expunham na defesa de suas ideias e ideais. As leis do divórcio foram liberalizadas e drásticas mudanças ocorreram com o status legal da mulher dentro do contexto do casamento.

Por volta dos anos 30, como resultado de sua educação qualificada e profissional, as mulheres começaram a entrar no mercado de trabalho como força competitiva. Muitas das barreiras legais, políticas, econômicas e educacionais que restringiam a mulher foram removidas e esta começa a pisar o mundo do homem com paixão e zelo.

Século 20: Simone deBeauvoir e Betty Friedan


A primeira fase da construção do feminismo moderno começou com a obra da filósofa francesa Simone deBeauvoir (foto), Le Deuxième Sexe (O Segundo Sexo), em 1949. As mulheres, segundo deBeauvoir, foram definidas e diferenciadas tomando como referencial o homem e não com referência a elas mesmas. Ela acreditava que o sexo masculino compreendia a medida primeira pela qual o mundo inteiro era medido, incluindo as mulheres, sendo elas definidas e julgadas por este padrão.

O mundo pertencia aos homens. As mulheres eram o "outro" não essencial. Simone deBeauvoir observa esta iniquidade do status sexual em todas as áreas da sociedade incluindo a econômica, industrial, política, educacional e até mesmo em relação à linguagem. As mulheres foram forçadas pelos homens a se conformar e se moldar àquilo que os homens criaram para seu próprio benefício e prazer. 

Às mulheres de seus dias não foi permitido ou não foram encorajadas a fazer ou se tornar qualquer outra coisa além do que o feminino eterno ditava; elas foram cerceadas num papel de "Küche, Kirche, und Kinder" (cozinha, igreja e filhos, em alemão). De acordo com deBeauvoir a mulher estava destinada a existir somente para a conveniência e prazer dos homens.



No início dos anos 60 uma jornalista americana, Betty Friedan, transformou os conceitos filosóficos de Simone deBeauvoir em alguma coisa mais assimilável para a mulher moderna, ao publicar A Mística Feminina, um livro onde examinava o papel da mulher norte americana. De acordo com Friedan, as mulheres dos seus dias foram ensinadas a buscar satisfação apenas como esposas e mães. 

Ela afirmou que esta mística do ideal feminino tornou as mulheres infantis e frívolas, quase como crianças, levianas e femininas; passivas; garbosas no mundo da cama e da cozinha, do sexo, dos bebês e da casa. Assim como deBeauvoir, ela afirma que a única maneira para a mulher encontrar-se a si mesma e conhecer-se a si mesma como uma pessoa seria através da obra criativa executada por si mesma. 

Friedan batizou o dilema das mulheres de "um problema sem nome". Friedan concordou com deBeauvoir que a libertação das mulheres haveria de requerer mudanças estruturais profundas na sociedade. Para isto, as mulheres precisariam ter controle de suas próprias vidas, definirem-se a si mesmas e ditar o seu próprio destino.

O Problema sem Nome: Patriarcado


No final dos anos 60 a autora feminista Kate Millett (foto) usou o termo "patriarcado" para descrever o "problema sem nome" que afligia as mulheres. O termo tem sua origem em duas palavras gregas: pater, significando "pai" e arche, significando "governo". A palavra patriarcado era entendida como o "governo do pai", e era usada para descrever o domínio social do macho e a inferioridade e a subserviência da fêmea.

As feministas viram o patriarcado como a causa última do descontentamento das mulheres. A palavra patriarcado define o problema que deBeauvoir e Friedan não puderam nomear mas conseguiram identificar. De acordo com as feministas, o patriarcado foi o poder dos homens que oprimiu as mulheres e que era responsável pela infelicidade delas. As feministas concluíram que a destruição do patriarcado traria de volta a plenitude das mulheres. A libertação das mulheres do patriarcado haveria de permitir que elas se tornassem íntegras.

Surgimento do Movimento Feminista Dentro da Igreja


Podemos considerar o livro de Katherine Bliss, The Service and Status of Women in the Church (O Trabalho e o Status da Mulher na Igreja, 1952) como o marco inicial do moderno movimento feminista dentro da cristandade. O livro era baseado numa pesquisa sobre as atividades e ministérios nos quais as mulheres cristãs estavam comumente envolvidas. Bliss observou que, embora as mulheres estivessem extremamente envolvidas na vida da Igreja, a participação delas estava limitada a papéis auxiliares tais como Escola Dominical e Missões.

As mulheres não participavam em lideranças tradicionalmente aceitas, tais como as atividades de ensino, pregação, administração e evangelismo, ainda que muitas delas pareciam estar preparadas e terem dons para este exercício. Bliss chamou a atenção da Igreja para a reavaliação dos papéis homem/mulher na Igreja, particularmente da ordenação de mulheres.

Ativistas Cristãos "compram a briga"


A obra de Bliss serviu de munição para ativistas cristãos na luta pelos direitos civis e políticos em 1961. Eles, juntamente com as feministas na sociedade secular, começaram a vocalizar o seu descontentamento com o tratamento diferenciado que as mulheres recebiam por causa do seu sexo, inclusive dentro das igrejas cristãs.

Neste mesmo ano, vários periódicos evangélicos publicaram artigos sobre a "síndrome das mulheres limitadas aos papéis da casa e esposa", onde se argumentava que as mulheres estavam restritas a papéis inferiores na Igreja. Os homens podiam se tornar ministros ordenados, mas às mulheres se lhes impunham barreiras nas atividades ministeriais como ensino, aconselhamento e pastoreamento.

As mulheres, afirmavam os ativistas, desejam participar da vida religiosa num nível mais significativo do que costura ou a direção de bazares ou arrumar a mesa da Santa Ceia ou serviços gerais tais como o levantamento de recursos para os necessitados, os quais frequentemente são designados a elas. Tanto quanto com trabalho físico, elas desejam contribuir com ideias para a Igreja.

O Concílio Mundial de Igrejas


A atenção sobre os papéis do homem e da mulher dentro da Igreja se tornou mais intenso na medida em que o movimento secular das mulheres foi ganhando força. Ainda em 1961 o Concílio Mundial de Igrejas distribuiu um panfleto intitulado Quanto à Ordenação de Mulheres, chamando as igrejas afiliadas para um "re-exame de suas tradições e leis canônicas". Várias denominações começaram a aceitar que o cristianismo havia incorporado em seus valores uma atitude patriarcal dominante da cultura de suas origens.

Muitos católicos, metodistas, batistas, episcopais, presbiterianos, congregacionais e luteranos concordaram: a mulher na Igreja precisa de libertação. Com esta conclusão em mente, de que a mulher precisava de libertação dentro da Igreja, estabeleceu-se um curso de ação que tinha como alvo abrir as avenidas para o ministério ordenado das mulheres tanto quanto para os homens.

Nos anos 60 as feministas cristãs se colocaram num curso paralelo àquele estabelecido pelas feministas na sociedade secular. Elas, junto com suas contra partes, buscaram anular a diferenciação de papéis de homem/mulher. O tema dominante foi a necessidade da mulher definir-se a si mesma. As feministas criam que às mulheres se deveria permitir fazer tudo o que o homem pode fazer, da mesma maneira e com o mesmo status reconhecido que é oferecido ao homem. Isto, segundo elas criam, constituía a verdadeira igualdade.

Igualdade entre os diferentes

Eliminando os excessos em busca do equilíbrio


Ainda hoje, nos mais diversos círculos cristãos, ainda homens e mulheres que defendem veementemente que mulher tem que ficar em casa, limpar, cuidar dos filhos e do marido e o homem tem que trabalhar! E sim, praticamente todas as mulheres concordaram com este posicionamento, e as que não concordam simplesmente não emitem opinião contrária. Elas preferem se omitir, justamente por não terem argumentos sólidos que sustentem sua oposição.

Quando se pergunta: "quem é que disse isso para vocês?" A grande maioria delas conseguem responder nada além de "ah, é o que todo mundo fala". E é isso mesmo. 
No mundo, meninas se casam antes dos 16 anos e são violentadas em proporções assustadoras. Outras, não tem acesso à escola por serem do gênero feminino. Mulheres não conseguem emprego para sustentar seus filhos, por serem mulheres e muitas vezes tudo isso tem o total apoio de uma religião machista, como por vezes o falso cristianismo é.

Igrejas, pastores, líderes e professores de EBD, nós precisamos ensinar nossas meninas que a submissão bíblica não pode ter nenhuma relação com o machismo. Precisamos entender e defender a igualdade de gênero nas nossas atividades de forma prática. Já temos formado nos últimos anos uma quantidade assustadora de machistas em nossas comunidades que acham que a mulher não pode ser nada além de rainha do lar, e que isso já é uma grande honra. A ideia está bíblica e completamente errada.

Meninas, jovens e mulheres, submissão é estar sob uma missão, ou seja, se você casou com um missionário, AMBOS estão sob o chamado de missões, e não significa que ELE manda e você OBEDECE. Isso sequer é casamento. Vocês podem e devem correr atrás dos seus sonhos, ter tudo em comum, conversar sobre tudo e ter IGUALDADE de opinião e de oportunidades no casamento, na carreira, na igreja e na vida.

Eu não estou dizendo que a Bíblia está errada. Estou dizendo que ela está sendo usada por pessoas de má fé para aplicar um machismo descarado e prejudicial nas meninas e isso precisa parar.

Se estudarem a igreja de Corinto - analisando todo o contexto: social e espiritual -, onde encontramos o texto sobre submissão, vão entender os motivos que levaram Paulo a focar tanto no controle das mulheres. Se não quer estudar nada, por favor também não discuta com ninguém.
Peço também que parem de confundir feminismo com outras coisas. O feminismo é a luta pela igualdade, e isso é mais do que justo. Olha como é fácil analisando o quadro abaixo:
Não é mulher que odeia homem, não é mulher que não se arruma, não é mulher que aborta e não é mulher que anda nua. É possível sim ser feminista e ser essencialmente cristã/cristão. É indiscutível que questões como prática e a legalização do aborto e do sexo libertino, por exemplo, assim como alguns tipos de manifestações são frontalmente oponentes e contradizentes ao evangelho. Cristo está acima de qualquer ideologia para qualquer cristão sincero, e isso não vai mudar mesmo que eu decida defender todas as causas do mundo.

Mulheres, homens, crianças, cristãos e qualquer ser humano precisa sim do feminismo. Garanto que é muito fácil fazer piada com isso desrespeitando a ideia sem conhece-la como muitos tem feito. Difícil mesmo é pensar. Pensar que um Deus justo não aceita a injustiça da diferença salarial entre homens e mulheres. 

Pensar que Deus abomina as estatísticas humanas de mulheres que morrem todos os dias, vítimas de machismo. Pensar que Cristo ensinava homens e mulheres juntos, sobre as mesmas coisas, e que certa vez ensinou uma mulher que sentou aos seus pés, coisa que só homens podiam fazer: sentar aos pés do mestre para aprender. Ao ser questionada a mulher não precisou responder pois Cristo respondeu por ela.
"Caminhando Jesus e os seus discípulos, chegaram a um povoado, onde certa mulher chamada Marta o recebeu em sua casa. Maria, sua irmã, ficou sentada aos pés do Senhor, ouvindo-lhe a palavra. Marta, porém, estava ocupada com muito serviço. 
E, aproximando-se dele, perguntou: 'Senhor, não te importas que minha irmã tenha me deixado sozinha com o serviço? Dize-lhe que me ajude!'. Respondeu o Senhor: 'Marta! Marta! Você está preocupada e inquieta com muitas coisas; todavia apenas uma é necessária. Maria escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada' (Lucas 10:38-42).


Conclusão


Mulher, você quer cuidar da casa e dos filhos enquanto seu marido vai trabalhar? Faça isso! Mas que seja por escolha e não por imposição. Feminismo é liberdade de escolha independente de gênero. Isso não tem nada a ver com desobediência e/ou com inversão de valores. Tem a ver com reconhecimento da dignidade. Sob esse aspecto, considero Jesus o maior exemplo do feminismo, pois Ele, em detrimento à todo o abuso do regime patriarcal cometido no bojo religioso de sua época, devolveu à mulher seu lugar de dignidade como o que é: filha de Deus!

Homem cristão, se você não suporta o fato de rebaixarem mulheres a objetos nos comerciais de cerveja, se é contra a erotização infantil das meninas que mal saíram da adolescência mas já começam a ser vendidas como símbolos sexuais nas revistas, se é contra a ideia de que a mulher não passa de uma serva e se é contra coisas semelhantes, eu te parabenizo. Você já compartilha a causa feminista! Não demonize isso.


A Deus, o Pai, toda glória. 
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade. 
         E nem 1% religioso.

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