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sábado, 1 de dezembro de 2018

PERSONAGENS BÍBLICOS - BARNABÉ

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Tem vários personagens bíblicos que me despertam a atenção de uma forma mais especial. Tanto pela que a Bíblia registra sobre eles, quanto pelas sempre marcantes passagens que eles tem nas narrativas das Escrituras Sagradas. Alguns nem têm assim longas passagens registradas, mas o pouco que é dito sobre eles já é o bastante para marcar profundamente os amantes da teologia bíblica. Barnabé é um deles. Creio que muitos cristãos ficam curiosos para saber quem foi Barnabé por conta de sua parceria com o apóstolo Paulo descrita no livro de Atos dos Apóstolos. Nesse texto nós conheceremos um pouco mais sobre a história de Barnabé, e o importante papel que ele desempenhou na Igreja Primitiva, mesmo sendo ele raramente lembrado nos sermões de muitos pregadores.

Mais que um nome

O filho da consolação


O nome de Barnabé aparece em quatro livros da Bíblia, inclusive mais de 20 vezes no livro de Atos dos Apóstolos. Este homem teve uma influência positiva entre os cristãos primitivos, e serve como um excelente exemplo para qualquer pessoa que deseja servir a Deus e aos outros. Vamos considerar alguns fatos importantes da vida de Barnabé.

Quem foi Barnabé?


Barnabé foi generoso. A primeira citação do nome deste homem diz que ele vendeu um campo e doou o dinheiro para ajudar os irmãos necessitados na igreja em Jerusalém (Atos 4:32-37). Este ato foi um exemplo da atitude demonstrada por muitos dos cristãos primitivos. Deram liberalmente para ajudar uns aos outros. Diferente do egoísmo e interesse próprio que domina a vida de muitas pessoas na igreja contemporânea, Barnabé e outros discípulos no início da igreja demostraram em atitudes o amor sacrificial que Jesus ensinou.

Barnabé foi um membro da Igreja Primitiva de Jerusalém, descendente da tribo de Levi, originário de uma família sacerdotal judaico-cipriota. Em Atos 4:36, somos informados que Barnabé vendeu uma propriedade, talvez em Chipre, e trouxe o dinheiro da venda do imóvel aos apóstolos para que as necessidades dos membros mais pobres da igreja de Jerusalém fossem supridas.

Sobre Barnabé, Lucas escreve o seguinte perfil no livro de Atos dos Apóstolos:
"Este, ali chegando e vendo a graça de Deus, ficou alegre e os animou a permanecerem fiéis ao Senhor, de todo o coração. Ele era um homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé; e muitas pessoas foram acrescentadas ao Senhor" (At 11:23,24 - grifo meu).

Seu ministério


O ministério de Barnabé ficou mais notório quando chegou a Jerusalém a informação de que na Antioquia da Síria os cristãos helenistas, que haviam se refugiado ali devido à perseguição que se iniciou na Judéia após a morte de Estêvão, estavam promovendo uma grande evangelização.

Barnabé, então, foi enviado para lá, com o intuito de verificar a situação, e agir conforme achasse mais apropriado. Ao chegar ali, Barnabé ficou maravilhado por ver muitos gentios pagãos se convertendo ao Evangelho pela graça de Deus. Logo, ele foi de grande valia para que aquela evangelização ganhasse ainda mais força. Barnabé era primo de João Marcos de Jerusalém (Colossenses 4:10)

Barnabé consolava os irmãos. Atos 4:36 relata um fato interessante. O nome original deste homem foi José, mas os apóstolos o chamaram de Barnabé, que significa "filho de exortação" ou "filho de consolação". Que apelido bom! Obviamente, este homem não vivia atacando e caluniando os outros. Ele encorajava e confortava com suas palavras e suas atitudes.

O que significa Barnabé?


Poucas pessoas se lembram, mas "Barnabé" foi um nome dado pelos apóstolos. Como vimos, seu nome verdadeiro era José. Na verdade a etimologia desse nome não é tão fácil, e envolve alguma dificuldade com a transcrição grega.

O importante é que Lucas não se concentrou nessa questão da etimologia, nem mesmo se propôs a apresentar uma explicação detalhada sobre o assunto - quem gosta disso são os mestres em teologia. O objetivo de Lucas era apenas indicar o caráter do personagem, e isso foi plenamente cumprido.

Paulo e Barnabé

A obra missionária


Barnabé teve uma contribuição significativa no ministério do apóstolo Paulo. Em Atos 9:27 ele apresenta e recomenda Saulo de Tarso aos apóstolos, quando este retornou a Jerusalém no terceiro ano após a sua conversão. Os cristãos de Jerusalém estavam desconfiados sobre Saulo, muitos achavam que ele era um espia. Então Barnabé convenceu-os que Saulo era um cristão verdadeiro.

Foi um passo importante na carreira deste novo apóstolo. Paulo, depois, pregou a muitas pessoas em diversas nações e escreveu 13 dos 27 livros do Novo Testamento! O segundo episódio foi depois de uma decepção que Paulo e Barnabé sofreram na sua primeira viagem missionária. João Marcos acompanhou estes pregadores na primeira parte da viagem, mas desistiu quando chegaram a um trecho especialmente difícil. Paulo perdeu a confiança em João Marcos, mas Barnabé lhe deu uma segunda chance (15:37-39). 

Sem dúvida, esta paciência de Barnabé contribuiu ao crescimento de João Marcos, que mais tarde escreveu um dos relatos da vida de Jesus (o Evangelho segundo Marcos) e até se tornou útil para Paulo (2 Timóteo 4:11). Eis aí algo que muito Barnabé me ensina: o valor da paciência, já que, confesso, esse não é o meu forte. Eu quando perco a confiança em alguém, é difícil e, dependendo do contexto e da extensão, impossível que eu volte a confiar novamente.

Então Barnabé o levou aos apóstolos e lhes contou como, no caminho, Saulo vira o Senhor, que lhe falara, e como em Damasco ele havia pregado corajosamente em nome de Jesus (At 9:27).

Barnabé se dedicou à divulgação do evangelho. Quando a igreja em Jerusalém ouviu da conversão de muitas pessoas em Antioquia da Síria, mandaram Barnabé (11:22). Mais tarde, ele e Paulo foram enviados numa viagem para pregar, e começaram em Chipre, a ilha onde Barnabé havia nascido (13:1-4). Enquanto Paulo fez sua segunda viagem, levando Silas, Barnabé levou Marcos e foi reforçar o trabalho iniciado em Chipre (15:39-41).

Quando Barnabé foi enviado para Antioquia, após algum tempo de trabalho, ele viu a necessidade de auxilio naquela obra. Na ocasião, ele percebeu ser uma oportunidade propícia para Paulo. Logo, mandou trazer Paulo. Ali foi o início de uma grande obra missionária.

Houve uma época de grande fome e escassez e Paulo e Barnabé visitaram Jerusalém para levar uma oferta de auxilio contra a fome que assolava a região (11:30). Na ocasião, foi reconhecida o chamado de ambos para trabalharem entre os gentios (Gálatas 2:9).

Um fato interessante é que mesmo Barnabé, acostumado a trabalhar com os gentios, para não se indispor na presença do apóstolo Pedro quando este não resistiu à pressão dos judaizantes, também interrompeu temporariamente a comunhão na mesa com os irmãos gentios, e participou do que Paulo chamou de "hipocrisia".

Pois, antes de chegarem alguns da parte de Tiago, ele comia com os gentios. Quando, porém, eles chegaram, afastou-se e separou-se dos gentios, temendo os que eram da circuncisão.

Os demais judeus também se uniram a ele nessa hipocrisia, de modo que até Barnabé se deixou levar (Gl 2:12,13).

Apesar desse episódio, Barnabé demonstrou em várias ocasiões que havia aceitado sem restrições os gentios na fé em Jesus Cristo (At 13:46). Isso podemos ver tanto pelo seu grande trabalho em Antioquia, quanto nos resultados da viagem juntamente com Paulo, onde, começando por Chipre e indo até bem dentro da Ásia Menor, resultou na plantação de várias comunidades cristãs predominantemente gentias.

Uma segunda vez Barnabé e Paulo precisaram ir até Jerusalém, para participarem do Concílio relatado no capítulo 15 do livro de Atos, onde foi discutido e decidido com os líderes da igreja em Jerusalém, a maneira a qual os gentios convertidos seriam admitidos à comunhão da Igreja de Cristo.

Na época, grupos judaizantes estavam forçando cristãos gentios a observarem costumes judaicos. Ficou certo nesse Concílio que isso deveria ser combatido, e que os cristãos gentios não tinham qualquer obrigação concernente a esses costumes.

Uma contenda providencial

Mediando conflitos


Na primeira viagem de Paulo e Barnabé, até um determinado momento Barnabé era o líder. Após o abandono de seu primo João Marcos, que desistiu da viagem e voltou para Jerusalém, nitidamente Paulo assumiu a liderança.

A deserção de João Marcos causou impacto até mesmo na segunda viagem planejada por eles. Barnabé insistiu que Marcos deveria ser incluindo na viagem, porém Paulo não aceitou, o que acabou dividindo o itinerário da viagem, com Barnabé ficando em Chipre (At 15:36-40). Paulo seguiu com seus planos e Silas foi quem o acompanhou.

Mesmo tendo tomado rumos diferentes, a amizade entre Paulo e Barnabé não foi desfeita. Todas as vezes que Paulo se refere a Barnabé, ele demonstra respeito, afeição e estima, reconhecendo-o como seu companheiro missionário para os gentios (1 Coríntios 9:6). É o que sempre digo na comunidade onde congrego: o que nos une é mais forte do que o que tenta nos separar. Conflitos relacionais, diferenças posicionais e divergências pessoais existem e sempre existirão. O que precisamos é aprender a mediá-los tendo como parâmetro o amor fraternal.

O próprio Paulo, anos mais tarde, escrevendo a Timóteo, pediu que João Marcos fosse encontrar-se com ele, pois acreditava que ele lhe seria muito útil para o ministério (2 Tm 4:11). Isso pode significar que Barnabé fez um ótimo trabalho preparando João Marcos.

Conclusão

O que mais sabemos sobre a história de Barnabé?


Nós nunca saberemos o quanto Barnabé contribuiu para o grandioso ministério de Paulo, isso apenas o próprio Paulo saberia responder. Sabemos que quando o apóstolo escreveu a Primeira Epístola aos Coríntios, Barnabé ainda estava vivo e sustentava-se sem depender das igrejas (9:6), de maneira semelhante ao próprio Paulo.

Barnabé não era perfeito! Apesar de ser um excelente exemplo, Barnabé era humano e capaz de errar. Mas até a maneira que Paulo comenta sobre uma falha deste homem sugere que não tenha sido comum. Quando Pedro se separou dos gentios em Antioquia, outros foram influenciados por seu erro. 
"E também os demais judeus dissimularam com ele, a ponto de o próprio Barnabé ter-se deixado levar pela dissimulação deles" (Gl 2:13). 
Este relato nos ensina uma lição importante: qualquer um pode ser induzido ao erro se não ficar sempre atento. É comum confiar em líderes, e muitas pessoas confiam cegamente neles. Neste caso, Barnabé confiou em um dos apóstolos, o próprio Pedro, e foi induzido ao erro. Sempre devemos lembrar as palavras de Jesus: 
"Ora, se um cego guiar outro cego, cairão ambos no barranco" (Mateus 15:14). 
Se grandes heróis da fé como Pedro e Barnabé erraram, qualquer líder religioso hoje pode se desviar da verdade. Se seguirmos cegamente, cairemos juntos!

Fora esses relatos bíblicos, tudo o que se sabe sobre Barnabé é contado por algumas tradições sem muita fundamentação. Tais tradições o associam com Roma e Alexandria. Existe uma epístola anônima proveniente de Alexandria a qual algumas dessas tradições o vinculam a ela.

Além disso, Barnabé é considerado entre um dos possíveis autores da Epístola aos Hebreus. Seu nome tem sido ligado a essa carta desde os tempos de Tertuliano. Vale ressaltar também que o Evangelho de Barnabé nada tem haver com ele. Na verdade trata-se de uma obra medieval não-cristã.

Uma coisa é certa e para mim é a que conta e fica: José Barnabé, filho de exortação/consolação, deixou um excelente exemplo por meio de uma vida dedicada ao Senhor e aos outros homens. Seguia Jesus e ensinava os outros a andarem no mesmo caminho!

A Deus toda glória.
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://circuitogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade.
E nem 1% religioso.

2 comentários:

  1. Boa tarde, na preciosa paz do Senhor!
    Precisava fazer um trabalho sobre a vida de Barnabé, e encontrei tudo o que procurava em seu blog.
    Amei o seu conteúdo sobre este personagem.
    Deus te abençõe!

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  2. Oh, amada, irmã! Fico feliz em ter contribuído com seu conhecimento. Este é mesmo o objetivo do meu blog. Toda honra e glória sejam dadas ao SENHOR, que é quem me capacita.

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