Total de visualizações de página

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

CANÇÕES ETERNAS CANÇÕES - "OH LORD, YOU'RE BEAUTIFUL" ("SENHOR, FORMOSO ÉS") - KEITH GREEN

No dia 28 de julho, lembramos os 33 anos do falecimento de Keith Green e seus filhos Josiah e Bethany em um acidente aéreo. Não preciso fazer nenhuma introdução ao homem e àquilo que ele fez através do poder de Deus. Também não preciso dizer que nem tudo em sua caminhada cristã foi perfeito – como provavelmente a de ninguém é ou será. 

Mas em tempos de celebridades musicais, os famigerados astros e estrelas da música gospel e de um constante e crescente foco no cantor ou artista, gostaria de contar a história de Green e da música de Green que é mais conhecida entre os brasileiros, fruto de uma versão escrita por Marcos Góes (a melhor versão de todas, na minha opinião) e gravada no disco A Vigília 2, de 1994: "Oh Lord, You're beautiful (Senhor, Formoso És)".

O criador...


Um exemplo de vida. Keith Green, que através de sua música demonstrou humanidade, amor e compaixão ao próximo.

Se não fosse o fato de ouvir a canção do Palavrantiga, 'Rookmaker', em que é mencionado: 
"Eu canto Keith Green, você canta o que?..."
talvez até agora não tivesse conhecido esse grande exemplo de vida totalmente voltada ao serviço do evangelho (e. infelizmente, eu posso afirmar sem medo algum de errar, que a maioria dessa nova geração que fica cheirando o peido dessas celebridades da música gospel, NUNCA sequer ouviram falar sobre ele).

Depois de escutar a canção 'Rookmaker' do CD "Esperar é Caminhar" do Palavrantiga, fiquei curioso e procurei conhecer um pouco da história de Keith Gordon Green. Acabei descobrindo um grande exemplo do que realmente é usar de seus dons e talentos a serviço de Cristo, do que é verdadeiramente viver na contra mão do sistema.

Keith Gordon Green (1953–1982)  - Um mito? Não, um genuíno cristão!


Foi um cantor cristão americano que possuía o raro dom completo da música. Compunha, interpretava e tocava piano, guitarra, contrabaixo e percussão. Foi grandemente influenciado pela pregação de Leonard Ravenhill (1907–1994), um verdadeiro gigante contemporâneo da fé (merece e terá um artigo especial aqui no Circuito).

Certa vez Ravenhill encontrou-se com Keith Green, ele estava no auge da sua "fama" como cantor gospel vendendo muitos discos, mas Ravenhill não hesitou e perguntou-lhe: 
"Você é um cantor ou um ministro do Evangelho?" 
Keith Green incomodou-se com esta pergunta, e Leonard concluiu: 
"Pois se você é um cantor tudo bem você cobrar, mas se é um ministro então é um absurdo que as pessoas tenham que pagar para ouvir o Evangelho" (grifo propositalmente acrescentado).
Essas palavras de fogo acertaram em cheio o coração de Keith Green, ele entrou em um conflito interior, e no final das contas terminou encontrando em Deus uma resposta:
"É UM ABSURDO QUE AS PESSOAS TENHAM QUE PAGAR PARA OUVIR O EVANGELHO!" (idem)
Keith decidiu então gravar um novo disco, ele chegou ao produtor do disco e disse:
"Este próximo disco será o mais tocado da América!" 
O produtor achou estranho e pensou que ele estava meio envaidecido com sucesso, e quando o produtor finalmente perguntou por quê? Keith respondeu:
"Porque eu vou dar de graça o próximo disco!"
O produtor ficou chocado, todos ficaram chocados, preocupados de onde viria o dinheiro para isso. Foi então que Keith Green fez uma coisa ainda mais chocante! Ele rompeu seu contrato com a gravadora, hipotecou sua casa, e com o dinheiro da hipoteca gravou o novo disco para ser dado de graça! Ele criou um sistema chamado "pague se quiser o quanto puder". Todos os discos eram gratuitos, ninguém era obrigado a pagar quantia alguma para ter o disco, pagava quem queria, se queria, quanto queria!

Todos acharam que isso não daria certo, porém deu certo e muito, eles distribuíram milhares de discos grátis, e os que pagavam supriram com folga o custo dos discos que foram dados de graça, isso foi ao ponto de eles conseguirem no próximo disco mandar duas fitas K7, ao invés de apenas uma. A pessoa recebia dois discos de graça, um para ela e um para dar para alguém. Eles pararam de cobrar ingresso para os concertos, e por fim estenderam esta prática a tudo que o ministério produzia, incluindo uma revista que chegou a ser distribuída a 16 milhões de pessoas e tudo isso de graça!

A abundância de uns supriu a falta de outros, e Keith Green ao ouvir o conselho de Leonard Ravenhill nos deixou um exemplo verdadeiro de dar de graça o que recebemos de graça!
"As coisas pelas quais você tem vivido valem a morte de Cristo?" Lápide de Leonard Ravenhill

Antes de seu encontro com Cristo, depois de entrar na vida adulta, antes de se tornar um cristão, Keith tinha uma filosofia pessoal que misturava a visão Judaica e Ciência Cristã, mas cresceu lendo o Novo Testamento.

Ele chamou o evangelho de "uma estranha combinação" que deixou seu espírito aberto, mas até então ainda profundamente insatisfeito.

Seu estilo de vida artístico o levou às drogas. Viajou ao Sul da Ásia atrás do misticismo e do "amor livre" que dominaram os anos 60 e 70. Depois de experimentar o que descreveu como uma "bad trip" (má viagem), ele abandonou o consumo de drogas e se tornou avesso à filosofia e a teologia de um modo geral.

Green viria a afirmar, no entanto, que, no meio de seu ceticismo, ele sentiu que Deus "furou os calos do seu coração", e ele se converteu ao protestantismo.

Logo depois sua esposa Melody Green também se converteu. Em 1975 o casal Green iniciou um programa de evangelização nos subúrbios de Los Angeles, Califórnia, em San Fernando Valley.

Rapidamente sua pequena casa no subúrbio estava superlotada de prostitutas, toxicodependentes e sem-tetos que recebiam, além do evangelho, atenção e cuidados. A comunidade de novos crentes foi crescendo rapidamente. Pessoas foram continuamente se posicionando para o batismo e definindo suas vidas para servir o Senhor. Logo tiveram que adquirir uma casa vizinha à sua própria e alugaram mais cinco no mesmo bairro, para grande consternação dos seus vizinhos.

Green morreu muito jovem ainda com apenas 28 anos, em um acidente aéreo. Astros e estrelas da música gospel deveriam aprender com Keith Green (será que essa corja conhece sua história?)

Achei superinteressante a trajetória de Green que no inicio de sua vida sonhava em ser um grande artista, obter fama e sucesso através da música, mas em sua busca por esses desejos sempre fracassava na realização de seus sonhos.

Após se converter, direcionando sua música para a vida cristã, ficou famoso e reconhecido como maior ministro de sua época, atraindo os holofotes e o assédio das grandes gravadoras. E que ironia, o status que tanto buscou no inicio de sua carreira, e nunca havia alcançado, agora chegara até ele, mas agora era diferente, sua música estava a serviço do Evangelho, e atrair para si títulos, reconhecimento e toda ostentação em torno de sua vida o desagradou e o incomodou profundamente.

Green e sua família - o garoto do meio e o da
da esquerda, no colo da mãe, morreram com ele no acidente
Green não queria que seus discos fossem vendidos e sim doados. Queria fazer grandes concertos, mas não concordava em cobrar entradas. Ele achava (com certeza) de que isso era "vender o evangelho". Queria falar de Jesus para todos quantos pudesse, mas cobrar por isso era inconcebível em seu modo de pensar.

Fico imaginando como Green se sentiria vendo o atual movimento da música gospel, onde tudo é feito visando o lucro financeiro, onde os que se dizem "ministros" (e "ministérios") estão mais para pop stars, cantando puros clichês sem vida, sem Bíblia e sem Cristianismo.


'Senhor, Formoso És'


Uma música dessas só poderia ter nascido no âmago de alguém verdadeiramente transformado pela mensagem e pelo objetivo do evangelho: a glória de Deus. Este texto abaixo é uma tradução da fala de Keith Green antes de executar a música, em uma das gravações ao vivo que fez. Esta gravação específica está registrada no disco "Oh Lord, You’re Beautiful – Songs of Worship", lançado em 1998 pela Sparrow Records, gravadora que lançou os primeiros discos de Green antes de ele solicitar seu desligamento.

Segue o trecho:

"Na segunda-feira à noite desta semana, perto de meia-noite, eu escrevi uma carta para o Senhor. Eu não sabia onde era o correio, então eu a coloquei dentro da minha Bíblia. E eu pedi a Ele: 'Bem, Você precisa fazer alguma coisa a respeito do meu coração. 
Você sabe, já se passou um bom tempo desde que eu Te conheci, e ele começou a endurecer, Você sabe, é algo meio que natural… Eu quero ter pele de bebê, Senhor. Eu quero ter pele de bebê em meu coração. 
Ele começou a ficar velho, enrugado e cheio de calos. E não é por algo que eu esteja fazendo. É por causa de um monte de coisas que eu não estou fazendo.' E depois eu fiquei até duas da manhã acordado compondo esta canção."
A seguir, segue a letra completa de 'Oh Lord, You’re Beautiful'. Ela contém duas estrofes a mais do que a versão gravada no disco "So You Wanna go Back to Egypt", de 1980. Além disso, o refrão, (que nunca foi traduzido para o Português) traz algumas diferenças da versão final.
Oh Lord, You’re beautifulYour face is all I seekFor when Your eyes are on this childYour love abounds to me

Oh Lord, my body’s tiredBut You keep reminding meOf many holy tireless menWho spilt their blood for thee

I wanna take your word and shine it all roundBut just help me first to live it, LordAnd if I’m doing well, help me to never make a soundExcept to give all the Glory to You

Oh Lord, my faith is smallAnd I need a touch from YouYour book of books lies undisturbedAnd the prayers from me, too few

Oh Lord, please light the FireThat once burned bright and clearReplace the lamp of my First LoveThat’s filled with Holy fear
  • Tradução
Ó Senhor, Tu és lindoTua face é tudo o que eu buscoPois quando Teus olhos estão sobre este filhoTeu amor é abundante para mim

Ó Senhor, meu corpo está cansadoMas Tu continuas e me lembrarDe tantos santos e incansáveis homensQue derramaram seu sangue por Ti

Quero levar Tua palavra e fazê-la brilhar por todo lugarMas primeiro, apenas me ajude a vivê-laE quando eu estiver indo bem, ajuda-me a nunca emitir um somA não ser que seja para dar toda Glória a Ti

Ó Senhor, minha fé é pequenaE eu preciso de um toque vindo de TiTeu Livro dos livros está lá, intocadoE minhas orações são muito poucas

Ó Senhor, por favor acenda a chamaQue uma vez brilhou forte e claraTroca a lamparina do meu primeiro amorQue queima com Santo temor
A menção à carta que ele escreveu a Deus nos permite uma pequena amostra da vida de devoção que Green levava (e isso é confirmado por sua esposa, Melody, e alguns de seus amigos em livros, entrevistas e documentários - clique aqui e assista a um documentário completo sobre a vida de Green). Alguém que deseja que seu coração seja feito como novo, sem os calos que a vida trás, deseja muito mais que intimidade com Deus: deseja amor renovado pelo próximo. Ou seja: viver o primeiro e segundo maiores mandamentos.

Conclusão


O memorial que Green e seus filhos receberam após suas mortes
Muitas vezes ouvimos uma canção mas não sabemos (e, na maioria das vezes, não nos preocupamos em saber) como ela nasceu, qual é a sua história. Ainda mais nos dias atuais, onde as composições são rasas, feitas com único foco comercial, egocêntricas, escravizadas por fórmulas clonadas, sem contexto bíblico-teológico, nenhuma criatividade e, consequentemente, nem uma gota de unção. 

Minha intenção é mais uma vez trazer à lembrança que um dia nós tivemos homens que viveram de forma irrestrita a vontade de Deus. Que entenderam que a mensagem da Cruz é tão cara que ninguém pode pagar por ela. E homens que estavam em paz em viver com aquilo que Deus provia, e não muito acima daquilo que é necessário para cada dia. Homens que não queriam ser venerados, mas que queriam fazer a Glória de Cristo resplandecer. Ainda há homens assim. Deus reserva para Si o remanescente fiel. A Ele toda Honra!
A Deus toda glória. 
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://circuitogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade. 
E nem 1% religioso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário