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quarta-feira, 22 de junho de 2016

SEXO: FRUSTRAÇÃO OU REALIZAÇÃO (?)

Dificilmente encontraremos uma pessoa, um casal, que não experimentou algum conflito ou, quem sabe, um profundo problema relacionado à sexualidade. Ao tempo que é um dos mais destacados temas na mídia, música, televisão, algo que é corriqueiro, é um eterno tabu e fonte geradora de tensões

Não é sem motivo que a sociedade transformou o sexo em assunto predileto, alimento da pornografia, tema de programas humorísticos e motivo de castigos na esfera religiosa; os maiores nomes do cristianismo medieval atribuíam ao sexo o grau de promover os maiores pecados.

A igreja nunca soube tratar o assunto sem caracterizá-lo como perigoso, sujo e com objetivos que privaram as pessoas de viverem o prazer sem cometer pecados. Assim, a sexualidade conhece muitos desvios, todos eles punidos severamente pela teologia judaico-cristã e pela igreja. Houve a prescrição de determinadas condutas, o que seria ideal para o homem, para a mulher e para o casal.

E quanto ao sexo no casamento? Há duas correntes que se desenvolvem ao longo dos séculos, começando no XII seus principais conceitos: homem e mulher estão unidos num sacramento cuja finalidade é a procriação. Devemos notar que nenhuma ênfase é dada ao prazer, nem mesmo a Bíblia discute isso. O homem era "cabeça da mulher" e esta, como estava desde os tempos do patriarcado, era submissa e sem vontade.

As teorias sobre o papel da mulher eram muito antigas. Os primeiros teólogos da igreja, até o Terceiro Século, classificavam a mulher como filha e herdeira de Eva, a fonte do pecado original e um instrumento do diabo. Sua posição era de extrema insignificância e, ao mesmo tempo, de péssima influência: era inferior ao homem porque aceitou e submeteu-se à tentação de satanás.

Para terminar esta parte introdutória que nos remete ao início de muitos problemas da humanidade, devemos salientar que o casamento era destino obrigatório das pessoas, porém, não existia o amor, o elemento tão badalado no modelo de casamento ocidental, o nosso casamento. Os casamentos eram acertados entre as famílias e ninguém podia dar qualquer palpite ou insinuar algo em sentido contrário. Somas de dinheiro mudavam de mãos e, sem dúvida, as relações matrimoniais traziam embutidas as questões de lucro e de interesses das famílias.

A rebeldia atual em questão


Como explicar a vulgarização do sexo, o aumento da pornografia e a deformação dos papéis de homem e mulher? O raciocínio que faremos serve para interpretar qualquer comportamento relativo à contestação da nossa sociedade. Vamos considerar três fatores muito fortes:

1. O fim dos sistemas repressores


Depois de longo e sofridos anos sob regimes comunistas, ditatoriais, a ideia de liberdade foi sedutora. Não existe mais maneira significativa de extravasar necessidades sem que algo seja direcionado ao corpo.

2. O enfraquecimento da ideia de transgressão


As nossas leis nunca foram muito respeitadas e, infelizmente, esta sociedade acomodou-se a uma terrível ideia de que lei foi feita para ser quebrada. Se as notícias dos pecados envolvendo as autoridades não são vistas com rigor, a população adapta-se ao sistema; foi o que aconteceu aqui. Não temos mais uma ideia forte do que vem a ser transgressão.

3. Terra de ninguém


Parece que há um movimento bem organizado conduzindo a sociedade para um caos, uma terra de ninguém, onde nada possa ser proibido: políticos defendem a liberação das drogas, do aborto; policias se vendem aos traficantes; o carnaval une artistas, bicheiros e contraventores no mesmo cenário festivo. Todos e ninguém, tal é a lei.

O indivíduo é formado, nesse contexto, com a visão de sociedade decorrente desses padrões. Se entendermos o sistema, entenderemos as questões.

Recentemente um grupo musical formado por Arnaldo Antunes, Marisa Monte e Carlinhos Brown, os Tribalistas, fizeram muito sucesso por aqui com uma canção cuja letra serve  perfeitamente como a trilha sonora dessa realidade: 
"Já sei namorar" (Antunes, Marisa, Brown) 
'Já sei namorar / Já sei beijar de língua / Agora só me resta sonhar / Já sei aonde ir / Já sei onde ficar / Agora só me falta sair 
Não tenho paciência pra televisão / Eu não sou audiência para a solidão / Eu sou de ninguém / Eu sou de todo mundo / E todo mundo me quer bem / Eu sou de ninguém / Eu sou de todo mundo / E Todo mundo é meu também  
Já sei namorar / Já sei chutar a bola / Agora só me falta ganhar / Não tem um juiz / Se você quer a vida em jogo / Eu quero é ser feliz 
Tô te querendo / Como ninguém / Tô te querendo / Como Deus quiser / Tô te querendo / Como eu te quero / Tô te querendo / Como se quer'

Casamento e sexo


As pesquisas, que são instrumentos válidos de mensuração e interpretação de problemas sociais, têm dados reveladores sobre a vida dos brasileiros:

  • 47% não sentem vontade de fazer sexo
  • 30% das mulheres não têm orgasmo
  • 47% dos homens sofrem de algum grau de impotência
  • 57% têm ou tiveram ejaculação precoce
  • 25% dos casados traem a mulher
  • 50% já tiveram experiência homossexual (e aqui o número pode aumentar, pois muitos, por vários motivos, escondem tal experiência)
  • A fatia de mulheres com início da atividade sexual mais cedo aumentou
  • Os homens mantiveram sua idade de início estável
  • 68% consideram sua vida sexual muito boa ou ótima (mas os números acima devem estar lado a lado, ou seja, os outros índices)
  • 24% respondem com um tom de regularidade na satisfação sexual
Diante de todos esses índices, como tirar dados que sirvam para decifrar ou, pelo menos, ajudar os casais na interpretação de suas questões de casamento? Precisamos ouvir as próprias queixas dos casais e aplicar os princípios. Para tanto, o incômodo do divórcio.

Por que as mulheres saem do casamento?


  • Maridos insistem em manter a postura antiga de proibir a mulher de ter a vida, sair, estudar ou trabalhar;
  • O tédio, pela falta de projeto de família, é maior que a alegria de uma vida a dois;
  • Terminada a fantasia do namoro, que faz parte do relacionamento, mas não deve durar muito pra dar lugar ao realismo, os casais encontram um deserto e, assim, descobrem que não estão unidos na travessia;
  • Quando a mulher começa a progredir, o marido perde o eixo do equilíbrio, enfraquecendo a relação e fomentando a separação;
  • Dificuldades de organização financeira e pessoal do marido.

Por que os homens saem do casamento?


  • Uma visão distorcida culturalmente do que vem a ser relacionamento familiar, algo que incomoda o perfil do homem bonachão (que não tem mais lugar no cenário competitivo), doutrinado em casa e na rua para ser livre;
  • Conflito nas questões de liderança: mulheres que querem controlar tudo, inclusive as áreas individuais dos parceiros;
  • Dificuldade de morar na mesma casa com a família dela;
  • Consumismo da mulher;
  • Doenças na família.


Podemos fazer, então, uma construção bem diferente de tudo aquilo que ouvimos antigamente nas igrejas, nas reuniões de família, quando as coisas eram revestidas de fantasias e não montadas na realidade.

Intimidade


Um fator de equilíbrio na relação do casal é a intimidade. Estamos falando de uma conquista, algo que vem ao longo do tempo do relacionamento, não é um discurso fundamentado na convivência ou obrigações naturais do casal. As dificuldades de envolvimento, determinados tipos de carícias, espontaneidade, prazer, invariavelmente estão sobre a falta de intimidade.

Mesmo que tenhamos toda a carga de informações das nossas famílias de origem, o mínimo de sensibilidade precisa estar presente na vida ou nas percepções das pessoas para que os vínculos do casamento sejam aprofundados. 

A sexualidade saudável está relacionada à intimidade. Quando ouvimos um homem ou uma mulher dizer que "falta alguma coisa", "existem barreiras", "ele[a] é muito fechado[a]"; "eu nunca sei o seu sentimento", "ele[a] nunca fala de si mesmo[a]", devemos ouvir assim: "falta intimidade entre nós". A relação sexual (não confundir com ato sexual) não será satisfatória sem intimidade.

Confiança


Outro item absolutamente necessário é a confiança. Os profissionais da terapia atestam que as crises nos relacionamentos estão alimentadas pela falta de confiança, ou seja, ausência de mutualidade. Nas cabeças masculinas e femininas passa uma ideia nebulosa sobre o encontro do parceiro; na verdade, uma esperança de que "tudo vai acontecer às mil maravilhas". Como poderia ser maravilhoso se duas pessoas estranhas decidiram unir seus mundos, conflitos e histórias?

Os homens, por causa das ideias fixadas em seu universo psíquico, têm maiores dificuldades em lidar com as diferenças em relação às mulheres, são lentos na integração das necessidades e pensam em sexo como um compromisso, uma atividade prática; as mulheres, por outro lado, demoram a fazer a transição dos afetos, que compõem o seu universo psíquico, para o sexo.

Esta conciliação chama-se ajuste, o sonho de todas as relações. Aprender a compartilhar dificuldades e diferenças, além de um esforço para que as barreiras sejam transpostas, exige confiança. Muitas mulheres não confiam em seus maridos e jamais compartilhariam com elas as suas diferenças, por isso, preferem amargar anos de frustração a perder o status de casadas e de uma "psêudofamília" (veja os índices que apresentei).

Companheirismo


Último dos pilares para uma relação satisfatória é o companheirismo. É o estágio em que os cônjuges sentem-se aceitos, correspondidos, sem serem cobrados por expectativas que estão no consciente do outro, livres para discutir uma preferência de decoração da casa, divisão de espaços, formas e tipos de jogos amorosos; nesse tempo, os casais podem descobrir o que é a satisfação e o que é pura frustração.

A beleza da vida é descobrir o lado bom para qualquer empreendimento; os vícios, que são sempre elementos competidores para driblar problemas existenciais e servem para minar possíveis estruturas, serão questionados e superados sem aquela catequese de que "ele é dependente do álcool"; não, o álcool virou um fator de rotulação, um apelido, um substituto para que problemas reais não sejam atingidos. Quando as pessoas estiverem numa atmosfera de amizade, a sexualidade se transforma numa inesgotável fonte de prazer.

Conclusão


Vamos à Bíblia?


Em todos os lugares da Bíblia que a sexualidade é estimulada para o bem-estar das pessoas encontramos a recomendação para que o ambiente seja construído, moldado de modo a que todo o conjunto da família seja o reflexo das relações marido e mulher:

  • Gênesis 2:24 - "Portanto, deixará o homem o seu pai e sua mãe, e unir-se-á à sua mulher, e serão uma só carne. E ambos estavam nus, o homem e sua mulher; e não se envergonhavam."
  • Provérbios 19:13,14 - "O filho insensato é a calamidade do pai; e as rixas da mulher são uma goteira contínua; casa e riquezas são herdades dos pais; mas a mulher prudente vem do Senhor." 31:11 - "O coração do seu marido confia nela, e não lhe haverá falta de lucro."
  • Cânticos dos cânticos (ou Cantares de Salomão) - "Eu sou do meu amado, e o seu amor é por mim."

Por fim, temos os escritos do apóstolo Paulo em sua primeira epístola à igreja de Corinto, no capítulo 7, base fundamental e referência total para a prática saudável da relação sexual no casamento. E, que me desculpem os "libertários", mas, o que passar disso, vem do maligno.

"Já sei namorar" - Tribalistas


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