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segunda-feira, 20 de junho de 2016

POR QUE AS PESSOAS SE CASAM? AS POSSÍVEIS CRISES FAMILIARES

O casal entra no gabinete pastoral, visivelmente feliz, e vai direto ao assunto: "nós queremos nos casar". O pastor, depois de viver muitas experiências assim, retira uma folha de papel, coloca-a sobre a mesa e pede ao casal que escreva ali apenas cinco razões ou motivos para que aquele casamento seja realizado. Um balde de água fria, um choque, uma surpresa e o silêncio logo toma conta do ambiente. Depois de um certo tempo, com aquela cumplicidade dos namorados, os dois decidem colocar a grande e maior, a única, a irrepreensível razão: "nós nos amamos". Eles não têm e não precisam mais das outras quatro.

Corajoso, sábio, mesmo contrariando as suas ovelhas, o pastor diz: "voltem para suas casas, conversem com outras pessoas, reflitam sobre os seus motivos e voltem quando estiverem preparados". E o casal sai daquele espaço aborrecido com o seu pastor, que não tem a sensibilidade que demonstra no púlpito e nem quer acreditar no futuro das pessoas.

Aquele pastor não está minando os planos do casal; ele quer levantar questões fundamentais que passam longe na experiência dos casais e surgem depois de muitos anos de caminho andado, com as mais diversas declarações: "Ah, se eu soubesse...", "Nunca pensei que seria assim..."

São tantas as razões pelas quais as pessoas se casam que, na avaliação geral, talvez o amor seja uma das últimas, mas, limitados pela ânsia de realizar determinadas funções que serão objetivadas e clareadas depois, o amor ocupa o primeiro lugar de autenticação. Seria bom interrogar aos casais que se separam aonde foi parar, para onde foi canalizado, o que foi feito daquele amor ardente, alucinado, incontrolável, que motivou a união deles?

Mas existem razões ocultas, reais, subjetivas, verdadeiros comandos passados pelas famílias através das gerações, compreendidos somente quando alguém descobre o "eixo" que sustenta as relações naquela história; estas razões, sim, são as determinantes exclusivas das relações familiares.

Por que as pessoas se casam?


1. Casamento por conveniência


Foi o modelo perpetuado pela tradição medieval com o apoio da igreja. A sociedade classificava o valor das pessoas pelo estado civil e pelas escolhas, a classe social, o poder aquisitivo, o nome que receberia.

Em função de algum benefício, conforto, segurança, riqueza, oportunismo, mesmo que não exista qualquer tipo de sentimento, pode ser conveniente o casamento. Culturalmente ainda existe aquela pressão, mais para o lado feminino, de não "ficar para titia", nem ser chamada de "solteirona"; às vezes, as "oportunidades" são motivações para uniões convenientes.

2. "Tábua de salvação"


Frequentes em famílias onde a opressão, a violência e o controle obsessivo são presentes. A sede de liberdade pode ser um estímulo para a opção de casamento, como uma forma de livrar-se da autoridade, da tutela, ou mesmo de alguma situação doentia vivida na família.

O subjetivismo das escolhas manifesta-se nestas ocasiões. As pessoas casam para fazer determinadas rupturas, separações, construir a vida própria, independente, formar novas famílias. Porém, dentro de cada um existe uma história que não será esquecida, nem retirada, mas perpetuada por um fator que vamos chamar aqui de lealdade à família.

Você já notou que as famílias não permitem que os seus membros sejam "diferentes"? E quando alguém tenta ser diferente será cobrado eternamente pela família? Logo, essas pessoas sentem-se devedoras e presas àquela família, e precisam ser leais a tudo o que viram, ouviram e aprenderam ali.

Por exemplo, por que uma pessoa que viveu na opressão com vícios, escolhe um cônjuge com as mesmas características? Muitas descobrem que cometeram o erro de "repetir" a história dos pais e optam pela separação; na escolha de uma segunda experiência elegem outra pessoa igualzinha. É a lealdade em jogo.

A tábua de salvação não é para um só; é para a família toda. Assim, aquela mulher que escolheu um marido alcoólatra, porque "errou" mesmo vendo o vício de seu pai, não apenas queria salvar-se; queria salvar a imagem de sua família de origem, redimir a mãe sofredora, heroína, que manteve-se fiel apesar de tudo, mostrar ao pai que poderia ser diferente e, com isso fazer com que ele mudasse, salvar o marido viciado, a imagem da família do marido e o futuro de sua história, especialmente a trajetória dos filhos, que serão leais a tudo isso.

3. Medo da solidão


O medo da solidão está na base de milhões de casamentos, mas ninguém pode tocar neste tema para não duvidar dos motivos nobres e sublimes das pessoas. Quando um casamento é constituído fundamentado no medo da solidão, algumas coisas acontecem sem muito valor emocional; elas irão preencher a carência de alguém.

O estilo de vida estará voltado para o grupo. É fácil perceber um casamento estruturado sobre o medo de ficar só: o casal não tem vida privada, íntima, cúmplice, pois o vazio não pode prevalecer; logo, forma-se um grupo de convivência. As festas são desejadas e promovidas porque os amigos, agora tão valorizados, estarão lá; os programas são compartilhados, os espaços são divididos, alguém sempre vai estar almoçando na casa desse casal ou o casal estará dentro da casa de alguém; nunca só,

Os filhos entrarão na relação como que necessários à ocupação de espaços e atenção, principalmente na meia-idade e na velhice, quando terão a obrigação de dar netos, que serão propriedade dos avós para não entrar em depressão pela falta de ocupação.

Uma das piores experiências de um casal que se estruturou a partir do medo da solidão é quando os filhos saem de casa para estudar, trabalhar ou casar. Todas as perspectivas parecem ruir e as "doenças" começam a aparecer: impotência, pressão alta, falta de ar, insônia, depressão e outras.

4. Sexo


A sexualidade de uma pessoa pode ser vivida de maneiras bem controvertidas: alguns reprimem a sexualidade e, por isso, nem procuram casamento; outras, dependendo de suas histórias, vivem a liberdade e entendem que o casamento será uma verdadeira prisão porque terão que jurar fidelidade aos parceiros; outras creem que precisam de companheiros definidos e outros complementos afetivos.

É uma pena que as pessoas não digam seus motivos antes de tudo começar (vejam a atitude do pastor na introdução do artigo). Um requer sexo e o cônjuge está apaixonado, quer amor, compreensão, amizade; um só queria dar continuidade à história da família, gerar filhos, educá-los, e o outro está ardendo de desejos que nunca serão satisfeitos. Ninguém diz: "Eu estou me casando com você por conveniência"; "porque quer uma pessoa para desfrutar a vida sexual". Mas os motivos estão lá, reais, escondidos, acionando as atitudes das pessoas e orientando as suas decisões.


As crises e suas origens



Já deu para perceber o objetivo da lista acima? Mostrar que as "crises" não surgem do nada; ninguém diz: "Fui dormir e acordei dentro de uma crise". Ela estava em processo, sendo alimentada, reprimida, até o dia em que explodiu.

Para ajudar um pouco mais, vamos colocar as fases de um relacionamento, quando tudo começa, aquele namorado cheio de romance até o período da crise ou das definições de vida.

1. Deslumbramento


É a primeira fase, quando um se deslumbra pelo outro. "Puxa, achei o homem da minha vida"; "Encontrei a mulher perfeita para mim". Ambos estão encantados, deslumbrados, atraídos, fortemente apaixonados. O deslumbramento acontece exatamente porque descobrimos no outro a possibilidade de realizar as nossas carências e necessidades: "Acho que está pessoa vai me preencher completamente"; "Como ela se parece com minha mãe [meu pai]!" "Encontrei alguém em que posso confiar". A recíproca é verdadeira, mas os sentimentos e motivos são diferentes. Normalmente os casais que começam a vida no namoro e no início de uma nova família estão deslumbrados.

2. Desencanto


É quando as coisas começam a fugir do controle porque cada um vai manifestar os seus reais interesses; se o objetivo era vencer a solidão, não era sexo; se o motivo era sexo, não havia compromisso de salvar ninguém; e assim tudo fica muito claro. Aí os casais se desnudam totalmente.

"Ai, acho que me enganei com ele[a]; parecia tão educado[a], mas não é nada disso"; "Ela[e] parecia tão caseiro[a], como mudou assim?" O que mais encantou no outro começa a ser uma decepção.

Nesse tempo, o casal já não funciona como no início: as relações são mais secas, o sexo é restrito, não há muito o que compartilhar, algumas substituições de atividades e interesses são feitas, o dinheiro já não é tão dividido e o lazer nem sempre é interessante. É o tempo de desencanto.

3. Realismo


Esta é a fase em que o casal vai decidir se desiste ou se continua a relação. A pergunta que ouvimos frequentemente é: quando acontece o realismo? Depende de cada caso; há pessoas que vivem uma fantasia tão grande, tão cega, que chegam a descobrir a realidade muito tarde e, ainda assim, "fingem não ver", porque sabem que não terão estrutura para encarar realidades.

Quando o realismo se instala o casal pode fazer um projeto de família, organizar os espaços de cada um, definir as carreiras profissionais, o tempo de estudo, as prioridades, finanças, investimento e outras coisas de uma família normal.

Conclusão

Vamos pra Bíblia?


"22 Esposas, cada uma de vós respeitai ao vosso marido, porquanto sois submissas ao Senhor; 23 porque o marido é o cabeça da esposa, assim como Cristo é o cabeça da Igreja, que é o seu Corpo, do qual Ele é o Salvador. 24 Assim como a igreja está sujeita a Cristo, de igual modo as esposas estejam em tudo sujeitas a seus próprios maridos. 25 Maridos, cada um de vós amai a vossa esposa, assim como Cristo amou a sua Igreja e sacrificou-se por ela, 26 a fim de santificá-la, tendo-a purificado com o lavar da água por meio da Palavra, 27 e para apresentá-la a si mesmo como Igreja gloriosa, sem mancha nem ruga ou qualquer outra imperfeição, mas santa e inculpável. 28 Sendo assim, o marido deve amar sua esposa como ama o seu próprio corpo. Quem ama sua esposa, ama a si mesmo! 29 Pois ninguém jamais odiou o próprio corpo, antes o alimenta e dele cuida, assim como Cristo zela pela Igreja, 30 pois somos membros do seu Corpo. 31 'Por este motivo, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua esposa, e os dois se tornarão uma só carne.' 32 Este é um mistério grandioso; refiro-me, contudo, à união entre Cristo e sua Igreja. 33 Portanto, cada um de vós amai a sua esposa como a si mesmo, e a esposa trate o marido com todo o respeito. 1 Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor, porquanto isto é justo. 2 'Honra a teu pai e tua mãe'; este é o primeiro mandamento com promessa, 3 para que vivas bem e tenhas vida longa sobre a terra. 4 E vós, pais, não provoqueis a ira dos vossos filhos, mas educai-os de acordo com a disciplina e o conselho do Senhor  (Efésios 5:22-33; 6:1-4 - Versão King James Atualizada)." 

  1. A relação de respeito da mulher ao marido - uma palavra estranha, submetei-vos, que significa, na cultura judaica do primeiro século, ser submissa. Esta relação de submissão não vigora no mundo ocidental porque os críticos são outros, mas o respeito está na base de todas as culturas.
  2. Amor do marido à mulher - tanta exigência de submissão da mulher foi feita pelos homens e nada foi dito sobre a sua responsabilidade de amor. Mais uma vez, o amor que está em questão não é o mesmo na prática sexual da atualidade, fazer amor, mas é o mesmo que Cristo demonstrou, a ponto de dar-se a si mesmo pela igreja.
  3. Obediência dos filhos aos pais - a nossa sociedade descartou as figuras de pai e mãe e destruiu a ideia de autoridade; não é preciso ir longe para dizer que a intensificação da crise social e moral que está implantada aí é fruto do fracasso das relações familiares que não tinham substitutos.
  4. Pais não devem provocar à ira os seus filhos - às vezes, as relações são desgastadas porque os objetivos não são construtivos; a dinâmica é simples: os pais não provocam os filhos e os criam na admoestação do Senhor.

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