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sexta-feira, 24 de junho de 2016

CÔNJUGES EM DENOMINAÇÕES DIFERENTES, EIS O DILEMA.

O marido é membro da denominação X e a mulher da denominação Y. Este é um fato comum nas denominações de todo o abecedário. Uns dizem que não é bom, pois causa uma divisão familiar (principalmente nos casos em que os filhos preferem ficar em uma ou outra denominação); outros dizem que no caso da mulher, ela deve por princípio, estar ao lado do marido. E há ainda os que dizem que o importante é ambos saberem onde Deus que eles estejam e obedecerem à ordenança do Senhor. 

Diante disso, um dilema é formado e muitos dos que se encontram nessa situação acabam que ficam meio perdidos, confusos. O problema agiganta quando um dos cônjuges começa a usar as circunstâncias na tentativa de convencer o outro a mudar de denominação. Há quem chegue ao absurdo de usar os filhos pequenos: "os meninos preferem a 'minha igreja'"; "as crianças não gostam de ir na 'sua igreja"; argumentos manipuladores como esses podem ser usados na tentativa de fazer com que o cônjuge mude de denominação. Entretanto, essa é uma atitude carnal e até certo ponto, covarde. Usar os próprios filhos para realização de um capricho. Misericórdia!

Daí, uma pergunta, e a vontade de Deus, fica aonde? Quando isso acontece, pode ter certeza de que a divisão conjugal já existe dentro do casal e o problema com as denominações é apenas um dos reflexos dessa divisão.

E quanto à programação das denominações?


Tudo irá depender da maturidade dos cônjuges. Não há nada que um bom diálogo não resolva. Afinal, em se tratando do reino de Deus, onde está o problema em que o casal compartilhe das programações e eventos específicos (tipo, encontro de casais, congressos e/ou seminários voltados para casais e famílias, por exemplo)? Tudo vai depender da maturidade pessoal e espiritual dos cônjuges. A não ser que haja uma implicância ou alguma animosidade por parte de um dos dois (ou seja, carnalidade), esse tipo de programação pode ser perfeitamente desfrutada por ambos e edificante ao casal, à família, ao reino, independente de ser na denominação onde marido ou a mulher congregue.

Mas, afinal, o que a Bíblia diz sobre isso?


A Bíblia não diz nada diretamente sobre isso. Analisando a igreja primitiva, veremos que não há nada específico sobre isso, mesmo porque era hábito frequente as reuniões de culto acontecerem nos lares. O problema não surgiu porque naqueles dias os cristãos eram poucos em número e eles sabiam que precisavam de atrair a força uns dos outros. 

Se for de algum modo possível, eu oriento, é claro, os casais a assistirem à mesma igreja. Isso não só irá ajudá-los a crescerem mais perto um do outro e de Deus, como ajudará os seus filhos a aprenderem sobre Jesus. Além do mais, pode evitar as divergências doutrinárias (ainda mais hoje em dia onde o que não falta é o ensino e a prática de doutrina estranha no meio cristão...).

No entanto, eu sei que não é sempre possível os casais concordarem sobre o assunto, e em vez deste ser motivo de discórdia, em raras ocasiões, pode ser melhor tomarem o caminho que sugeriu. No entanto, não o façam de ânimo leve ou simplesmente porque é fácil. Orem conjuntamente sobre isso, e peçam a Deus que os guie e os ajude a conhecer a Sua vontade.

Não julguem qualquer denominação precipitadamente, mas peçam a Deus que os conduza a uma igreja onde a Bíblia seja pregada e ensinada, e onde possam ter comunhão com outros crentes, sem, contudo, perderem a comunhão entre si. Isto é absolutamente possível e pode até ser o elo de comunhão entre as duas denominações. 

Além disso, pensem bem no que realmente precisam numa igreja. Querem simplesmente uma igreja que vos lembre onde cresceram? Ou procuram honestamente uma igreja onde possam crescer na fé, e servir a Cristo? Querem simplesmente uma igreja onde se sintam bem? Ou querem obedecer a Deus, ainda que isso gere algum desconforto? Qual vontade há de prevalecer, a de vocês ou a do Senhor?

Acima de tudo, coloquem Jesus Cristo no centro das vossas vidas - individualmente e como família. Quando as nossas vidas estão centradas n’Ele, as divergências começam a dissipar-se. Lembre-se da admoestação da Bíblia: "Não abandonemos, como alguns estão fazendo, o costume de assistir às nossas reuniões. Pelo contrário, animemos uns aos outros …" (Hebreus 10:25, NTLH). 

Quando 2 e 2 são 5


O fato é que nem retorcendo a Bíblia encontraremos alguma base para afirmar algo sobre isso. Seria como se a Bíblia institucionalizasse as divisões que existem hoje entre as denominações cristãs. Mas a Bíblia almeja a união e onde existe divisão, existe afastamento da mensagem bíblica. As inúmeras denominações presentes hoje é um sinal de pecado para os cristãos e não algo positivo. 

A verdade é que muitas denominações são frutos de divisões. Elas nasceram do ego humano e não de uma vontade ou da direção de Deus. E, mesmo com as denominações como referência, o importante é todos entenderem que a igreja, o Corpo de Cristo, é uma só. Assim como eram 12 as tribos de Israel, cada uma com um nome, com uma identidade, cada uma com sua característica e as 12 constituíam o povo de Deus. Os contextos são distintos, mas o princípio é o mesmo. Veja o que disse o apóstolo Pedro em sua 1 epístola:
"Porém, vós sois [pluralidade, coletividade, diversidade] geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus [unidade], cujo propósito é proclamar as grandezas daquele que vos convocou das trevas para sua maravilhosa luz. Vós, sim, que antes não éreis sequer povo; mas agora, sois o Povo de Deus; não tínheis recebido a misericórdia, contudo agora a recebestes". -  2:9,10 - ênfases minhas (VKJA)

No Antigo Testamento, quando ainda não existia o cristianismo, o povo de Israel era unido na mesma fé em Deus. A partir de Jesus, o ideal cristão é a unidade, como bem sublinhou o próprio Cristo na sua oração presente em João 17 (veja sobretudo o versículos 20-23):

"Não oro somente por estes discípulos, mas igualmente por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da mensagem deles, para que todos sejam um, Pai, como Tu estás em mim e Eu em Ti. Que eles também estejam em nós, para que o mundo creia que Tu me enviaste. Eu lhes tenho transferido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos: Eu neles e Tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que Tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim." (VKJA) - Ênfases minhas

Na vida de casal, se os dois são assíduos participantes de suas comunidades e cada uma segue uma estrada (igreja, no sentido de denominação) diferente, precisa ter muita flexibilidade para que se viva bem, caso contrário a fé religiosa, que deve ser uma característica importante da vida familiar, pode se transformar em motivo de conflito. Creio que, entre o casal, um não deva nunca obrigar o outro a mudar de comunidade. Cada um deve seguir a própria convicção, partilhando reciprocamente as próprias ideias e razões. Essa troca de ideias deve favorecer a compreensão da escolha feita e pode inclusive ajudar no relacionamento, criando uma comunhão sóbria e sendo acréscimo ao reino de Deus.

Conclusão


A submissão da mulher ao marido não implica em fazer coisas que sejam contrárias à vontade de Deus. O Senhor Jesus podia ser preso e amarrado por seus algozes, para impedir sua livre circulação ou que fosse ao Templo como costumava fazer, mas nenhum deles poderia obrigá-lo a desobedecer ao Pai. Assim deve ser a submissão da mulher ao marido como ao Senhor. Ela se submete dentro daquilo que não a leva a pecar ou venha a violar sua própria consciência para com o Senhor. Para marido e mulher o que fica como princípio é: "Mais importa obedecer a Deus do que aos homens" - Atos 5:29. Com esse princípio aliado ao bom senso entre o casal, ao conhecimento do chamado e à disponibilidade de ambos em obedecer à vontade de Deus não haverá problema algum que eles sirvam em denominações diferentes. Afinal, Jesus não tem "noivas", ele tem uma Noiva. Ele não buscará denominações e sim a sua Igreja!

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