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sábado, 7 de maio de 2016

JESUS, O FILHO DO HOMEM - 1: INTRODUÇÃO

Expressão Grega: huios anthropou

Quando Jesus falou de Si mesmo, Ele usou o título enigmático, "o Filho do Homem." Nessa série especial, trarei artigos com o significado desse auto-título de Jesus.

Por que Filho do Homem?


Esta foi a sua maneira de dizer que Ele era o Messias sem sair diretamente, dizendo: "Eu sou o Messias." Se Ele dissesse ao povo judeu diretamente "Eu sou o Messias", eles teriam pensado que Ele estava afirmando ser o próximo líder revolucionário e libertador Macabeu, que viria para libertá-los do domínio romano militar. 

Por conseguinte, Jesus usou um título dos livros de Ezequiel e Daniel. No livro de Ezequiel, o profeta foi referido como "Filho do Homem" 90 vezes. Muitas vezes, Deus se dirigia a Ezequiel como "filho do homem", assim como Deus o chamou de "filho do pó." Como tal, ele apontou para a humanidade de Ezequiel, bem como a sua posição como um servo. Assim, quando Jesus usou a expressão anthropou huios, que é a expressão grega para "Filho do Homem", para ele, ele estava enfatizando que havia se tornado um homem para realizar o serviço a Deus (Filipenses 2:5-11). 

Este é um lado da moeda. O outro lado mostra que "o Filho do Homem" é um título divino, tirado de Daniel 7:13-14. Esta passagem descreve uma visão de alguém, "como um filho do homem", que "vem com as nuvens" para a presença do "Ancião dos Dias", que lhe dá o reino universal e eterno de Deus. Jesus repetidamente citou partes do presente texto, em Seus ensinamentos (Mateus 16:27; 19:28), especialmente sobre Sua segunda vinda:
"Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória." (Mateus 24:30, Versão Almeida Revista e Atualizada)
Então, novamente, Jesus citou essa passagem em seu Julgamento no Sinédrio:
"Jesus, porém, guardava silêncio. E, insistindo o sumo sacerdote, disse-lhe: Conjuro-te pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus. Disse-lhe Jesus: Tu o disseste; digo-vos, porém, que vereis em breve o Filho do homem assentado à direita do Poder, e vindo sobre as nuvens do céu. Então o sumo sacerdote rasgou as suas vestes, dizendo: Blasfemou; para que precisamos ainda de testemunhas? Eis que bem ouvistes agora a sua blasfêmia." (Mt 26:63-65, ARA)
[Versículos chave: Mt 16:27; 24:30; 26:64]

Claramente, Jesus compreendeu a passagem de Daniel sobre o "Filho do Homem", como sendo um título para o "Cristo", o "Filho de Deus". Evidentemente, o sumo sacerdote também compreendeu a passagem desta forma, visto que ele considerou blasfêmia Jesus ter aplicado a passagem para si mesmo.

O filho do homem no Antigo Testamento


Já observamos que "filho do homem" não é uma expressão incomum no Antigo Testamento, utilizada simplesmente para designar a humanidade. Apela-se muitas vezes para esse uso no Antigo Testamento para explicar algumas expressões dos Evangelhos. A expressão ocorre no livro de Ezequiel como o nome particular pelo qual Deus se dirige ao profeta. 

Alguns intérpretes concluíram que o contexto para o uso que Jesus fez da expressão encontra-se em Ezequiel. Entretanto, esta tentativa é insatisfatória para explicar o uso escatológico da expressão "Filho do Homem" nos Evangelhos. O contexto provável do Antigo Testamento encontra-se na visão de Daniel, na qual observa quatro animais selvagens, surgindo um após outro do mar. 

Eles simbolizam quatro impérios mundiais sucessivos: 
"Depois disto eu estava olhando... eis que vinha nas nuvens do céu um como o filho do homem; e dirigiu-se ao ancião de dias, e o fizeram chegar até ele. E foi-lhe dado o domínio, e a honra, e o reino, para que todos os povos, nações e línguas o servissem; o seu domínio é um domínio eterno, que não passará, e o seu reino, o único que não será destruído" (Dn 7:13-14). 
Nos versículos seguintes que interpretam esta visão, aquele semelhante ao filho do homem não é mencionado. Em seu lugar apareceram "os santos do Altíssimo" (Dn 7:22), que inicialmente são oprimidos e afligidos pelo quarto animal, mas que recebem um reino eterno e reinam sobre toda a terra (Dn 7:21-27).

Fica claro que em Daniel, a frase "filho do homem" é menos do que o título messiânico. É uma forma semelhante a um homem em contraste aos quatro animais que já haviam surgido nas visões. Além disso, as interpretações diferem, particularmente em três pontos: 
  • Será que a figura semelhante ao filho do homem deve ser compreendida como uma pessoa individual, ou seria somente um símbolo para representar os santos do Altíssimo? 
  • Será que aquele semelhante a um filho do homem veio à terra, ou sua "vinda" foi somente à presença de Deus? 
  • Será que aquele semelhante ao filho do homem é somente uma figura divina, ou combina o sofrimento com a vindicação? 

O fato do indivíduo semelhante ao filho do homem estar identificado com os santos e os representar é claro; mas isto não nega a possibilidade de que ele seja também um personagem individual (há uma vertente teológica que defende a tese de que um conceito individual repousa por trás da passagem em Dn 7.). 

Apesar de o texto não afirmar que a figura semelhante à do homem desça à terra, parece que este fato está claramente implícito. De fato, ele comparece à presença de Deus nas nuvens, mas quando o reino é dado aos santos para reinar sobre todos os domínios da terra, podemos assumir que isto acontece porque a figura semelhante ao homem, que recebeu o reino nos céus, o traz aos santos na terra.


Conclusão


Embora muitos estudiosos insistam que a figura mencionada em Daniel combina o sofrimento e a vindicação, em virtude dos santos serem primeiramente oprimidos e depois vindicados, isto não está tão claro assim, pois os santos sofrem na terra, enquanto o filho do homem recebe o reino nos céus, e a seguir, presumivelmente, o traz aos santos afligidos sobre a terra. 

Contudo, não precisamos nos preocupar com a questão relacionada à origem do conceito em Daniel. Concluímos que o filho do homem mencionado em Daniel é uma figura escatológica messiânica divina que traz o reino aos santos afligidos sobre a terra.

[Fonte: Holman, Tesouros das Palavras Chaves da Bíblia - Eugene E. Carpenter e Philip W. Confort]

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