"Eu formo a luz e crio as trevas; eu faço a paz e crio o mal; eu sou o Senhor, que faço todas as coisas" (Isaías 45:7).
Isoladamente este parece ser um versículo bastante confuso. Afinal, como pode um Deus de santidade criar o mal? Na verdade, a palavra traduzida por "mal" (hebraico "ra") não significa "pecado", mas "aflição". Deus pronunciou uma maldição sobre a terra (Gênesis 3:17) pelo bem do homem, para que este sofrendo aflições pudesse perceber sua necessidade de redenção. Tais aflições serão removidas quando o pecado tiver sido removido na Nova Terra.
O mesmo se dá com as trevas. "... Deus é luz, e nele não há trevas nenhumas" (1 João 1:5) era, pois, necessário criar as trevas, uma vez que o plano da criação previa uma distinção entre o dia e a noite. A noite era absolutamente necessária durante este período de posse provisória da terra, para seu descanso diário. Além disso, é necessário um fundo de trevas para que o sol, a lua e as estrelas pudessem servir "... para sinais e para estações, e para dias e anos" (Gn 1:14)".
As más conotações atribuídas às trevas vieram mais tarde, quando homens maus e demônios perceberam que podiam cometer mais livremente seus atos pecaminosos escondidos sob o manto protetor das trevas. Mesmo assim, a luz de Deus está sempre disponível para eliminar a trevas, quando necessário e desejado. "Porque Deus que disse: 'Das trevas brilhará a luz', é quem brilhou em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo" (2 Coríntios 4:6).
Conclusão
Muitos têm essa dúvida e chegam até a questionar a bondade de Deus quando veem Deus aplicando castigos severos no Antigo Testamento ou permitindo tragédias de todos os tipos. A resposta rápida é que você pode usar um chicote sem ter sido seu inventor. Mas vamos analisar com maior profundidade a questão.
Fica mais simples se enxergarmos do ponto de vista de Deus e de tudo o que ele criou. Por exemplo, Deus é luz (a luz não foi criada, mas sempre existiu pois é um dos atributos de Deus). E as trevas? Elas não existem, mas são meramente a ausência de luz, como o frio também não existe, mas é simplesmente a ausência de calor. E a leveza? Ausência de peso. Vácuo? Ausência de matéria.
Se Deus criou tudo bom, e assim é o testemunho de Deus acerca da Criação, de onde vem o mal? Da ausência de Deus. O mesmo raciocínio você pode aplicar ao pecado, que não é algo criado por Deus, mas a ausência do princípio de autoridade e domínio de Deus. Veja este versículo: 1 João 3:4 - "Qualquer que comete pecado, também comete iniquidade; porque o pecado é iniquidade".
Raciocinando neste contexto, o versículo que indicado, não diz que Deus criou as trevas e o mal, mas que Deus cria as trevas, cria o mal, em um aspecto meramente circunstancial, isto é, introduz tais coisas em determinadas circunstâncias. A diferença é grande. Eu posso causar desordem, mas não fui eu quem inventou a desordem. Posso causar dor, mas não fui eu quem inventou a dor. Eu estaria apenas me valendo de algo existente para fins específicos.
Este conceito de trevas como ausência da luz, portanto de Deus, tem tudo a ver com as três horas de trevas que Jesus passou na cruz sob o juízo divino (depois de ter ficado três horas sendo amaldiçoado pelos homens). Nas três horas em que nossos pecados estiveram sobre Jesus, durante o tempo em que Deus o fez pecado por nós (2 Co 5:21) Deus não podia ter comunhão com ele, portanto ali Deus tirou sua luz de cena. Como consequência, surgiram as trevas.
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