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domingo, 20 de março de 2016

A IGREJA DE JOELHOS NO ALTAR DE FREUD

Na história da igreja evangélica, nada tem induzido os crentes ao abandono da fé na suficiência da Palavra de Deus mais do que a pseudociência do aconselhamento psicológico. 

Considerem o seguinte: a igreja evangélica é um serviço mais que tudo de referência no aconselhamento por psicólogos e psiquiatras. Muitas grandes igrejas possuem psicólogos licenciados em seu quadro de funcionários. As agências missionárias estão exigindo que os seus candidatos a missionários sejam avaliados e aprovados por psicólogos profissionais licenciados, antes de serem admitidos ao serviço. Psicólogos e conselheiros cristãos tornam-se sempre mais conhecidos e respeitados pelos evangélicos do que os pregadores e professores. 

Quem já não ouviu falar do psicólogo Dr. James Dobson [Médico, professor, autor e palestrante, tem seu doutorado em desenvolvimento infantil, foi por 14 anos professor universitário de pediatria e trabalhou por 17 anos no departamento de desenvolvimento infantil e genética do Children’s Hospital de Los Angeles. Em 1970 decidiu abandonar a carreira médica para dedicar-se à defesa da família. Através da organização Focus on the Family (Enfoque na Família), que lidera, são produzidos seus programas de apoio à família cristã que são veiculados em 2500 rádios nos EUA e mais 3000 rádios ao redor do mundo. Entre seus livros estão: "Criando Meninos", "Como lidar com a Teimosia do seu Filho", "Ouse Disciplinar", "Respostas Confiáveis e Amor para Toda a Vida".]?

A maioria dos evangélicos está convencida de que a psicoterapia é científica e necessária para suprir o que falta na Bíblia, no que se refere às necessidades mentais, emocionais e comportamentais. Quando emprego o termo "psicoterapia", estou me referindo ao aconselhamento psicológico, à psicologia clínica e à psiquiatria (não biológica). Posso também usar o termo "psicologia". 

Reconheço que existem algumas áreas da psicologia que são claramente distintas da psicoterapia e devem ter mérito e valor científico, quero dizer, os campos que estudam a percepção, a inter-relação homem-máquina, a ergonomia, qualquer psicologia educacional, e assim por diante. Contudo, estas representam uma pequena porcentagem na indústria da psicologia, a qual afirma ter "insights" (1. clareza súbita na mente, no intelecto de um indivíduo; iluminação, estalo, luz; 2. psic - compreensão ou solução de um problema pela súbita captação mental dos elementos e relações adequados) científicos dentro da mente humana.

"Cultoterapia" 


Tem sido natural adentrar alguns locais de reunião da igreja e ficar confuso quanto a estar em um culto a Deus ou em uma palestra motivacional. Tudo parece ter sido minunciosamente preparado para "nos fazer bem". Da porta de entrada a última parede, as luzes, as cores, a ornamentação e, se brincar, até os adereços que as meninas usam na dança foram estudados em suas formas e significados, objetivando causar algum impacto emocional aos que se fazem presentes. Com mais minúcia ainda é feita a seleção das músicas e a escolha do sermão; tudo tem que convergir para produzir "emoções positivas" nas pessoas. É o que tenho chamado de "Evangelho Triunfalista" (total, essencial e proporcionalmente inverso ao verdadeiro Evangelho Triunfante ensinado por Jesus Cristo). 

Então, qual o problema com a psicoterapia? De acordo com numerosos estudos científicos, ela raramente funciona (e quando o faz é apenas superficialmente) sendo conhecida como prejudicial. A partir de uma perspectiva bíblica, ela é um engodo anticristão. Estas duas conclusões vão se tornar completamente óbvias à medida em que prosseguirmos. 

Em razão da significativa influência que tem tido na igreja, o caminho psicológico comparado ao caminho bíblico deveria ser assunto de interesse crítico para todos os que creem ser a Palavra de Deus sua autoridade e que ela é totalmente suficiente para nos dar 
"tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo conhecimento daquele que nos chamou pela sua glória e virtude" (2 Pedro 1:3). 
Qual a necessidade de todas essas estratégias? Para encontramos resposta a essa pergunta, verifiquemos a fundamentação das letras das músicas escolhidas e do assunto do sermão; então, sem muito esforço, perceberemos que toda essa engenhosa estrutura foi desenhada para que o homem seja a pedra angular; depois é pincelada uma rala camada de cristianismo, usando versículos bíblicos por desencargo de consciência, porém com uma exegese infiel, influenciada pelo egoísmo, contaminada pela negligência ao estudo teológico e descrença na suficiência das Escrituras. Portanto a resposta se faz clara: Precisa de tudo isso porque falta aquilo que é suficiente: a insofismável e insubstituível Palavra de Deus. 

Essa descrença na suficiência das Escrituras tem levado muitos líderes a aderirem a essa moda de "psicologia cristã”"(termo que deve ser repensado). Precisa a Bíblia de um complemento? Será que estamos tratando a Palavra de Deus como um alimento de nutrientes incompletos que precisa ser acrescido de suplementos para nos suprir? Entra a psicologia quando a Bíblia não é suficiente ou entra a Bíblia quando a psicologia não é suficiente? Pode a Bíblia ser insuficiente e pode a psicologia ser suficiente? 

Opostos nada atraentes 


Mas qual o problema entre os caminhos da psicoterapia e o Caminho do Evangelho? Não seriam vias fluentes em sua trajetória? 

Eles não poderiam ser mais opostos. As teorias básicas do aconselhamento psicológico são contraditórias ao que a Bíblia ensina sobre a natureza humana e a solução divina para os seus problemas mentais, emocionais e comportamentais. Vejamos alguns:

Os conceitos psicoterapêuticos com relação à humanidade são intrinsecamente bons. A Bíblia diz que, exceto Jesus Cristo, não existe homem bom e que este foi nascido com uma natureza pecaminosa, 
"Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus" - Romanos 3:23. 

O aconselhamento psicológico promove sempre a crença de que os problemas que afetam adversamente o bem estar mental e emocional da pessoa são determinados por circunstâncias fora da pessoa, tais como abuso de pais e o meio ambiente. 

A Bíblia diz que um coração humano maligno e suas escolhas pecaminosas é que são causadores dos problemas emocionais e comportamentais: 
"Porque do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as prostituições, os homicídios, os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Todos estes males procedem de dentro e contaminam o homem" - Marcos 7:21-23. 

A psicoterapia tenta melhorar o ego através de conceitos, como amor próprio, auto-estima, auto-dignidade, auto-imagem, auto-atualização, etc. A Bíblia ensina que o ego é o maior problema da humanidade e não a solução dos males que a afligem. Ela profeticamente identifica a principal solução mostrada no aconselhamento psicológico, o amor próprio, como o catalizador a uma vida de depravação: 
"Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos..." - 2 Timóteo 3:1. 
Ela nos ensina ainda que a reconciliação com Deus através de Jesus Cristo é o único meio do homem resolver os seus problemas mentais, emocionais e comportamentais relacionados ao pecado: 
"A vós também, que noutro tempo éreis estranhos, e inimigos no entendimento pelas vossas obras más, agora contudo vos reconciliou no corpo da sua carne, pela morte, para perante ele vos apresentar santos, e irrepreensíveis, e inculpáveis" (Colossenses 1:21-22). 
A psicologia tem sabotado de muitos [cristãos] a fé no que se refere à suficiência da Bíblia. Visto como os psicólogos afirmam possuir "insights" dentro da natureza humana e também métodos para mudá-la, métodos esses que não se encontram na Bíblia, isso quer dizer que a Bíblia não é suficiente para aconselhar nem conduzir os crentes em suas necessidades mentais, emocionais e comportamentais. 

A psicoterapia vendeu à igreja essa mentira de que a psicologia pode ser integrada à Bíblia. Isso deveria ser escandaloso para todo crente inteligente. Visto como a psicologia e a Bíblia estão fundamentalmente em oposição uma à outra, deveria ser óbvia a impossibilidade de uma real integração em seus ensinos. 

Além do mais, se a Bíblia [o Livro "escrito" por Deus] é insuficiente para englobar tudo o que diz respeito à vida e piedade, nesse caso os seres por Ele criados devem buscar em algum lugar o bem estar mental, emocional e comportamental. E como devem buscá-lo em algum lugar, então a afirmação que a Bíblia faz de ser autoridade, de ser infalível e suficiente, também é falsa! 

Espírito Santo ou Sigmund Freud? 


É amplamente aceita a ideia de que pessoas cheias do Espírito Santo, plenas da Palavra de Cristo, são inaptas para aconselhar pessoas emocionalmente fragilizadas, pois é necessário ajuda profissional. Somente aqueles que possuem cursos na área de saúde mental recebem confiança para atuar no aconselhamento. Quem propõe soluções tais como: "Olhe para Deus, arrependa-se dos seus pecados, dedique-se ao estudo profundo das Escrituras e persevere na oração" é taxado de insensível e despreparado. O que se espera de um conselheiro eficaz é que ele diga: "Olhe para dentro de você; Perdoe-se; Você é bom! Eleve a sua autoestima; Pense positivo; A solução está no seu interior..." Doutrinas bíblicas, como depravação do homem e santificação são omitidas. 

O apologista John MacArthur sabiamente escreveu:
"A verdadeira psicologia ('o estudo da alma') pode ser praticada somente por cristãos, pois só estes têm os recursos para a compreensão e a transformação da alma. Visto que a psicologia secular se baseia em pressupostos ateístas e em fundamentos evolucionistas, ela está apta para lidar com pessoas num nível apenas superficial e temporal". 
Para a psicologia, elevar o ego é a solução; e este é um claro confronto com as Escrituras que tratam o ego humano como a causa dos nossos maiores problemas. Como lemos no livro de Provérbios: 
"A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda" - 16:18. 
O puritano Thomas Manton afirmou que "o ego do homem é um feixe de ídolos". Enquanto os psicólogos aconselham a sermos amantes de nós mesmos, o apóstolo Paulo inspirado por Deus aconselhou: 
"Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te" - (2 Timóteo 3:1-15). 
Nosso Senhor Jesus Cristo "veio para servir, e não para ser servido" (cf. Mateus 20:28). Ele não procurou sua própria satisfação (cf. Romanos 15:3), e nos ordenou: 
"Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes" -Marcos 12.30-31. 
Por acaso a sabedoria dos conselheiros humanos pode sobrepujar os conselhos dAquele cujo 
"nome é Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz?" (Isaías 9:6 - grifo meu). 
Claro que não! Somente em Deus encontramos o sentido da vida e todos os recursos que precisamos para viver bem. 
"A Lei do Senhor é perfeita, e refrigera a alma; o testemunho do Senhor é fiel, e dá sabedoria aos símplices. Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro, e ilumina os olhos. "Não se aparte da tua boca o livro desta lei; antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme a tudo quanto nele está escrito; porque então farás prosperar o teu caminho, e serás bem sucedido" - Salmo 19:7,8; Josué 1:8. 

Conclusão 


É sabido que há profissionais cristãos sérios, cheios do Espírito Santo e comprometidos com o Reino de Deus atuando no campo da psiquiatria em, portanto, não há nada de errado em que tais irmãos auxiliem a Igreja com o conhecimento aliado à sabedoria que vem do alto. O problema está e foi o que levantei no texto deste artigo, na substituição da suficiência bíblica e na sobrepujança da psicologia em detrimento de uma ação dunamis do Espírito Santo na vida dos que que aceitam viver piamente em Cristo. 

A felicidade que encontramos em Deus, quando prosseguimos em conhecer a sua Palavra e vivemos em santidade, não é abalada com a presença de tribulações. Conhecendo o amor de Cristo seremos cheios de toda a plenitude de Deus (cf. Efésios 3:19). E mesmo em meio às necessidades poderemos declarar: 
"Todavia eu me alegrarei no Senhor; exultarei no Deus da minha salvação" - Habacuque 3:18. 
Por mais fortes que sejam os ventos da "psicologia na igreja" podemos encontrar firmeza na suficiente Palavra de Deus, na qual temos todos os recursos disponíveis para atender as nossas mais intrínsecas necessidades, pois somente ela é capaz de penetrar as profundezas da nossa alma e discernir os nossos pensamentos e intenções do coração (cf. Hebreus 4:12). Nem nós mesmos estamos habilitados para conhecer o nosso coração, que diremos de outra pessoa, cujo coração também é enganoso, tentando conhecer o nosso coração? 

Merecedor de confiança é o Consolador (cf. João 14:26). Ele é poderoso para transformar o homem completamente, concedendo uma nova vida, ensinando a verdade, conduzindo ao arrependimento dos seus pecados e a santificação, que nos fará cada dia mais semelhantes a Cristo e consequentemente mais sábios, mais felizes, mais satisfeitos e bem resolvidos. Concluo com o que disse Paulo, o apóstolo: 
"Ora o Deus de esperança vos encha de todo o gozo e paz em crença, para que abundeis em esperança pela virtude do Espírito Santo. Eu próprio, meus irmãos, certo estou, a respeito de vós, que vós mesmos estais cheios de bondade, cheios de todo o conhecimento, podendo admoestar-vos uns aos outros" - Romanos 15:14.

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