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sexta-feira, 18 de março de 2016

DO TAMANHO DE UM LÁPIS

Certa feita, sem eletricidade pela manhã e precisando escrever um texto, procurei as canetas. Secas, falhando ou soltando tinta demais, sabe como é? E ali estava um lápis que eu não tenho a menor ideia de como surgiu e há quanto tempo (acho que foi uma sobrinha que "me presenteou",sei lá). A ponta apontada, afiadinha.

Comecei a escrever com o lápis. Algumas coisas começaram a acontecer na minha memória e no meu coração. Voltei correndo para o [então] Grupo Escolar Nair de Oliveira Santana (hoje, Escola Estadual Nair de Oliveira Santana) e comecei a recordar das primeiras letras, ditadas pela dona Meire Cintra, minha primeira professora, no caderno de caligrafia. Senti que a minha mão ainda fluía bem com o lápis. Além de tudo, é higiênico e apesar de minha habilidade com teclados e touch screans. 

Só que a ponta acaba. E foi com uma afiada faca de cortar pão (dessas de serrinha, comuns nas mesas) que fiz o serviço. Que prazer, gente, fazer a ponta de um lápis. Fiz devagarzinho para não desperdiçar a emoção da minha volta ao passado. 

E me lembrei que todos nós começamos a escrever com ele. Mas, ainda com sete anos, o sonho já era começar a usar a canetas. Mas isso era coisa para o pessoal mais velho, do ginásio. A caneta do momento era aquela 4/1. Um sonho. Logo surgiu também o corretivo. Que descoberta fantástica. Não era mais preciso rasgar o caderno com aquelas borrachas de duas cores (lembra dela? vermelha e azul) ou molhar a borracha comum no cuspe (eca!). 

Depois o sonho foi a Lettera 22, depois a IBM de bolinha (dava para apagar os últimos dígitos errados - estas são máquinas de datilografia com mecanismos avançadíssimos para a época) e depois veio o computador e os Pentiuns 1, 2, 3, 4, 5... E o lápis foi ficando lá atrás. Jogado, esquecido em alguma caixinha ou no fundo de uma gaveta qualquer (afinal, quem precisaria de um lápis hoje?). Só que ele não seca, não acaba e não suja. Como é resistente o tal do lápis. 

Aí me lembrei que existiam uns lápis que tinham uma borrachinha na outra ponta. Para apagar erros. Me lembrei também dos apontadores, daqueles pequenininhos, que de plástico coloridos transparentes. Me lembrei também dos lápis de colorir. Tive uma caixa de lápis coloridos. Trinta e duas cores! Vinha dentro de uma caixinha. O máximo. 

Aí, em meio a essa efusão saudosista, resolvi escrever um texto com letra de forma (porque se chama de forma?). Modéstia a parte, minha letra sempre foi muito bonita (todos sempre acharam e continuam achando...). Apesar das teclas e teclados, eu ainda manuscrevo muito bem. Mas, afinal, hoje em dia, além de preencher cheques, para que serve escrever à mão? Como para que serve saber somar ou subtrair se as maquininhas estão aí? Para que serve o curso primário? 

É aqui que eu queria chegar. Não adianta o governo testar alunos e professores e universidades. Nas provas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), e dos concursos públicos, o que tem derrubado a maioria dos candidatos é temível redação. Lá, na hora das provas, não há laptops, tablets, notebooks e nenhuma outra engenhoca tecnológica. Só as mãos, o papel e a caneta preta (não, não se pode usar lápis). 

Vai dar sempre zebra. O buraco é bem mais embaixo senhor Ministro da Educação. Vamos voltar ao lápis e ao dois mais dois. Vamos começar pela base. Vamos escrever a lápis. Mesmo porque, se não der certo, a gente apaga e começa de novo. Já pensou o quão bom seria se a história de nossa vida fosse escrita por um lápis!

(Hum! Será que Deus usa lápis?) 

Li uma crônica do escritor Paulo Coelho (ele mesmo, o bruxo), achei interessante e resolvi "adaptá-la": 

As cinco qualidades de um lápis

O menino olhava a avó escrevendo uma carta.
A certa altura, perguntou: Você está escrevendo uma história que aconteceu conosco?

E por acaso, é uma história sobre mim?

A avó parou a carta, sorriu, e comentou com o neto:

- Estou escrevendo sobre você, é verdade.

Entretanto, mais importante do que as palavras, é o lápis que estou usando.

Gostaria que você fosse como ele quando crescesse.

O menino olhou para o lápis, intrigado, e não viu nada de especial.

- Mas ele é igual a todos os lápis que vi em minha vida!

Tudo depende do modo como você olha as coisas.

Há cinco qualidades nele que, se você conseguir mantê-las,será sempre uma pessoa em paz com o mundo.

Primeira qualidade: Jeremias 10:23; Isaías 48:17 - Você pode fazer grandes coisas, mas não deve esquecer nunca que existe uma mão que guia seus passos. Esta mão nós chamamos de Jeová, e Ele deve sempre conduzi-lo em direção a Sua vontade.

Segunda qualidade: Tiago 1:2,3 - De vez em quando eu preciso parar o que estou escrevendo, e usar o apontador. Isso faz com que o lápis sofra um pouco, mas no final, ele está mais afiado. Portanto, saiba suportar dores, porque elas o farão ser uma pessoa melhor.

Terceira qualidade: Ezequiel 33:11 - O lápis sempre permite que usemos uma borracha para apagar aquilo que estava errado. Entenda que corrigir uma coisa que fizemos não é necessariamente algo mau, mas algo importante para nos manter no caminho da justiça.

Quarta qualidade: 1 Samuel 16:7 - O que realmente importa no lápis, não é a madeira ou sua forma exterior, mas o grafite que está dentro.
Portanto, sempre cuide daquilo que acontece dentro de você.

Quinta qualidade: Gálatas 6:5-7 - Ele sempre deixa uma marca. Da mesma maneira, saiba que tudo que você fizer na vida, irá deixar traços, e procure ser consciente de cada ação. 

Conclusão 


Pois bem, o lápis... 

Lápis, este ser maravilhoso que nos mostra como podemos ver o mundo de uma forma diferente ao escrevermos sobre algo, coitado teve sua vida destruída graças às maquinas de datilografia... 

Tenhamos um pouco de pena tá bem pra vocês... 

Eu tenho pena do pobre lápis de madeira e carbono... Se nós pegarmos um lápis e escrevermos com ele não vai ser a mesma coisa que escrever com carvão puro ou vai? 

Não não vai ser a mesma coisa ele aperfeiçoou a nossa escrita como fez a caneta, mas é um ser excluído pela sociedade de hoje em dia... 

Mas se termos um pouco de compaixão veremos como ele é um bom amigo, pobrezinho escrevendo dele usando outro meio de escritura (teclado)... 

Eu estou indignado em não poder escrever aqui com ele sobre ele mesmo, nem tem como se defender o pobre coitado... 

Eu dei um nome pro meu lápis, dê um nome para o seu e seja gentil com ele... 

Podemos aprender mais com um lápis do que imagina nossa vã filosofia.

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