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domingo, 17 de janeiro de 2016

USOS E COSTUMES OU AS DOUTRINAS BÍBLICAS, QUAL A SUA ESCOLHA?

Através de uma abordagem profundamente bíblica, este tema tido por muitos como polêmico; é tratado por verdadeiros cristãos com muita clareza e objetividade e embasamento bíblico. Entretanto, no outro extremo, há os que fazem uma enorme confusão. Há tempos que as questões referentes às controvérsias teológicas entre os usos e costumes e a doutrina bíblica dividem o meio cristão. Muitas denominações tornam-se sectárias se transformando em verdadeiros guetos pelo desconhecimento da Palavra. 

Tendo em vista o crescente número de dúvidas, indagações e controvérsia sobre o assunto, coloco este singelo opúsculo ao alcance daquele que queira encontrar um equilíbrio, não com intenção de ser a voz máxima no assunto, mas de trazer algum subsidio aos que trabalham na Seara do Senhor, bem como a Igreja em geral.

Introdução


É elevado o número daqueles que fazem confusão em torno de “Doutrinas e Costumes”, como se ambos fossem a mesma coisa. Nestes últimos dias que ora atravessamos como Igreja não devemos deixar de ensinar a sã Doutrina; sabendo que a Palavra sendo ministrada aos corações com graça e unção, nos levará a procedimentos santos em toda a maneira de viver.

O que acontece muitas vezes, trazendo tantos dissabores no seio da congregação – é o despreparo de muitos líderes quanto ao assunto. Adiciona-se a este despreparo, a falta de amor e bom senso. Pois no fervor da “ultra fidelidade a Deus”, muitos obreiros já jogaram para fora do aprisco, centenas de vidas. E a pergunta é sempre a mesma: Quem dará conta delas ? E a resposta é sempre a mesma: Aqueles que não tiveram amor e cuidado!

O propósito deste artigo-estudo, além de mostrar as diferenciações entre “Costume e Doutrina”, também traz sérias advertências aos legalistas, que pelo zelo sem entendimento, ferem, trucidam e matam em nome de Deus, sem nenhuma compaixão. Gente que se esquece que cada vida que está na Igreja custou o mais alto preço: O Sangue de Cristo (Atos 20:28).

I. Diferenças básicas entre Doutrina e Costumes


1. Quanto à origem:


  • A Doutrina é Divina
  • O Costume é humano

2. Quanto ao alcance:


  • A Doutrina é universal
  • O Costume é local

3. Quanto ao tempo:


  • A doutrina é imutável
  • O costume é temporário

II. Conceituando o que é Doutrina


Biblicamente, Doutrina é o conjunto de ensinamentos que são regras basilares de nossa fé, que são normativas para a prática de vida para a Igreja através de seus membros. A título de exemplo, relaciono alguns dos principais pontos fundamentais que são preconizados como Doutrina Bíblica pela maioria das igrejas cristãs.

  • Crer em um só Deus, eternamente subsistente em três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo (Deuteronômio 6:4; Mateus 28:19; Marcos 12:19 ).
  • Crer na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé normativa para a vida e caráter cristão (2 Timóteo 3:14-17).
  • Crer no nascimento virginal de Jesus, em sua morte expiatória, em sua ascensão vitoriosa ao céu [sua ressurreição] (Isaías 7:14; Romanos 8:34; Atos 1:9 ).
  • Crer na pecaminosidade do homem que o destituiu da glória de Deus, e que somente o arrependimento e a fé na obra redentora de Jesus Cristo é que pode restaurá-lo à Deus (Romanos 3:23; Atos 3:19 ).
  • Crer na necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do reino dos céus [princípio da salvação] (João 3: 3-8 ).
  • · Cremos no perdão dos pecados, na Salvação presente e perfeita e na eterna justificação da alma recebidos gratuitamente de Deus pela fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor (Atos 10:32; Romanos 10:13; Romanos 3:24-26; Hebreus 7:25; Hebreus 5:9).
  • Crer no batismo bíblico efetuado por imersão do corpo inteiro, uma só vez em águas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conforme determinou Jesus Cristo (Mt 28:19; Rm 6:1-6; Colossenses 2:12).
  • Crer na necessidade e na possibilidade de que temos de viver vida santa mediante a obra expiatória e redentora de Jesus no Calvário, através do poder regenerador, inspirador e santificador do Espírito Santo, que nos capacita a viver como fiéis testemunhas do poder de Cristo [princípio da santidade] (Hebreus 9:14; 1 Pedro 1:15-16).
  • Crer no batismo bíblico com Espírito Santo, que nos é dado por Deus, mediante a intercessão de Cristo, com a evidência inicial de falar em outras línguas, conforme a sua eterna vontade (At 1:5; 2:14; 10:44-46; 19:1-7).
  • Crer na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à Igreja, para sua edificação (1 Coríntios 12:1-11).
  • Crer na Segunda vinda pré-milenar de Cristo em duas fases distintas: 
1º. Invisível ao mundo, para arrebatar a sua igreja fiel da terra, antes da grande tribulação (1 Ts 4:13-18; 1 Co 15:52-57; Ap 3:10).
2º. Visível e corporal, com sua igreja glorificada, para reinar sobre o mundo durante mil anos (Ap 1:7; 20:4; Zacarias 14:5; Judas 14).
  • Crer que todos os salvos comparecerão ante o Tribunal de Cristo para receber a recompensa de suas obras em favor da causa de Cristo na terra (2 Cor 5:10 ).
  • Crer no juízo vindouro que justificará os fiéis e condenará os infiéis (Ap 20:11-15).
  • Crer na vida eterna de gozo e felicidade para os fiéis e de tristezas e tormentos para os infiéis (Mt 25:46).

III. Conceituando o que é Costume


Conforme definição do Dicionário de Língua Portuguesa. Novo Aurélio, costume é o uso, hábito ou prática geralmente observada.

Por costume entende-se a maneira de agir, ser, proceder, vestir, portar, etc., próprio de um povo, de uma época, de uma condição social. Legislação não escrita, fixada pelo uso.

Independente de suas origens, os costumes variam de povo para povo, de região para região, país para país, e de época para época.

Não é necessário ir ao exterior para observar este panorama seleto no que tange a costumes. Aqui mesmo em nosso Brasil, dominado por um grande mosaico cultural, vê-se em cada região marcantes diferenciações. Por Exemplo, no Rio Grande do Sul encontramos os costumes gauchescos, tais como vestir-se de lenço, bombachas e esporas. Já pelo Norte e Nordeste, encontramos o sertanejo sempre com seu característico chapéu de couro; na Bahia, as conhecidas baianas com seus turbantes e vestidos longos. Passar de um Estado para outro é como mudar de país. 

Cada Estado acha-se individualizado por costumes e tradições próprias, distinguido um do outro. Por vezes, cada um evidencia essas diferenças numa forma indisfarçável. Poderíamos relacionar ainda muitos outros costumes e tradições locais relacionados com a música, o folclore, o artesanato, enfim a maneira própria e diversificada de nosso povo brasileiro.

Entre outros povos as diferenças são surpreendentes, Vejamos alguns detalhes de contextos evangelísticos:



  • Os povos árabes e os demais que habitam o continente africano possuem hábitos culturais dos povos ali existentes, costumes que jamais serão por nós assimilados. Entre os povos árabes é comum o homem trajar-se com roupas longas e esvoaçantes, como se vestem as mulheres ocidentais, inclusive usando turbantes na cabeça. Na Argélia, é muito comum encontrar-se homens de mãos dadas passeando pelas rua - com nenhuma conotação homossexual - sem que nenhuma censura pese sobre esse tipo de comportamento.
  • Na Escócia, é natural que homens usem saias de tecido xadrez, tocando gaitas de fole.
  • Há relatos de Missionários cristãos ocidentais que trabalham ao norte do Congo (África) que tentam convencer os cristãos nativos de que as mulheres devem cobrir os seios, costumeiramente nus. Os próprios maridos se ressentiram diante dessa exigência dos missionário, dizendo que não permitiriam que as suas mulheres se vestissem como prostitutas. No Zaire (também na África), entre tribo dos Ngbaka, os presbíteros da igreja se recusaram a aceitar a exigência dos missionários de que as esposas usassem blusas na igreja. Algum tempo depois, os missionários descobriram que naquela aldeia somente as prostitutas usavam blusas.
  • No Haiti, é absolutamente normal se assistir um culto usando chapéu, costume esse inaceitável por muitos aqui no Brasil (por julgarem ser um ato de irreverência). Contudo, eu já preguei usando chapéu e minha consciência em nada me acusou. 
  • Na Ilha de Yap, os costumes locais exigem que as mulheres usem saias até os pés. Para eles é chocante uma mulher mostrar qualquer parte das pernas, e uma brasileira que lá fosse com sua saia até o joelho, causaria muitos comentários.
  • Conta-se que um missionário nas Filipinas ficou zangado quando, ao receber visitas, estas limparam com seus lenços as cadeiras onde iam assentar-se. Depois, à mesa, fizeram a mesma coisa com os pratos e talheres. Para o missionário aquilo era um grande insulto à capacidade de sua esposa ao limpar a casa e lavar as louças. Mas na realidade, a reação do missionário foi errada, pois aquelas atitudes demonstravam boas maneiras, segundo o costume daquele povo.
  • Na Tailândia as mulheres não podem ocupar quartos no primeiro andar de um hospital, e os homens ocuparem o térreo, pois isto significaria que as mulheres são superiores aos homens, coisa esta inaceitável na Tailândia. Também naquele país não se pode cruzar as pernas e mostrar a planta do pé para alguém, isso seria uma grande ofensa.
  • No Japão é ética social curvar-se diante de uma pessoa para cumprimentá-la. Principalmente quando estão agradecendo a alguém. Isto pode ser visto em filmes no cinema. Aliás, imagino que algumas vezes, missionários que foram ao Japão em campanhas evangélicas pensaram que muitos japoneses estavam aceitando a Cristo, quando na realidade, devido ao modo de cumprimentar, estavam apenas sendo corteses para com eles.
  • Outro exemplo que mostra o quanto é difícil entendermos certas atitudes quando não se compreendem as suas razões básicas foi o que ocorreu nas Ilhas Marshall, do Pacífico. Conta-se que em épocas pré-tecnologias de comunicação, missionários dali recebiam cartas apenas uma vez ao ano, por ocasião da chegada de um navio. Certa vez, o navio chegou adiantado e os missionários não estavam em casa, o capitão do navio deixou as cartas com o povo da ilha e foi-se embora. Eles Ficaram muito contentes por terem em suas mãos aquilo que os missionários gostavam tanto. Começaram então a examinar as cartas para descobrirem porque era motivo de tanta alegria para os missionários. Não achando nada de especial, rasgaram, cozinharam e comeram as cartas. E você prezado(a) leitor(a), imaginando-se nessa época, ficaria bravo se alguém fizesse um cozido com a sua correspondência, recebida apenas uma vez por ano, simplesmente porque alguém quer descobrir porque lhe trazem tanta alegria?
  • Na China, as pessoas pensavam que os missionários adoravam as cadeiras, porque oravam ajoelhados de frente para elas, costume ali inexistente.
  • Na Rodésia, um brasileiro nunca poderia pedir uma informação a um desconhecido, sem antes perguntar sobre a saúde da sua esposa ou dos filhos, como vão os negócios ou como está o clima.
  • Na África do Sul, uma brasileira poderia levar um susto, quando ao cumprimentar outra mulher fosse beijada nos lábios - nada a ver com os famigerados selinhos e sem nenhuma conotação lésbica, diga-se.
  • Entre os soviéticos é comum o cumprimento entre homens com um efusivo beijo na boca. Beijo mesmo, com língua e novamente é válido salientar que não tem absolutamente nada a ver com homossexualidade.
  • Em certas partes da África, é proibido apontar o dedo para indicar qualquer coisa, por ser errado e grosseiro segundo o costume. Ao invés de usar o dedo, deve-se usar o lábio inferior. Na Micronésia, não se usa nem o dedo, nem o lábio inferior quando se aponta para um objeto, mas sim, fecha-se um olho na direção do objeto.
  • Em Kaiserslaütern, Alemanha, há uma Igreja de russos que não permite que os homens usem gravatas. Segundo seu código de ética, usar gravata é um grave pecado!
  • Ainda no Japão, prega-se sem sapatos. É comum aos japoneses, nas casas e lugares sagrados, se tirar os sapatos, e fazer uso de chinelos ou ficar descalço.

Faltaria tempo e espaço para continuar citando a diversidade e exotismo dos mais diferentes povos da nossa imensa Terra. Mas os que citei acima servem como um aperitivo para os legalistas de plantão. E, caso queiram confirmar a veracidade do que cito, basta fazer uma pesquisa sobre a cultura dos povos mencionados. Foi o que eu fiz.

IV. Conceituando “Antropologia e Cultura”


1. O que Antropologia?


Antropologia é o estudo do ser humano ou mais especificamente, a ciência da cultura humana. Como Kröeber a define: É a ciência dos grupos humanos, seu comportamento e suas produções. A Antropologia estuda e analisa os padrões de vida e o comportamento das diversas culturas como:

a) Quais as funções dos vários aspectos duma cultura? - Isto é, comida, abrigo, transparente, vestuário, organização social, crenças religiosas, língua, valores, etc...

b) O que faz um membro de uma sociedade agir como age? - Em outras palavras, por que agem da mesma maneira? Quais são as normas que determinaram a conduta dos membros de uma sociedade?

c) Quais os fatores que determinam a conservação de determinados aspectos culturais e a substituição de outros com o correr do tempo?

Pela Antropologia, como podemos perceber, não é suficiente apenas analisar os tipos de vestimenta ou comida de um povo, mas nós precisamos analisar também quem usa esta ou aquela roupa e porque a usa. Exemplificando: Em determinadas regiões do Haiti, algumas pessoas usam sapatos, e outras não. Por que? Será porque algumas gostam de sapatos e outras não? Por falta de dinheiro? O motivo na verdade é um pouco diferente. É que lá, o sapato é um símbolo de classe social. 

Conta-se que um médico que certa vez estava passeando nas montanhas do Haiti foi abordado por alguém que lhe pediu para atender uma pessoa doente. O médico imediatamente indagou: Ele tem sapatos ou não? Se a resposta fosse sim, ele então atenderia o doente imediatamente, mas se fosse não, o doente teria que esperar. No Brasil, isto é tão insignificante, pois aqui quase todo mundo tem pelo menos um chinelo, e nenhum médico condicionaria seu atendimento a uma pergunta sobre sapatos. Mas para o povo do Haiti, isto é muito importante.

2. O que é Cultura?


Para muitas pessoas o vocábulo cultura significa o grau de estudo de uma pessoa. Por isso é comum ouvirmos alguém falar: Fulano de tal tem muita cultura. Quase todas as pessoas fazem esta associação da cultura com o desenvolvimento intelectual ou nível de estudo de alguém. Por esta razão, uma pessoa que tem um linguajar rude, um modo de vida simples, logo é taxada de pessoa sem cultura, ignorante. 

O mesmo acontece com as tribos indígenas, pelo fato de terem uma vida bem simples são taxadas de povo sem cultura. Mas esta não é a definição da Antropologia, pois define-se cultura como sendo: O conjunto de comportamentos e idéias características de um povo, que se transmite de uma geração a outra e que resulta da socialização e aculturação verificadas no decorrer da sua história.

A Bíblia tem muito a dizer sobre valores culturais.


Exemplificando: O apóstolo Paulo - aliás, justamente por sua veia missionária e todo seu poder intelectual, Paulo, certamente, é o nosso exemplo mais emblemático de alguém especializado em diversidade cultural - sabia que os valores de cada cultura eram diferentes, e que alguns costumes eram relativos e outros não (1 Co 9:20-22). Ele exigiu que Timóteo se circuncidasse (At 16:3), mas deixou Tito sem circuncisão (Gálatas 2:3). Paulo respeitava os valores culturais de cada um; Timóteo era filho de uma judia, no entanto, Tito era gentio.

Não foi incoerência na conduta do apóstolo Paulo, mas um reconhecimento bíblico de que níveis de valores de uma cultura para outra. Nada a ver com espiritualidade, tudo a ver com contexto cultural.

3. O que a Antropologia nos ensina?


A Antropologia tem trazido muitas contribuições ao conhecimento de nós mesmos e de todo homem sobre a Terra. Podemos resumir algumas dessas contribuições básicas da seguinte forma:

a) O comportamento humano não é efetuado por acaso, mas segue modelos culturais definidos.

b) As partes que formam o padrão de comportamento de uma cultura são inter-relacionadas.

c) A maneira com que os diferentes povos seguem e pensam pode tomar formas bastante variadas de cultura para cultura.

V. A Igreja e os Bons Costumes


Quanto à conduta cristã, a Bíblia Sagrada a resume como sendo uma vida equilibrada, sóbria e moderada.

1. O porte cristão em geral


  • Em Efésios 5:8 lemos: “Pois outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor, andai como filhos da luz.”
  • Em Filipenses 1:27 lemos: “Somente portai-vos dum modo digno do Evangelho de Cristo...”
  • Em 2 Co 5:10 lemos: “Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que fez por meio do corpo, bem ou mal.”
  • No Salmo 103:1 lemos: “Bendize ó minha alma ao Senhor, e tudo que há em mim bendiga o seu santo nome. Tudo o que há em mim, isto é, tudo o que somos, tudo o que temos e o que carregamos em nós.”

Ou seja...


Não devemos permitir que o mundo sem Deus determine o nosso modo de proceder. Não devemos nos esquecer que através dos tempos, os astuto tentador tem utilizado meios sutis, enganando a muitos. Sabemos que a moda, conceitua-se como uso, hábito ou estilo geralmente aceito, variável no tempo e segundo o gosto, o meio social ou a região.

Bom gosto e sobriedade, são os elementos fundamentais para o bom procedimento do cristão. Não deve vestir-se de trapos, para dar a ideia de “extrema santidade”, dizendo-se que é humilde. Mas, também não deve cair para o profano, para o mundano ou sensual.

2. Caracterizando os padrões


É fundamentalmente bíblico, definir a caracterização dos padrões de masculinidade e a feminilidade. É claro que o Senhor não desce ao detalhe de qual é o específico tipo de roupa para o homem e para a mulher. O ser humano foi dotado por Deus, de muita criatividade. A indústria têxtil faz progressos pelos séculos; o mesmo se diga do aperfeiçoamento dos padrões estéticos. O importante, é que não se dê lugar a confusão. Que não se dificulte a caracterização de macho e fêmea, como Deus os criou. 

Entretanto, atualmente as coisas mudaram. Não é coisa fora de comum ver uma pessoa num automóvel ou na rua, e não ter certeza se vemos um homem ou uma mulher. Isto acontece porque um elemento crescente em nossa sociedade contemporânea deseja anular a diferença existente entre macho e fêmea. Moças e rapazes fazem o mesmo corte de cabelo, usam roupas e tentam suprimir quaisquer tendências que possam ser consideradas dominantes masculinas ou femininas. Não pré-conceito, é fato!

Nossa sociedade hodierna rejeita os princípios bíblicos, procurando destruir as tradicionais salvaguardas da moral, da ética, da modéstia e o do bom gosto. Não devemos nos esquecer dos seguintes pontos:
  • a. A Bíblia ensina que o macho e a fêmea possuem papéis diferentes.
  • b. A Bíblia instrui que homens e mulheres devem ter aparências diferentes.
  • c. A Bíblia define a necessidade da modéstia e da sobriedade.

3. Cuidado com o Legalismo


Nós temos a plena convicção de que a grande necessidade nos púlpitos de nossas Igrejas é a ênfase doutrinária expressamente bíblica, dosada na unção do Espírito Santo, e não a preconização tão somente de costumes. Isto certamente tem gerado em muitos crentes uma “vida cristã legalista”, sem conteúdo bíblico e verdadeira comunhão com Deus. Devemos evitar o farisaísmo, pois o mesmo é maléfico e destrutivo, e isto somente será possível através da exposição da Palavra Viva.

Abaixo trago o parecer do pastor Raimundo de Oliveira [Renomado pastor da igreja Assembleia de Deus, autor do excelente livro "Seitas e Heresias", CPAD, 2002], apreciado pregador, profícuo ensinador e escritor. De forma simples e objetiva, embasado na Escritura, ele diz o seguinte:

"Evidentemente o propósito primordial da Doutrina Bíblica é fazer de cada crente um leal discípulo de Jesus Cristo. Certamente que não se pode admitir um discípulo de Cristo que não tenha bons costumes. Mas isto não é a mesma coisa que abraçar a ideia farisaica de transformar bons costumes num substitutivo da piedade genuinamente cristã, virtude só alcançada através da observância da doutrina indiscutivelmente bíblica." 

Como Jesus combateu o farisaísmo judaico


Atentemos para algumas peculiaridades do farisaísmo, comparando-as com o viver alegadamente cristão ao nível dos costumes e das tradições. Atentemos para a veemência dos juízos lançados por Jesus sobre os fariseus, condenado-lhes a hipocrisia, e vejamos que lições nos é possível deste texto da Escrituras (Mt 23:7, 13-17, 23-33) para a nossa vida prática do cotidiano:

"Na cadeira de Moisés se assentam os escribas e os fariseus. Portanto, tudo que vos disser, isso fazer e observai; mas não façais conforme as suas obras, porque dizem e não praticam. Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens, mas eles mesmo, nem com o dedo querem removê-los. Todas as suas obras eles fazem a fim de serem vistos pelos homens, pois alargam os seus filactérios e aumentam as franjas dos seus mantos. Gostam do primeiro lugar nos banquetes, das primeiras cadeiras nas sinagogas, das saudações nas praças e de serem chamadas pelos homens Rabi... Mas, aí de vós escribas e fariseus, hipócritas!

Porque fechais aos homens o reino dos céus, pois nem vós entrais, nem aos que entrariam entrar. Ai de vós escribas e fariseus, hipócritas porque devorais as casas das viúvas, e sobre pretexto fazeis longas orações; por isso recebereis mais condenação. Ai de vós escribas e fariseus, hipócritas!

Porque percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito, e depois de o terem feito, o tornai duas vezes mais filho do inferno do que vós. Ai de vós, guias cegos! Que dizeis: Quem jurar pelo santuário, isso é nada: mas quem julgar pelo ouro do santuário, esse fica obrigado ao que jurou. Insensatos e cegos! Pois qual é maior: o ouro ou o santuário que santifica o ouro? Ai de vós escribas e fariseus hipócritas!

Porque dais o dízimo da hortelã e do cominho, e tendes omitido o que há de mais importante da lei, a saber: a justiça, a misericórdia e a fé. Estas coisas devias, sem omitir aquelas. Guias cegos, que coais um mosquito, e engolem um camelo. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque limpais o exterior do copo e do prato, mas por dentro estão cheios de rapina e de intemperança.

Fariseu cego! Limpa primeiro o exterior do copo, para que também o interior se torne limpo. Ai de vós escribas e fariseus, hipócritas! Porque sois semelhantes aos sepulcros, caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia. Assim também vós exteriormente pareceis justos homens, mas por dentro, estais cheios de hipocrisia e de iniquidade.

Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque edificais os sepulcros dos profetas e adornais os monumentos dos justos, e dizeis: Se tivéssemos vivido nos dias de nossos pais, não teríamos sido seus cúmplices no derramamento de sangue dos profetas. Assim vós testemunhas contra vós mesmos que sois filhos daqueles que mataram os profetas. Enchei vós, pois, a medida de vossos pais. Serpentes, raça de víboras! Como escapareis da condenação do inferno?"

Características daqueles fariseus:


A. Falsos legisladores, assentados na cadeira de Moisés.

B. Abuso de autoridade: mandavam os outros fazerem o que eles mesmos não se dispunham a fazer.

C. Religiosidade de fachada: só faziam as coisas para serem notados pelos homens, sem levarem em consideração se estavam ou não agradando a Deus.

D. Amantes dos primeiros lugares, esquecendo-se de que Deus abate a soberba dos exaltados.

E. Pedras de tropeço, quando se dizendo mestres da verdade, impediam os homens de alcançarem o verdadeiro conhecimento.

F. Inimigos do reino de Deus, no qual não entravam e nem permitiam aqueles que quisessem fazer a oportunidade de entrar.

G. Espoliadores de viúvas e dos órfãos, a pretexto de longas orações.

H. Povoadores do inferno por meio do seu zelo proselitizante.

I. Omissões quanto a prática da justiça, da misericórdia e da fé.

J. Promotores duma religiosidade exterior, porém vazios da piedade, do coração.

K. De aparente santidade exterior, tendo o coração cheio de impurezas abomináveis.

L. Candidatos a perdição e ao inferno.

Apesar de andarem conforme mandava o figurino da sua religião – não é verdade que eles oravam, davam o dízimo, mantinham uma boa aparência e tinham respeito pela memória dos pioneiros, seus antepassados? – mesmo assim, Jesus os condena, chamando-os de hipócritas, impuros, guias cegos, serpentes e raça de víboras, por transgredirem o mandamento (ou doutrina) de Deus. Oferecendo como desculpa a observância dos costumes dos homens. Em Mt 15:3 Jesus indaga aos escribas e fariseus: Por que transgredis vós também o mandamento de Deus pela vossa tradição? Qualquer semelhança com muitos dos que nos cercam atualmente não é mera coincidência.

Teologicamente analisando, o farisaísmo originou-se no cativeiro babilônico, e os seus adeptos distinguem-se pelos seguintes aspectos:

1. Davam preferência a lei oral (a tradição) em detrimento da lei escrita.

2. Incorporavam as práticas religiosas, costumes populares não mencionados nas Escrituras Sagradas de então.

3. Demonstravam uma exclusividade piedosa, mas orgulhosa e por vezes mesquinha.

4. Tinham um propensão infeliz, um desprezo beato pelo povo comum que não tinha a menor possibilidade, e sabia disso, de ir um dia a cumprir os requisitos complexos do código dos escribas.

5. Facilmente caíam na armadilha da hipocrisia. A princípio se esforçavam solenemente para desempenharem todos os deveres prescritos pelos escribas. A seguir, fracassando nisto, satisfaziam-se na simples obediência exterior, na correção apenas, até finalmente habituavam-se com esta atitude e toleravam o pecado além de o praticar, tornando-se assim o piores tipos de hipócritas.

6. Usavam o método alegórico de interpretação das Escrituras, para poderem dispor de elasticidade bastante na aplicação dos princípios da Lei a novas questões que pudessem ser levantadas. Noutras palavras, essa posição dos fariseus em face da interpretação da Lei pode ser definida como democrática, porque a respeito dela várias interpretações poderiam ser propostas. Esta atitude dos fariseus da lei pode ser definida como o eterno discurso sobre as coisas eternas.

VI. Conclusão


Entendemos que não podemos fazer de um costume, uma doutrina. Pois quando isto ocorre, surgem os prejuízos para a Obra de Deus. Mas, não devemos esquecer, que costumes não podem gerar doutrina; no entanto, tenhamos em mente, duas coisas que regem nossa vida cristã: O que cremos e o que fazemos.

O nosso cremos, fundamenta-se nas doutrinas bíblicas, que nos dão firmeza e solidez espiritual.

O que fazemos, relaciona-se com a prática do que cremos. Sendo, incoerente dissociar o crer do fazer. Pois, doutrina santa gera costume santo.

Nossa vida cristã deve ser uma vida radiante, dinâmica e liberta. Tenhamos os costumes adotados, que denominamos bons, não como pesado jugo de escravidão, mas como resultado da experiência pessoal com a liberdade com que Cristo nos libertou (Gl 5:1; Jo 8:32,36) , pois não ocorrendo desta forma cairemos, fatalmente no farisaísmo, tão condenado por Jesus, anulando em nossas consciências o verdadeiro sentido de uma vida feliz e abundante.

Outrossim, lembremos que nossa vida em todas as áreas deve ser pautada por Liberdade e Responsabilidade.

Se como cristãos e membros do Corpo de Cristo, tivermos somente responsabilidades, fatalmente vivenciaremos um quadro de extremo jugo. Não precisamos nos reportar aos tempos antigos, para termos exemplo a respeito. 

Recentemente, o mundo ocidental refutou peremptoriamente (CATEGORICAMENTE) o regime dos Talibãs, no Afeganistão, que colocava a mulher nos níveis mais miseráveis e desprezíveis – Sem acesso a escola, ao aprendizado. Sem poder mostrar ao menos a face; e, atrás das “burcas” amargavam lágrimas em silêncio.

É perigoso quando uma comunidade cristã, conduz seus membros subjugados pelas “responsabilidades”, sem estes, nunca terem vivido a liberdade em Cristo. Pois responsabilidade sem liberdade, é cativeiro, é tirania.

Por sua vez, liberdade sem responsabilidade, dá lugar aos desmandos. Pois liberdade sem responsabilidade, normalmente dá lugar a libertinagem.

Portanto, vivamos na liberdade com que Cristo nos libertou, com sabedoria. Sabendo que sou abençoado e livre dentro dos termos do Reino de Deus, tendo a certeza que existem limites, que divisam a Igreja do mundo sem Deus. Sabendo também, que tal limite estabelecidos por Deus visam nossa proteção, santificação e identificação como filhos de Deus.

[Fonte: Centro Cristão de Pesquisas Apologéticas]

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