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segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

SE NÃO TIVER AMOR...

"Ainda que eu falasse a língua dos homens e falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria..."

Paulo escreveu, os crentes pregam e até o Renato Russo cantou com muita propriedade. Mas a prática do amor ainda é uma utopia em muitos segmentos sociais. Aqui, quero falar especificamente sobre o segmento do qual faço parte. 

O movimento que deixou de ser cristão há muito tempo!

Sou cristão, mas tenho que relatar os fatos frios, nus e crus, tais quais eles o são.

Poucas coisas na vida são melhores que malhar o Judas, contudo nada é mais difícil do que aceitar nossas falhas e reconhecer que elas podem ser piores que as que observamos nos outros.

Malhar as demais crenças religiosas é comum aos crentes desde seu início. Os motivos são desajuizados, como por exemplo, a presunção de se acharem mais avivados, mais santos, mais verdadeiros... e de pertencer a um movimento que cresceu vertiginosamente. Raça de víboras! Hipócritas! Pura vaidade! Aliás, tal crescimento mais parece o inchaço causado por uma ferida purulenta. O efeito do fermento na massa do pão.

Mas com o passar dos anos, percebeu-se que este cristianismo proposto atualmente é falho, e por sinal mais falho ainda, dada as ocorrências de megas escândalos envolvendo seus ilustres líderes representantes.

E o que  dizer dos absurdos erros doutrinários? E das distorções bíblicas? E das incoerências teológicas? E dos espetáculos espirituais? "$how da fé?!"

Os escândalos (em maior escala) são acontecimentos mais recentes de uns 30 anos pra cá. Mas os erros doutrinários já vêm de tempos atrás, com uma fraca interpretação bíblica e em muitos casos - a saber, no dos pentecostais - o predomínio do legalismo.

Se reconhece que a introdução do movimento cristão no Brasil foi muito positiva por proporcionar uma revolucionária expansão do evangelho neste país de mística espiritual e miscigenação de crenças. Mas isso foi bom até meados do século passado quando o objetivo comum do movimento ainda era a salvação, cura, libertação e o derramar do Espírito sobre os seus seguidores. Porque logo os interesses escusos dos líderes sucessores ficaram acima da visão missionária de seus ‘progenitores’ gerando grandes divisões e engajamentos internos na comunidade cristã. 

É deflagrada uma espalhafatosa guerra de egos. Alça-se altaneiro o estandarte da vaidade. Ergue-se em vergonhosa ereção o falo da vaidade. Em adoração nefasta, borboleteia o baluarte do ventre.

Hoje o movimento dito cristão produz uma nota desafinada e uma canção desarmônica por conta das volumosas divisões, em detrimento dos divergentes interesses dos líderes atuais. Interesses esses que estão bem mais acima do que os interesses de Cristo Jesus, que deveria ser o objetivo comum da igreja.

É muito bom malhar o Judas, mas é necessário a gente (“do aleluia e glória, glória!”) se colocar na frente do espelho e passar a enxergar que o movimento cristão no Brasil não é mais o mesmo há muito tempo, e que não produz mais o que produzia no início. Pois, embora a questão da interpretação bíblica tenha melhorado nos últimos anos (e ainda há muito que se fazer), por outro lado, se inseriu dentro do movimento muitos modismos que “espiritualizaram o inanimado, tornando a fé quase que um verdadeiro cenário de desenho animado”, que levaram as pessoas ao verdadeiro delírio espiritual afirmando enxergar um suposto “fogo” em galhos e gravetos, a “entregar” um turbilhão de profecias e visões numa única reunião, e também ensinando as pessoas a caírem no chão com tal “unção do cai-cai”, e coisas semelhantes a estas que em nada acrescentaram a fé cristã, pelo contrário, antes deformaram a fé de muitos.

Incautos ou não, leigos ou eruditos, ricos ou pobres, negros, brancos, pardos, amarelos... uma multidão (e como bravateiam essa multidão) de zumbis espirituais fazem um desfile bizarro em tapetes de sal, com direito a distribuição de toalhinhas, arcas, chapéus (Chapéus???) e tudo o mais que a fértil imaginação mercantil de uma liderança ávida por grana, tarada por riquezas e poder. 

Hoje as reuniões promovem grandes barulhos, remexem o corpo das pessoas, e as fazem lacrimejar lágrimas de vidros, mas não são capazes de movimentar a vida moral e espiritual de ninguém. São movimentos vazios, nuvens que relampejam e trovejam, mas que não respingam uma gota da graça de Deus, verdadeiras “nuvens sem água” como disse Pedro. Espumas que se formam em um revolto mar de preconceitos e discriminações; julgamentos e segregações.

Falam de poder, mas não sabem o que é o amor. Pois se conhecessem o amor de Deus, saberiam no mínimo para o que serve a sua Graça e o seu Poder.

Quando penso no Movimento Cristão no Brasil de alguns anos atrás tenho boas recordações. Mas para onde foi esse movimento? Pois não é este o que estamos vendo na atualidade.

Muitos cristãos (quer sejam tradicionais, pentecostais, neo-pentecostais ou o raio que os partam) podem até fazer barulho dentro de suas confortáveis congregações mas não incomodam o inferno. Não promovem qualquer transformação.

Lá fora (no tão mal fadado mundo), por onde passam, ouve-se o barulho de uma vida transformada, santificada e apaixonada por Cristo Jesus? Não! Seus cânticos estrépidos berram um amor incapaz de sair da letra de seus enfadonhos e repetitivos hinos. Não conseguem abraçar a prostituta, o homossexual, o mendigo fedendo a mijo, cachaça ou droga, mas choram copiosamente ao se abraçarem. Fácil e cômodo, não?! "Apartai-vos de mim, malditos que eu não lhes conheço". Ouvirão muitos dos que pensam que já conseguiram comprar o céu (Ih, será que serei um deles?).

Bom, vou ficar por aqui antes que comecem a me repreender, amarrar e a me chamar de rebelde, de revoltado, de endemoniado. O movimento cristão só pode ser legitimado quando for capaz de acender verdadeiramente um profundo amor pelo Evangelho de Jesus Cristo, e o comprometimento com a expansão de seu Reino, através da manifestação do verdadeiro amor.

Por favor vamos rever e viver o Cristianismo de verdade.

3 comentários:

  1. só me resta a pergunta inquietante : qual evangelho tem sido lido em nossas ações e motivações ?????? II Corintios 3:3-18
    3 - Porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós, e escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração.
    4 - E é por Cristo que temos tal confiança em Deus;
    5 - Não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus,
    6 - O qual nos fez também capazes de ser ministros de um novo testamento, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica.
    7 - E, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, veio em glória, de maneira que os filhos de Israel não podiam fitar os olhos na face de Moisés, por causa da glória do seu rosto, a qual era transitória,
    8 - Como não será de maior glória o ministério do Espírito?
    9 - Porque, se o ministério da condenação foi glorioso, muito mais excederá em glória o ministério da justiça.
    10 - Porque também o que foi glorificado nesta parte não foi glorificado, por causa desta excelente glória.
    11 - Porque, se o que era transitório foi para glória, muito mais é em glória o que permanece.
    12 - Tendo, pois, tal esperança, usamos de muita ousadia no falar.
    13 - E não somos como Moisés, que punha um véu sobre a sua face, para que os filhos de Israel não olhassem firmemente para o fim daquilo que era transitório.
    14 - Mas os seus sentidos foram endurecidos; porque até hoje o mesmo véu está por levantar na lição do velho testamento, o qual foi por Cristo abolido;
    15 - E até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles.
    16 - Mas, quando se converterem ao Senhor, então o véu se tirará.
    17 - Ora, o Senhor é Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade.
    18 - Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor.


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  2. Geração de "crentes" superficiais. Pregam qualquer coisa menos o evangelho do sangue e da cruz. Como sempre, edificante, transformador e consistente texto.

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