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sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

FANATISMO: É PROIBIDO PENSAR

De volta à minha série especial de reflexões, faço abaixo uma crônica reflexiva sobre o fanatismo. Primeiro vejamos a definição do termo.

Fanatismo, o que


O fanatismo é a paixão dos fanáticos, isto é, aquelas pessoas que defendem com garra e de forma desmedida as suas crenças ou opiniões. Os fanáticos (adeptos ou, simplesmente, fãs) também são aqueles que se entusiasmam, se preocupam ou se importam cegamente com algo.

O fanatismo constitui uma adesão incondicional a uma causa. Essa cegueira que causa a paixão leva os fanáticos a comportarem-se, em certas ocasiões, de forma violenta e irracional. Os fanáticos estão convencidos de que as suas ideias são as melhores e as únicas válidas, pelo que menosprezam as opiniões dos outros.

A falta de racionalidade pode chegar a tal extremo que, por fanatismo, uma pessoa é capaz de matar outra. Quando o fanatismo chega ao poder político, tende a desenvolver todo um sistema para a imposição das suas crenças, castigando os opositores com pena de prisão ou, inclusive, com condenação à morte.

O fanatismo pode ocorrer em diferentes aspectos da vida. Há fanáticos de clubes de futebol (“Sou fanático do Atlético/Cruzeiro, não perco nenhum jogo nem por nada.”) ou de cantores e grupos musicais (“O fanatismo que sinto por aquele artista é tal que deixei de ir ao culto para ir ao show dele.”), por exemplo.

O fanatismo também aparece na religião, onde as pessoas não só acreditam que as suas crenças são as únicas válidas, como também perseguem e castigam quem não crê/acredita no mesmo que elas. 

A psicologia afirma que o fanatismo surge a partir da necessidade de segurança que sentem as pessoas que são precisamente inseguras. Trata-se de uma espécie de compensação perante um sentimento de inferioridade. Portanto, aos que se orgulham por serem fanáticos, é bom que saibam que no fanatismo não há virtude alguma.

A crônica


O fanatismo assume diversos rostos. Arrisco, porém, a afirmar que o pior de todos será o fanatismo de tipo religioso.
É claro que o fanatismo político tem regado a História com o sangue de muitos inocentes, que o fanatismo desportivo (clubístico-futebolístico) tem alimentado ódios e contendas permanentes, e que o fanatismo aplicado a outras dimensões humanas como o racismo e a xenofobia tem semeado a destruição um pouco por todo o lado.

Mas a verdade é que o fanatismo religioso é o que representa um escândalo maior, já que é alimentado "em nome de Deus", um Deus que devia traduzir-se em manifestações de compaixão, misericórdia, amor e caridade, em consonância com a revelação do carácter divino.

O fanatismo (de fanum, templo) representa, antes de mais nada, uma rigidez de pensamento e uma fixidez de conceitos, um facciosismo, uma obstinação, mas acima de tudo configura medo.

O medo do fanático é o medo da mudança, o medo de vir a descobrir ter sido enganado, o medo de ter que alterar os seus esquemas conceituais e a sua cosmovisão, o medo de reconhecer que passou parte da vida a percorrer os caminhos do erro e a divulgá-lo aos outros. Quanto mais rígida é uma pessoa mais dolorosa é a mudança e mais difícil a sua reconversão.

Uma boa forma de evitar os fanatismos é ser capaz de, a cada momento, vestir a pele do Outro, esforçar-se por entender o seu ponto de vista, penetrar o seu mundo, tentar perceber como ele chegou ali.

O fanatismo é cego. Cego para a razão, para o bom senso e a razoabilidade. O fanatismo age sem compaixão. Para o fanático, as ideias são mais importantes do que as pessoas, e os objetivos mais elevados do que os meios para os alcançar.

O fanatismo é um extremismo, um fundamentalismo, uma forma de estar permanentemente tensa e crispada. Responde a palavras e frases-chave com uma reação pavloviana, automática e não-pensante.

O fanático não é feliz, não pode ser feliz. Apenas finge sê-lo, por conveniência. Este mundo está infestado de fanáticos, da política à religião, passando pelo futebol.

E pensar que todas estas áreas da atividade humana foram concebidas na ótica da libertação do corpo, da mente e da alma…

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