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domingo, 24 de janeiro de 2016

NÃO EXISTE CHAPOLIN COLORADO QUE POSSA NOS SALVAR

O Brasil que voltou aos anos 1990, com inflação de dois dígitos e desemprego em alta, está vendo a fartura virar escassez. Na luta diária contra a carestia, quem mais sofre são os pobres, à mercê de alimentos caros e indispensáveis. Mas o custo de vida está pesado para todas as classes sociais e é preciso muito jogo de cintura para driblar os efeitos perversos do aumento desenfreado de preços.

Economistas explicam que um conjunto de fatores contribuiu para a elevação da carestia. Segundo eles, os preços administrados, como energia elétrica e combustíveis, ficaram represados muito tempo. "Em 2015, houve reajuste de mais de 50% no caso das tarifas da conta de luz. Ela encarece vários serviços e produtos em efeito cascata. Tudo que é refrigerado por exemplo”, alertam. O país também passou por uma crise hídrica. A falta de água obrigou o uso de fontes de energia mais caras, e também provocou o aumento de preços nos alimentos in natura. 

Os brasileiros se descobriram vítimas de uma trama sórdida em um jogo inescrupuloso de poder político. Há alguns poucos anos atrás, todos comemoravam o que acreditavam ser um avanço na economia brasileira. Muitas pessoas passaram a desfrutar de confortos nunca antes imagináveis (a aquisição de bens materiais, viagens de avião). A acensão da tal classe C - que nada mais é (ou era?) do que pobres brincando de ser ricos - foi um dos estandartes erguidos pelo governo, que tinha nos projetos sociais um de seus maiores trunfos. Com seu discurso e medidas assistencialistas (Bolsas isso e aquilo), o governo entregou cestos cheios de peixes à população que, deitada em um berço aparentemente esplêndido, não se preocupou em aprender a pescar. Me lembro que especialistas sérios, economistas respeitáveis, já alertavam sobre o perigo iminente do que está acontecendo hoje. Há em todo o Brasil famílias inteiras mergulhadas em dívidas, envergonhadas e frustradas. Sem perspectivas e expectativas, à espera de que algum Chapolin Colorado suba a rampa do Planalto Central e as salve. Só que o Chapolin Colorado já morreu!

Na década de 1990, época de inflação galopante (tempo das temidas e extintas maquinhas de etiquetar preços) em que o arrocho salarial era uma realidade em todos os setores, eu, então um jovem sonhador, entusiasmado com a então recente democracia pós ditadura, vislumbrava um Brasil melhor. Não cheguei a ser um militante, mas nunca fui um alienado. Sempre tive consciência política e nunca negligenciei a responsabilidade e importância do meu voto (ainda que, obviamente, nem sempre eu tenha votado corretamente). Embora não tenha pintado a cara e saído às ruas para protestar, acompanhava pelos jornais as assustadoras notícias das situações econômica (mesmo não entendendo dos meandros técnicos em textos carregados de um incompreensível "economês", eu sabia é que os pobres estavam cada vez mais pobres...) e política da nação. Dispararam-se medidas (Plano Collor, Plano Real), mudaram-se os nomes do dinheiro (de Cruzado Novo para [novamente] Cruzeiro, de Cruzeiro para Real), mudou-se governo (Collor - que foi "tirado" pelo Impeachment -, Sarney, FHC) e nada.O temido "dragão da inflação" continuava lá estampando as capas e recheios dos principais jornais. Os casos de corrupção eram estarrecedores (Caso PC Farias-92, Escândalo da Pasta Rosa-95, CPI do Banestado - 96, Escândalo da Encol - 97, Escândalo do Fórum do TRT-SP - 98, Caso do Banco Marca - 99, citando só os mais expressivos). E agora, cá estou eu novamente, não mais tão jovem assim, vendo tudo acontecer novamente (novos personagens, velhas notícias: inflação, corrupção, Impeachment...) e, devido ao foguetório tecnológico, "on line". 

Não acredito que seja o caso de uma caça às bruxas (no caso, à "bruxa") e nem de apontar culpados (faltariam espelhos), mas sim de começarmos a fazer alguma coisa de concreto. 2016 é um ano de pleito. Não é mais tempo de alienação política. Não podemos mais fingir que não é conosco. Não podemos incentivar, alimentar e/ou estimular uma juventude, cuja visão ainda continua ofuscada pelo brilho da ostentação e que mesmo conseguindo assentar nas fileiras acadêmicas, se revela acéfala em suas atitudes. Não basta apenas ir para as ruas em turbas - e, se for o caso de ir, nada de máscaras, muito pelo contrário, é hora de se mostrar a cara, pintada ou não. Muito mais do que levantar bandeiras ideológicas, sob discursos e bravatas filosoficamente bem engendrados, é hora de tomar atitudes concretas, reais. É hora de sair de "dentro" das mídias sociais (excelentes ferramentas se utilizadas por indivíduos inteligentes) que em muitos casos permitem o anonimato mais expressam a covardia de muitos. O voto ainda é a nossa maior arma. Que não confundamos, pois, as urnas com vasos sanitários de banheiros públicos, por mais que a política tenha o odor e a aparência de um monte de m...!

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