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quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

DE QUAL JESUS VOCÊ ESTÁ FALANDO?

"Então lhes perguntou: Mas vós, quem dizeis que eu sou? Respondendo, Pedro lhe disse: 'Tu és o Cristo' - Marcos 8:29. 
"Quisera eu me suportásseis um pouco mais na minha loucura. Suportai-me, pois. Porque zelo por vós com zelo de Deus; visto que vos tenho preparado para vos apresentar como virgem pura a um só esposo, que é Cristo. Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também sejam corrompidas as vossas mentes, e se apartem da simplicidade e pureza devidas a Cristo. Se, na verdade, vindo alguém, prega outro Jesus que não temos pregado, ou se aceitais espírito diferente que não tendes recebido, ou Evangelho diferente que não tendes abraçado, a esses de boa mente o tolerais" - 2 Coríntios 11:1-4 [Grifos meus].

"Irmão, eu não estou interessado em qualquer conversa sobre doutrinas que nos dividam. A única coisa que me importa saber é se alguém ama a Jesus. Se ele me diz que ama a Jesus, não me interessa a qual igreja vai; eu considero-o meu irmão em Cristo." 

Naquele momento, não me pareceu que fosse a hora e o lugar certo para argumentar com a pessoa que dizia isso. No entanto, eu senti-me compelido a fazer-lhe uma pergunta antes que a conversa se encerrasse: 

"Quando fala com alguém que lhe diz amar a Jesus, nunca lhe pergunta: 'Qual Jesus?'"

Após um breve momento de reflexão, tal pessoa respondeu-me que nunca faria tal pergunta. "Não seria simpático".

Este fato ocorreu comigo, mas posso afirmar que não sou o único que já viveu situação parecida. Me refiro especificamente à primeira parte da narrativa acima, pois fazer a pergunta que eu fiz é difícil que alguém faça, já muitos fazem tanta questão de ser "simpáticos" e/ou não parecerem desagradáveis. Mas verdade é que "Jesuses" pra todos os gostos. Pra todas as crenças.

Muitos dos que se dizem muçulmanos consagrados, se declaram ecumênicos, e orgulham-se do fato de compartilhar algumas das crenças tanto dos Judeus como dos Cristãos. Ocasionalmente tais pessoas frequentam uma igreja com um dos seus amigos e de fato apreciam a experiência e a comunhão. Estando com cristãos, não se envergonham de expôr seu amor por Jesus, e são até capazes de fazer declarações com as seguintes palavras:

"Se eu pudesse rasgar a minha carne de tal maneira que todos vocês entrassem no meu coração, vocês saberiam o quanto eu amo a Jesus." Lindo, né?

Os sentimentos que envolveram tais palavras são impressionantes; na verdade, é incomum ouvir este tipo de declaração tão devotada, até mesmo em círculos cristãos.

Mas, espere, estamos falando da mesma pessoa?

Voltando agora para o meu dilema inicial. É admirável a expressão de amor dos "muçulmanos ecumênicos". Entretanto um pensamento preocupante toma conta de mim: Afinal, qual é esse Jesus? Um breve conflito mental aconteceu. Certamente, caso a pergunta seja feita a tal pessoa, a resposta será: "O mesmo Jesus que você, ora!" (Algo que soaria como um "eu tenho Jesus em meu coração desde que nasci...")

O tal muçulmano certamente não hesitaria: "Ele é o mesmo Jesus que você ama." Antes de me tornar muito "doutrinário", acho que deveria mostrar-lhe como era importante definirmos se estávamos realmente falando sobre o mesmo Jesus.

Bom, usemos a figura de alguém aleatoriamente, mas com características comuns que encontramos pelas ruas como exemplo. Um indivíduo qualquer com características comuns e que poderia tranquilamente gozar de sentimentos comuns caso com ele convivesse. Começaria a dar uma descrição das características físicas desse que poderia ser tanto amigo meu quanto do muçulmano: 

- "Ele tem um metro e setenta de altura, é totalmente careca, pesa mais ou menos uns 150 quilos e usa um brinco na sua orelha esquerda..." Na verdade, eu não puderia ir muito longe, pois logo algumas objeções seriam feitas. 

- "Espere aí..., você está louco? Ele tem quase dois metros, eu gostaria de ter todo o cabelo que ele tem, e ele é o homem mais magro que eu conheço!", diria o muçulmano, acrescentando que  que certamente não estávamos falando sobre a mesma pessoa. "Mas isso realmente faz alguma diferença?", perguntaria. Ele, certamente me olharia com incredulidade.

- "Mas é claro que faz! Eu não tenho um amigo que se encaixa com a sua descrição. Talvez você esteja falando de uma outra pessoa, mas não do meu bom amigo." 

Então destacaria o fato de que se nós verdadeiramente aceitássemos a descrição que eu acabara de dar, certamente não estávamos falando da mesma pessoa. Ele concordaria.

A seguir, então,  descreveria o Jesus que eu conheço.

- "Ele foi crucificado e morreu na cruz pelos meus pecados. O Jesus que você conhece fez o mesmo?"

- "Não, Alá levou-o para o céu logo antes da crucificação. Judas é quem morreu na cruz."

- "O Jesus que eu conheço é o próprio Deus, que se tornou homem. O seu Jesus é assim?" Qualquer muçulmano negaria e diria:

- "Não, Alá é o único Deus. Jesus foi um grande profeta, mas somente um homem." 

A discussão prosseguiria a respeito das muitas características que a Bíblia atribui a Jesus. Em quase todos os casos, o muçulmano, por mais ecumênico que fosse, teria uma perspectiva diferente. Mesmo mantendo-se convencido de que ele tinha o ponto de vista correto sobre Jesus, o fato de que nossas convicções contraditórias não podiam ser reconciliadas reduziriam o seu zelo em proclamar o amor dele por Jesus.

Discussão doutrinária é sectarismo?


Toda essa minha "viagem" acima é para chamar a atenção sobre algo importante. Alguns olham para esta minha questão como algo não amoroso – como uma prova do sectarismo que a discussão doutrinária produz. Eu vejo-a como uma tentativa de clarificar o caminho para que uma pessoa tenha um relacionamento genuíno com o único Salvador verdadeiro, o nosso Senhor Jesus Cristo – não com alguém que ele ou outros homens, intencionalmente ou não, têm imaginado ou inventado.

Doutrinas, simplesmente, são ensinamentos. Elas podem ser verdadeiras ou falsas. Uma doutrina verdadeira não pode ser divisiva de maneira prejudicial; esta característica aplica-se somente a ensinos falsos. A Bíblia diz que os irmãos da igreja primitiva do livro de atos seguiam unânimes (Quando todos concordam com uma ideia ou proposta, sem nenhuma exceção.) na doutrina dos apóstolos - Atos 2:42.

"Rogo-vos, irmãos, que noteis bem aqueles que provocam divisões e escândalos, em desacordo com a doutrina que aprendestes; afastai-vos deles" (Romanos 16:17; veja também 2:8,9). 

Jesus, que é a Verdade, só pode ser conhecido em verdade e somente por aqueles que buscam a verdade (Deuteronômio 4:29; João 14:6; 18:37; 2 Tessalonicenses 2:13). O próprio Cristo causou divisão (Mateus 10:35; Jo 7:35; 9:16; 10:19), divisão entre a verdade e o erro (Lucas 12:51).

"Quem dizeis, VÓS, que eu sou?"


"Qual Jesus?" é uma pergunta importantíssima para todo crente em Cristo. Nós deveríamos primeiro nos questionar, testar as nossas próprias crenças sobre Jesus (2 Co 13:5; 1 Ts 5:21). Incompreensões sobre o Senhor inevitavelmente tornam-se obstáculos no nosso relacionamento com Ele. A avaliação também pode ser vital com respeito à nossa comunhão com aqueles que se dizem cristãos.

Não incomum pessoas que há anos façam parte de uma comunidade cristã, que se identifique como um cristão e que afirme professar a fé cristã não ter qualquer tipo de conhecimento sobre Jesus e detalhes cruciais de sua obra redentora na cruz do calvário, sobre a ressurreição, sobre a salvação. Há muitos assim em nossa própria comunidade, não duvide.

A "unidade cristã"


Com muita frequência, frases parecidas com "nós teremos comunhão com qualquer um que confessar o nome de Cristo", estão sensivelmente impregnadas de camuflagens ecumênicas. O medo de destruir a unidade domina os que levam a sério este tipo de propaganda antibíblica, até mesmo ao ponto de desencorajar qualquer menor interesse em lutar pela defesa fé. Surpreendentemente, "a unidade cristã" agora inclui a colaboração para o bem moral da sociedade com qualquer seita "que confessa o nome de Jesus." Vejamos alguns desses "Jesuses" difundidos, cridos, confessados e amados pelas seitas:

"Jesus", o irmão de Lúcifer


Os ensinamentos heréticos sobre Jesus incluem todo tipo inimaginável de ideias sem base bíblica. O "Jesus Cristo" dos Mórmons, por exemplo, não poderia estar mais longe do Jesus da Bíblia. O Jesus inventado por Joseph Smith, que a seguir inspirou o nome da sua igreja, é o primeiro filho de Elohim, tal como todos os humanos, anjos e demônios são filhos espirituais de Elohim. Este Jesus mórmon tornou-se carne através de relações físicas entre Elohim (Deus, o Pai, o qual tinha um corpo físico) e a virgem Maria.

O Jesus mórmon é meio-irmão de Lúcifer. Ele veio à terra para se tornar um deus. A sua morte sacrificial dará imortalidade a qualquer criatura (incluindo animais) na ressurreição. No entanto, se uma certa criatura, individualmente, vai passar a sua eternidade no inferno ou em um dos três céus, isto fica por conta do seu comportamento (incluindo o comportamento dos animais).

"Jesus", uma ideia espiritual


O Jesus Cristo das seitas da ciência da mente (Ciência Cristã, Ciência Religiosa, Escola Unitária do Cristianismo, etc.) não é diferente de qualquer outro ser humano. "Cristo" é uma ideia espiritual de Deus e não uma pessoa. Jesus nem sofreu nem morreu pelos pecados da humanidade, porque o pecado não existe. Ao invés disto, ele ajudou a humanidade a desacreditar que o pecado e a morte são fatos. Esta é a "salvação" ensinada pela tal Ciência Cristã.

"Jesus", o arcanjo Miguel


As Testemunhas de Jeová também amam a Jesus, mas não o Jesus da Bíblia. Antes de nascer nesta terra, Jesus era Miguel, o Arcanjo. Ele é um deus, mas não o Deus Jeová. Quando o Jesus deles se tornou um homem, deixou então de ser um deus. Não houve ressurreição física do Jesus das Testemunhas de Jeová; Jeová suscitou o seu corpo espiritual, escondeu os seus restos mortais, e agora, novamente, Jesus existe como um anjo chamado Miguel.

A Bíblia promete que, ao morrer crente em nosso Senhor e Salvador, a pessoa imediatamente estará com Jesus (2 Co 5:8; Filipenses 1:21-23). Com o Jesus deles, no entanto, somente 144.000 Testemunhas de Jeová terão este privilégio – mas não depois da morte, porque eles são aniquilados quando morrem. Ou seja, eles gastam um período indefinido em um estado inativo e inconsciente; de fato deixam de existir. A minha comunhão com Jesus bíblico, no entanto, é inquebrável e eterna. E a sua?

"Jesus", ainda preso numa cruz


Os Católicos Romanos também amam a Jesus. Eu também o amei da mesma forma durante vinte e poucos anos da minha vida, mas ele era muito diferente do Jesus que eu conheço e amo agora. Algumas vezes ele era apenas um bebé ou, no máximo, um garoto protegido pela sua mãe. Quando queria a sua ajuda eu me assegurava rezando primeiro à sua mãe.

O Jesus a quem eu oro hoje já deixou de ser um bebé por quase 2016 anos. O Jesus que eu amava como católico morava corporalmente numa pequena caixa, parecida com um tabernáculo que ficava no altar da nossa igreja, na forma de pequenas hóstias brancas, enquanto que, simultaneamente, morava em milhões de hóstias ao redor do mundo. O meu Jesus, na verdade, é o Filho de Deus ressuscitado corporalmente; Ele não habita em objetos inanimados.

O Jesus dos Católicos Romanos que eu conhecia era o Cristo do crucifixo, com o seu corpo continuamente dependurado na cruz, simbolizando, de forma apropriada, o sacrifício repetido perpetuamente na missa e a Sua obra de salvação incompleta. Aproximadamente há dois milênios, o Jesus da Bíblia pagou totalmente a dívida dos meus pecados.

Ele não necessita mais dos sete sacramentos, da liturgia, do sacerdócio, do papado, da intercessão de Sua mãe, das indulgências, das orações pelos mortos, do purgatório, etc. para ajudar a salvar alguém. Os Católicos Romanos dizem que amam a Jesus, mesmo quando se chamam de Católicos Carismáticos, Católicos "Evangélicos", ou Católicos Renascidos, mas na verdade eles amam um Jesus que não é o Jesus bíblico. Ele é "um outro Jesus".

"Jesus", o bilionário


Até mesmo alguns que se dizem Evangélicos promovem um Jesus diferente. Os chamados pregadores do movimento da fé e da prosperidade promovem um Jesus que foi materialmente próspero. De acordo com o evangelista John Avanzini (um dos tantos televangelistas norte americanos) , cujas roupas chiques refletem o seu ensino, Jesus vestia roupas de marca (uma referência à sua túnica sem costura) semelhantes às vestidas por reis e mercadores ricos.

Usando uma argumentação distorcida, um pregador do sucesso, chamado Robert Tilton (outro da mesma "estirpe), declarava que ser pobre é pecado, e já que Jesus não tinha pecado, então, obviamente, ele devia ter sido extremamente rico. O pregador da confissão positiva Fred Price (mais um dessa extensa linhagem) explica que dirige um Rolls Royce (uma das marcas de carros importados mais caras do mundo) simplesmente porque está seguindo os passos de Jesus. Oral Roberts (mais um dessa prole infecta) sustenta a ideia de que, pelo fato de terem tido um tesoureiro (Judas), Jesus e os Seus discípulos deviam ter muito dinheiro. Preciso citar os "bispos" e "apóstolos" tupiniquins? Acho que não, né?!

O "Jesus" do movimento da fé e das igrejas psicologizadas


Além da pregação sobre um Cristo que era materialmente rico, muitos pregadores do movimento da fé, tais como Kenneth Hagin (Sim, ele mesmo! Que me desculpem seus admiradores, mas ninguém é perfeito.) e Kenneth Copeland, proclamam um Jesus que desceu ao inferno e foi torturado por Satanás a fim de completar a expiação pelos pecados dos homens. Este não é o Jesus que eu conheço e amo.

O Jesus de Tony Campolo habita em todas as pessoas. O televangelista Robert Schuller apresenta um Jesus que morreu na cruz para nos assegurar uma auto-estima positiva. Para apoiar sua tese sobre Jesus, psicólogos cristãos e numerosos pregadores evangélicos dizem que a Sua morte na cruz prova o nosso valor infinito para com Deus e que isto é a base para o nosso valor pessoal.

Não somente existe uma variedade enorme de "jesuses" que promovem o ego humano hoje em dia, como também estamos ouvindo falar em "igrejas" psicologizadas que a verdade sobre Jesus pode não ser tão importante para o nosso bem psicológico do que nossa própria percepção sobre Ele. Esta é a base para o ensino atual do integracionista psicoespiritual Neil Anderson e outros que promovem técnicas não-bíblicas de cura interior. Eles dizem que nós devemos perdoar Jesus pelas situações passadas, nas quais nós sentimos que Ele nos desapontou ou nos feriu emocionalmente. Por aqui, a "apóstola" Valnice Milhomens e o "patriarca (???)" Rene Terranova foram os pregadores e defensores dessa heresia. Mas, qual Jesus?

Conclusão


A comunhão com Jesus é o coração do Cristianismo. Não é algo que meramente imaginamos, mas é uma realidade. Ele literalmente habita em todos que colocam n'Ele a sua fé como Senhor e Salvador (Colossenses 1:27; João 14:20; 15:4). O relacionamento que temos com Ele é ao mesmo tempo subjetivo e objetivo. As nossas experiências pessoais genuínas com Jesus estão sempre em harmonia com a Sua Palavra objetiva (Isaías 8:20).

O Seu Espírito ministra-nos a Sua Palavra, e este conhecimento é o fundamento para a nossa comunhão com Ele (Jo 8:31; Fp 3:8). O nosso amor por Ele é demonstrado e aumenta através da nossa obediência aos Seus mandamentos; a nossa confiança n'Ele é fortalecida através do conhecimento do que Ele revela sobre Si mesmo (Jo 14:15; Fp 1:9). Jesus disse:

"Todo aquele que é da verdade ouve a Minha voz" - Jo 18:37. 

Na proporção em que nós, como crentes (no sentido de crer), aceitarmos falsas doutrinas sobre Jesus e os Seus ensinamentos, também minaremos o nosso relacionamento vital com Ele.

Nada pode ser melhor nesta terra do que a alegria da comunhão com Jesus e com aqueles que O conhecem e são conhecidos por Ele. Por outro lado, nada pode ser mais trágico do que alguém oferecer as suas afeições a outro Jesus, inventado por homens e demônios. O nosso Senhor profetizou que muitos cairiam na armadilha daquela grande sedução que viria logo antes do Seu retorno (Mt 24:23-26).

Haverá muitos que, por causa de sinais e maravilhas, como são chamados, feitos em Seu nome, se convencerão de que conhecem a Jesus e O estão a servir. Para estes, um dia, Ele dirá estas solenes palavras:

"...Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, [malditos] os que praticais a iniquidade" - Mt 7:23. 

Mesmo que sejamos considerados divisivos por perguntarmos "Qual Jesus?", entendam que este pode ser o ministério mais amoroso que podemos ter hoje em dia. Porque a resposta desta pergunta traz consequências eternas.

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