A Guerra do Vietnã foi uma das mais absurdas da história. Tudo começou logo após a independência da Indochina da França, reconhecida em 1954, que criou dois Vietnãs, o do norte, comunista e o do sul, democrático. O Vietnã do Norte, muito mais organizado, buscava a unificação com o sul, impondo o regime socialista, o que seria considerado mais uma grande derrota para os Estados Unidos, que já haviam perdido a corrida espacial - com o lançamento da Sputinik -, e a batalha da Baía dos Porcos em Cuba. Por isso mesmo não queriam perder o controle do do leste da Ásia.
Até o governo de John Kennedy, os americanos tentavam uma saída discreta e diplomática, patrocinando o corrupto governo sul-vietnamita. Mas após seu assassinato, o sucessor Lyndon Johnson deixou de meias palavras e enviou as primeiras tropas à região em 1964.
Governo após governo, os americanos ficaram cada vez mais enrolados com a guerra, sem saber como sair e tentando transferir aos militares sul-vietnamitas os ônus das sucessivas derrotas. Com resultados negativos no controle do território e muitas baixas de seus soldados, o governo americano teve que enfrentar forte resistência externa e interna, o que provocou um grande choque de valores no país, a chamada contra-cultura. Em 1974, logo após a renúncia de Richard Nixon, o presidente Gerald Ford decidiu retirar totalmente as tropas do país, encerrando o conflito.
Para o público interno, os EUA declararam-se "vencedores" da guerra, o que obviamente não aconteceu. Pouco mais tarde o Vietnã foi unificado sob o controle dos comunistas e permanece assim até hoje.
O saldo de mais de 10 anos de guerra foram 58 mil soldados americanos mortos e 300 mil feridos, além de baixas nas tropas aliadas. Do lado do Vietnã, os mortos foram mais de 1 milhão de militares e estimados mais de 2 milhões de civis, sendo muitas crianças. Um arsenal de armas químicas foi utilizado pelos americanos, o que fez dessa, a guerra mais suja e desigual da história. E mesmo assim, eles saíram vergonhosamente derrotados. Mas nem por isso parecem ter aprendido a lição... Nesta nona parte da série especial Filme Que Eu Vi, trago 3 filmes importantes sobre o lado americano no conflito.
Apocalipse Now
Lançamento: 26 de outubro de 1979 (3h22min)
Direção: Francis Ford Coppola
Com: Martin Sheen, Marlon Brando, Frederic Forrest e outros.
Gênero: Guerra
Nacionalidade: EUA
No manto do real foi escrito "Apocalipse Now" com reflexo na Guerra do Vietnã, que durara 15 anos, o que antropologicamente marcou profundamente a vida e a cultura do povo vietnamita. O filme foi baseado no livro "Heart of Darkness (O coração das trevas) de Joseph Conrad Copolla. Em termos alusivos a escuridão que reflete e emergem dos atos e posturas de Coronel Kurtz, que, em estado de insanidade, submetia pela força do medo e do terror a dominação e subordinação de uma comunidade por ele controlada nas selvas do Camboja. E, de um modo tocante a antropologia social, reflete a escuridão social desta comunidade comandada por tal insano e sanguinário sem uma atitude libertadora daqueles que docilmente eram controlados no anestésico do medo.
Temendo que se cristalizasse e ou institucionalizasse um poder paralelo e eclodisse em novos conflitos, o alto comando do exército americano designa o capitão Williard para aniquilar o coronel Kurtz, pelo assassinato injustificado de inocentes no interior da selva do Camboja. Uma missão informal, sem o conhecimento da sociedade. Se tal era a justificativa americana nessas ações secretas, temendo uma opinião pública, o que dizer da guerra no Vietnã que durara 15 anos foi responsável pela morte de 3 a 4 milhões de vietnamitas e cerca de 50 mil soldados americanos? Na verdade, a Guerra do Vietnã foi uma guerra ideológica entre Estados Unidos e Russia - ou, Capitalismo versus Socialismo (Comunismo). Em nome da hegemonia, a morte de milhões, que não passou de cifras. Frente a tudo isto se formula uma pergunta, não no sentido de defender o sanguinário coronel Kurtz: Quem é mais louco, Kurtz, ou o governo americano da época, em cujo intento foi responsável pela morte de milhões de vietamitas. Mais um crime passado despercebido e sem punidade do "Capitão América". Apocalipse now revela, assim como a obra "o médico e o monstro", o lado duplo do perfil humano. E, em nome do poder, a guerra.
Revela a intolerância da guerra, o derramamento de sangue como algo banal e a ausência de um diálogo para a paz. A sociedade é apresentada como personagem secundária, apenas vive e assiste passivamente/obedientemente os fatos sem uma atitude libertadora. Era esse um dos objetivos do autor? Formar/conformar frente ao poder instituído? O filme revela aspectos da herança cultural daquele país de fatos que em outros é crime, e para eles é cultura, é o caso do consumo do haxixe, mostrado de modo coletivo ao longo do enredo. Vivia-se desta forma, um etnocentrismo pelo isolamento de outros mundos, outras culturas. Isolar um povo e mantê-lo na ignorância é uma poderosa arma política de políticos vigaristas que querem se perpetuar no poder. E, ignorância e isolamento era como vivia a comunidade controlada pelo coronel Kurtz.
Platoon
Lançamento: 27 de fevereiro de 1987 (2h0min)
Direção: Oliver Stone
Com Charlie Sheen, Tom Berenger, Willem Dafoe e outros.
Gênero Guerra, drama , ação
Nacionalidade: Reino Unido, EUA
Antes mesmo de suas primeiras imagens, “Platoon”, maravilhoso e verdadeiro retrato do que foi a guerra do Vietnã dirigido por Oliver Stone, deixa claro uma das grandes perdas da guerra. A frase bíblica “Jovem, regozija-te na juventude” faz questão de reforçar que a juventude e a inocência que ela carrega são deixadas no combate, independente da sobrevivência ou não daqueles jovens que são enviados para o fronte.
O jovem e idealista Chris (Charlie Sheen), insatisfeito com a vida comum que seus pais queriam que vivesse, decide se tornar voluntário na guerra do Vietnã e defender seu país como o pai e o avô fizeram em outras guerras. Mas aos poucos, a convivência com o pelotão liderado por Barnes (Tom Berenger) e Elias (Willem Dafoe) e a terrível violência sem sentido da guerra vão alterando completamente sua visão do mundo.
Por todo o conjunto da obra, “Platoon” pode ser considerado um retrato fiel do que foi a guerra do Vietnã, exposto por alguém que esteve lá dentro de fato, e por isso, sabe como ninguém os efeitos causados pelo conflito na mente do ser humano. Retratada também com competência em outros grandes filmes, como "Apocalypse Now", esta guerra parece ser mesmo a ferida aberta no país mais poderoso do mundo atualmente. Ou pelo menos era, até o fatídico dia 11 de Setembro de 2001, que curiosamente, gerou novos conflitos envolvendo os Estados Unidos da América, e provavelmente, gerará novos “Oliver Stone” no futuro.
“Platoon” revela a visão peculiar de Oliver Stone sobre o confronto mais marcante na vida dos norte-americanos. Mas as marcas deixadas no povo, por mais profundas que sejam, não se comparam às marcas deixadas nos combatentes que sobreviveram e levaram consigo aquelas tristes memórias. Os dois momentos marcantes da passagem de Chris pelo Vietnã – a morte de Elias e a saída do Vietnã – acontecem em sobrevoos idênticos, acompanhados pela mesma melancólica trilha sonora. E no segundo voo, a imagem dos corpos jogados no enorme buraco é simplesmente perturbadora. Nas palavras finais dele, “a guerra acabou, mas aquelas imagens ficarão pra sempre em sua memória”. E ficarão também na memória do espectador, assim como o competente filme dirigido por Oliver Stone.
Bom dia, Vietnã!
Lançamento desconhecido (2h1min)
Direção: Barry Levinson
Com: Robin Williams, Forest Whitaker, Bruno Kirby e outros.
Gênero: Comédia, drama, guerra
Nacionalidade: EUA
O filme “Bom Dia Vietnã” nos mostra uma visão do que é o rádio na vida de seus ouvintes. Outra coisa que o filme mostra é sobre as diferenças culturais existentes entre os países. No início as pessoas não entendiam que as noticias ditas pelo locutor (Adrian) eram apenas piadas, sempre ditas com muito bom humor e criatividade. Como o programa era ao vivo, as coisas eram todas improvisadas na hora.
As notícias passavam pela censura antes de serem lidas no ar, a maioria eram jogadas fora, a população era privada de saber o que realmente acontecia. Isso dificultava o trabalho do locutor, que a cada ficava mais triste com aquela situação que lhe era imposta por parte do exército norte-americano.
Ainda assim o locutor não demonstrava seu desanimo diante do microfone, mudou o estilo musical daquilo que lhe era imposto para com isso agradar ainda mais os seus assíduos ouvintes.
O programa era muito ouvindo, e seu superior Steven Hauk tinha muita inveja do sucesso que o locutor tinha alcançado, com isso fez uma articulação para tirá-lo do ar, Após conseguir, o comandante passou a apresentar o programa que passou a não fazer tanto sucesso, pois Hauk não tinha a empatia do público, novamente mudou o estilo musical para aquilo que lhe agradava.
O clamor das pessoas fez com que voltasse a apresentar o programa até que um dia ele voltou, mas por pouco tempo. Logo a após sua volta ele foi mandado de volta aos Estados Unidos.
Filmes excelentes para uma deliciosa e descompromissada tarde de sábado. Creio que todos os títulos estejam disponíveis na Internet. Agora é só pegar as pipocas e o refri. Boa sessão.
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