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terça-feira, 28 de abril de 2015

SOLTEIRO E COMPLETO, GRAÇAS A DEUS

Falarei aqui de algo com conhecimento de causa: "solteirice crônica". Desde a criação de Eva, a partir de uma das costelas de Adão - conforme descrito em Gênesis 2:21-23 -, homens e mulheres estão em busca de companheiros idôneos. O desejo de encontrar alguém para dividir alegrias e tristezas sempre fez parte da vida de [quase] todo ser humano. 

Apesar disso, o sonho de encontrar a pessoa amada e a ela juntar-se por meio do casamento tem sido adiado, ou mesmo deixado de lado, por muitos brasileiros na atualidade. Pelo menos é o que mostra uma pesquisa do IBOPE Mídia, realizada em 2011 (a mais recente), nas regiões metropolitanas e no interior do Sul e Sudeste do país. De acordo com o levantamento, um entre dois adultos ouvidos pela pesquisa é solteiro. A maioria deles (31%) nunca se casou, 15% são divorciados e 3% viúvos. Eles têm, em média, 31 anos de idade, salário de cerca de 1.000 reais e disposição para continuar estudando e crescendo profissionalmente.

São diversos os fatores que têm levado os brasileiros a não se casarem ou a adiarem o matrimônio e, dentre eles está, exatamente, essa busca por melhores posições no mercado de trabalho. O fenômeno – obviamente – se reflete nas igrejas, que não parecem muito preparadas para lidar com essa realidade. Um levantamento realizado em 2006 pelo Ministério Apoio, em pareceria com a organização evangélica Servindo aos Pastores e Líderes (SEPAL), mostrou o perfil dos solteiros evangélicos. A pesquisa atestou, por exemplo, que 73% dos entrevistados se queixavam de não haver qualquer trabalho para eles suas igrejas e 40% reclamavam da solidão.

Até bem pouco tempo, as pessoas se casavam para serem ordenadas ao ministério pastoral. Ser casado era – e, em muitas denominações ainda é – condição primordial para tal e sinônimo de ser uma pessoa do bem. Esses mesmos casais que foram “apertados” para não terem um namoro longo (e com o risco de “cair em pecado”), anos mais tarde viram-se em uma situação vergonhosa, de exposição pública, quando houve o divórcio. 

O solteiro e o preconceito das igrejas


Velado ou escancarado, o preconceito contra os solteiros na igreja evangélica é fato incontestável (principalmente se esse solteiro tenha um "passado negro"). Não raramente ocorrem os absurdos extremos, como o de os solteiros terem sua sexualidade questionada ("Será que ele(a) é?!"). Há determinadas denominações – algumas, clássicas – que não consagram solteiros ao pastorado. Como base para a essa postura, usam o texto de 1 Timóteo, no capítulo 3 (que trata especificamente do assunto, obviamente, sob um contexto também específico). 

Mas, que dizer do apóstolo Paulo – LÍDER do solteiro e jovem pastor Timóteo, e autor do referido texto citado – que recomendou aos solteiros que assim permanecessem, a fim de melhor servirem ao Senhor (1Co 7:8, 26-35)? Certamente Paulo e Timóteo não “serviriam” para serem pastores nessas tais denominações. Seriam rejeitados ao ministério.

O pastor britânico anglicano John [Robert Walmsley] Stott (27 de abril de 1921 – 27 de julho de 2011), deixou um legado de mais de 40 mil livros escritos e um exemplo de vida que o fez capelão da família britânica por mais de 30 anos, tendo sido eleito, pela revista norte-americana Time como uma das cem personalidades mais influentes do mundo. Stott era visto como grande arauto do Evangelho, sendo vivendo seus 90 anos solteiro e celibatário. Stott, caso fosse membro de alguma dessas denominações que não consagram solteiros ao ministério, estaria “condenado” a ficar por 90 anos “no banco”, independente de seu currículo.

Solteiro até que morte me alcance


Permanecer solteiro e sem crises em relação a esse estado civil é um desafio. Há sempre alguém “te cobrando” uma namorada ou, pior, tentando “te empurrar” alguma. As pessoas não respeitam o seu direito - Sim, senhor: DIREITO! - de escolher ficar solteiro. Há os solteiros que, por muitas vezes sentiu-se esquecido pelo Senhor e pela Igreja. Há também os que desejam [urgentemente, e por “n” motivos, 13%, por causa das tentações sexuais] casar-se (84%, dados percentuais segundo a pesquisa citada anteriormente). 

Entretanto, há os que estão completamente confortáveis e bem resolvidos em sua solteirice (faço parte dessa minoria, graças a Deus) e que precisam ser respeitados. Não questiono que o casamento seja uma benção - casamento é um projeto de Deus para formação de famílias -, entretanto, dessa benção eu estou abrindo mão e o faço consciente. Não há na Bíblia um único versículo que me impeça ou me condene por querer permanecer solteiro. Sendo assim, sigo eu cá, solteiro, feliz e pleno, graças a Deus!

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