Na esteira dos países desenvolvimentos, o Brasil caminha para se tornar um País de população majoritariamente idosa. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em censo realizado no ano de 2013, o grupo de idosos de 60 anos ou mais será maior que o grupo de crianças com até 14 anos já em 2030 e, em 2055, a participação de idosos na população total será maior que a de crianças e jovens com até 29 anos.
A tendência de envelhecimento da população já havia sido observada no Censo de 2002 e ganhou força nos últimos dez anos. Em comparação com o último Censo, verifica-se que a participação do grupo com até 24 anos de idade cai de 47,4% em 2002 para 39,6% em 2012. Essa mudança também fica clara no aumento da idade medida da população, que passou de 29,4 anos em 2002 para 33,1 anos em 2012.
Um número importante para entender o crescimento da população idosa é a razão de dependência total, que leva em conta o quociente de pessoas economicamente dependentes e o de potencialmente ativas, dividido entre dependência de jovens e dependência de idosos. Entre 2002 e 2012 aumentou de 14,9 para 19,6 a razão de pessoas de 60 anos ou mais para cada grupo em idade potencialmente ativa. A expectativa é que esse número triplique nos próximos 50 anos, chegando a 63,2 pessoas de 60 anos ou mais para cada 100 em idade potencialmente ativa em 2060.
Os idosos, segundo a pesquisa, são em sua maioria mulheres (55,7%) brancas (54,5%) e moradores de áreas urbanas (84,3%) e correspondem a 12,6% da população total do País, considerando a participação relativa das pessoas com 60 anos ou mais.
Os números do IBGE mostram ainda que a principal fonte de rendimento dos idosos de 60 anos ou mais foi a aposentadoria ou a pensão, equivalendo a 66,2%, e chegando a 74,7% no caso do grupo de 65 anos ou mais.
Sabemos que no aspecto de políticas públicas, ainda há muito o que se fazer para o benefício dos idosos, mas e sob o aspecto cristão? O que a Igreja Evangélica tem feito em prol dos crentes idosos? Ao que eu saiba, praticamente nada. Há programação e investimentos direcionados a todo o segmento da sociedade nas agendas das igrejas crentes, mas não se praticamente nada direcionado especificamente aos idosos.
Até mesmo a estrutura física dos templos não favorecem a esses irmãos e irmãs. Com som em volumes absurdos, muitos repiques de baterias e rifis de guitarra, além das coreografias com seus "abaixa e levanta", essas "igrejas barulhentas" nem sempre são muito atrativas aos idosos que, pelas limitações naturais vindas com a passagem dos anos, não têm condições para acompanhar o ritmo frenético dos cultos-shows.
A fé na velhice
A velhice é um dos períodos mais difíceis da vida. Além de uma maior vulnerabilidade às doenças e de ter de depender mais de outras pessoas, muitos idosos sofrem com a solidão e com o senso de inutilidade. Não são poucos os velhos abandonados num asilo por seus próprios filhos.
Hoje em dia existe uma conscientização social maior quanto aos que alcançaram a terceira idade. Existem programas e projetos de atividades envolvendo idosos, com o objetivo de vencer a solidão e a ociosidade. Mas por melhor que sejam, nem sempre conseguem trazer alguma felicidade a quem já viveu muito.
A Bíblia nos traz vários exemplos de pessoas que chegaram a uma idade avançada e que morreram felizes e realizadas. Uma delas é o patriarca Abraão. Lemos no livro de Gênesis que Abraão "morreu em ditosa velhice, avançado em anos" (Gênesis 25:8).
Uma velhice "ditosa" quer dizer uma velhice feliz, satisfeita, venturosa, afortunada. Quando lemos o que a Bíblia diz sobre a vida de Abraão fica fácil descobrir o segredo de sua felicidade. Há pelo menos 3 coisas que contribuíram para ela:
Abraão foi um homem de FÉ toda a sua vida
Desde o dia em que Deus o chamou para sair de sua terra e ir peregrinar em uma terra distante, Abraão aprendeu a confiar em Deus e a depender das Suas promessas.
Não é em vão que Abraão ficou conhecido como o pai da fé e "amigo de Deus" (Tiago 2:23; Hebreus 11:8-19). Quando uma pessoa aprende cedo na vida a confiar em Deus e a depender dele, terá melhores condições de enfrentar as incertezas e sofrimentos da velhice, como Abraão.
Abraão foi um homem OBEDIENTE a Deus toda a sua vida
Fé e obediência andam juntas. Abraão cria em Deus e portanto, obedeceu-o. A maior demonstração que deu disso foi quando se dispôs a sacrificar seu próprio filho Isaque por determinação de Deus (Gênesis 22:1-14).
Se aprendemos desde cedo na vida a obedecer a Deus incondicionalmente, quando atingirmos a velhice teremos uma consciência tranquila de que Deus, a quem procuramos servir durante nossa vida, jamais nos desamparará.
Abraão ANDOU COM DEUS toda a sua vida
Através dos anos, ele desenvolveu um relacionamento pessoal e significativo com Deus. Deus fazia parte integrante da sua vida. Diariamente Abraão orava, falava com Deus, procurava ouvir e entender Sua vontade e segui-la. Abraão compartilhava continuamente com Deus as alegrias e dificuldades.
Basta ler a história de sua vida para ver como isso é verdade. Não pensem que Abraão foi um privilegiado que diariamente tinha uma visão onde Deus lhe aparecia e falava diretamente com ele. As visões que Abraão teve foram poucas e muito espaçadas entre si, as vezes por anos a fio. Abraão aprendeu a andar com Deus pela fé.
Quando ficou velho, já havia andado o suficiente com Deus para saber que o Senhor estava ali, ao seu lado. Que conforto extraordinário nos momentos de solidão!
O Salmo 71 é a oração de um velho, pedindo a Deus que o socorresse e auxiliasse nos dias de sua velhice. Não sabemos quem a escreveu, provavelmente foi o rei Davi. Nela, o autor revela profundo conhecimento de Deus e certeza de que Ele haverá de atender a seu pedido. Um dia - pode ser que - todos seremos velhos.
Melhor idade
Algumas pessoas acreditam que quem está na terceira idade está contando os dias regressivamente, - fazendo "hora-extra - sendo que, muitos jovens são ceifados antes que seus pais ou avós. Estar na terceira idade, é estar numa fase de reflexão, compartilhar e trocar experiências. Imagine a bagagem de experiência cristã que esses irmãos têm e o quanto poderiam ajudar no crescimento da Igreja. Mas, eles são, tristemente, ignorados e considerados inúteis.
“Ouve teu pai, que te gerou, e não desprezes tua mãe, quando vier a envelhecer”. (Provérbios 23:22).
A sociedade (principalmente a Igreja) tem o dever de criar mecanismos que contribuam para garantir ao idoso uma vida mais tranquila. Para isso, além de vencer os preconceitos, é necessário criar condições para que o idoso possa usufruir o tempo que tem disponível com qualidade, beneficiando-se por meio de atividades físicas apropriadas para sua condição, alimentação saudável, espaço para lazer, bom relacionamento social e liberdade de expressão e criação.
Somados a isso, o amor, o carinho e o reconhecimento das contribuições do idoso para a sociedade e da sua capacidade de amar, podem impulsionar a felicidade, o bem estar e, consequentemente, a longevidade desse cidadão que tem direitos pessoais e sociais que não podem ser negados.
“Não me enjeites no tempo da velhice; não me desampares, quando se forem acabando as minhas forças.” Sl. 71.9.
As atividades direcionadas ao idoso devem ser organizadas considerando as suas particularidades e realizadas de forma gradual. Elas também devem promover a aproximação social, ter caráter lúdico, com intensidade moderada e de baixo impacto, sendo diversificadas; considerando a memória e o conhecimento acumulado pelo idoso para que o mesmo possa partilhar e reviver situações que lhe dão prazer.
Evangelizando na melhor idade
Assim sendo, à Igreja Cristã, cabe desenvolver projetos de evangelização para terceira idade, embasado em três principais características inerente ao idoso:
1. Características físicas (Sl 90:10)
2. Características psicossociais (Sl 71:9,17,18)
3. Características espirituais (Is 46:4).
A melhor maneira de continuar ativo e feliz ao chegar à terceira idade é continuar, ou iniciar um programa regular de atividades físicas, mentais e sociais, que não permitam ao idoso ficar isolado do mundo que o cerca.
"Não me enjeites no tempo da velhice; não me desampares, quando se forem acabando as minhas forças. Ensinaste-me, ó Deus, desde a minha mocidade; e até aqui tenho anunciado as tuas maravilhas. Agora quando estou velho e de cabelos brancos, não me desampares, ó Deus até que eu tenha anunciado a tua força a essa geração e o teu poder a todos os vindouros", (Salmos 71:9-17,18).
Ou seja, a Igreja precisa não só desenvolver projetos específicos de evangelização dos idosos, como também criar mecanismos que permitam aos irmãos idosos desfrutarem exultantes em todas as dependências da Casa do Pai, lembrando que Ele é tão Pai nosso, quanto deles também. Fica a dica para que possamos refletir.
[Fonte de pesquisa: IBGE]
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