Em março de 1985 o RPM gravou seu 1º álbum, "Revoluções por Minuto". O disco trouxe vários sucessos icônicos como: 'Rádio Pirata', 'Louras Geladas', 'A Cruz e a Espada' e 'Olhar 43', além da faixa homônima.
As influências musicais de seus membros refletiam na sonoridade da banda, que por mais que possa parecer incongruente, misturava post-punk com rock progressivo.
As influências musicais de seus membros refletiam na sonoridade da banda, que por mais que possa parecer incongruente, misturava post-punk com rock progressivo.
O álbum, na época, vendeu 100 mil cópias e ganhou o disco de ouro. Anos depois foi relançado em CD, aumentando as vendas consideravelmente.
As canções 'Revoluções por Minuto' e 'Louras Geladas' já haviam sido lançadas em um compacto, em 1984. O baterista nesse período era o Charles Gavin — que depois tornou-se o baterista dos Titâs —, que logo foi substituído por André Jung e posteriormente por Paulo "PA" Pagni (☆1958/✞2019), que entrou durante as gravações do primeiro álbum.
RPM, formação original, da esquerda para a direita: Paulo Ricardo, Luiz Schiavon, Paulo 'P.A.' Pagni e Fernando Deluqui |
Os outros músicos eram: Paulo Ricardo (voz e baixo), Fernando Deluqui (guitarra) e Luiz Schiavon (teclados — ☆1958/✞2023).
História da banda
Bom, como todo mundo deve saber, o RPM surgiu no início da década de 1980 quando Paulo Ricardo conheceu Luiz Schiavon e, dessa amizade, nasceu a vontade de montarem uma banda.
Porém, como Paulo Ricardo era correspondente de uma revista de música da época (a famosa revista Biss), ele precisou viajar para Londres para escrever sobre as novidades londrinas e, com isso, os dois se correspondiam por cartas para que, quando Paulo retornasse para o Brasil, seguirem com o projeto de montar a banda.
Porém, como Paulo Ricardo era correspondente de uma revista de música da época (a famosa revista Biss), ele precisou viajar para Londres para escrever sobre as novidades londrinas e, com isso, os dois se correspondiam por cartas para que, quando Paulo retornasse para o Brasil, seguirem com o projeto de montar a banda.
Esse período em que ficou na Inglaterra foi muito importante para Paulo Ricardo, pois, ele via acontecer a cena inglesa que estava sendo tomada pela New Wave, o New Romantic e o Synthpop, enfim, tudo isso ajudou para que ele voltasse ao Brasil com uma ideia em mente de como soaria a banda que estava a montar com Schiavon.
Troca-troca de bateras
De volta ao país, Paulo e Schiavon se uniram e convidaram Fernando Deluque para o posto de guitarrista e Moreno Júnior para baterista, mas, por ser menor de idade, ele precisou deixar as baquetas para Charles Gavin, que havia se desligado do Ira! e, com o RPM, gravou o primeiro compacto da banda, porém, aceitou o convite para entrar nos Titãs para o lugar do recém-demitido André Jung que, curiosamente, foi para o seu lugar no Ira!, por onde permaneceu por 22 anos.
Então, para o primeiro disco da banda, o baterista recrutado foi Paulo Pagni, o 'P.A.', que entrou na parte final do processo e, por isso, ele não aparece na capa do álbum.
Com o compacto de 'Louras Geladas' e 'Revoluções Por Minuto' estourando nas rádios (P.A. não tocou bateria nelas), o disco foi um sucesso de vendas e trazia um som marcado pelo uso exacerbado de teclados, sintetizadores e bateria eletrônica, mas que agradou em cheio os jovens daquele Brasil que passava por um momento complicado: fim da Ditadura Militar, morte do primeiro presidente eleito através do voto antes mesmo de tomar a posse (Tancredo Neves — ☆1910/✞1984). E, além das duas faixas do compacto, a obra trazia outros temas que seriam verdadeiros hits para uma geração.
Sobre o disco
Gravado em março de 1985 nos Estúdios Transamérica, em São Paulo (exceto 'Louras Geladas' e 'Revoluções Por Minuto' que saíram em um EP em 1984), o 'debut' foi produzido por Luiz Carlos Maluly e lançado pela Epic/CBS.
Contracapa do CD relançado pela Sony Music |
Depois, aparece outro petardo: 'Olhar 43', uma música agitada em que a bateria dá o suporte para manter o pique, além da ótima combinação dos teclados, sintetizadores e baixo.
Ela também fez parte trilha sonora do filme musical "Rock Estrela".
Posteriormente, ambas ganharam versões remixadas que agitaram as pistas das danceterias.O terceiro tema é 'A Cruz e a Espada', que é uma música lenta, com uma bela letra e também fez sucesso na época. Destaque para o solo de clarineta feita por Roberto Sion.
Posteriormente, essa música fez mais sucesso, no dueto com o Renato Russo.Em seguida, em 'Estação no Inferno', tem aquela pegada New Wave que Paulo Ricardo deve ter "afetado" em sua estadia em Londres.
Já a faixa 5 é 'A Fúria do Sexo Frágil Contra o Dragão da Maldade', que é amplamente dominada pelo teclado e que fala diretamente de mulher (o tal do "sexo frágil") e um estilo à New Order.
E, para encerrar o Lado A, outro grande sucesso dos caras: 'Louras Geladas' — outra faixa que também ganhou uma versão remixada —, que teve a caixa de ritmo tocada por Luiz Schiavon, uma vez que o RPM enfrentava o impasse com relação à escolha do baterista.
Se por um lado, a maior parte das músicas do Lado A ficou caracterizado pelas músicas mais "dançantes", o Lado B ficou caracterizado pelas letras mais sérias e politizadas, como pode ser conferida logo de cara com 'Liberdade/Guerra Fria', em que o teclado aparece, mas de forma mais suave em uma letra que trabalha bem o jogo de palavras e destaca a situação política mundial.
Posteriormente, em 'Sob a Luz do Sol', a única creditada em trio (além de Paulo Ricardo e Schiavon, Fernando Deluqui acompanhou no processo de composição), mas que possui um bonito solo de guitarra.
Depois, vem a fantástica 'Juvenilia' — minha preferida do álbum —, uma faixa sombria com um teclado lúgubre. Enquanto isso, em 'Pr'Esse Vício', o teclado lembra vagamente algo mais Lado B do Deep Purple e, talvez, seja a faixa mais fraca do play.
Posteriormente, em 'Sob a Luz do Sol', a única creditada em trio (além de Paulo Ricardo e Schiavon, Fernando Deluqui acompanhou no processo de composição), mas que possui um bonito solo de guitarra.
Depois, vem a fantástica 'Juvenilia' — minha preferida do álbum —, uma faixa sombria com um teclado lúgubre. Enquanto isso, em 'Pr'Esse Vício', o teclado lembra vagamente algo mais Lado B do Deep Purple e, talvez, seja a faixa mais fraca do play.
E, encerrando a obra, outro clássico: 'Revoluções Por Minuto', que começa lenta, vai crescendo e, antes mesmo do primeiro verso, mantém a mesma base das faixas do Lado A: teclados e sintetizadores tomando a música de assalto.
Inicialmente a música foi censurada por considerarem como uma apologia às drogas. Sabe-se porém que não foi esse o real motivo da censura, mas a crítica ao "...Eu já não ando mais sozinho..."; ao "...Ouvimos qualquer coisa de Brasília / Rumores falam em guerrilha / Foto no jornal, cadeia nacional..." e ao "...Agora a China bebe Coca-Cola / Aqui na esquina cheiram cola...", entre outros cutucões feitos ao sistema ainda no finalzinho da Ditadura. Enfim, a música foi liberada música, já que o AI-5 tinha sido revogado no ano anterior.
Inicialmente a música foi censurada por considerarem como uma apologia às drogas. Sabe-se porém que não foi esse o real motivo da censura, mas a crítica ao "...Eu já não ando mais sozinho..."; ao "...Ouvimos qualquer coisa de Brasília / Rumores falam em guerrilha / Foto no jornal, cadeia nacional..." e ao "...Agora a China bebe Coca-Cola / Aqui na esquina cheiram cola...", entre outros cutucões feitos ao sistema ainda no finalzinho da Ditadura. Enfim, a música foi liberada música, já que o AI-5 tinha sido revogado no ano anterior.
Um disco essencial
Com boa vendagem do disco, que foi bem produzido, diga-se por sinal, o RPM caiu na estrada e fez grandes shows pelo Brasil, com o palco cheio de pirotecnia, luzes, canhões com raio laser, enfim, com direito a produção de luzes sendo feita por Ney Matogrosso e os caras ainda assinaram com Manoel Poladian e o estouro do grupo foi tão grande que os caras, com apenas um disco de estúdio lançado no currículo, ousaram em lançar um disco ao vivo que manteve o grupo no topo, que foi "Rádio Pirata — Ao Vivo", que saiu em 1986.
Guardadas as devidas proporções, o alvoroço que o RPM causou na época foi uma espécie de "Beatlemania brasileira", além disso, a banda ainda tinha o carisma de Paulo Ricardo — que, além de galã, era um verdadeiro showman — e a maestria dos teclados de Schiavon.
Depois de passar alguns anos em Londres, em contato com recém surgidas bandas como Depeche Mode, Echo and the Bunnymen, Culture Club, Spandau Ballet, em 1986 Paulo Ricardo em parceria com Fernando Deluqui, Luiz Schiavon e Paulo Pagni lançou este fantástico primeiro álbum do RPM, que atingiu ainda no ano de lançamento a venda de 500 mil cópias, sendo o primeiro disco duplo de platina no Brasil.
Com uma produção e arranjos musicais superiores a tudo que já havia sido feito por aqui, numa mistura de technopop, new wave e pós-punk, o disco levou a banda ao sucesso imediato, dando início à turne de 15 meses initerruptos.
Temas ainda atualíssimos são abordados nesse álbum essencial dos anos 80: a depressão em 'Juvenilia', o rock e a vida urbana em 'A Fúria do Sexo Frágil Contra o Dragão da Maldade' e 'Estação no Inferno', todas com letras muito bem elaboradas e músicas sensacionais.
Conclusão
No entanto, o sucesso do RPM não durou muito, pois, o ego ligado à ganância das pessoas próximas ao grupo ou até mesmo entre os integrantes, colaboraram para que a banda não alcançasse voos mais altos, encerrasse as atividades precocemente ou, melhor, ficasse entre equivocadas idas e vindas — que nunca deram certo —, mas sem repetir o sucesso de outrora que culminou em 900 mil álbuns vendidos em um pouco mais de um ano de lançamento e os imbróglios judiciais entre Paulo Ricardo e os demais membros, que se arrastaram por anos, pelo direito de uso do nome RPM.
Certamente esse trabalho de estreia do RPM está no rol dos melhores 'debuts' da história da música no Brasil. Vale tanto a aquisição e o status de clássico.
Ficha Técnica
- Álbum: Revoluções Por Minuto
- Intérprete: RPM
- Lançamento: maio de 1985
- Gravadora: Epic/CBS (atual Sony Music)
- Produtor: Luiz Carlos Maluly
- Paulo Ricardo: voz e baixo
- Luiz Schiavon: piano, sintetizadores e caixa de ritmos em 'Louras Geladas' e 'Revoluções Por Minuto'
- Fernando Deluqui: guitarra e violão
- Paulo 'P.A.' Pagni: bateria e percussão (exceto em 'Louras Geladas' e 'Revoluções Por Minuto')
- Luiz Carlos Maluly: violão em 'A Cruz e a Espada'
- Roberto Sion: clarineta em 'A Cruz e a Espada'
Lado A
- 1. Rádio Pirata (Paulo Ricardo / Luiz Schiavon)
- 2. Olhar 43 (Luiz Schiavon / Paulo Ricardo)
- 3. A Cruz e a Espada (Luiz Schiavon / Paulo Ricardo)
- 4. Estação do Inferno (Luiz Schiavon / Paulo Ricardo)
- 5. A Fúria do Sexo Frágil Contra o Dragão da Maldade (Luiz Schiavon / Paulo Ricardo)
- 6. Louras Geladas (Paulo Ricardo / Luiz Schiavon)
Lado B
- 7. Liberdade/Guerra Fria (Luiz Schiavon / Paulo Ricardo)
- 8. Sob a Luz do Sol (Fernando Deluqui / Luiz Schiavon / Paulo Ricardo)
- 9. Juvenilia (Luiz Schiavon / Paulo Ricardo)
- 10. Pr’Esse Vício (Luiz Schiavon / Paulo Ricardo)
- 11. Revoluções Por Minuto (Luiz Schiavon / Paulo Ricardo)
[Fonte: Projeto Autoban; Blog Cultura & Futebol, por Jorge Almeida]
Ao Deus Perfeito Criador, toda glória.
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E nem 1% religioso.

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