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segunda-feira, 30 de maio de 2022

A BÍBLIA COMO ELA É — ENTENDENDO HEBREUS 9 E OS SACRIFÍCIOS

"Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus" (Salmo 51:17).
Será que a prática de sacrifícios ainda se faz necessária em nosso relacionamento com Deus hoje? Existe muita incompreensão em torno do que realmente significa o sacrifício. O autor da epístola aos Hebreus, especificamente no capítulo 9, nos trás um ensinamento muito elucidativo sobre essa questão, entretanto, por uma incompreensão de análise exegética, hermenêutica e semântica, muitos são os que ainda não compreendem absolutamente nada do que lá está registrado.

Sacrifícios envolvem coisas e pessoas, então para meditar sobre eles é preciso lembrar aquilo que todo mundo sabe mas que muito poucos levam em conta na hora de sacrificar. É o que veremos no texto desse artigo, mais um capítulo da série especial A Bíblia Como Ela, onde faremos uma análise, com base exatamente no capítulo 9 da epístola aos Hebreus.

Análise contextual de Hebreus 9


O autor argumenta neste capítulo que Jesus proveu para nós a bênção do acesso direto a Deus, a "mais cobiçada" de todas as bênçãos. Vejamos:

Nos versos 1-10 — os leitores são lembrados de que no primeiro santuário e seus regulamentos de adoração, as pessoas não tinham acesso a Deus. Só uma pessoa podia entrar no Santo dos Santos, onde estava o trono de Deus, e apenas uma vez por ano. O problema era que os sacrifícios oferecidos naquele tabernáculo não podiam purificar a consciência do adorador.

Os versos 11-14afirmam, porém, que Jesus entrou uma vez por todas no santuário celestial e ofereceu um sacrifício perfeito que purifica nossas consciências.

Os versos 15-23afirmam que esse sacrifício cumpriu dois propósitos. O primeiro foi nos redimir da transgressão cometida sob a primeira aliança e o segundo foi inaugurar a nova aliança com o Seu novo santuário, o celestial.

Então, os versos 24-28 — culminam o argumento, tornando clara a importância daquilo que foi feito por Jesus. Enquanto os sacerdotes só podiam entrar uma vez por ano na presença de Deus no Lugar Santíssimo, Jesus entrou uma vez por todas no santuário celestial para dar início ao seu ministério eterno (Hb 7:25) em nosso favor.

Não só isso, Ele afastou o pecado pelo Seu sacrifício, o que nos recorda a profecia de Daniel 9:24 de que o Messias viria
"acabar com a transgressão, dar fim ao pecado, expiar as culpas, trazer justiça eterna" (NVI).
No verso 27, o autor menciona que há uma segunda fase no ministério de Jesus relacionada com o julgamento, mas o objetivo deste julgamento será trazer a salvação ao Seu povo.

Eu amo a maneira como Hebreus 9:24 descreve o sacrifício e a ascensão de Jesus
"...para… se apresentar diante de Deus em nosso favor" (NVI).
A expressão hebraica
"se apresentar diante de Deus"
significa pedir ajuda a Deus. A esperança era que ao estar diante de Deus o Seu rosto brilhasse com alegria (Números 6:25). Isto é certamente o que aconteceu quando Jesus apareceu perante o Pai em nosso benefício.

Entendido isto, vamos fazer uma análise sobre o significado do sacrifício, além do já não mais necessário ritual religioso.

  • Nós não criamos a vida e nossa vida não nos pertence

Experimentamos a vida, a existência, por uma concessão divina, que neste mundo pode durar minutos ou mais de um século, e pode cessar a qualquer momento, conforme queira o Autor da Vida.

Não escolhemos nada sobre o nosso nascimento: quem serão nossos pais, se seremos menino ou menina, etc. Também não escolhemos se vamos ficar doentes ou não, se precisamos ou não comer, dormir... contrariamente ao senso comum, quase nada nesta vida é decisão nossa, mas tão somente reação às situações fora de controle que nos cercam. E também a morte nos escapa ao controle.

  • Nada trouxemos a este mundo e dele nada levaremos

As coisas deste mundo ficam nele, são construídas, se deterioram, mudam de mãos, chegam até nós e, invariavelmente, passarão a alguém em algum tempo e lugar.

Tudo aquilo deste mundo pelo que sacrificarmos ficará nele, não seguirá conosco. Reis antigos queriam ser enterrados com seus tesouros, para desfrutá-los na outra vida, mas nós sabemos que esses tesouros foram parar, na melhor das hipóteses, em museus.

  • O sacrifício permeia a história da humanidade

Dos registros históricos mais antigos até os nossos dias pessoas sacrificam coisas, animais, outras pessoas e até a si próprias em função de uma crença, de um propósito que acreditam ser superior àquilo (ou àqueles) que sacrificam.

Sacrifício é, em si, qualquer ato de dedicação ou entrega a Deus, a uma divindade, religião, crença, culto, rito, ou objetivo.

Todo ser humano tende a realizar sacrifícios conforme suas crenças, sejam elas religiosas ou não, mas tudo aquilo pelo que o homem sacrifica invariavelmente assume o papel de divindade em sua vida.

Alguns sacrificam a outros ou a si próprios pelo trabalho, por dinheiro ou bens, por fama, pelo poder, pela realização pessoal... há quem sacrifique o tempo, objetos, animais, acreditando que obterá algo superior... e há também quem se sacrifique por essas coisas, acreditando ser este sacrifício, em si mesmo, algo superior...

Quando se trata de pessoas ou animais, sacrificar não significa necessariamente matar, mas não exclui essa possibilidade, pois é notório que há não poucos no mundo capazes de matar ou morrer por suas crenças, e considerarem isto um sacrifício digno de recompensa.

Invariavelmente, sacrifício é a entrega de algo que está em poder do menor (nós) para servir àquele ou àquilo que considera-se ser maior (a quem servimos com o sacrifício).

Aqueles que amam às coisas deste mundo sacrificarão por elas recursos, outras pessoas e até a si próprios. Se a meta de alguém é ficar rico a qualquer custo, o seu deus é o dinheiro e em nome da riqueza sacrificará o que tiver à sua volta.

Quando uma pessoa investe em sua carreira profissional em detrimento da família, dos filhos, é como se os estivesse entregando num altar para serem sacrificados como um gesto de adoração à sua própria realização profissional.

Parece duro, mas é real!


Da mesma forma, quando o deus da pessoa é sua família, ela é capaz de mentir, roubar e até matar para protegê-la.

Um atleta profissional certamente se dedica à prática esportiva e por ela sacrifica (dedica, entrega) aspectos de sua vida, convívio familiar, para alcançar resultados superiores.

São palavras duras, mas basta olhar em volta, no noticiário, no factual, para ver a quem e pelo que as pessoas estão sacrificando:
  • Um empresário descobre que está falido, vai para casa e resolve matar toda a família e a si próprio porque não terá mais condições de manter o padrão de vida. A quem este homem dedicava sua vida e por quem sacrificou a si mesmo e sua família?
  • Um atleta morre porque usava esteroides anabolizantes para manter sua boa forma. Quem era maior do que ele, a ponto de custar sua vida?
São histórias reais, dentre tantas outras, que demonstram que todos nós estamos sujeitos a, se não tomarmos cuidado, sacrificarmos aquilo que temos de mais precioso pela crença em coisas de pouco ou nenhum valor.

Conclusão


Mas pelo quê e a quem temos sacrificado? A quê ou a quem estamos dedicando nosso tempo e recursos? Pode-se simplificar o sacrifício assim: se eu amo algo/alguém, dedico a este algo/alguém aquilo que tenho de mais precioso.

Deus provou Seu amor por nós sacrificando Seu próprio Filho, Jesus Cristo. Porém Ele não sacrificou Jesus a nós, mas a Si mesmo, em nosso lugar, porque aquela morte na cruz maldita substituiu a morte eterna que nossos pecados merecem. Por isso que quem crê será salvo e terá vida eterna, porque somente crendo podemos desfrutar do eterno benefício desse sacrifício real.

Enquanto o sacrifício neste mundo consiste em abrir mão de coisas e pessoas para satisfação de nossas crenças, conceitos e valores, o sacrifício pedido por Deus consiste em abrirmos mão de nós mesmos, dos nossos conceitos e valores, para abraçarmos um caminhar com Ele, permeado pelo amor e por conceitos e valores eternos como Ele próprio (Sl 51:15-17; Miqueias 6:6-8).

Precisamos refletir, ter cuidado e vigilância permanente sobre aquilo a que temos dedicado nossas vidas, para não sermos achados idolatrando coisas, pessoas, animais, ideias ou qualquer outra coisa.

Deus não precisa de nada que proceda de nós, pois tudo é dEle. Ele valoriza o que há em nosso coração, aquilo que nos move a sacrificar, a entregar por amor aquilo que temos de melhor.

Que o Senhor nos conceda sabedoria para que nossos sacrifícios nesta vida, acima de tudo, Lhe sejam sempre agradáveis e em linha com Sua boa, perfeita e agradável vontade:
"Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional; e não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que proveis qual é a boa, agradável e perfeita vontade de Deus" (Romanos 12:1,2).
A Deus toda glória.
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade.
E nem 1% religioso.
Apesar da flexibilização no uso da máscara, onde o uso do acessório já não é mais obrigatório nos ambientes abertos em muitas regiões da Federação, o bom senso e a concientização individual, ainda é uma premissa para a segurança e a proteção coletiva.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. Não confunda avanço na vacinação e flexibilização com o fim da pandemia.

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