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quarta-feira, 25 de maio de 2022

PERSONAGENS BÍBLICOS — JOSÉ DE ARIMATEIA: MAIS QUE UM REPRESENTANTE POLÍTICO, UM "APÓSTOLO SECRETO"

Em tempo de eleição o nome de José de Arimateia algumas vezes é lembrado por alguns candidatos e políticos cristãos evangélicos para convencer seus eleitores de que a Igreja necessita de representação política para a sua sobrevivência. Nada mais equivocado!

José de Arimateia era um discípulo de Jesus e membro do Sinédrio, o Supremo Tribunal de Jerusalém para julgar questões do povo judeu de acordo com a Lei de Moisés, que era a Constituição dos judeus. Ele, José de Arimateia, não consentiu na decisão e no procedimento dos outros quanto à condenação de Jesus, sendo, porém, voto vencido. 

Após a morte de Jesus dirigiu-se a Pilatos e pediu o corpo de Jesus para sepultá-lo. Algumas traduções bíblicas chamam a esse Conselho Supremo de "Senado" e, José de Arimateia, senador. A idéia é que José de Arimateia era um crente na política.

O fato de José de Arimateia ter sido uma pessoa de influência na sociedade judaica e membro do mais importante Conselho de Jerusalém, o Sinédrio, e alguém com acesso ao governador Pilatos para intermediar o pedido do corpo de Jesus, para muitos candidatos religiosos, constitui uma indicação de que a Igreja, para ter êxito, precisa também se fazer representar politicamente em todas as esferas e em todos os poderes. Mas, terá sido mesmo essa, a importância da representatividade desse personagem, na história de Jesus? É o que veremos no texto deste artigo.

A história de José de Arimateia


José de Arimateia foi um judeu, "senador", ou seja, membro do Sinédrio (a Suprema Corte dos judeus) e um homem rico da época. Vale lembrar que "Arimateia" não é seu sobrenome, e sim sua cidade de origem. Alguns defendem que essa cidade seria a antiga Ramataim-Zofim, onde Samuel nasceu (1 Sm 1:1,19), entretanto sua localização é incerta.

José de Arimateia é mencionado no Novo Testamento nos quatro Evangelhos. São exatamente essas passagens que nos fornecem detalhes acerca de seu perfil. O Evangelho de Lucas o descreve como um "homem bom e justo" (Lc 23:50), e que, apesar de ser membro do Sinédrio, ele não votou a favor da condenação de Jesus. 

Lucas ainda completa nos dizendo que José de Arimateia era alguém que esperava o Reino de Deus (23:51). Na passagem paralela no Evangelho de Marcos, José de Arimateia é descrito como um "senador honrado" (Mc 15:43).

No Evangelho de Mateus temos a informação acerca de seu poder aquisitivo, sendo descrito como um homem rico e também discípulo de Jesus (Mt 27:56). O Evangelho de João ressalta que José de Arimateia era um 
"discípulo de Jesus, mas ocultamente, por medo dos judeus" (Jo 19:38).

Discípulo secreto


O medo que José de Arimateia sentia, e que o levava a ser um discípulo "secreto"  de Jesus, era semelhante ao de Nicodemus e estava relacionado à possibilidade de que, caso descoberto, os outros membros do Sinédrio o expulsariam do conselho, e até mesmo da sinagoga. Comportamentos semelhantes ao de José podem ser notados em outras passagens bíblicas (Jo 7:13; 9:22; 20:19).

Muitas histórias e lendas são contadas sobre José de Arimateia em relatos extra-bíblicos. Tais relatos contam que José de Arimateia era um grande comerciante que possuía uma frota de navios que faziam exportações entre a Palestina até a Britânia (uma província no centro-sul da atual Grã-Bretanha). Segundo tais relatos, José de Arimateia teria sido preso culpado pelo desaparecimento do corpo de Jesus, sendo abandonado por sua família e tendo seus bens confiscados.

Após treze anos de prisão, ele teria sido solto por Tibério Alexandre (✰10 d.C./✞70 d.C.), governador da Judeia. Em liberdade, José teria conseguido reconstruir sua fortuna e teria investido seus recursos na obra de evangelização. 

Ainda segundo essas lendas, José de Arimateia fundou a primeira congregação cristã na Britânia, ao ser enviado para lá por Filipe da Gália, em 63 d.C. Outra lenda, talvez de 1.200 d.C., conta como José de Arimateia levou para a Inglaterra o Santo Gral.

José de Arimateia e o sepultamento de Jesus


A Bíblia nos informa que, após a morte de Jesus, José de Arimateia foi a Pilatos para pedir o seu corpo a fim de que pudesse sepultá-lo (Mt 27:57,58; Mc 15:43; Lc 23:52; Jo 19:38). O Evangelho de Marcos enfatiza que essa foi uma atitude ousada por parte dele. Talvez essa ousadia esteja relacionada com o fato de que José tinha sido um discípulo oculto de Jesus, e, com tal atitude, seus colegas do Sinédrio ficariam sabendo do ocorrido.

Contexto profético-histórico


Após comprovar que Jesus realmente estava morto (Mc 15:44), Pilatos concedeu a permissão para que José de Arimateia o sepultasse. José, juntamente com outras pessoas, se dirigiram ao Calvário para que pudessem retirar o corpo da cruz.

Na tarefa de preparação do corpo, José contou com o auxilio de outro membro do Sinédrio, Nicodemos, que forneceu as especiarias que serviram para a unção do corpo, enquanto José de Arimateia preparou o linho fino que envolveu o corpo de Jesus, e também providenciou o seu próprio tumulo particular.

Aqui, vale ressaltar que os judeus preparavam seus mortos de maneira diferente dos egípcios. Os judeus enrolavam o linho fino envolta do corpo, como uma bandagem, que espalhava pelo próprio corpo as especiarias, no caso a mistura de mirra e aloés. Já os egípcios, embalsamavam seus mortos removendo o cérebro e as entranhas.

Outro ponto que também merece atenção, é o sepulcro fornecido por José de Arimateia. Sabemos que esse sepulcro era cavado na rocha, e que até então não havia sido usado (Mt 28:57-60), um lugar propício para receber um corpo que não sofreria decomposição (Salmo 16:10). O fato de ter sido cedido por José de Arimateia, nos faz lembrar claramente do que fora dito pelo Profeta Isaías de que
"com o rico esteve em sua morte" (53:9).
Após depositarem o corpo de Jesus no tumulo, uma pedra muito pesada foi usada para lacrá-lo. A entrada do túmulo era bem baixa, como fica evidente na descrição de Maria precisando abaixar-se para olhá-lo por dentro (Jo 20:11).

Representação política?


Entretanto, a Igreja/Corpo de Cristo, de acordo com o Evangelho, não surge a partir de intervenção humana, não procede de carne ou sangue, mas nasce da revelação de Deus no coração do homem, e que tem como resposta a confissão de que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus. 

E contra esta convicção no coração nem as portas do inferno, com sua espada degolante, podem prevalecer contra essa Igreja, que não é formada de tijolo, de madeira, de CNPJ, mas de pessoas cujos corações não conseguem mais negar o senhorio de Cristo ainda que sob a ameaça da espada da morte. 

Só isto já seria o suficiente para demonstrar que a Igreja de Jesus, não a Instituição chamada "igreja", não necessita de representação político-partidária, pois seu representante é Cristo. Cristo é o Cabeça (representante) da Igreja. A Igreja é dEle e Ele mesmo a edifica e a defende (Mt 16:18b).

Outra razão é que Jesus nunca precisou de uma bancada cristã dentro do Sinédrio para defendê-lO. No dia em que foi preso, Jesus disse a Pedro, que tentava defendê-lO com uma espada: 
"Basta, Pedro! Você acha que eu não poderia pedir a meu Pai, e ele não colocaria imediatamente à minha disposição, não uma legião de Josés de Arimateias, nem uma legião de representantes no Sinédrio para me defender, mas legiões de anjos (Mt 26:52,53)?"
Mas, suponhamos que na época de Jesus, o Sinédrio possuísse uma bancada evangélica para representar Jesus — pois já sabemos que o voto do discípulo José de Arimateia (e talvez também o de Nicodemos), o qual votou contra a condenação de Jesus, foi voto vencido —, então eles teriam conseguido impedir que Jesus fosse condenado. 

Contudo, ainda assim, não teriam resolvido o problema. Pelo contrário, teriam arrumado um problema ainda maior, pois agora estariam lutando contra os desígnios do próprio Deus, que propunha na morte de Cristo a nossa redenção, sendo, portanto, Sua morte, necessária. 

Neste caso a bancada, sem conhecimento do eterno propósito de Deus estabelecido em Cristo e na Sua morte, estaria prestando um desserviço ao reino de Deus. Jesus lhes diria: 
"Eu vim para esta hora" (Jo 12:27). 
"Como então se cumpririam as Escrituras que dizem que as coisas deveriam acontecer desta forma (Mt 26:54)?"
Isto não significa que devemos viver alienados politicamente; que, numa sociedade democrática, não devamos participar da vida pública ou nos importar com aqueles que nos representam; não! 

É evidente que o bem da cidade, do Estado e do País é o bem de todos e, o mal da cidade... é o mal de todos (incluindo os cristãos). A sociedade (incluindo os cristãos) precisa de bons representantes, de pessoas honestas e competentes que nos representem. 

Mas isto é para o bem da sociedade, incluindo os cristãos. Já a Igreja, Corpo de Cristo, nasce e se mantém unicamente pela fé em Jesus, e isto "com" ou "sem" perseguição, "com" ou "sem" representação política.

Conclusão

Onde ficava o tumulo de Jesus cedido por José de Arimateia?


Apesar de muita especulação acerca da localização do sepulcro fornecido por José de Arimateia, nada se sabe de concreto. Na verdade, essa dificuldade ocorre pelo fato de que também não se sabe onde exatamente ficava o Calvário. Tudo o que sabemos é que o sepulcro fica nas proximidades do Calvário.

Atualmente em Jerusalém, alguns pontos turísticos são identificados como sendo os locais originais descritos nos relatos bíblicos, entretanto nada pode ser comprovado com exatidão. Muitos estudiosos defendem que a localização original do tumulo em que Jesus foi sepultado é impossível de ser determinada.

Creio que é melhor assim, pois se o local fosse conhecido com exatidão não consigo imaginar tamanha honra que lhe seria atribuído. Para nós, o importante não deve ser a localização, mas a certeza de que Ele não está mais lá.

Por fim, a instituição igreja pode vir a fechar as portas — e em alguns casos seria até bom que fechasse mesmo as portas para o bem do Evangelho, como clama o profeta Malaquias: 
"Ah, se um de vocês fechasse as portas do templo! Assim ao menos não acenderiam o fogo do meu altar inutilmente. Não tenho prazer em vocês, diz o Senhor dos Exércitos, e não aceitarei as suas ofertas" (1:10) —, 
mas a Igreja/Corpo-de-Cristo jamais deixará de existir.

[Fonte: Estilo Adoração, por Daniel Canegero; Blog do Hiel Levy, por Ismar Sahdo é funcionário público federal e Professor de Geografia pela Seduc]

A Deus toda glória.
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