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segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

DEPRESSÃO: FIQUE ATENTO, EU, VOCÊ... NENHUM DE NÓS ESTÁ IMUNE À ELA!

"Cristão não fica deprimido!"
Infelizmente, essa irresponsável frase de efeito, ainda que as evidências dos fatos provem o contrário, continua sendo vociferada de púlpito pelos pregadores da teologia da confissão positiva e seus coaches, em suas pregações que mais parecem mesmo palestras motivacionais, com muita técnica energizadora, cujo objetivo é mexer com as emoções, mas que, espiritualmente, não passam de placebos (Um placebo é um medicamento, substância ou qualquer outro tipo de tratamento que se parece com um tratamento normal, mas que não possui efeito ativo.).

O suicídio do pastor e músico André Paganelli, encontrado morto aos 49 anos, na madrugada de quinta-feira, 19, voltou a chamar minha atenção para esse tema que ainda precisa ser sim debatido nos círculos cristãos.

Quem era André Paganelli


O músico cristão André Paganelli era casado e pai de um garoto, considerado um dos melhores saxofonistas do Brasil.  Paganelli lutava contra uma depressão severa. 

Nas redes sociais, amigos e familiares compartilharam diversas homenagens ao músico.

André Paganelli chegou a receber várias indicações e prêmios por seus trabalhos, como o Troféu Talento e o Grammy Latino.

Ele também foi um dos membros votantes do Grammy Latino, da Ordem dos Músicos do Brasil e da Associação Brasileira de Regentes Arranjadores e Músicos.

Paganelli foi autor do livro "Verdadeiros Adoradores", um material dedicado a pastores, líderes, músicos e adoradores em geral.

André teria enviado mensagem para um amigo, pouco
antes de ser encontrado morto. Foto: Reprodução/Facebook.
Além de músico, Paganelli chegou a ser pastor da Igreja Batista, formando-se em Teologia pelo Seminário Bíblico Palavra da Vida (Atibaia, SP) e fez mestrado em Teologia com ênfase em Escatologia pela Cohen University & Theological Seminary (Los Angeles, CA, EUA).

Seu sucesso como músico alcançou diversos países, incluindo Estados Unidos, Suíça, Inglaterra, Portugal, Itália, Espanha, França e Israel.

Ou seja, com um currículo desses, alguém poderia imaginar que André Paganelli sofresse de depressão, ao ponto de chegar ao extremo de tirar sua vida?

Tirando o tema de debaixo do tapete da omissão religiosa


Para um pastor, o combate à depressão pode ser uma das experiências mais duras da vida. Em certo sentido, o ministro foi chamado para ser um "colaborador da alegria" dos membros da igreja de Cristo (cf. 2 Coríntios 1:24 e Filipenses 1:25). Como ele pode fazer isso se sua tristeza é persistente? 

A situação fica mais séria ainda quando se observa que somente quando feito com alegria é que o trabalho dos líderes é proveitoso ao rebanho (cf. Hebreus 13:17). Todavia, o episódio de Jesus no Getsêmani (Mateus 26:36-46) é extremamente benéfico a esse respeito, pois descreve Jesus sofrendo angústia e abatimento de alma. 

O pastor que luta contra depressão pode extrair dali princípios seguros para sustentá-lo e ajudá-lo a dar o próximo passo, seguindo o exemplo do Redentor. Dessa forma, qualquer líder aflito pela dor da alma angustiada poderá confessar que, ainda que abatido, nunca será derrotado.

O que pode causar depressão?


A verdade é que, de acordo com os especialistas, não é possível destacar uma causa específica ou isolada para a depressão, mas, sim um conjunto de vários fatores podem desencadear a doença.

Por exemplo, é natural que emoções e lembranças sejam despertadas todo início de um ano, pois as pessoas estão mais reflexivas neste período e, por isso, fazem um balanço do que aconteceu e traçam novos projetos, mas, para as pessoas que sofrem de depressão, este período as deixa mais vulneráveis a crises.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 350 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de depressão e até 2030 esta doença será a mais frequente em todo o planeta. 

Se considerarmos que esse transtorno gera sofrimento não apenas à pessoa que está deprimida, mas também a toda a sua família, o número de impactados pela doença é ainda maior. 

De um lado há uma pessoa que sofre sem saber expressar como se sente e, do outro, há alguém que a ama e não consegue entender o que ela está passando. A depressão pode ser desencadeada quando a pessoa vive um gatilho emocional, como uma perda importante.

Uma imagem negativa em relação si mesma é outra característica comum em pessoas com depressão. Em adolescentes, muitas vezes, os sintomas podem ser confundidos com aspectos próprios dessa fase da vida.

Falando por mim


Sinceramente, eu tinha muito medo desse mal; era a única doença que me assustava, mas como sou cristão pensava estar imune a ela. Foi quando começaram a surgir notícias de pastores e líderes religiosos cometendo suicídio em consequência da depressão. 

E, sim, já tive (decerto, ainda terei...) episódios de depressão em minha trajetória cristã e não tenho nenhuma vergonha em assumir isso, pois, já ficou claro para mim sobre todas as debilidades e limitações às quais ainda me são inerentes, enquanto eu estiver vivendo nesse corpo corruptível.  

Então descobri que nós, cristãos, podemos sim ter depressão, pois estamos diariamente absorvendo e tentando resolver os problemas dos outros, gerando uma carga muitas vezes maior do que podemos carregar. Mas temos exemplos na Bíblia de pessoas que possivelmente enfrentaram grande depressão e, com a ajuda divina, foram vitoriosas. Vejamos:
  • Rute 1:20,21 – Noemi, sogra de Rute: tamanha era a sua dor que chegou a pedir para que mudassem seu nome para Mara, que significa "amarga". Após perder seu marido e seus dois filhos ela ficou só, pois como não haviam gerado filhos, suas noras não tinham a obrigação de ajudá-la a se manter. Mas Deus operou em sua vida por meio de Rute, curando seu luto e restaurando sua alegria em uma nova família.
  • 1 Reis 19:3,4 – Profeta Elias: este, sem dúvida alguma, é o caso mais conhecido e citado. Em oração a Deus, chegou a pedir para morrer, tamanho era seu medo de Jezabel naquele momento, ou seja, podemos concluir que Elias passava por uma grande depressão. Mas Deus cuidou dele e o fortaleceu, mostrando que ele não estava sozinho e lhe proporcionando um novo companheiro em seu ministério: Eliseu.
  • Jeremias 20:18 – A vida de Jeremias certamente foi extremamente solitária: ele não podia se casar, não podia frequentar as festas e só profetizava desgraças sobre o povo, sendo assim maltratado e por várias vezes sofrido atentados contra sua vida, chegando ao ponto de desejar nunca ter nascido. Mas Deus sempre cuidou dele e o fortaleceu, dando-lhe coragem para que permanecesse na obra do Senhor e livrando-o do castigo que fora destinado ao povo pecador.

Paulo, o grande "herói da Fé" no Novo Testamento, deprimido? Como assim?


E o que dizer de Paulo? Passou grande parte de seu ministério apostólico escrevendo cartas da prisão, e se não bastasse esse sofrimento, ainda se debatia com as dores do "espinho na carne". 

Mas veja o que ele diz em 2 Co 4:8-14: resumindo o contexto – mesmo em meio a tantas dores, perseguições e sofrimentos, mantinha sua fé em Cristo e na ressurreição. Deus o fortalecia sempre lhe enviando amigos na fé com notícias que lhe mostravam o fruto do seu árduo trabalho.  Sobre isso, uma fala de Paulo é bem reveladora:
"Grande é a ousadia da minha fala para convosco, e grande a minha jactância a respeito de vós; estou cheio de consolação; transbordo de gozo em todas as nossas tribulações. 
Porque, mesmo quando chegamos à Macedônia, a nossa carne não teve repouso algum; antes em tudo fomos atribulados: por fora combates, temores por dentro. Mas Deus, que consola os abatidos, nos consolou com a vinda de Tito" (7:4-6 – grifo acrescentado).
Ou seja, aqui, não houve nenhuma espiritualização por parte do Apóstolo. Ele externou seu abatimento e deixou bem claro que a presença do amigo Tito e discípulo, com sua alegria e palavras certas, foram a forma como Deus o livrou de suas aflições internas. Houve a necessidade de algum "culto de libertação" ou de alguma "oração forte"? Não!

O próprio Jesus nos alertou que passaríamos por aflições (João 16:33), ou seja, não estamos imunes à tristeza, a dores, angústias e a tudo que pode nos levar a uma depressão. 

Mas em Cristo temos a solução: Ele é nosso consolador, capaz de restaurar nossa alegria e vontade de viver (Isaías 61:1-3), e tudo começa por uma renovação de nossa mente (Romanos 12:2). 

Por vezes, haverá sintomas que necessitarão de cuidados profissionais; neste caso, não tenha receio de procurar ajuda. Deus lhe guiará para mãos que serão usadas para lhe trazer alívio e cura.

Conclusão


Afirmar que um personagem bíblico experimentou depressão seria anacronismo, pois o conceito contemporâneo de depressão não pertencia à época das Escrituras. Nesse sentido, é seguro afirmar que a Bíblia não fala sobre esse assunto. 

O que as Escrituras fazem, porém, é descrever a tristeza e angústia de alma humana por meio de vários outros termos, ou seja: abatimento (Salmo 42:5, 6,11; 44:25 e 57:6), aflição (Sl 38:8 e 88:15), angústia (Is 61:3 e Jo 12:27), tristeza profunda (Mt 26:38) e muitas outras. 

Consequentemente, é possível extrair lições e princípios inspirados para a luta contra a depressão a partir da observação de como os personagens bíblicos lidaram com suas persistentes sensações de tristeza e perda de interesse pela vida, principalmente para os pastores que lutam contra esse mal.

De fato, a depressão é uma dor tão complexa que não se encontra tratamento ou medicina fácil para ela. Muitas pessoas, talvez por não compreenderem ou por desejarem uma "cura rápida", acabam apresentando inúmeras "receitas" ou "lista do que deve ser feito ou evitado". 

No entanto, nada melhor do que o modelo de como Jesus lutou contra o abatimento de sua alma para ajudar seus discípulos que no presente lutam contra a depressão. Até nessa esfera Ele nos deixou exemplo para seguirmos os seus passos (cf. 1 Pedro 2:21). 

Todavia, devemos lembrar que Cristo não é apenas nosso modelo, mas nosso Redentor, Aquele que sofreu e triunfou para que pudéssemos ter livre acesso ao Pai por meio dEle. 

Em nossa angústia, podemos recorrer a Ele, pois, naquilo que Ele mesmo sofreu, é poderoso para socorrer os que são tentados (cf. Hb 2:18). Que o Senhor nos ajude na caminhada com Jesus em um mundo caído, mas aguardando o retorno do Supremo Pastor. E é válido voltar a enfatizar: não hesite em procurar ajuda médica e/ou psicológica quando ela se fizer necessária.
Escrevi mais artigos abordando este tema nos links que se seguem
[Fonte: Faculdade Batista Pioneira, por Jacson Peno]

A Deus toda glória.
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E nem 1% religioso.
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. A pandemia não passou, a guerra não acabou.

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