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segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

CANÇÕES ETERNAS CANÇÕES — "TENTE OUTRA VEZ", RAUL SEIXAS

"Acaso pode sair água doce e água amarga da mesma fonte? Meus irmãos, pode uma figueira produzir azeitonas ou uma videira, figos? Da mesma forma, uma fonte de água salgada não pode produzir água doce" (Tiago 3:11,12, NVI).
Essa canção da autoria de Raul Seixas em parceria  com o escritor Paulo Coelho e Marcelo Motta, é uma das mais conhecidas do repertório do cantor baiano. Inclusive no círculo evangélico, essa música também faz sucesso, já tendo sido cantada por um dos nomes mais conhecidos da música gospel, o grupo Voz da Verdade, em uma perfomance bastante questionável e de gosto bem duvidoso, diga-se de passagem. Há também muitos evangélicos que consideram essa música "um hino". Antes de fazer uma análise da letra dessa música, acho interessante conhecer a história de seu intérprete.

Quem foi Raul Seixas?


Raul Santos Seixas (✩ Salvador, 28 de junho de 1945 / ✞ São Paulo, 21 de agosto de 1989) foi um cantor, compositor, produtor e multi-instrumentista brasileiro, frequentemente considerado um dos pioneiros do rock brasileiro. Também foi produtor musical da gravadora CBS, durante sua estada na cidade do Rio de Janeiro, por vezes, é chamado de Pai do Rock Brasileiro e Maluco Beleza. Sua obra musical é composta por dezessete discos lançados durante 26 anos de carreira. É dele a famosa frase:
"O diabo é o pai do rock."
Seu estilo musical é tradicionalmente classificado como rock e baião, e de fato conseguiu unir ambos os gêneros em músicas como 'Let me Sing, Let me Sing'. 

Seu álbum de estreia, "Raulzito e os Panteras" (1968) foi produzido quando integrava o grupo Raulzito e os Panteras, mas só ganhou notoriedade crítica e de público com músicas como 'Ouro de Tolo', 'Mosca na Sopa' e 'Metamorfose Ambulante', do álbum "Krig-ha, Bandolo", de 1973. 

Raul Seixas tinha um estilo musical que era chamado de "contestador e místico". Isso se deve aos ideais que defendia, como a Sociedade Alternativa apresentada no álbum "Gita", lançado em 1974, influenciado por figuras como o satanista britânico Aleister Crowley (1875/1947), autodenominado "A Grande Besta 666".

Cético e agnóstico, Raul se interessava por filosofia (principalmente metafísica e ontologia), psicologia, história, literatura e latim. Algumas ideias dessas correntes foram muito aproveitadas em sua obra, que possuía uma recepção boa ou de curiosidade por conta disso.

Ele conseguiu gozar de uma audiência relativamente alta durante sua vida. Nos anos 80, continuou produzindo álbuns que venderam bem, como "Abre-te Sésamo" (1980), "Raul Seixas" (1983), "Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum!" (1987) e "A Panela do Diabo" (1989), esse último em parceria com o também baiano e amigo Marcelo Nova.

Em outubro de 2008, a revista Rolling Stone promoveu a Lista dos Cem Maiores Artistas da Música Brasileira, cujo resultado colocou Raul Seixas na 19.ª posição, superando nomes como Milton Nascimento, Maria Bethânia, Heitor Villa-Lobos (1887/1959) e outros.

No ano anterior, a mesma revista promoveu a Lista dos Cem Maiores Discos da Música Brasileira, onde dois de seus álbuns apareceram: "Krig-ha, Bandolo!", na 12.ª posição e "Novo Aeon" — de onde 'Tente Outra Vez' é faixa —, na 53.ª posição.

Há exatamente 31 anos Raul Seixas morria de forma precoce, vítima de parada cardíaca, em São Paulo, cerca de dois meses após completar 44 anos. Ele sofria de alcoolismo, diabetes e outros problemas de saúde. Foi encontrado morto em sua cama. 

Agora sim, vamos fazer uma análise da canção.

'Tente Outra Vez' 

Raul Seixas, Paulo Coelho e Marcelo Motta 


Veja!
Não diga que a canção
Está perdida
Tenha fé em Deus
Tenha fé na vida
Tente outra vez!

Beba! (Beba!)
Pois a água viva
Ainda tá na fonte
(Tente outra vez!)
Você tem dois pés
Para cruzar a ponte
Nada acabou!
Não! Não! Não!

Oh! Oh! Oh! Oh!
Tente!
Levante sua mão sedenta
E recomece a andar
Não pense
Que a cabeça aguenta
Se você parar
Não! Não! Não!
Não! Não! Não!

Há uma voz que canta
Uma voz que dança
Uma voz que gira
(Gira!)
Bailando no ar
Uh! Uh! Uh!

Queira! (Queira!)
Basta ser sincero
E desejar profundo
Você será capaz
De sacudir o mundo
Vai! Tente outra vez!
Humrum!

Tente! (Tente!)
E não diga
Que a vitória está perdida
Se é de batalhas
Que se vive a vida
Han! Tente outra vez!

Análise da letra


Raul Seixas, apesar de ser apontado como louco, conseguia fazer com que nas letras de suas músicas, passar para muitos mensagens positivas e tem até quem considere algumas de suas canções como "proféticas" e "apocaliptícas", a exemplo de 'O Dia em Que a Terra Parou', considerada por muitos, uma "mensagem profética" referente aos dias atuais.

Na canção 'Tente Outra Vez', Seixas "ataca de psicólogo" e anima os desesperados, os deprimidos, os fracassados, a não desistirem, na busca dos seus objetivos.
"Veja / Não diga que a canção está perdida / Tenha fé em Deus tenha fé na vida / Tente outra vez".
De acordo com a letra, não devemos nunca achar que tudo está perdido, imaginar que não vale mais a pena cantar o prazer de viver. A maneira de vencer essa desesperança é colocar nas mãos de Deus a sua vida e acreditar nela, como um sopro divino para cumprir a missão que nos foi determinada na passagem terrena.
"Beba / Pois a água viva ainda está na fonte / Você tem dois pés para cruzar a ponte / Nada acabou, não, não, não".
Os crentes que defendem essa música como um hino, afirmam que a "água viva" sobre a qual Seixas canta, seria Jesus, por causa do que está escrito em João 4:13,14. Só que não mesmo! De acordo com as crenças metafísicas de Raul Seixas, a água viva à qual ele se refere é a sabedoria que a vida nos oferece como aprendizado, é a fonte da nossa existência.

O que importa é a consciência de que temos capacidade de atravessar a ponte, sair de uma situação para outra com a segurança de quem sabe que pode seguir adiante. Temos dois pés, então caminhemos. Eles existem para nos dar a possibilidade de andarmos em frente, nunca pararmos. Afinal de contas nenhum caminho se acaba enquanto tivermos vida. Ou seja, independência total, nada a ver com o princípio da dependência de Deus que as Escrituras Sagradas nos ensina.
"Tente / Levante sua mão sedenta e recomece a andar / Não pense que a cabeça aguenta se você parar / Não, não, não".
Aqui Raul Seixas estaria indicando que devemos orar? É o que afirmam os que sacralizaram a letra, já que o tentar sempre e erguer as mãos aos céus pedindo forças e reiniciar a luta do dia-a-dia, de acordo com eles, sinaliza a prática cristã da oração.

Na hora em que se desiste de algo a cabeça se acomoda e trabalha em seu desfavor, leva à depressão, ao desalento, ao esmorecimento. Portanto, que reaja, que se evite a renúncia de ir em frente, que se recuse a aceitar a passividade como postura na batalha da vida. Realmente, esse tipo de mensagem é praticamente um clichê em muitas músicas gospel e nas mensagens pregadas pelos teólogos da prosperidade e da confissão positiva.
"Há uma voz que canta, / Uma voz que dança, / Uma voz que gira... / Bailando no ar". 
Há quem afirme que Rauzito está se referindo novamente aqui ao Altíssimo. Essa "voz que canta, dança e gira bailando no ar" seria a voz de Deus. Só que não outra vez. De acordo com a filosofia metafísica, somos guiados por uma voz que define a nossa existência. Faz-se necessário saber ouvir e entender essa voz que vem do alto. Ela está no canto da natureza, na dança da dinâmica do cotidiano, girando em torno de cada um de nós sem que a percebamos tão facilmente. Está no ar. É a voz de um deus, não especificamente a voz de Deus.
"Queira / Basta ser sincero e desejar profundo / Você será capaz de sacudir o mundo, vai / Tente outra vez".
De acordo com o contexto da composição, o querer é poder. Confiar em si mesmo, na capacidade própria de fazer as coisas acontecerem. A vontade, a persistência e a perseverança, vencerão obstáculos. Jamais abandonar qualquer sonho, qualquer ideal, qualquer projeto, porque no primeiro instante não deu certo. Porque não tentar outra vez? Bonito, né? Incentivador, essencialmente antibíblico, já que a Palavra de Deus nos orienta justamente o contrário, veja em Jeremias 17:5-10.
"Tente / E não diga que a vitória está perdida / Se é de batalhas que se vive a vida / Tente outra vez".
Mais uma mensagem positiva e que sim, também é facilmente encontrada nas letras de muitas músicas gospel. Afinal, é fato que não existem derrotas antes da batalha. Nossa vida é uma constante luta. Nem sempre somos vitoriosos. No entanto, os insucessos devem servir como estímulo a tentar novamente, renovar forças, redirecionar os caminhos que levarão ao êxito. Quem de nós nunca ouviu e/ou nunca disse algo assim em nossas ministrações?

Como identificar uma música sacra?


Há diferentes opiniões a respeito do que seja música sacra. Tradicionalmente entende-se por música que não lembra a "música do mundo" (secular) e que desperta sentimentos de espiritualidade, santidade e adoração a Deus. Deve ser lembrado que uma música não se torna sacra simplesmente porque é composta para ser tocada na igreja, e nem só porque é tocada na igreja. Convém ainda saber, que toda a música sacra é religiosa, mas nem toda música religiosa é música sacra.

Uma música não é considerada sacra apenas porque o seu autor é um cristão, a sua letra fala de Cristo, ou porque pertence ao repertório de alguma Religião. Ela deve ser santa em si mesma, em sua inspiração, em sua origem, em sua essência porque música sacra, é música santa.

Principais Características da Música Sacra:

  1. Promove uma correta visão de Deus, de Sua justiça e de Seu amor.
  2. Sua letra deve comunicar uma mensagem bíblica doutrinária, de gratidão, e/ou de louvor ao Nome do nosso Criador.
  3. Não desperta sentimentos humanos do passado ou do presente, vividos em experiências alheias aos propósitos da Salvação.
  4. Impulsiona a viver por Cristo e para Cristo.
  5. Não lembra a música secular em quaisquer de suas formas.
  6. A letra deve ser uma oração, e por conta disso, todo o seu conteúdo deve ser bem claro para merecer um AMÉM no final.
  7. Os elementos musicais são submissos aos elementos espirituais em toda sua composição.
  8. Sua forma musical deve comunicar espiritualidade em linha com os princípios divinos.
  9. Desenvolve no pecador, uma correta visão de si mesmo e do seu estado pecaminoso.
  10. Conscientiza o pecador da importância do sacrifício na cruz em seu favor, e desenvolve a sua fé.
  11. Desperta e desenvolve os sentimentos espirituais que motivam a reverência e a adoração ao Criador.
  12. A música deverá não ter nenhum outro alvo ou objetivo senão a glória de Deus.

Conclusão


Bem, eu não gosto dessa canção. Acho ela extremamente chata. Mas, então porque ela está aqui? É por que ela é um clássico, isso não se discute, tanto que já foi gravada por diversos outros artistas como:
Fábio Jr., Chitãozinho & Xororó (estes, inclusive, dizem que a música foi uma inspiração para que eles não desistissem de tentar o sucesso no início de suas carreiras), Zezé di Camargo & Luciano, Nenhum de Nós e muitos outros. 

E, como vimos acima, o fato de em sua letra ter a palavra "Deus" e muitas mensagens que levamos aos púlpitos, não a torna uma música sacra — mesmo porque, devido ao ceticismo, à ideologia ocultista de Raul Seixas e a cultura esotérica do "bruxo" Paulo Coelho, esse "deus" descrito na letra pode ser qualquer um, menos o da Bíblia — e, certamente, seus autores jamais tiveram a intensão que ela fosse uma música sacra. 

Portanto, essa música pode até funcionar como um "placebo espiritual", ou seja, um "hino" sim, mas, de autoajuda e absolutamente nada mais do que isso. Eu vou dar meu carimbo, claro. Pela origem, pelo contexto, pela inspiração e pela essência:
A Deus toda glória. 
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade. 
E nem 1% religioso. 
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. A pandemia não passou, a guerra não acabou.

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