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quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

ACONTECIMENTOS — O CASO FAMÍLIA PESSEGHINI

A imagem feliz da Família Pesseghini
O que levaria uma tradiocional família paulistana, militar, de classe média e aparentemente feliz ser dizimada em uma chacina? E, pior, como imaginar que um garoto de apenas 13 anos pudesse ser o autor suicida dessa chacina? Não, não estou falando sobre o roteiro de uma das séries de suspense policial da Netflix. O caso com contornos chocantes e até hoje obscuros, é real.

Em 2013, uma família foi assassinada em sua casa. O casal de policiais, Luis e Andreia, a mãe de Andreia, Benedita, e sua irmã, Bernardete, foram mortos a tiros. O último membro da família que morreu foi Marcelo, de 13 anos, filho do casal, foi considerado pela justiça como o autor dos crimes. Manipulações, ameaças, interesses e panos quentes. Sete anos após os assassinatos, a chacina que ficou conhecida como o Caso Família Pesseghini permanece repleto de perguntas sem respostas.

O assustador cenário do crime


05 de agosto de 2013, São Paulo, Bairro Brasilândia, no interior da residência de um casal de militares, uma cena de horror:
  • O pai Luís Marcelo Pesseghini — sargento da ROTA/SP —, foi morto com um tiro atrás da orelha esquerda, mas a arma não foi encostada em sua cabeça. Luís demorou um pouco para morrer, segundo laudo.
                                                                                                              Luis Marcelo ao lado de seu filho, Marcelinho
  • A mãe, Andréia Regina Bovo Pesseghini — cabo da 1ª Cia. do 18º BPMSP, com base na Freguesia do Ó —, levou um tiro na nuca que veio de cima para baixo pois estava ajoelhada em frente à cama. Ela morreu na hora.
  • A avó do menino, Benedita de Oliveira Bovo, levou um tiro à queima roupa na boca. Ela também agonizou antes de morrer.
                      Andreia ao lado de seu filho
  • A tia-avó, Bernadete Oliveira da Silva, morreu com dois tiros. O primeiro atingiu o rosto, um pouco acima do maxilar. O disparo foi feito a uma distância entre 50 e 75 centímetros. O segundo acertou a região entre o nariz e a boca. Ela também agonizou antes de morrer.

As investigações

e as especulações


                    Imagem de Marcelo Pesseghini indo a escola
Após a investigação da polícia, foi descoberto que depois dos pais de Marcelo morrerem, o garoto, pela manhã, foi até sua escola utilizando o carro dos falecidos pais.

O veículo foi deixado na rua e o menino caminhou sozinho até a escola, onde assistiu a aula normalmente.

No fim da aula, Marcelo foi deixado na porta de casa, pelo pai de um colega que o ofereceu carona. Um amigo dele disse que ele pretendia ser um policial como o pai, mas ultimamente tinha apresentado um "comportamento estranho".

Outro garoto disse que Marcelo tinha planos de matar os pais e depois fugir no carro da família. O colega afirmou também que Marcelo pretendia ser "matador de aluguel". Os tiros não foram ouvidos pelos vizinhos. Não havia sinais de resistência das vítimas nos aposentos.
  • Assim que Marcelo chegou em casa, ele, supostamente, atirou na própria cabeça. A bala entrou do lado esquerdo e saiu do lado direito, pouco acima da orelha. A arma estava encostada na cabeça e ele morreu na hora.
                                                                       Marcelo Eduardo Bovo Pesseghini

As controvérsias

Marcelinho, assassino ou vítima de uma trama macabra?


Em sua mochila foi encontrada outra arma de fogo, que pertencia ao avô, e uma faca. Marcelo teria sido o autor e depois se suicidou? Para que esta hipótese seja verdadeira — e pode ser — vários fatos teriam que ter ocorrido.

Duas semanas antes das mortes, no dia 5, na residência da família na Brasilândia, zona norte de São Paulo, Marcelo teria apontado a arma do pai para parentes e tentado ir à escola vestindo uma touca ninja. Um dos amigos do único suspeito pelo crime chorou no depoimento.

Amigos disseram que ele criou no colégio um grupo chamado "Os Mercenários", que defendia os assassinatos dos pais e de pessoas importantes, baseado em jogos de violência. Desde o início das investigações, essa foi a primeira vez que alguém revelou as palavras de Marcelo.

Um dos amigos disse que se arrependeu de não ter feito nada para evitar o "possível suicídio" de Marcelo. Um dos alunos afirmou que ele o perguntou: 
"Se eu morrer, você vai sentir minha falta?"

Pontos obscuros

Marcelinho e os pais se divertindo em um parque aquático
Marcelo teria que se assegurar que todos estariam dormindo e também que o primeiro tiro não despertaria ninguém em casa. Seus pais eram policiais treinados e depois do primeiro tiro, os demais acordariam.
  • Teria a família Pesseghini tomado veneno ou tranquilizantes para que todos estivessem dormindo no mesmo instante para não acordarem com o barulho?
Depois de matar a família, seria fácil sair de casa e consumar o plano, mas contrariamente, ele foi para a escola, e pode ter voltado para casa para realmente se matar. Um tiro de uma .40 causa um estrago no cérebro, impulsionando-o para o lado do sentido do movimento da bala.

Peritos atestam que se ele o fizesse estando sentado ou em pé, o corpo não ficaria "arrumado". O braço esquerdo estaria afastado do corpo e torcido. A arma seria impelida pelo tranco numa direção e a cabeça na direção contraria. Assim, as vítimas teriam sido mortas por terceiros, o que exclui Marcelo como autor.

Nessa hipótese, e como os vizinhos não ouviram os tiros, também não devem ter escutado qualquer veículo nas imediações, e mesmo por volta das seis ou sete da manhã, o carro dos pais de Marcelo não pareceria estranho ao dirigir-se à escola. No caso, alguém poderia estar dirigindo.

O menino, segundo familiares, queria ser policial, em oposição aos comentários que teria feito com o seu amigo de escola, segundo o qual, queria matar os pais e ser um matador de aluguel.

Talvez por vingança, ou queima de arquivo, algum criminoso ou até um policial poderia ter entrado na casa e atirado com abafadores de som (podendo ter sido mais de um). Isso explicaria porque os vizinhos não ouviram os tiros.

É possível que Marcelo tenha aberto a porta. Só há uma vítima que estava acordada: a mãe de Marcelo, Andreia, que morreu de joelhos em frente à cama. Ela pode ter sido a primeira a ser atingida, por estar acordada.

Isso explicaria a hipótese de todas as demais vítimas estarem dormindo, não dopadas. Tiros certeiros (como devem ter sido a julgar pela posição arrumada do corpo de Marcelo) denotam que o autor é um exímio atirador, coisa que o Marcelo, aparentemente, não era.

Para confundir as investigações, mandam Marcelo à escola sob a promessa de que garantiriam sua sobrevivência se o fizesse, mas na volta para casa, atiraram nele, o que explicaria o motivo de Marcelo não apresentar vestígios de pólvora nos dedos.

Explicaria também o porquê Marcelo foi encontrado com a arma na mão esquerda, o colocando como canhoto, contrariamente às afirmações de familiares de que ele era destro.

Ao analisar as fotos da sala em que eles foram encontrados mortos, afirma-se que a posição do corpo dele é compatível com a de um assassinato. Há muita clareza nas posições dos corpos, que mostram que os três foram assassinados. Peritos criminais dizem que "os cadáveres falam"!

Uma coisa que chama bastante atenção na cena de crime: o corpo de Marcelo, em uma das imagens tiradas na cena do crime, estava com roupa. Já em outra, ele está sem as roupas e a posição do corpo foi trocada, o que indica que a cena de crime foi alterada.

Ao fazer os cálculos de corpos com estatura semelhantes à da mãe e do filho, podemos observar que todos foram mortos por outra pessoa. O médico legista questionou porquê a equipe de criminalistas não realizou exame em microscópio para observar resíduos dos tiros na derme e na epiderme do garoto. Foram feitos somente a lavagem das mãos em soro, mas deviam ter retirado pedaços da pele para investigar.

O laudo feito por George Sanguinetti, famoso médico legista, revelou que a mão esquerda de Marcelo apresentou na região palmar, equimoses, contusões resultantes de ação traumática por objeto contuso. Lesões de defesa, indicando que o Marcelo tentou resistir de uma agressão. Ele também tinha lesões no antebraço esquerdo e no punho. 

A motivação


Andreia estava para denunciar um esquema criminoso que envolvia policiais e Marcelo, como suspeito de matar os pais, a avó, a tia-avó e depois se suicidar, teria mudado de comportamento antes dos crimes, de acordo com os depoimentos ouvidos no inquérito.

Andreia Regina Pesseghini Bovo, a mãe de Marcelo, aos 36 anos, havia denunciado policiais criminosos que estariam atuando em roubo de caixas eletrônicos alguns meses antes do crime.

Foi afirmado que poucas pessoas sabiam das denúncias feita por Andreia e a informação não chegou a nenhuma conclusão, mas policiais foram transferidos para o setor administrativo e até para outros batalhões.

Conclusão


Perfil do Marcelo Pesseghini no Facebook
O motivo do crime, de acordo com a polícia, foi uma doença mental que levou Marcelinho a acreditar que era o personagem de um videogame — um laudo psiquiátrico anexado aos autos do processo de investigação indicou que o garoto sofria de uma doença mental, agravada pela influência de jogos violentos. O caso nunca foi oficialmente solucionado e não se sabe o que realmente aconteceu. 

A investigação do caso foi arquivada quando a polícia concluiu que Marcelinho, como era chamado, matou sua família e se suicidou em 5 de agosto de 2013, utilizando o vídeo que o mostra indo para a escola como um dos pontos para acreditarem no assassinato seguido de suicídio.

Em 2017, a advogada da família pediu a reabertura da investigação, afim de fazer com que a polícia procurasse novos suspeitos e provasse a inocência de Marcelo, alegando que o vídeo possuía falhas, como repetição de cenas. Porém, até os dias de hoje, o pedido não foi atendido. Para a investigação, como Marcelinho se matou em seguida, o caso foi encerrado e arquivado sem responsabilizar mais ninguém.

A versão da polícia não convenceu os avós de Marcelinho nem os vizinhos da família. Falhas e omissões durante a investigação colocam em xeque a conclusão da DHPP. Para a advogada, a polícia ignorou várias pistas, como as câmeras de segurança em frente de uma escola infantil que ficava em frente ao colégio de Marcelo. Uma responsável pelo local chegou a admitir que nas imagens aparece um homem ao lado do garoto, mas elas não foram anexadas ao processo.

Há também contradições no depoimento da testemunha que encontrou os corpos, mas estas foram desconsideradas. Além disso, a polícia não investigou se a chacina não estaria relacionada ao fato de que Andréia teria denunciado um esquema de furto de caixas eletrônicos envolvendo policiais militares. O DHPP, no entanto, nega omissão e afirma ter depoimentos e laudos de balística que comprovam ser Marcelo o autor do crime.

O que não ficou esclarecido:

  1. Imagens de câmeras de segurança, incluindo as gravadas por uma escola infantil em frente ao colégio em que Marcelinho estudava, não foram incluídas no inquérito.
  2. Uma página do Facebook em homenagem a memória do sargento Luis Marcelo Pesseghini foi criada às 16h48 do dia 5 de agosto, antes de a família morta ter sido encontrada, após as 18 horas.
  3. De acordo com a polícia, Marcelinho matou a família em dez minutos. O cadáver de Luis Marcelo, porém, estava em adiantado estado de putrefação, diferentemente dos demais.
  4. Ligações e mensagens recebidas no celular de Luis Marcelo antes de o corpo ser encontrado foram totalmente apagadas. A única mensagem que ficou no celular foi enviada pelo irmão de Marcelo após a PM já estar no local.
  5. O sargento Luís Marcelo teria que estar às 5h no Batalhão da ROTA para uma operação. Ele não apareceu e ninguém foi atrás.
  6. Testemunhas afirmam que viram uma moto com dois indivíduos em frente da casa de Luis pulando o muro no dia do crime, mas a situação foi ignorada.
  7. As manchas de sangue encontradas nas paredes são incompatíveis com tiros efetuados por alguém da altura de Marcelinho.
O fato é que, mesmo com o passar do tempo e com o encerramento do caso pela polícia, a opinião pública não foi convencida de que o Caso Família Pesseghini — que além da comoção nacional (com repercussão internacional), virou pauta de estudos acadêmicos em cursos das áreas criminalística e de direito —, tenha sido um familicídio e sim uma brutal chacina executada como queima de arquivo.


A Deus toda glória. 
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade. 
E nem 1% religioso. 
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. A pandemia não passou, a guerra não acabou.

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