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terça-feira, 26 de março de 2019

ESPECIAL — O CRISTÃO E A "MÚSICA SECULAR" — 1

"Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, seja isso o que ocupe o vosso pensamento" (Filipenses 4:8).
Música. Eis um assunto que há tempos gera polêmicas, acaloradas discussões e paradoxais posicionamentos e entendimentos nos círculos cristãos em todas as suas vertentes teológicas e denominacionais. É o típico caso em que cada um "puxa a sardinha para o seu braseiro", ou seja, cada um se posiciona de acordo com suas conveniências pessoais. Assim, dentre o vai-e-vem sobre o tema, podemos identificar três grupos:
  • De um extremo temos os "radicais fundamentalistas" que são taxativos em afirmar sem delongas que "crente não pode ouvir música 'do mundo'", este grupo "encontra" respaldo na Bíblia para assim se posicionarem.
  • De outro extremo temos os "liberais contextualizados" que são tão taxativos quanto em afirmar também sem delongas que "crentes podem sim ouvir música 'do mundo'", este grupo também "encontra" respaldo na Bíblia para assim se posicionarem.
E em meio a estes dois extremos, temos o grupo dos que ficam em cima do muro e optam por "não entrar nesse imbróglio". Estes são os que dizem que cada um deve agir de acordo com sua consciência, uma vez que cada um prestará contas a Deus individualmente de seus atos.

Mas, enfim, quem está com a razão? Não tenho a pretensão de dar a palavra final sobre o assunto (não me considero apto para isso), mas vou nesta série de artigos, pegar o que cada um desses três grupos têm de bom e buscar um equilíbrio com o mínimo de razoabilidade bíblica e espiritual para o meu posicionamento.

Para você que irá ler, eu sugiro que leia a série em sequência para que possa entender (e, quiçá, compreender) minha linha de raciocínio e ficar na liberdade do Espírito para fazer suas considerações.

Conceito de secular


Primeiro é preciso que entendamos o conceito de secular. Segundo o dicionário, 1) "secular" é algo relativo a século. 2) que faz ou se cumpre sempre de século a século. Secular é um termo que deriva do vocábulo latino seculāris. A primeira acepção do conceito está relacionada com o estado ou os hábitos do século ou que carece de ordens clericais.

Cabe destacar que a ideia de século pode associar-se à vida civil, em oposição ao contexto religioso. Por isso, diz-se que um religioso é secular quando não reside em clausura. Por extensão, é habitual que se oponha o secular ao religioso. Um homem que decide abandonar o sacerdócio passará do plano da religiosidade a levar uma existência secular. Uma árvore secular, por exemplo, é uma árvore com pelo menos cem anos de idade.

Costuma falar-se de secularização para designar a perda de poder da Igreja Católica ou de outra instituição religiosa num Estado ou numa nação. A independência de um governo relativamente ao poder eclesiástico é um reflexo da sua secularização: as decisões não são tomadas pelos bispos nem por outras autoridades religiosas, mas pelos governantes que dirigem a sociedade civil.

Dá-se o nome de ética secular aos valores baseados na razão, na lógica e noutras faculdades próprias do ser humano ao contrário dos valores que derivam das revelações e dos mandatos de uma divindade.

Também se fala de religião secular relativamente às doutrinas que carecem de elementos espirituais mas que apresentam características parecidas àquelas que têm as religiões.

Música secular e música mundana


Primeiro não podemos confundir música mundana, com música secular. Há distinção semântica, contextual e essencial entre os dois conceitos. E aqui não tenho a intensão de relativizar nada, mas sim de analisar.

Até porque, existem músicas seculares que não são mundanas e músicas gospel que são totalmente mundanas. Mundano é aquilo que é anti-sacro, ou seja, contra o sagrado; quer algo mais mundano do que:
"...quem te viu passar na prova e não te ajudou, quando ver você na bênção vai se arrepender"!?
O problema da religiosidade é que, ouvir Djavan é do diabo, mas cantar hinos vingativos e facciosos é de Deus, ao ponto de gerar efusão e movimento na Igreja.

Eu prefiro: 
"Meu bem querer, é segredo, é sagrado está sacramentado em meu coração..." 
do que 
"Vai lá e pega quem falou da minha vida e avisa que eu estou de pé". 
Sob este entendimento, eu percebo que, a música pode ser sacra e secular ao mesmo tempo. Entretanto, é essencialmente impossível que ela seja sacra e mundana. 

Secular porque está em contexto com o presente século. Estar em contexto, NÃO SIGNIFICA estar em concordância com o sistema, mas sim inserido em seu contexto.

O que Deus diz sobre a música?


Deus criou a música para Seu louvor. Na Bíblia, as celebrações sempre tinham música. Alguns sacerdotes e levitas trabalhavam a tempo inteiro como músicos, para liderar a música na congregação.

A música pode servir para:
As músicas de louvor a Deus na Bíblia eram muito variadas. Algumas eram alegres e mexidas, acompanhadas de dança e gritos, outras sérias e contemplativas, convidando à reflexão.

Instrumentos na Bíblia


Os sacerdotes usavam muitos instrumentos musicais diferentes para a música do templo:
  • Harpa — um instrumento de cordas grande, de som melodioso.
  • Lira — outro instrumento de cordas, parecido com a harpa mas mais pequeno.
  • Trombeta — um instrumento de sopro que fazia sons muito altos, um pouco como uma buzina.
  • Flauta — um instrumento de sopro pequeno, tocado com os dedos.
  • Tamborim — um instrumento de percussão que se toca chacoalhando e batendo com a mão para marcar um ritmo.
  • Címbalos — pratos metálicos usados também para percussão.

A Bíblia fala de música secular?


Não, a Bíblia não fala sobre música secular. As pessoas cantavam sobre os feitos de Saul e Davi nas guerras e na parábola do filho pródigo há uma festa com música. Não há indicação que essas eram músicas de louvor a Deus. A música era parte da vida cotidiana, provavelmente não era tudo música religiosa.

Aliás, muito dos hinos que compõem os conhecidos hinários Harpa Cristã e Cantor Cristão, são, na verdade, músicas folclóricas. E o que dizer do clássico "Parabéns pra Você", que é tranquilamente cantando de púlpito em homenagem aos aniversariantes? 

É música e não é sacra e/ou cristã. Ela é cantada tanto dentro de uma igreja quanto em um templo de religião afrodescendente e até por quem sem diz ateu. É secular (ou seja, da cultura popular), porém não é mundana (ou seja, não se opõe aos princípios divinos).

A música em si é uma coisa boa, criada por Deus, uma vez que o diabo não tem o poder de criação para absolutamente nada (João 1:3; Colossenses 1:16). Na Bíblia Deus não exige nenhum estilo específico de música para O louvar. Ele nos dá espaço para ser criativos e criar música com muitos instrumentos, ritmos e estilos diferentes.

A Deus, o Pai, toda glória!

E nem 1% religioso.

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