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segunda-feira, 30 de outubro de 2017

NOVEMBRO AZUL: APENAS UM TOQUE, UMA CURTIDA POR UMA VIDA


O câncer de próstata ocupa o segundo lugar no ranking de mortes de homens por câncer, perdendo apenas para o de pele. Neste artigo, chamarei a atenção para a importância da prevenção e do diagnóstico precoce da doença, argumentando que o preconceito é um "vilão" a ser combatido nesse cenário.


Os dados


Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) dão conta que o câncer de próstata é o segundo maior causador de mortes de homens, perdendo apenas para o câncer de pele. Podemos afirmar, a partir das informações que temos, que o câncer de próstata é o sexto tipo mais comum no planeta e o que mais atinge os homens, representando aproximadamente 10% do total de cânceres.

No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, surgem todos os anos 50 mil novos casos de câncer de próstata que resultam em 12 mil óbitos. Por incrível que pareça o maior vilão nessa realidade não é a doença em si, mas o preconceito e a desinformação.


O que é


O câncer de próstata é o câncer mais frequente entre os homens, sendo que um em cada 6 homens vai ser acometido por este tumor e, é o segundo tumor que mais mata os homens, perdendo apenas para o câncer de pulmão. O tumor pode surgir com o envelhecimento masculino, normalmente a partir dos 45 anos e a incidência deste câncer vai aumentando com a idade podendo acometer cerca de 70% dos homens após os 80 anos. Segundo o Instituto Nacional do Câncer, estima-se 61.200 casos novos no Brasil (estimava mais recente, para o ano de 2016).

Como fatores de risco, para o desenvolvimento desta doença, podemos citar: história familiar, que é muito importante (pai e/ou irmão com câncer de próstata), raça negra; além destas, a ingestão de alimentos ricos em gordura animal (carne vermelha) e carne assada também podem estar relacionados. Existem alimentos que parecem exercer um fator protetor na gênese do câncer de próstata como exemplo: arroz, milho, feijão, vagem, soja, aspargos, tomate e vitamina E.

Os sintomas


Sem queixas ou sintomas – A doença tem na maioria das vezes um comportamento silencioso, ou seja em quase 90% dos casos, o homem que apresenta câncer de próstata não tem queixas ou sintomas associados a este tumor. O paciente só vai apresentar queixas quando a doença é metastática (disseminada pelo corpo) ou quando ela é localmente avançada (o tumor cresceu envolvendo outras estruturas como a bexiga, uretra e outros), e nestes casos perdemos a chance de curar este paciente.

É importante salientar que sintomas como: levantar a noite para urinar, fazer força para urinar, urinar várias vezes durante o dia e/ou a noite, perder urina (incontinência urinaria), retenção urinaria (não conseguir urinar) estão na imensa maioria das vezes relacionadas à hiperplasia benigna da próstata que é, após os 50 anos de idade, a doença mais comum na próstata, sendo que a mesma deve ser avaliada, diagnosticada e tratada para evitar futuras complicações.

Segundo a SBU, está indicada a avaliação da próstata de todos os homens que apresentam historia familiar de câncer de próstata, a partir dos 45 anos e para os demais homens a partir dos 50 anos, sendo que sempre deve se discutir com estes os prós e os contras, da avaliação, do diagnóstico precoce ou tardio, e dos tratamentos contra o câncer de próstata.

A avaliação é feita através da dosagem do PSA (antígeno prostático especifico) no sangue e do exame físico (toque retal - causa do preconceito e resistência de muitos homens) que é indispensável. Cerca de 30% dos homens que tem câncer de próstata, os níveis de PSA estão dentro de valores considerados normais, e sem o exame físico o diagnóstico deste tumor não seria feito.

A reavaliação da próstata é feita anualmente e em casos de maior risco a cada seis meses. Em homens com mais de 60 anos, e com PSA menor que 1,0, a reavaliação poderia ser feita com intervalos maiores. Aqueles pacientes que foram operados da próstata para doença benigna devem fazer a reavaliação da próstata seguindo os mesmos critérios, como se não tivessem sido operados.

Na suspeita de câncer de próstata, o paciente deve ser submetido à biópsia da próstata guiada pela ultra-sonografia transretal, e em casos específicos, a biopsia é feita por técnica de fusão de imagens e guiada por Ressonância magnética. Uma vez confirmado o diagnóstico de câncer de próstata, o paciente deve ser estadiado (avaliação realizada para identificar se o tumor esta localizado, localmente avançado ou disseminado), para só então determinar o tipo de tratamento que será utilizado e se deve ser tratado.

Tratamento e prevenção


A escolha do tratamento leva em conta muitos parâmetros (idade, doenças associadas, expectativa de vida…), bem como agressividade do tumor. Hoje através de exames, podemos em muitos casos estabelecer como este tumor vai evoluir, e nos casos onde a evolução é lenta e o risco de metástases é baixo, podemos apenas fazer uma "vigilância ativa".

Por isto a importância de se individualizar e discutir, cada caso. Por exemplo um paciente de 80 anos com câncer localizado na próstata não deve mais ser submetido a cirurgia radical, ao passo que o mesmo tumor em um homem de 60 anos, com doença agressiva, já deveria ser tratado por esta técnica.

Existem várias formas para tratar o câncer de próstata, em casos muito específicos, podemos acompanhar este tumor com a "vigilância ativa", mas deve ser bem discutida com o paciente.

Naqueles casos de câncer de próstata mais agressivos, onde doença é localizada, e expectativa de vida maior que 10 anos, a cirurgia: prostatectomia radical (retirada completa do próstata e vesículas seminais) ainda permanece como a melhor opção para tratamento deste paciente. Em alguns casos específicos pode-se usar a radioterapia externa.

Na doença localmente avançada e/ou metastática existem formas paliativas de tratamento, mantendo o paciente com uma boa qualidade de vida.

A melhor forma de prevenir as complicações do câncer de próstata é fazer o diagnóstico precoce e tratá-lo adequadamente. Importante, que sempre, a avaliação e o tratamento sejam individualizados e discutidos com o paciente, respeitando todas as normas técnicas e utilizando medicina baseada em evidências.

A Sociedade Brasileira de Urologia aconselha que os homens com idade superior a 45 anos façam uma vez por ano os exames preventivos, que consistem no toque retal e na coleta de sangue para a dosagem do PSA. Mesmo que possam ser vistos como constrangedores, tais exames não podem ter freio no preconceito, principalmente quando a proteção à vida é que está em jogo.


Sobre a campanha


A campanha "Novembro Azul" foi criada, pela Sociedade Brasileira de Urologia, para conscientizar os homens sobre o câncer de próstata, prevenção e diagnóstico do mesmo, e além disto estabelecer uma ótima relação entre os homens e seus urologistas, estimulando a avaliação completa da saúde masculina.

"Novembro Azul" é uma importante campanha criada em 2003 na Austrália com o objetivo de conscientizar a sociedade e, principalmente, os homens sobre a relevância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de próstata e outras doenças que acometem os homens.

Deve-se incentivar os homens a realizar sua avaliação anual das doenças da próstata, tentando desta forma evitar que pacientes sejam diagnosticados com câncer de próstata em estágios clínicos avançados, o que impossibilitaria formas de tratamento curativo e exporia estes homens aos riscos e complicações da doença disseminada. Sabemos, atualmente, que em fases inicias o tumor de próstata pode ser curado em 90% dos casos.

Conclusão


Se houvesse por parte do Estado e da sociedade a preocupação em atuar efetivamente na prevenção de doenças, certamente os gastos com saúde pública seriam bem menores. Imaginem o impacto desses 50 mil novos casos de câncer de próstata nas finanças das famílias e da saúde pública. Imaginem o tamanho da tristeza causada por essas 12 mil mortes. 

Cuidar da saúde do homem é cuidar da família é cuidar do Brasil. Não temos como ceder a vida ao preconceito, à desinformação. Urge o desenvolvimento de campanhas voltadas a esclarecer a sociedade sobre a importância da profilaxia em relação às doenças masculinas, assim como as femininas, embora seja notório que a mulher é mais cuidadosa e menos preconceituosa no tocante a sua saúde. 
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