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quarta-feira, 4 de outubro de 2017

É BIBLICAMENTE CORRETO TER MEDO DE DEUS?

Quem nunca sentiu medo na vida? Ninguém, né?! Será que o medo é algo bom ou ruim? O que fazer quando esse estado de apreensão é tão elevado a ponto de nos escravizar e limitar a nossa capacidade? 

O tema "medo" é assunto frequente nos mais diversos círculos, desde os de cunho religioso em todas as suas vertentes de crenças, até os profissionais. Coaches no mundo inteiro têm explorado e muito esse assunto em suas palestras motivacionais. Sem a menor pretensão de bater o martelo acerca desse tema (quem sou eu para isso?!), no texto deste artigo vou apenas expor meu posicionamento.

O medo e a fé são opostos que se atraem?


Seria o medo é algo sempre ruim? Acredito que não, vejo o medo como um instinto que Deus nos deu para nossa segurança. É o medo que evita que caminhemos pelo parapeito de um edifício, que entremos na jaula dos leões e que limpemos uma arma carregada — todas, situações potencialmente perigosas. 

O medo pode nos ajudar no dia a dia do trabalho, por exemplo, fazendo que tomemos decisões cautelosas por medo de errar ou seguindo procedimentos seguros de gestão e operação, para que obtenhamos sucessos com menor risco. O medo se torna um problema quando ele nos escraviza. Se nossas decisões são ditadas pelo medo, ele tornou-se um inimigo. 

É o colaborador que não dá uma sugestão ousada em uma reunião com medo do que os colegas vão pensar, é o profissional que deixa de arriscar ideias novas por medo de não darem certo, é o subordinado que não aponta respeitosamente erros do chefe com medo de "se queimar". É o medo de falar em público. Em situações como essas, o medo deixou de ser um aliado e tornou-se um entrave ao melhor desempenho do colaborador, da equipe e da empresa. 

É possível vencer o medo mediante a fé em Deus e naquilo que Ele diz. Se você crê que aquilo que lhe dá medo no ambiente de trabalho pode ser superado a partir de uma atitude de fé e, obviamente, tal atitude está de acordo com a vontade de Deus, vá em frente e faça o que tem de ser feito!

Muitas pessoas possuem tanto receio de cometer erros que jamais avançam, seja na vida pessoal, profissional ou espiritual. Outros, por sentirem um contínuo estado de apreensão, desenvolvem transtornos obsessivos compulsivos, como checar de forma repetitiva e debilitante uma informação várias vezes. Quando alguém chegar a este ponto, procure um psiquiatra para receber um diagnóstico preciso e se submeter a um tratamento psicoanalítico e medicamentoso adequado. Não se engane, não se trata de uma questão de fé.

É possível fortalecer a mente e o coração com o intuito de prepará-los para os momentos em que o medo debilitante os assaltar? Sim. Você só confia em quem conhece. Por isso, a única maneira de superar os medos mediante a confiança inabalável é conhecendo Deus. É preciso ter intimidade com Ele, que só é obtida mediante a prática das disciplinas espirituais, como estudo da Bíblia e oração. Conheça Deus e você confiará nEle. Confie em Deus e seus medos serão vencidos.

A "teologia" do Batman X a teologia de Deus


Há muitas pessoas que são fãs das histórias de super heróis e seus feitos sempre tão corajosos e admiráveis (há os que sonham estar no lugar de algum deles). Quantos já não deliraram com as peripécias dos heróis da Marvel, da Liga da Justiça ou dos estranhos X-Men?

Pois bem, vou usar um dos heróis mais soturnos, mais undergrounds de todos os tempos, o Batman, para fazer uma análise de algo que acontece com frequência no meio evangélico.

A arma mais eficiente de Batman não está guardada no seu uniforme, nem no seu fantástico carro, nem na caverna onde aprimora suas técnicas de luta. Também não é de outro planeta – como presente de um alienígena, nem foi desenvolvida nas modernas indústrias de Bruce Wayne. Veio com muito estudo e planejamento. E sem essa arma Batman não seria o mito que conhecemos.

Ela é tão eficiente que compensa a falta de capacidades extra-humanas. Usada até contra os aliados do herói, é unanimidade entre os roteiristas das histórias do personagem. Basta qualquer um se aproximar do homem-morcego para sofrer os efeitos dela.

A arma mais eficiente de Batman é o medo.


"Criminosos são supersticiosos e covardes; então meu disfarce deve ser capaz de levar terror aos seus corações; eu devo me tornar uma criatura da noite, negra, terrível (…) Eu devo me tornar um morcego."
Essa frase clássica do herói está na sua origem. É assim que Bruce Wayne justifica sua decisão pelo uniforme do homem-morcego. Movendo-se pela escuridão, com habilidade alcançada por um treinamento intenso, Batman surpreende os marginais. Quando os encontra, se ainda estiverem conscientes, não vão conseguir esconder nada. Nem dinheiro, nem drogas, nem a mais sigilosa informação. Não é preciso ser rápido, nem selvagem. 

Frequentemente, o cavaleiro das trevas não diz nada. O medo invade o ambiente assim que sua presença é notada. Tem sido assim desde que ele começou sua jornada, como está registrado na história "Ano Um": 
'O uniforme funciona melhor do que eu esperava; eles ficam estarrecidos e me dão todo o tempo do mundo.'
Parece que Batman fez escola, no cristianismo. Usar essa arma também é uma habilidade que alguns líderes religiosos vêm desenvolvendo, à altura do herói dos quadrinhos. Do alto dos púlpitos, ou no interior de suas células familiares, plantam o medo no coração de seus fiéis.

Encontram terreno fértil, assim como Batman, nos corações supersticiosos e nas mentes pouco informadas. Ao contrário do herói, esses líderes atuam à luz do dia, sem vergonha alguma, pregam a barganha santa. É obedecer, cumprir, seguir, ofertar, cantar – para ganhar, crescer, alcançar, curar. Uma coisa tem sempre relação com a outra. Eis o arsenal que esses ilustres indivíduos trazem em seus cintos:
  • "Não recebeu a benção? Tome cuidado, examine sua vida! Tem aí um pecado não confessado (oculto)!"
  • "Você continua caindo por causa do pecado? Vai brincando com Deus, um dia ele perde a paciência com você!"
  • "Deus está de olho em você, no que você está fazendo, e daí o que vai acontecer?"
  • "O diabo está ao seu redor, no seu trabalho, na sua casa, até aqui nossa igreja!"
  • "Está neglicenciando o dízimo? Os gafanhotos vão comer seu dinheiro! Vai gastar tudo com remédio."
  • "Não vem na igreja para ver futebol? Um dia Deus vai te cobrar isso!"

A tênue mais essencial diferença entre temor e medo


Muitas vezes temos que lidar com palavras que apresentam mais de um significado. Também lidamos com isso na Bíblia, onde vemos uma mesma palavra se referindo a objetos distintos. Isso acontece, por exemplo, com a palavra temor. O livro de Êxodo 20:20 diz: 
"E disse Moisés ao povo: 'Não temais', Deus veio para vos provar, e para que o seu temor esteja diante de vós, afim de que não pequeis'" (grifos meus). 
Parece haver uma contradição nesse versículo: como pode Moisés dizer “não temais” e ao mesmo tempo dizer que o povo temesse a Deus?

Se olharmos mais atentamente, veremos que não há contradição, pois em cada situação nesse versículo a palavra temor é usada para fazer referência a duas posturas diferentes, que se distinguem uma da outra por seus resultados. Chamaremos a primeira de medo, e a segunda de temor. Embora os dicionários apresentem significados comuns para medo e temor, veremos que essas posturas se diferem tanto por seus resultados, como por seus fundamentos. Nesse caso, não é uma questão de semântica, é uma questão de fé.

O temor consiste em ter plena consciência de nossa responsabilidade diante de Deus, de que Ele é justo juiz. É por isso que Pedro nos diz: 
"Se invocais por Pai aquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo a obra de cada um, andai em temor, durante o tempo da vossa peregrinação" (1 Pedro 1:17). 
Já o medo nos faz fugir das responsabilidades, por pensarmos que não vamos atendê-las. O medo também nos leva a nos esconder de Deus. Essa foi a reação do homem após o pecado. Já o temor a Deus nos faz nos aproximar dEle, pois o salmista nos fala:
"a intimidade do Senhor é para os que o temem" (Salmo 25:14, grifo meu). 
O medo nos paralisa, tal como paralisou os espias que não quiseram conquistar a terra que Deus lhes havia prometido. Já o temor nos impulsiona a alcançar aquilo que Deus nos prometeu, pois sabemos que fiel é quem nos fez a promessa. Aliás, essa é a diferença fundamental entre medo e temor, as consequências de um e de outro são resultados de seus fundamentos: quem tem medo é paralisado pela falta de clareza sobre o caráter de Deus. Mas aquele que teme é movido pela clareza de quem Deus é. O medo se baseia na dúvida, e o temor se baseia na fé.

Portanto, estando bem seguros em quem temos crido, andemos em temor durante nossos dias, plenamente conscientes de nossa responsabilidade diante de Deus, e cumprindo a Sua vontade.

Jesus [e o temor] X o medo


O temor a Deus aparece na Bíblia desde o Éden: 
"Respondeu-lhe o homem: 'Ouvi a tua voz no jardim e tive medo, porque estava nu; e escondi-me'" (Gênesis 3:10). 
Pelo Velho Testamento, o Senhor deixou claro que havia motivo para ser respeitado. Alguns, pela falta de temor, sofreram. É verdade, havia motivos para temer a Deus.

Até que Ele resolveu mostrar de que forma gostaria de se relacionar conosco. E o professor, o Mestre, foi o próprio Filho. Porque ninguém sabe mais a respeito de um Pai, que o filho que conviveu com Ele desde sempre.

E o que o Filho nos ensinou é que a nossa relação com Deus não deve ser orientada por medo. Temer ao Criador, como reconhecimento de sua grandeza e justiça, é um dever cristão. Porém, viver como se a mão poderosa de Deus nos aguardasse atrás da porta, pronta a nos esmagar, como se não houvesse solução alguma, é desprezar o sacrifício da cruz. O cristão tem que viver em santidade por amor a Deus, e não pelo medo de sua condenação.

Quando Jesus deu a vida por nós, colocando fim a qualquer intermediação entre o ser humano e o Criador, também nos deu a chance de nos aproximarmos diariamente de uma fonte de perdão e amor.

Se você já foi a uma piscina, em um clube, deve lembrar que em alguns lugares só é possível entrar na água depois de caminhar por um tanque raso, para os pés, ou passar por um ducha, para o corpo. É quando somos lavados do suor e da sujeira, para que isso não contamine a piscina. Essa "teologia do medo" vive de pregar, apenas e enfaticamente, que nossos corpos vão sujar a água. Mas se esquece de defender o lavar maravilhoso que nos é oferecido, para mergulharmos em profundidade na vida.
"No amor não há medo, antes o perfeito amor lança fora o medo; porque o medo envolve castigo; e quem tem medo não está aperfeiçoado no amor" (1 João 4:18, ênfase acrescentada). 
Temos que trocar o medo pelo amor. O medo tem relação com o castigo e a culpa. E a culpa, às vezes, esconde uma frustração pessoal de não se alcançar uma perfeição religiosa.

Conclusão


Será que o nosso Deus - Criador e Pai - não sabe que, enquanto estivermos aqui, jamais seremos perfeitos (1 Coríntios 15:50-58)? Será que nós não sabemos que é impossível alcançar um padrão de santidade, sem nunca errar? Será que o medo nos faz esquecer da benção que é receber o perdão de Deus?

Não temam (ou seja, não tenham medo), creiam somente. Entreguem seu caminho ao Senhor, confiem nEle e o mais Ele fará (Salmo 37:3,5). Não se preocupem com sua própria vida, quanto ao que comer ou beber; nem com seu próprio corpo, quanto ao que vestir. Não é a vida mais importante que a comida, e o corpo mais importante que a roupa? Observem as aves do céu: não semeiam nem colhem nem armazenam em celeiros; contudo, o Pai celestial as alimenta. Não têm vocês muito mais valor do que elas (Mateus 6:26-34)? Seja sábio, vença o medo com o temor.
  • Já escrevi mais sobre esse assunto ➫ aqui e ➫ aqui.
A Deus toda glória.
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