Não. "Ghost..." não é um filme espírita, conforme muitos pensam. Acho até um tanto quanto injusto com essa magnífica obra resumi-la assim. É um clássico dos anos 90 que nos ensina que o amor não acaba mesmo após a morte, e que pode sim até se tornar maior.
"Ghost..." foi sucesso de bilheteria nos USA sendo o que mais arrecadou no ano de 1990. E até hoje é lembrado e adorado pelos os que curtem o gênero romance.
Pode ir pegando o seu lencinho...
"É maravilhoso Molly, o amor verdadeiro levamos conosco."
Um casal apaixonado, começando a vida. Sam Wheat (Patrick Swaize) e Molly (a então desconhecida Demi Moore). A relação dos dois é interrompida quando ele é assassinado, numa aparente tentativa de assalto.
Após a morte, o "fantasma" de Sam não deixa um plano pronto para sua viúva, ele simplesmente volta para terminar as pendências que ainda tinha no plano terreno. Para isso, conta com a ajuda de uma conselheira espiritual, na verdade uma charlatã, que ganhava dinheiro fingindo ser uma médium, chamada Oda Mae Brown (brilhantemente interpretada por uma hilária Whoopi Goldberg).
Inexplicavelmente, Oda pode mesmo ouvir - aliás, os momentos em que ela descobre que agora estava mesmo "conversando com um fantasma de verdade", são alguns dos mais engraçados do filme, o que garantiu à Woopi o merecido Oscar de melhor atriz coadjuvante daquele ano -Sam e, com isso, o ajuda a entrar em contato com Molly, além de descobrir o que havia por trás do seu assassinato.
Merecido sucesso
Demi e Swayze em uma das tantas sequências clássicas do longa |
Patrick Swayze e Demi Moore formam o casal de protagonistas. Ele, então, reencontrando o sucesso. Ela surgindo para a fama. Mas, quem rouba a cena mesmo é a Oda Mae de Whoopi Goldeberg.
A atriz fez um enorme sucesso e, merecidamente, ganhou o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante de 1991. O filme ainda faturou o Oscar de Melhor Roteiro Original, além de ter sido indicado para Melhor Filme.
"Muita gente diz eu te amo, sem querer dizer nada."
O tema amor além da vida - independente de discussões religiosas - já é, por si só, extremamente tocante. Junte-se a isso um bom roteiro, ótimos atores, química entre o casal principal e uma personagem que faz rir e pronto! Está feita a receita do sucesso.
"Ghost..." é um filme que não tem vergonha alguma de ser meloso. O Sam, interpretado por Patrick, é um sujeito que descobre, depois que morre, que é ainda mais irremediavelmente apaixonado pela esposa. Ela sente uma profunda saudade. Mas não é nada extremado. As atuações controladas emprestam um tom de veracidade para a história.
Fora que é realmente incrível imaginar um tipo de amor assim. Algo tão forte que, de alguma forma, consiga ser percebido mesmo na ausência física de uma das partes da relação. O ideal - aliás, a proposta implícita do filme - é que a gente descubra todo o peso (bom) da palavra ainda em vida. Afinal, "a gente não sabe se é realmente permitido virar fantasminha apaixonado por aí".
Quando "Ghost..." foi lançado, eu estava com 23 anos e tinha acabado de sair de um relacionamento que terminou com uma tragédia. A outra pessoa envolvida tinha morrido recentemente em um acidente de automóvel. Já dá para imaginar minha comoção, identificação com a história e uma certa curiosidade juvenil em relação ao "tal do Espiritismo" (eu ainda não havia me tornado evangélico).
Lembro que fui ao cinema e fiquei encantado com a história. Hoje, relembrando a história para compor o texto deste artigo, percebo o quanto a obra envelheceu mal, e perdeu muito de seu lirismo, pelo menos para mim que não acredito em reencarnação e não sou seguidor da doutrina espírita. Ainda assim, continua uma bonita história de amor.
Apenas mais uma história de amor... e outras coisinhas mais
O filme é um melodrama romântico com todos os elementos do gênero. Tem a mocinha em apuros, o herói, o vilão, os aliados de cada um. Tem o alívio cômico, que continua sendo uma das melhores coisas do filme, com a personagem Oda Mae Brown em ótimas performances. Mas, o mais interessante é perceber que esse filme que foi tão propagado e discutido pela doutrina espírita seja uma trajetória tão marcante mesmo para quem sequer tenha tido alguma experiência com essa seita, como, conforme eu disse anteriormente, foi o meu caso. Assistir ao filme em momento algum despertou em mim o interesse de me tornar um espírita. Não saí do campo da curiosidade, muito por causa do momento em que eu estava vivendo.
Claro que seres humanos fazem coisas certas e erradas, ninguém é perfeito e isto independe da fé que o indivíduo professe. Mas, diante de algumas atitudes de Sam, fica uma sensação da velha lei do olho por olho. Ele não apenas quer salvar Molly, ele quer se vingar de Carl (Tony Goldwyn) e Willie (Rick Aviles). E é impressionante como o roteiro, de certa forma, legitima isso, principalmente em sua resolução. São apenas observações filosóficas, no entanto, até porque , repito, o filme não tem fins doutrinários. Apenas quer contar uma história espiritualista.
Mini-Spoiler
Woopi, Swayze e Moore
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E nesse objetivo, o roteiro de Bruce Joel Rubin consegue atingir o seu público. Somos apresentados a Sam e Molly, ao grande amor que sentem, ao desespero da separação pela morte, à urgência de ajudá-la e ao desfecho romântico. É possível criar empatia e acreditar nesse amor. A emoção, no entanto, vista hoje, parece forçada. É possível ver os elementos utilizados para criar a emoção na plateia. Principalmente na excessiva trilha sonora, que se assemelha à estratégia de telenovelas, subindo o tema musical amoroso a cada momento.
Outro problema faz parte da época em que o filme foi feito. Os efeitos especiais são extremamente primários, soando falsos principalmente quando temos os desfechos dos personagens Carl e Willie. Chega a ser risível em momentos que deveriam ser tensos ou emocionantes. De qualquer maneira, o efeito da luz em Sam continua funcionando, e, no geral, a produção foi inteligente em contar a história com poucos recursos comparados ao que temos hoje.
Por outro lado, a parte cômica da trama continua funcionando muito bem. Não apenas pelo talento da atriz Whoopi Goldberg, que está ótima no papel de Oda Mae. Mas, pelo próprio texto ágil e inteligente de suas cenas. As discussões com Sam são hilárias. O jogo da ex-charlatã que descobre poderes sobrenaturais também gera ótimos momentos. A sessão que Sam invade, por exemplo, é extremamente irônica, com a viúva querendo saber onde está a apólice de seguros e todas as pessoas ao redor. Há dinâmica nas cenas.
Conclusão
Outra cena clássica do casal de protagonistas |
Ainda que datada, a trama de "Ghost" fez tanto sucesso na época por lidar com temas universais como amor, vingança, traição, sabendo aproveitar isso com um tema que gera curiosidade natural, independente de religiões, que é a vida após a morte. Como simples ficção ou busca de respostas, o filme se importa simplesmente em contar uma boa história. Isso atrai plateias até hoje. E por isso, ainda é um dos grandes sucessos do cinema.
Curiosidades
Os prêmios
- Ganhou dois prêmios no Oscar nas categorias de Melhor Atriz Coadjuvante e Melhor Roteiro Original.
- Ganhou um prêmio no BAFTA na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante.
- Ganhou um prêmio no Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante.
Sobre o elenco
- Molly Ringwald fez teste para o papel de Molly.
- Meg Ryan recusou o papel de Molly.
- Nicole Kidman também fez teste para o papel de Molly.
- Bruce Willis - que na época era casado com Demi Moore - recusou o papel de Sam porque achou que o filme não teria sucesso (tadinho, deve estar arrependido até hoje).
- Woopy Gooldberg, ao receber o Oscar, o dedicou à Patrick Zwayze.
- Patrick Swayze afirmou que a antológica cena da cerâmica com Demi Moore foi a coisa mais sexy que já tinha feito num filme.
Gerais
- Longa já ganhou adaptações para séries de TV e também para musicais.
- O filme foi exibido pela primeira vez na televisão aberta, na Rede Globo, em Tela Quente – Especial, em 27 de dezembro de 1993. A audiência do longa foi histórica: bateu os 56 pontos e chegou a superar os índices da novela das oito da época que era o produto de maior audiência da emissora. Se eu assisti? É claro que sim!
- O som emitido pelos espíritos das trevas, na verdade, eram gravações de ruídos de bebês em alta rotação.
- Na hora de descrever o que queria com o efeito de Sam passando pelas paredes, o diretor usou o exemplo de um guardanapo sendo imerso em um copo de café.
Unchained Melody
"Clipe" da romântica e maravilhosa canção (mais que merecia ter sido a ganhadora do Oscar) "Unchained Melody" – uma das canções mais gravadas do século XX, com cerca de 500 versões (de Elvis Presley à U2) em vários idiomas –, original de 1965 interpretada pela dupla The Righteous Brothers, mesclado com cenas inesquecíveis do filme. Apesar de em 1990 a música estivesse completando 35 (ela foi composta em 1955), por causa do filme, se tornou uma das músicas mais tocadas naquele ano e ainda hoje, 62 anos depois, mais que vale a pena ver e ouvir de novo.
Ficha Técnica
- "Ghost - Do Outro Lado da Vida"
- Estreia: 01/11/1990
- Gênero: Drama, Fantasia, Mistério, Romance, Suspense
- Duração: 127 min.
- Origem: Estados Unidos
- Direção: Jerry Zucker
- Roteiro: Bruce Joel Rubin
- Distribuidor: Paramount Pictures
- Classificação: 14 anos
- Ano: 1990
- Elenco: Patrick Swayze - Sam Wheat; Demi Moore - Molly Jensen; Whoopi Goldberg - Oda Mae Brown; Armelia McQueen - Irmã de Oda Mae Brown; Gail Boggs - Irmã de Oda Mae Brown; Tony Goldwyn - Carl Bruner Bruce Jarchow - Lyle Furgeson; Martina Degnan - Rosie; Rick Aviles - Willie Lopez; Angelina Estrada - Rosa Santiago; Stanley Lawrence - Homem do Elevador; Christopher J. Keene - Homem do Elevador; Vincent Schiavelli
[Fonte: Adoro Cinema]
A Deus toda glória.
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