Se você como eu, viveu intensamente a década de 1980 (os meus anos dourados), então certamente você não passou imune ao furacão RPM que passou arrastando tudo e todos deixando um rastro de sucesso que marcou eternamente a história do rock nacional. E é do disco nacional ao vivo mais vendido de todos os tempos que vou falar no 31º capítulo da série especial de artigos Discos Que Eu Ouvi.
Lançado em 1986, o segundo disco do RPM vendeu mais de 2,2 milhões de cópias em um ano, fazendo com que a banda se tornasse o maior fenômeno da música brasileira.
Lançado em 1986, o segundo disco do RPM vendeu mais de 2,2 milhões de cópias em um ano, fazendo com que a banda se tornasse o maior fenômeno da música brasileira.
Um furacão em Revoluções Por Minuto
O RPM em seu auge: Paulo Ricardo baixo e vocal (agachado),da direita para a esquerda Fernado Deluqui guitarra, Luiz Schiavon teclados e Paulo P.A Pagni bateria. |
Depois de ter estourado no País com o ‘debut’ “Revoluções Por Minuto”, em 1985, com hits como “Olhar 43” e “Louras Geladas”, que abriu caminho para outros temas do trabalho de estreia da banda também entrarem rapidamente na frequência das rádios (para ser exato, oito das onze faixas do álbum) em que as músicas tratam, em sua essência, de temas como política internacional e transformações socioeconômicas. As canções de Paulo Ricardo e companhia ficaram caracterizadas pela presença marcante da bateria eletrônica e pelos arranjos soturnos do tecladista Luiz Schiavon.
E, por conta do sucesso estrondoso com o primeiro trabalho e, após os primeiros shows de divulgação, o grupo fechou contrato com o megaempresário Manoel Poladian, que estava a procura de um grupo em ascensão no rock brasileiro para colocar em seu cast de artistas platinados de MPB.
A parceria com Poladian permitiu que o RPM trocasse os palcos das danceterias por uma megaprodução, que contou com Ney Matogrosso (o próprio) assinando luz e direção, com presença de canhões de raio laser. Enfim, a banda e o seu empresário aliaram o sucesso dos hits nas paradas e a megaprodução dos espetáculos em multidões espremidas em ginásios e estádios.
O status de rock stars, porém, não veio de uma forma tão fácil como aparenta ter sido, pois como já diziam os sábios australianos do AC/DC, há um longo caminho para se chegar ao topo se você quer fazer Rock N'Roll!
O status de rock stars, porém, não veio de uma forma tão fácil como aparenta ter sido, pois como já diziam os sábios australianos do AC/DC, há um longo caminho para se chegar ao topo se você quer fazer Rock N'Roll!
A história da banda
A história começa na cidade de São Paulo, no fim da década de 70, mais precisamente no ano de 1976, quando Paulo Ricardo namorava Eloá, que era vizinha de frente do músico Luiz Schiavon, onde este ensaiava com sua banda May East. Um dia o jovem casal resolveu ir a um ensaio da banda de Schiavon, onde surgiu um impasse se o repertório do grupo deveria ser cantado em inglês ou português; Paulo Ricardo deu seu voto, opinando pelas letras em português e assim começou uma grande amizade com Luiz; a banda acabou naquele ensaio, porém ali começava a se formar o embrião daquele que viria a ser a maior banda de rock do país.
Depois de muitas ideias trocadas, a dupla forma o Aura, uma banda de jazz-rock que ainda tinha Paulinho Valeza na bateria. Depois de três anos de muito ensaio e nenhum show, Paulo decide seguir carreira de crítico musical, profissão, a qual deu um forte embasamento cultural ao cantor suas letras de grande conteúdo, e se mudar para a Europa, morando primeiramente na França e depois na Inglaterra, onde se tornou correspondente musical da extinta revista Somtrês e se correspondia com frequência com Schiavon.
Depois de muitas ideias trocadas, a dupla forma o Aura, uma banda de jazz-rock que ainda tinha Paulinho Valeza na bateria. Depois de três anos de muito ensaio e nenhum show, Paulo decide seguir carreira de crítico musical, profissão, a qual deu um forte embasamento cultural ao cantor suas letras de grande conteúdo, e se mudar para a Europa, morando primeiramente na França e depois na Inglaterra, onde se tornou correspondente musical da extinta revista Somtrês e se correspondia com frequência com Schiavon.
Em 1983, Paulo volta ao Brasil e retoma suas atividades musicais com Luiz e juntos, eles começam a criar suas primeiras canções: “Olhar43”, “A Cruz E A Espada”, “Louras Geladas” e a música que viria a ser o nome do grupo: “Revoluções Por Minuto”. Tiveram dificuldades em assinar com gravadoras, pois elas consideravam o som da dupla difícil de ser executado nas FMs.
Para solucionar este problema, Schiavon convida o guitarrista Fernando Deluqui (ex Gang 90) para compor a banda, nesta mesma época o grupo ganhou seu nome, em uma lista de nomes sugeridos pelos amigos, o nome 45 RPM (45 rotações por minuto) foi indicado inicialmente, mas tiraram o 45 e mudaram o Rotações por Revoluções. A primeira dor de cabeça viria com quem assumiria as baquetas do grupo, no início das atividades do RPM, Moreno Júnior, que na época tinha apenas 15 anos, assumiu o posto, mas devido aos estudos foi impedido de fazer excursões com o grupo, sendo substituído pelo ex-Ira! e futuro membro dos Titãs, Charles Gavin.
Em 1984, conseguem um contrato com a CBS (atual Sony Music), mas no meio disso entra o histórico convite de Branco Mello e Sérgio Britto à Gavin, para ele integrar os Titãs, que já estavam estourados de norte a sul com o sucesso “Sonífera Ilha”; o baterista topou. Para tapar esse buraco, o RPM usa a bateria eletrônica, em seu primeiro EP que no lado A vinha “Louras Geladas” e no lado B “Revoluções Por Minuto”. Só que a música não tocava de forma alguma nas rádios; para tentar reverter esse placar negativo a gravadora lança o primeiro remix da história da música brasileira; a versão dance de “Louras Geladas” vira um mega hit nas casa noturnas e garante a gravação do primeiro disco.
Em 1984, conseguem um contrato com a CBS (atual Sony Music), mas no meio disso entra o histórico convite de Branco Mello e Sérgio Britto à Gavin, para ele integrar os Titãs, que já estavam estourados de norte a sul com o sucesso “Sonífera Ilha”; o baterista topou. Para tapar esse buraco, o RPM usa a bateria eletrônica, em seu primeiro EP que no lado A vinha “Louras Geladas” e no lado B “Revoluções Por Minuto”. Só que a música não tocava de forma alguma nas rádios; para tentar reverter esse placar negativo a gravadora lança o primeiro remix da história da música brasileira; a versão dance de “Louras Geladas” vira um mega hit nas casa noturnas e garante a gravação do primeiro disco.
Convidado por Luiz, Paulo P.A Pagni (ex-Patife Band) assume a bateria do RPM, e ajuda o grupo a concluir o primeiro LP, que leva o nome da banda. Como entrou no meio da gravação, P.A não aparece na capa do disco, só aparece em uma pequena foto no encarte.
O disco chegou no mês de maio às lojas. “Olhar 43” emplaca nas rádios e abre caminho para que outras faixas, mais politizadas e conceituais, façam o mesmo sucesso. Na época as vendas passaram das 500 mil cópias. Depois de um histórico e empolgante show no Morro Da Urca, no Rio de Janeiro, para um público de 146 pessoas (composto por formadores de opinião), sendo que só 16 pagaram pra ver; a apresentação chamou a atenção do empresário musical Manoel Poladian, que resolve empresariar o grupo.
A primeira atitude de Poladian foi a de organizar um espetáculo, que viria a revolucionar os conceitos de turnê no Brasil, e chama o cantor, diretor de cena e iluminação, Ney Matogrosso para produzir a turnê Rádio Pirata ao vivo. Em um show no festival Planeta Atlântida, em Porto Alegre, uma versão pirata do cover de “London, London”, chega a tocar nas FMs de todo o país de forma espontânea, o que força o RPM a gravar um segundo disco, e…
A história do disco
Sem “futuros hits” na manga para manter o RPM em alta, Manoel Poladian, os integrantes da banda e gravadora tiveram a brilhante ideia de lançar em julho de 1986 um álbum ao vivo, com parte de registro de dois shows da concorrida turnê. Um trabalho ousado por conta de soltar um registro ao vivo de um artista que só lançara um álbum de estúdio. Assim, o setlist de “Rádio Pirata Ao Vivo” vem com quatro gravações inéditas (sendo dois covers) e cinco faixas do ‘debut’.
A fase estava tão boa para o RPM - os caras eram figuras cativas nos mais populares programas de auditório da época: dos clássicos e inesquecíveis Cassino do Chacrinha e Clube do Bolinha, passando democraticamente por Raul Gil, Hebe Camargo, Xou da Xuxa, Viva a Noite (do Gugu) e o “descolado” Perdidos na Noite, o excelente programa que alçou Fausto Silva ao estrelato - que 500 mil cópias do disco foram vendidas antecipadamente devido aos preços congelados do Plano Cruzado (moeda corrente da época).
Rapidamente as vendagens de “Rádio Pirata Ao Vivo” dispararam e chegaram a incrível marca de 3,7 milhões de cópias, o que fez do RPM transformar-se na banda de maior vendagem da indústria fonográfica nacional até então.
Rapidamente as vendagens de “Rádio Pirata Ao Vivo” dispararam e chegaram a incrível marca de 3,7 milhões de cópias, o que fez do RPM transformar-se na banda de maior vendagem da indústria fonográfica nacional até então.
O show
Gravado no Pavilhão de Exposições do Complexo do Anhembi, em São Paulo, o show, com direção de Ney Matogrosso, trazia então os grandes sucessos como a faixa-título do álbum anterior, “Rádio Pirata” e “Olhar 43”, as inéditas “Naja” (instrumental baseado nos teclados de Schiavon) e “Alvorada Voraz” e os covers “London, London”, de Caetano Veloso, e “Flores Astrais”, dos Secos & Molhados (grupo icônico do qual Ney Matogrosso fez parte na década de 1970) e, ainda, uma citação de “Light My Fire”, do The Doors, durante a execução de “Rádio Pirata”.
Uma multidão de pessoas esperando para ver seus ídolos de perto, esquema de segurança reforçado, apresentações constantes na TV, clipes com direito a estreia de gala no Fantástico, álbum de figurinhas, três shows em um só dia, shows lotados em ginásios e estádios de futebol, capas e mais capas de revistas, músicas tocando no rádio sem parar, venda de discos crescendo de uma forma descomunal, documentários tentando explicar a ascensão meteórica de um grupo de rock e fãs que gritam histericamente na porta do hotel sem cessar; parece um enredo de filme dos Beatles, não é mesmo? Parece, mas não é! Os fatos acima servem para dar um panorama, daquele que foi mais do que um mega sucesso do rock nacional; e sim o maior fenômeno da história da música brasileira.
Para contar melhor esse grande acontecimento musical, nada melhor que os próprios integrantes do grupo e o produtor do disco, Mazzola, que concederam uma entrevista no ótimo programa O Som Do Vinil, exibido no 02 de fevereiro (2017) pelo Canal Brasil, e que por coincidências do destino é apresentado por Charles Gavin.
Conclusão
Apesar de ter sido posteriormente remasterizado e relançado em CD nos anos 90, o disco foi relançado com nova remasterização no box “Revolução: 25 Anos” (2008), que inclui também as reedições dos discos “Revoluções Por Minuto” e “Os Quatro Coiotes”, além de um CD com raridades e canções inéditas e de um DVD com o registro do vídeo “Rádio Pirata – O Show”, originalmente lançado em VHS em 1987 a partir de um show realizado no Ginásio do Ibirapuera, em dezembro de 1986. Em 2011, a sua edição em DVD foi certificada como disco de ouro pela Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD).
E, claro, por conta dos números expressivos de sua vendagem, “Rádio Pirata Ao Vivo” é o álbum ao vivo mais vendido dos anos 1980 e, mesmo quem não goste do RPM, tem que admitir que o disco é um clássico do rock-pop nacional.
A seguir, a ficha técnica e o tracklist do bolachão.
- Álbum: Rádio Pirata Ao Vivo
- Intérprete: RPM
- Lançamento: julho de 1986
- Gravadoras: Epic Records / CBS / Sony Music
- Produtores: Marco Mazzola (produção de áudio) / Luiz Schiavon (arranjos) / Ney Matogrosso (direção do show)
- Paulo Ricardo: baixo e voz
- Luiz Schiavon: teclados e piano
- Fernando Deluqui: guitarra e vocais
- Paulo P.A. Pagni: bateria
Lado 1
- Revoluções Por Minuto (Paulo Ricardo / Luiz Schiavon)
- Alvorada Voraz (Luiz Schiavon / Paulo P. A. Pagni / Paulo Ricardo)
- A Cruz e a Espada (Paulo Ricardo / Luiz Schiavon)
- Naja (Instrumental) (Paulo Ricardo / Luiz Schiavon)
- Olhar 43 (Paulo Ricardo / Luiz Schiavon)
- Estação no Inferno (Paulo Ricardo / Luiz Schiavon)
- London, London (Caetano Veloso)
- Flores Astrais (João Apolinário / João Ricardo)
- Rádio Pirata (incidental: Light My Fire) (Paulo Ricardo / Luiz Schiavon) / (Morrison/Manzarek/Krieger/Densmore)
A Deus toda glória.
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