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quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

🗣️PRONTO, FALEI!🗣️ — O MARKETING GO$PEL: LONGE DA FÉ, PRÓXIMO DA$ CIFRA$

A fé evangélica já movimenta R$ 21,5 bilhões por ano no Brasil e influencia hábitos de consumo, representatividade e comunicação.

O dado integra o estudo Gospel Power, que analisou o avanço da chamada gospel economy, um ecossistema econômico e cultural com cadeias próprias de produção, distribuição e influência.

No texto deste artigo, mais um capítulo da nossa série especial, "Pronto, Falei!", faremos uma análise sobre as consequências do marketing evangélico no Brasil.

Do voo à queda


Em 1975, Bill Hybels fundou a Igreja Comunidade Willow Creek, no Estados Unidos.

Usando técnicas de marketing para atrair pessoas em busca de uma vida espiritual, a congregação teve um crescimento estrondoso, alçando o seu líder religioso ao status de celebridade evangélica nacional.

Até que, em 2018, um escândalo sexual levou Hybels a renunciar ao posto de pastor supremo da Willow Creek, consternando milhares de fiéis.

Poderia se escrever um texto sobre outro pastor caído a cada semana, porque essa parece ser a frequência na qual eles caem.

Um grande número de ministros sem plataformas nacionais ou globais são contabilizados neste fenômeno, mas estranhamente, estas quedas só parecem nos "afetar" quando é um cara com uma grande plataforma midiática.

É um fenômeno estranho, não é? Podemos não conhecer as grandes personalidades midiáticas de forma alguma, mas o fato deles serem, pelo menos na cultura evangélica, um "nome familiar", faz com que seja mais pessoal.

Em toda a preocupação exacerbada sobre os últimos escândalos de celebridades evangélicas, no entanto, eu não vejo muita novidade naquilo que é dito.

Até certo ponto, isso é compreensível, já que os problemas enfrentados não são novos — o orgulho, ira, luxúria, ganância, etc. — nem muito menos estão limitados a aqueles no ministério.

Estes antigos problemas universais exigem as mesmas soluções antigas e universais, um arrependimento movido pela graça nosso, e uma libertação graciosamente gloriosa de Deus: prestação de contas e honestidade, muita conversa sobre limites e barreiras de proteção e coisas parecidas.

Pastores são relembrados a não ficarem sozinhos com as mulheres, etc. A maioria dessas palavras são boas, conselhos que foram experimentados e são verdadeiros.

Dentro do movimento de renovação evangélica, é claro, estamos indo mais fundo em problemas no coração e idolatria, e isso é uma coisa boa também.

Descobrir como o evangelho fala acerca das idolatrias e pecados enraizados que parecem peculiares a obra do ministério pastoral é realmente importante.

Mercadores da Fé


Diversas transformações ocorridas no Brasil proporcionaram uma ampla mudança no meio cristão evangélico, no qual pode-se destacar a cultura gospel, que vem cada vez mais conquistando seu espaço no segmento do mercado religioso.

O avanço extraordinário das igrejas evangélicas trouxe profundas transformações políticas e sociais para o Brasil — em menos de dez anos, os fiéis podem se tornar o grupo religioso majoritário no país.

Sabemos que o marketing é o principal fator de persuasão em toda e qualquer negociação.

Partindo dessa perspectiva, é preciso buscar compreender por meio de um estudo de caso o funcionamento do marketing evangélico, no seu contexto mercadológico.

Analisando os dados discursivamente, é possível compreender a eficiência no uso de técnicas adequadas e ter uma visão ampla do funcionamento desse nicho de mercado.

As celebridades gospel utilizam como estratégias de marketing surpreender, participação do público, entretenimento e exclusividade.

Como ferramenta de divulgação, utilizam prioritariamente as redes sociais, sendo este o meio mais eficiente que atinge um alto percentual de consumidores, além de divulgações feitas em emissoras de rádio e TV, constatando desta forma que, a presença constante na mídia é a maneira mais eficaz para haver crescimento no mercado religioso.

Na perspectiva mercadológica, destaca-se a estratégia de marketing como fator relevante para a conquista de consumidores — ou, em linguagem mais peculiar — seguidores, uma vez que tal iniciativa objetiva convencer o público por meio de táticas verbais para a compra da mercadoria, no caso, a fé.

Nesse sentido conceitua-se que o marketing está relacionado a venda de ideias na medida em que o marketing é a venda de ideias, possibilitando uma relação mais estreita entre consumidores, produtos, empresas e mercado.

Entretenimento e influência

O "show da fé"


Ainda contextualizando sobre o marketing, é perceptível uma atuação efetiva do marketing de entretenimento, uma vez que atua promovendo uma interação sobre o tema abordado com seus respectivos públicos de apreciadores, no caso, tratando-se do cenário musical.
O entretenimento permite uma relação de satisfação, por meio de performance de diversão ou ainda atividade que venha entreter o público e despertar o interesse deste para o produto, gerando uma atenção que de forma direta ou indireta proporcionará à divulgação, o que torna esse entretenimento algo divertido, pois influencia no ego das pessoas, e desta feita acaba por ser favorável para o mercado artístico.
É pertinente destacar que o fato de entreter pode ser visto em sentido mais amplo, uma vez que o mesmo conta com a possibilidade de ser aplicado em diversas áreas.

Influenciadores X Vocacionados


No universo da influência, o comportamento também se transforma. O entretenimento evangélico vive uma transição, deixando o modelo institucional e ampliando sua presença no ecossistema digital.

O conteúdo religioso, antes concentrado na música, na literatura e em veículos tradicionais, passou a circular nas redes sociais, onde se mistura a formatos de entretenimento, humor e estilo de vida.

Os números refletem essa mudança de comportamento:
  • 85% dos evangélicos consomem conteúdo religioso no YouTube;
  • 78% utilizam o WhatsApp para estudos e grupos de fé; e
  • 65% afirmam descobrir novas referências religiosas e de comportamento pelo TikTok e Instagram.
As congregações contemporâneas expandiram seu alcance, levando sermões às plataformas digitais, especialmente ao YouTube.

Hoje, o público se conecta a figuras que se consolidaram como referências da fé nas redes sociais e movem comunidades com alto potencial de consumo.

Influenciadores como Deive LeonardoBispo Bruno Leonardo e Isadora Pompeo figuram entre os nomes de maior alcance, mas o crescimento mais acelerado está nos microinfluenciadores evangélicos, que apostam em linguagens de humor, moda, skincare, rotina e produtividade com propósito.

E assim vemos as mesmas fórmulas de sempre sendo entregues em posts e tweets e sermões, podcasts e até stand up comedy (cujo representante mais expressivo é o inexpugnável pastor Cláudio Duarte).

No entanto, estamos identificando outra coisa aqui, algo que atravessa tribos evangélicas.

É o problema do "pastor-celebridade", onde participamos da maior elevação da plataforma de um pastor que conseguimos e depois depositamos nele toda a expectativa que pudermos juntar.

O resultado, naturalmente, é que ele é insustentável e propenso a cair.

Há perigos em tentações na pequenez pastoral e na obscuridade também, mas as tentações perigosas mais proeminentes na grandeza pastoral são essas idolatrias: a adoração do pastor-celebridade por seus fãs/seguidores e por si próprio.

Por isso, vamos aceitar a solidez dos típicos limites relacionais e ministeriais que cada pastor e sua igreja deve ter estabelecido.

Mas o que mais podemos fazer? Quais são algumas coisas específicas e práticas que podem ser feitas para trabalhar contra a idolatria do pastor bem-sucedido?

Eu tenho algumas ideias. Elas não são coisas fáceis de fazer, é claro, mas as coisas sábias raramente vêm facilmente.

Conclusão


O marketing evangélico no Brasil cria um grande "ecossistema" econômico, movimentando bilhões, impulsionando a economia criativa (música, moda, eventos...), moldando o consumo com valores de fé (levando à lealdade e boicote de marcas) e forçando marcas a se adaptarem para alcançar o público que busca representatividade, identidade e produtos alinhados à sua visão de mundo, transformando a fé em um driver cultural e de mercado.

O marketing evangélico não é mais um nicho, mas um ecossistema complexo que reflete e molda a cultura brasileira, exigindo que marcas e setores se adaptem para dialogar com essa parcela crescente da população, que busca representatividade e produtos que respeitem seus valores.

O principal perigo do marketing evangélico reside na potencial transformação do Evangelho em um produto de consumo e da igreja em uma organização focada em autopromoção e captação de recursos. Isso pode levar à manipulação financeira e à distorção da mensagem teológica central.

Em resumo, enquanto as ferramentas de comunicação e marketing podem ser úteis para divulgar a mensagem (Romanos 10:17), o perigo surge quando a metodologia do mercado substitui a teologia e a ética cristã, transformando a missão espiritual em um empreendimento comercial.

[Fonte: Instituto Federal Paraíba, original por Adaylton Silva de França e Líbna Naftali de Lucena Ferreira; Exame, original por Juliana Pio — Editora-assistente de Marketing e Projetos Especiais; Coalizão Pelo Evangelho, original por Jared C. Wilson — Diretor de Estratégia de Conteúdo do Seminário Midwestern, editor-gerente de For The Church, e autor de mais de dez livros, incluindo Gospel Wakefulness, The Pastor’s Justification, e The Prodigal Church.]

Ao Deus Todo-Poderoso e Perfeito Criador, toda glória.
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blogue https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização frequentes dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade.
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E nem 1% religioso.

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