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domingo, 7 de dezembro de 2025

🎼CANÇÕES ETERNAS CANÇÕES🎼 — "CODINOME BEIJA-FLOR", CAZUZA

'Codinome Beija-Flor', a canção tema deste capítulo da nossa série especial de artigos, "Canções Eternas Canções", foi composta em 1985, e lançada no álbum "Exagerado", o primeiro da carreira solo, é uma das músicas mais bonitas e admiradas do poeta do rock Cazuza (✰1958/✞1990).

Ao contrário de muitas músicas que o cantor compôs na época em que ainda fazia parte do Barão Vermelho, esta é uma canção mais contida e filosófica.

Isso tem muito a ver com o momento de sua composição: Cazuza escreveu 'Codinome Beija-Flor' quando estava de cama, internado num hospital, observando beija-flores pela janela.

Desde seu período como vocalista do Barão Vermelho, Cazuza ficou conhecido por ser rebelde e fazer tudo da sua maneira, mas, segundo seus amigos, ele também era uma pessoa doce e carinhosa.

Vamos conhecer um pouco mais sobre como nasceu essa belíssima canção, que se tornou um dos muitos clássicos não só na carreira de Cazuza, como na MPB.

A breve carreira de Cazuza


Nascido em 4 de abril de 1958, Agenor de Miranda Araújo Neto (ou Cazuza) teve uma carreira curta, mas um sucesso imenso no Brasil.

Desde seu período como vocalista do Barão Vermelho, o Cazuza ficou conhecido por ser rebelde e fazer tudo da sua maneira.

Ele vivia no estilo sexo, drogas e rock’n’roll, mas, segundo seus amigos, ele também era uma pessoa doce e carinhosa com quem ele considerava família.

Por seus versos incomparáveis, o compositor ganhou o apelido de Poeta do Rock.

E não era poesia somente nas músicas: não faltavam críticas ao momento político, à burguesia e a quem quer que tentasse censurar ou regular a arte de qualquer forma.

Para Frejat, seu ex colega do Barão, ele promoveu uma revolução na música brasileira. E, de fato, o artista era admirado por muitos na música brasileira.

Fosse no palco ou fora dele, o Cazuza soltava versos e frases dignas de artista, né? 

'Codinome Beija-Flor' é só um dos exemplos; cada música e acontecimento na vida do cantor era cheio de frases célebres.

Aos 32 anos, Cazuza faleceu vítima de um choque séptico causado pela AIDS. 

Apesar de ter partido bem jovem, ele marcou muito a história da música brasileira (e os nossos corações também). É um legado eterno.

'Codinome Beija-Flor'

Analisando a Letra

Vídeoclipe exclusivamente gravado para o "Fantástico",
que contou com a participação especial da atriz Cláudia Ohana.
"Pra que mentir, fingir que perdoou?
Tentar ficar amigos sem rancor
A emoção acabou
(Que coincidência é o amor)
A nossa música (nunca mais tocou)...
Aqui, o compositor nos dá o contexto: entre mentiras e perdões, notamos que algo está errado nesse relacionamento.

Houve mágoa e não adianta tentar viver de aparências, porque resta um sentimento ruim de alguma das partes (ou de ambas).
...Pra que usar de tanta educação
Pra destilar terceiras intenções?...
Nesse trecho, o compositor critica a cortesia do pós-término, em que ambos são cordiais mas não existe sinceridade nisso.

Para Cazuza, resta um misto de ciúme, raiva e mágoa, com aquela confusão típica de fim de relacionamento.
...Desperdiçando o meu mel
Devagarzinho, flor em flor
Entre os meus inimigos beija-flor

Eu protegi o teu nome por amor
Em um codinome beija-flor...
É nesse ponto que se cria um codinome: pode ser uma metáfora ao momento do relacionamento, mas também uma forma de proteger a pessoa amada de uma exposição.

Fica o codinome de um pássaro lindo, mas que também não "para quieto" em somente uma flor: é um dos animais conhecidos por serem poligâmicos e não domesticáveis.

O amor é cheio de coincidências e ironias, né? Se, por um lado, quando nos apaixonamos os sinais parecem estar em todos os lugares (como a música do casal tocando em todo canto), quando o amor acaba, os sinais podem parar junto.

É sobre isso que o artista reflete, usando nossa música como uma referência aos bons momentos que não voltam mais.
...Não responda nunca, meu amor, nunca
Pra qualquer um na rua, beija-flor

Que só eu que podia
Dentro da tua orelha fria
Dizer segredos de liquidificador...
Aqui, o ciúme fica claro. Como desapegar de um amor e deixar que outras pessoas possam tê-lo, compartilhar segredos e vulnerabilidades?

É com esse dilema que Cazuza se depara, tentando lidar com o luto do relacionamento.

A gente sempre acaba sendo um pouco narcisista e possessivo nessas horas, né?
...Você sonhava acordada
Um jeito de não sentir dor
Prendia o choro e aguava o bom do amor
Prendia o choro e aguava o bom do amor."
Aqui podemos ver que o ressentimento também existia durante o relacionamento.

Muita coisa não era dita, as dores não eram manifestadas e a pessoa amada prendia o choro.

Com essas palavras, a gente imagina como a relação era sofrida, mas que ainda existia um forte amor entre os dois.

O contexto


De acordo com um vídeo em seu canal "Canção Legiônica", no YouTube, Júlio Ettore disse que
Júlio Ettore Suriano do Nascimento,
é jornalista como o pai,
Carlos Nascimento
"Essa música funciona como um marco na vida do Cazuza. Ela surge depois de uma internação depois que ele saiu do Barão Vermelho. 
As preocupações sobre o HIV estavam começando. Desde os últimos shows com o Barão, o Cazuza estava tendo férias diárias. Foi internado com 42 graus, isso foi em 1985.

Os pais dele alugaram dois quartos em um hospital em Copacabana. Ele foi diagnosticado com uma bactéria no pulmão, fez o primeiro teste de AIDS e deu negativo. Deve ter sido um falso negativo. Ele tinha 27 anos.

Nessa internação de 11 dias, aconteceu algo que inspirou o Cazuza para compor ‘Codinome Beija-Flor’.

Ele recebeu visita de vários amigos. Ninguém do Barão Vermelho apareceu, só o Frejat ligou. Entre uma visita e outra, o Cazuza olhava pela janela e percebia que tinha beija-flores passando por ali.

O Cazuza pediu para botar vidro com água e açúcar para os beija-flores virem e cantassem para ele. Até que um dia, ele disse que estava compondo. 
Não é que o Ezequiel Neves (✰1935/✞2010) precisava aprovar, mas ele era respeitado. Ele é creditado até na letra. Depois de finalizada, mandaram a letra para o Reinaldo Arias para fazer a harmonia e melodia."
continua Ettore.

Essa música não ia soar como é. Era para ser algo mais dance. A ideia foi do Nico Rezende, produtor e pianista do disco.

Ele fez os arranjos da maioria das músicas do primeiro disco solo. O Ezequiel contou que o Nico queria uma sonoridade mais soft, dando ênfase aos teclados.

O Cazuza e o Ezequiel queriam mais guitarras. Em ‘Codinome...’, não ia ter guitarra, mas a música estava soando como Maniac(do Michael Sembello).
A ideia inicial, era que 'Codinome Beija-Flor', ao invés de uma balada romântica, fosse mais dance.

O Ezequiel, empresário, encrencou no começo com a letra. Ele disse que não entendeu porque a letra não tinha uma história. 
O Cazuza fez outras duas versões.
Na gravação do disco Ezequiel Neves bateu o pé que queria um arranjo com voz, piano e violino, diferente do que queria o produtor Nico Rezende.

Cazuza apoiou Zeca e depois de alguma “pressão”, a música foi gravada como Zeca propôs.

Foi ai que Rezende fez um belíssimo e arrebatador arranjo de piano e um arranjo maravilhoso de cordas para a canção, convencendo Cazuza a deixar a música nesse formato sensível e intenso que conhecemos.

O significado

Segundo o site da Dicio, o significado de codinome tem a ver com disfarce e dissimulação:
"Palavra que serve para designar com disfarce uma ou mais palavras, como, por exemplo, nomes de subversivos ou itens concernentes à subversão".
Já beija-flor é uma pequena ave também chamada de colibri. Existem 362 espécies catalogadas, distribuídas desde o Sul do Alasca até a região da Patagônia, na Argentina.

Ainda de acordo com Júlio Ettore:
"O significado é o seguinte. O beija-flor é um codinome para uma pessoa que o Cazuza não quer dizer o nome. Ele diz que protegeu o nome por amor. 
A ideia é lidar tranquilamente com o fim de uma relação, mas continua apaixonado. 
O beija-flor é um símbolo de leveza, uma pessoa mais solta que vai de flor e flor, não se entrega. Por isso o amor não vai para frente. 
O Cazuza explicou o termo ‘segredos de liquidificador’ que ele usou. 
Seria o segredo na cama, no momento íntimo, quando o bairro inteiro ouvia. Tipo um gemido ou uma lambida na orelha"
No contexto da música e do significado de codinome, é possível entender que Cazuza queria manter em segredo a real identidade do beija-flor cantado.
"Ele diz que protegeu o nome por amor. 
A ideia é lidar tranquilamente com o fim de uma relação, mas continua apaixonado. 
O beija-flor é um símbolo de leveza, uma pessoa mais solta que vai de flor e flor, não se entrega",
conclui.

Já no site Interpretação Pessoal, a autora Thamirys Pereira dá sua visão sobre a mensagem presente nos versos:
"Racionalmente e emocionalmente falando, fica clara a razão de o codinome escolhido ser 'beija-flor' e não outro qualquer. 
O beija-flor é um animal poligâmico, que tem como 90% de sua alimentação o néctar das flores. 
Ele simplesmente suga o 'mel' de todas as flores que encontrar, enquanto houver necessidade, de todas as flores, sem distinção ou preferência. 
O beija-flor não se prende a uma flor em especial. E o beija-flor também não é um animal domesticável. Ele voa por onde quiser voar",
conceitua.

Mas, afinal, quem seria o "beija-flor"?, de acordo com Júlio Ettore
"A teoria mais forte é que seria o Ney Matogrosso, porque isso foi mantido em segredo por anos. 
O Ney só revelou isso em 2003, no [programa] 'Fantástico'. Pode ser que seja ele."

Conclusão

Versão emocionante, no dueto com Simone, para o show "Cazuza Uma Prova de Amor",
um concerto intimista e marcante, gravado no Rio de Janeiro e exibido pela Rede Globo, em 1989.

Essa belíssima canção, além de surpreender os roqueiros da época com seu arranjo à la bossa nova, chamou a atenção pela complexidade intrigante de alguns versos, como
"...Que só eu que podia / Dentro da tua orelha fria / Dizer segredos de liquidificador...".
A pergunta na época era:
"O que cargas d’água Cazuza queria dizer com a expressão “segredos de liquidificador"?
O fato é que 'Codinome Beija-Flor' tornou-se a música de sua autoria que tem mais regravações cadastradas até o momento.

Em certa ocasião Cazuza, comentou sobre a música, a sexta faixa do disco "Exagerado", o primeiro de sua carreira solo, afirmando: 
"Neste disco existe uma música bem romântica, inspirada numa separação, mas não é dor de cotovelo", 
brincou ele.

Ao longo dos anos, a música continuou fazendo sucesso. Em 1991, uma regravação de Luiz Melodia (✰1951/✞2017) fez parte da trilha sonora da novela "O Dono do Mundo", como tema romântico do casal Guilherme [Beija-Flor] (Ângelo Antônio) e Taís (Letícia Sabatella).

Em 2018, um levantamento feito pelo ECAD mostrou que 'Codinome Beija-Flor' era a composição mais regravada de Cazuza, com 72 registros, a mais tocada em rádios entre os anos de 2013 e 2018, e a segunda mais tocada em estabelecimentos com música ao vivo, como bares, restaurantes e clubes.

E ainda hoje continua tocando nas rádios de todo brasil, sendo, portanto, uma canção, eterna canção!
[Fonte: Whiplash.Net, original por Gustavo Maiato; Letras; Nova Brasil - Coluna Multiverso]

Ao Deus Todo-Poderoso e Perfeito Criador, toda glória.
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E nem 1% religioso.

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