"Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimentos; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado, todavia, eu me alegro no Senhor, exulto no Deus da minha salvação. O Senhor Deus é a minha fortaleza, e faz os meus pés como os da corça, e me faz andar altaneiramente" (Habacuque 3:17-19).
Fomos ensinados e temos vivido a nossa própria independência. Podemos nos lembrar bem de nossos pais nos ensinando a desenvolver sozinhos algumas atividades rotineiras do dia a dia. Como por exemplo, ir ao banco sozinho, arrumar um trabalho, conquistar o nosso próprio dinheiro, buscar amadurecer para termos a nossas próprias famílias e outras coisas mais.
Mas na vida cristã as coisas funcionam de uma maneira diferente. Quanto mais crescemos espiritualmente, mais dependentes de Deus vamos nos tornando. Ou seja, deixamos de lado a nossa independência e passamos a ser completamente dependentes d'Ele.
O que é dependência?
"Dependência" é um termo que admite várias acepções e que se pode usar para mencionar uma relação de origem ou de união, a subordinação a uma potência superior ou a situação de um sujeito que não está em condições de se desenvencilhar por si mesmo.
A medicina e a psicanálise falam de dependência quando uma pessoa tem uma necessidade compulsiva de alguma substância para experimentar os seus efeitos ou para aliviar o mal-estar que resulta da sua privação.
Dependência de Deus: muito se fala sobre ela, mas será que é mesmo algo factual na vida dos crentes?
Muitas pessoas têm dificuldades de verem Deus como Pai, até têm facilidade de se relacionarem com Jesus como Filho de Deus, irmão primogênito, Salvador e Senhor, mas não conseguem se achegar a Deus e vê-lO como Pai. São muitas situações e circunstâncias que levam uma pessoa a não ter uma relação de pai e filho com Deus.
Muitos até veem Deus como um Deus castigador ou Alguém inatingível, com Quem só se consegue falar usando as palavras certas, impostando a voz e falando à distância, pois é proibido se achegar a Ele. Isso não é verdade!
Deus nos vê como filhos e deseja que nos acheguemos a Ele como filhos que têm no pai um companheiro, um herói, um protetor, com quem podem sempre contar.
Só aquele que se julga totalmente dependente de Deus, aquele que reconhece a sua insignificância, que está disposto a se entregar à vontade de Deus, é que verdadeiramente poderá experimentar do aconchego que é estar debaixo das asas, nos braços do Senhor. É quando você reconhece a sua total dependência de Deus.
Enquanto você se julgar suficiente, capaz, poderoso e sábio, não haverá um agir de Deus na sua vida. Muitos países, por serem mais desenvolvidos economicamente na sociedade, são considerados autossuficientes, entretanto, quando analisamos a história, percebemos que muitas nações que foram potência no mundo, hoje, nem existem mais. Isso acontece porque a glória desse mundo passa.
O nosso Deus é soberano sobre todas as nações, ou seja, diante de Deus o que é uma nação? Um pingo d'água que cai num balde quando este é retirado do poço. A glória desse mundo passa, mas a glória de Deus permanece para sempre. Algumas pessoas depositam a confiança, a esperança, o alento, as raízes nas coisas que não são nada.
Deus condena aqueles que não dependem dEle, e por isso, quem não depende dEle nada tem a ganhar.
O valor que possuímos é somente o valor que Deus nos deu. Uma pessoa que não consegue vivenciar a verdade da importância de depender totalmente de Deus, não experimentará o tudo de Deus. Quantas vezes nos gabamos daquilo que fazemos? Isso não agrada ao Senhor. O que agrada o coração de Deus é um coração quebrantado e contrito.
O que é a dependência emocional?
"a constante presença, carinho, atenção, aprovação ou apoio de outra pessoa é considerada indispensável para a nossa segurança, bem-estar e conforto pessoal.
Em outras palavras, quando nosso valor, paz de espírito, estabilidade interior e felicidade estão ancorados em uma pessoa e na reação dessa pessoa para conosco, estamos emocionalmente dependentes"[2].
Estas características, (presença, carinho, atenção, aprovação, apoio, entre outras), integram qualquer relacionamento, porém, neste em específico, há uma imperiosa necessidade, por parte do dependente, de ser nutrido constantemente por elas, para que se sinta seguro, confortado, estável, feliz, em paz e com sentimentos de mais valia.
Doravante, se pudermos resumir o anseio do dependente emocional, será: eu preciso que alguém cuide de mim!
E a codependência, do que se trata?
Trata-se da compulsão de cuidar e controlar o outro. O codependente necessita do dependente para se sentir valioso, útil, aprovado, necessário. Para isso, não mede esforços, cuida e sacrifica-se por ele. Mede seu valor pelo tamanho do sacrifício que faz e com isto preenche suas dificuldades de entrar em contato com seu próprio mundo.
O anseio do codependente, portanto será: eu preciso cuidar de alguém!
Tanto a dependência quanto a codependência podem se apresentar em qualquer tipo de relacionamento, pois não diz respeito ao vínculo em si, mas ao indivíduo cuja personalidade se estruturou com alguma destas configurações.
As possibilidades de origem remontam à infância. John Bolwlby[3] assevera que as relações afetivas iniciais são as experiências emocionais mais intensas que o ser humano pode ter e muito da nossa personalidade, que envolve autoconceito, autoestima, senso de segurança, amor próprio, valor interno, confiança em si e no outro, é influenciada pelas primeiras ligações emocionais que fazemos.
O autor realça a importância de observar se nos primeiros anos de vida havia alguém responsável não apenas pelos cuidados básicos da criança, mas também pelo desenvolvimento de seus vínculos.
"Crianças que não tiveram essa experiência, veem o mundo como desconfortável e perigoso; têm dificuldade em sentir alegria, porque não se sentem a salvo e seguras; consideram-se pessoas incapazes de estima e amor, desenvolvendo ligações de ansiedade e insegurança, procurando de maneira desesperada figuras de ligação; ficam extremamente dependentes dos outros, buscando confirmação de que não serão abandonadas, e, quando adultas sentem-se ridículas e fracas por serem assim tão dependentes"[4].
"Tanto a dependência quanto a codependência podem se apresentar em qualquer tipo de relacionamento, pois não diz respeito ao vínculo em si, mas ao indivíduo cuja personalidade se estruturou com alguma destas configurações."
Quais as características desses relacionamentos?
Além das mencionadas, chamamos atenção para o ciúme e possessividade excessivos, a adoção de manipulação para manter o outro atado, tendências a aceitar qualquer coisa dentro do relacionamento por medo da solidão, (inclusive violência física e psicológica), abandono da vida pessoal e de outros relacionamentos para viver a vida e os gostos do parceiro, relacionamentos intensos do tipo "tudo ou nada", controle excessivo pela vida do parceiro.
Embora os relacionamentos dependentes sejam marcados pela anulação da identidade, prisão e sufocamento, o indivíduo que os vive tem a convicção intrínseca de que encontrou em uma pessoa a resposta fundamental para seus anseios, necessidades e desejos essenciais fazendo do outro um ídolo.
Conclusão
Quando passamos a depender somente de Deus, reconhecendo que somos nada, Deus pelo seu infinito amor nos torna tudo.
"O homem não pode receber coisa alguma se do céu não lhe for dada" (João 3:27).
A nossa sabedoria é nada. Não devemos julgar saber alguma coisa, pois tudo o que temos e somos vem do Senhor.
"Se alguém julga saber alguma coisa, com efeito, não aprendeu ainda como convém saber" (1 Coríntios 8:2).
A nossa dependência em Deus vai nos livrar de sermos filhos desobedientes. Essa dependência nos guardará de situações, das quais poderíamos perder ou atrasar aquilo que Deus tem para nossas vidas.
Depender de Deus vai lhe trazer uma força sobrenatural que vai fazer você sair de situações externas. Não deixe de depender de Deus mesmo que nada esteja dando certo ao seu redor. Depender de Deus vai fazer você se alegrar em meio as circunstâncias. Dependa de Deus em tudo.
Se você se identificou com esse artigo, busque ajuda! Primeiro em Deus[5], depois em amigos de confiança, aconselhamento ou terapia. Solte a relação de dependência e apoie-se em Jesus. Retome sua caminhada rumo ao amor próprio e a autonomia. Creia que o nosso Deus, segundo Sua riqueza, há de suprir, em Cristo, cada uma de suas necessidades[6].
Citações:
- [1] dependência afetiva; dependência do vínculo; dependência patológica ou simbiótica com o outro; dependência psicológica; dependência interpessoal; comportamento adictivo; intoxicação psicológica; ou droga do amor;
- [2] Bob Davies e Lori Rentzel, Restaurando a Identidade, Ed. Mundo Cristão
- [3] Edward John Mostyn Bowlby, psicólogo, psiquiatra e psicanalista britânico, notável por seu interesse no desenvolvimento infantil e por seu trabalho pioneiro na teoria do apego.
- [4] Formação e rompimento dos laços afetivos. Editora Martins Fontes.
- [5] Salmos 32:3-5
- [6] Filipenses 4:19
[Fonte: Jornal O Tempo, original por Pr. Márcio Valadão (acessado em 04/01/2024); Revista Comunhão, original por Débora Fonseca é graduada em Direito e Psicologia, membro da Igreja Presbiteriana em Jardim Camburi e coordenadora do Ministério Luz na Noite (acessado em 04/01/2024)]
Ao Deus Todo-Poderoso e Perfeito Criador, toda glória.
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E nem 1% religioso.
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