"Feliz é a nação cujo Deus é o Senhor, cujo povo ele escolheu para si mesmo. O Senhor olha desde os céus e vê toda a humanidade. Da sua morada observa toda a gente. (...)
Toda a alma esteja sujeita às potestades superiores; porque não há potestade que não venha de Deus; e as potestades que há foram ordenadas por Deus. Por isso quem resiste à potestade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação" (Salmo 33:12-14; Romanos 13:1,2).
Você sabia que a proclamação da República no dia 15 de novembro em 1889 foi importante não somente para o país, mas também para a expansão do trabalho de distribuição da Bíblia Sagrada?
Os benefícios da Proclamação da República
Passados mais de um século da Proclamação da República, a sociedade brasileira pergunta se os seus ideais e os seus propósitos foram e têm sido realizados. A saber:
- A igualdade de todas e todos perante a lei;
- A isenção de privilégios de classes, grupos e categorias sociais;
- A livre expressão de ideias sem censuras e medos;
- O acesso universal à educação, moradia, segurança e saúde;
- O exercício da cidadania plena (política e social) por parte dos seus cidadãos e cidadãs;
- O respeito às diferenças e à diversidade;
- A distribuição igualitária de renda e
O Estado laico.
Um dos pontos de partida para desvendar os motivos da expansão evangélica envolve análises comparativas com o funcionamento da igreja católica, cujas relações com o que hoje é denominado Estado remontam à chegada dos portugueses em 1500, acompanhados de integrantes do clero.
Até o final do Império, eram os religiosos católicos os responsáveis por atividades de registro civil (nascimentos, casamentos e mortes) e pelo gerenciamento de boa parte das escolas, hospitais e cemitérios.
Com o processo de secularização, ou seja, a separação oficial entre Igreja e Estado, a partir da Proclamação da República em 1889 e, mais especialmente, com a Constituição de 1891, muitas escolas e cemitérios passaram a ser administrados por organizações públicas.
Nova mudança viria com a promulgação da Constituição Federal, em 1988. Na ocasião, houve uma ruptura no entendimento da nação brasileira como sincrética e católica. Tal ruptura desencadeou um processo de valorização do pluralismo religioso, motivando diferentes doutrinas, entre elas a evangélica, a buscar formas de ampliar sua visibilidade na sociedade.
Uma nova República, porém, ainda com velhos conceitos
Olhando para a sua história repleta de tensões, a resposta fica distante de ser positiva. Foram ciclos de crises políticas e sociais causadas pelos conflitos de interesses entre as elites dominantes e por tentativas de exclusão de maior e efetiva participação política das classes subalternas e médias, tanto no campo como na cidade.
Ao todo foram sete constituições, vários golpes e tentativas de golpes, uma guerra civil, pelo menos duas ditaduras e cinco presidentes que não completaram o mandato (sendo que um suicidou-se e dois saíram por impeachment).
A República herdou uma sociedade desigual, racista, sexista e marcada pelas práticas de corrupção em todos os níveis, e esta herança ainda permanece, sobretudo oprimindo os/as mais empobrecidos/as e as minorias.
Mesmo havendo avanços em todos os níveis, este processo se caracterizou como sendo uma modernização conservadora, ou seja, moderniza-se, mas se mantém os privilégios e as desigualdades.
No entanto, foram as forças e as pressões oriundas dos movimentos sociais, dos partidos políticos, dos sindicatos, das camadas médias urbanas e das populações periféricas submetidas à violência e à desigualdade, junto com as manifestações culturais ricas e plurais, que tornaram o Brasil uma sociedade paradoxalmente alegre e criativa, com uma capacidade de superação singular dos seus problemas mais agudos e estruturais.
Neste cenário, perguntamos: E os protestantes e evangélicos em relação à República? Inicialmente, foram apoiadores propositivos à República. Defenderam bandeiras, como o voto feminino, a alfabetização universal e a educação, a democracia, o estado laico e a liberdade religiosa, influenciados/as pelo Evangelho Social das primeiras décadas do século XX.
Fundaram igrejas, escolas, universidades, hospitais e uma imprensa crítica, inserindo no cotidiano outras práticas religiosas e sociais. De fato, em coerência com a história e o legado teológico reformado, quem mais deveria afirmar a república em seus propósitos e ideais mais humanos de justiça e de igualdade seriam os protestantes e evangélicos.
No entanto, sobretudo após o golpe de 1964 e o regime militar, os evangélicos, mesmo com exceções proféticas de lutas e resistências até hoje, tornaram-se aliados, em sua maioria, a um projeto de república excludente e mantenedor da desigualdade social.
Esse posicionamento coincidiu com o crescimento numérico exponencial no período da Nova República (1988-2016), a conquista de espaço no campo político e midiático e a hegemonia de um discurso fundamentalista e autoritário.
E, contrariamente ao seu legado reformado de liberdade de pensamento e de tolerância, os evangélicos, em suas expressões eclesiásticas e manifestações no espaço público (político, cultural e midiático), posicionam-se reativamente contrários às necessárias mudanças e transformações sociais e políticas, na direção de uma sociedade mais justa, equânime e pacífica.
Conclusão
Esta realidade evangélica mais ampla, entretanto, se contrapõe às muitas ações e práticas invisíveis à grande mídia, por parte de igrejas e de movimentos atuantes nas bases e nas periferias, servindo e cuidando das pessoas que sofrem injustiças e violências.
Eis, portanto, um tempo de autocrítica, de revisitação dos pressupostos reformados e de posicionamentos mais críticos ante as contradições de uma república que ainda não aconteceu. Isto para que
"...corra o juízo como as águas, e a justiça, como ribeiro perene" (Amós 5:24).
[Fonte: Expositor Cristão, por Lyndon Araújo Santos | Pastor da Igreja Evangélica Congregacional de São Luis/MA, Doutor em História, professor do Departamento de História da UFMA, desde 1995.]
A Deus toda glória.
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E nem 1% religioso.
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. Não confuda avanço na vacinação e flexibilização com o fim da pandemia
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