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quinta-feira, 1 de abril de 2021

DISCOS QUE EU OUVI — 61: "EROTICA", MADONNA



Madonna, mesmo que você nunca tenha sido fã dela, decerto já ouviu falar sobre ela. Madonna, é muito difícil que você não tenha ouvido ainda alguma música dela. Madonna, acredito que você já pode tê-la visto atuando em algum filme (não foram poucos, destaco aqui os que, digamos, deram mais o que falar — ainda que não tenham sido necessariamente sucessos de bilheteria: "Procura-se Susan, Desesperadamente", de Susan Seidelman (1985); "Surpresas de Shangai", de Jim Godbard (1986); "Quem é Essa Garota?", de James Foley (1987); "Dick Tracy", de Warren Beatty (1990); "Na Cama, com Madonna", documentário (1991); "Corpo em Evidência", de Uli Edel (1993) e "Evita", de Alan Parker (1996)). 

Madonna, sim, devo confessar que na minha adolescência, fui grande fã dela, do tipo que tinha todos os discos, poster colado na porta do guarda-roupas, cadernos com fotos dela nas capas e cheguei até a fazer duas loucuras hoje inimagináveis: decorei e dancei a coreografia de 'Vogue' e matei serviço para ir ao primeiro show dela aqui no Brasil (Com o polêmico disco "Erotica", lançado no ano anterior, Madonna chegou com a turnê "The Girlie Show" para a sua primeira passagem pelo Brasil em novembro de 1993. O frisson em torno da artista foi gigantesco, com apresentações concorridas em São Paulo [Morumbi] e Rio de Janeiro [Maracanã, onde fui parar com a cara e a coragem, de carona.]). E é justamente sobre esse disco icônico e cercado de muita, mas muita polêmica mesmo que irei falar neste capítulo da série especial Discos Que Eu Ouvi.

Madonna, a eterna material girl


Não é qualquer artista que pode chegar aos 60 anos ostentando números tão impressionantes como Madonna. Ainda provocadora, mesmo que agora na pele de uma mulher madura e sem complexos, a cantora que mais vendeu em todos os tempos não é a primeira a se manter ativa na terceira idade.

Segue os passos de Aretha Franklin, Cher, Dolly Parton e Stevie Nicks, que estão nos 70. Só que mais: ela é um ícone da cultura pop e representa o culto à juventude como poucas artistas fizeram, e, enquanto outras se reiventaram ou protagonizaram retornos nostálgicos, a Material Girl nunca passou mais de quatro anos sem lançar um álbum desde a sua bem-sucedida estreia, em 1983.

Entre sucessos mundiais e alguns fracassos, ela não esconde que ambiciona ser a maior de todos os tempos. Transitou pela música, cinema e literatura e já deixou seu nome na história. 

Madonna, como todos nós já sabemos, é considerada uma das maiores artistas de todos os tempos. Com músicas provocativas, shows ousados e álbuns inovadores, podemos dizer que Madonna é, de fato, uma artista visionária. Ela já lançou 14 álbuns de estúdio, 4 ao vivo, além de 75 singles, 6 coletâneas, 10 turnês e é uma das artistas mais bem sucedidas do mundo da música. Polêmicas na vida pessoal e artística também são marcas registradas de Madonna Louise Ciccone. Por exemplo, quem não se lembra da briga que ela comprou com a igreja católica, por causa do clipe da música 'Like a Prayer'?

É importante frisar que, como já dito acima, sua influência não está restrita apenas a música. Madonna conseguiu trazer novidades para a moda (quem lembra o sutiã cônico, por exemplo?), cinema, para a produção de videoclipes, etc. Com mais de 30 anos de carreira, ela continua sendo capaz de propor novas tendências, além de inspirar fãs e muitos outros artistas.

Falemos, então, sobre o álbum...

Erotica!


É importante situar o momento do lançamento com o contexto da época: o mundo estava atravessando um período de grandes mudanças, epidemia de AIDS, ainda havia muito tabu sobre o sexo, as mulheres conseguiam alguns pequenos avanços, homossexualidade como sinônimo de doenças sexualmente transmissíveis, etc.

Em seu quinto álbum de estúdio, ela reuniu todos seus desejos e os mostrou através de um trabalho original e repleto de questionamentos. Lançado em 1992 e com a colaboração dos produtores musicais Andre Betts e Shep Pettibone, o álbum traz uma musicalidade suave, que contem elementos do house e do jazz

É considerado o álbum menos vendido na carreira de Madonna, e só foi elogiado pela crítica alguns anos depois da sua estreia. No mesmo ano, ela lançou o livro chamado 'Sex' que englobava as fantasias sexuais de Dita (alter ego da Madonna): fotos que confessavam sonhos eróticos, sadomasoquismo, uma liberdade sexual sem demarcações.

Faixa a faixa


01) 'Erotica' — O primeiro single, homônimo do álbum, chocou o mundo. Com uma voz bastante afetuosa, com gemidos, Madonna se apresenta como Dita e diz que será nossa amante. A música é sobre se deixar levar, saborear o prazer e o sexo, usar a imaginação e curtir. Que é totalmente possível sentir satisfação sexual livre de qualquer preconceito. O clipe foi censurado em alguns países por apresentar imagens referentes ao livro 'Sex', e em outros países só era exibido durante a madrugada.

Cena do clipe 'Erotica'
O segundo single, 04) 'Deeper and Deeper', é a música mais animada e dançante do álbum. Apesar do título sugestivo em um trabalho com ideias sexuais, a música fala sobre liberdade de viver, sobre paixão e permissão para amar desmesuradamente. O clipe, dirigido por Bobby Woods, mostra Madonna descobrindo a noite ao lado de amigos, e é repleto de símbolos que podem ser interpretados de várias maneiras.

E, como terceiro single, temos 03) 'Bad Girls' que é uma canção infeliz, taciturna. Ainda que discorra sobre um amor inofensivo e virtuoso, Madonna retrata uma mulher que adota uma forma de viver inconstante devido ao álcool, cigarro e um comportamento obstinado. 

Na realidade, as drogas podem funcionar como uma fuga de sua existência amargurada. Na direção do clipe, que é considerado dos vídeos mais bonitos da carreira de Madonna, temos o famosíssimo David Fincher. Nesse vídeo, vemos Madonna como uma mulher bem sucedida, porém descontente e que abusa das bebidas.

Para ser o quarto single temos a regravação de 02) 'Fever', que foi colocada na fase final da produção do álbum. Com uma voz bastante tênue e serena, ela diz sobre a sensação da paixão que é febril, estimulante.

O quinto single é a balada 10) 'Rain' e foi eleita pelos críticos como uma das melhores músicas de Madonna. Alguns acreditam, precipitadamente, que a música possui um segundo sentido, uma comparação ao sêmen. Todavia, podemos entender 'Rain' como uma metáfora: a chuva no sentido de lavar todas as sujeiras da alma, abrindo um espaço íntegro e limpo para o amor. 

Em relação ao clipe, dirigido por Mark Romanek, devemos considerar que é uma produção de altíssima qualidade com efeitos visuais impecáveis, como o ajuste caprichado de cores e luzes, por exemplo. Para muitos fãs, incluindo críticos, o vídeo está entre os preferidos e o mais bonito.
Cena do clipe 'Rain'
A música 03) 'Bye Bye Baby' foi selecionada como o sexto single, e logo nas primeiras letras Madonna avisa que não se trata de uma canção de amor, embora tenha um arranjo sedutor. Basicamente, diz respeito a um relacionamento exaustivo e que, por isso, deve acabar.

Há outras canções que não foram singles, porém merecem um destaque, por exemplo...

12) 'In This Life' é, sem dúvida, a música mais triste do álbum. O assunto central dessa faixa é a AIDS, e Madonna conta que perdeu duas pessoas queridas vítimas da doença. Alguns questionamentos são levantados através da letra, como o preconceito e a indiferença das pessoas no que tange ao problema da AIDS. Que elas preferem virar as costas para esse problema, que precisamos ter respeito e empatia pelo próximo.

Em 05) 'Where Life Begins', Madonna canta os versos como se estivesse conversando com os ouvintes, e há uma sonoridade bastante envolvente. O nome da música é convidativo e representa outra metáfora: comida caseira e a "de fora", e o prazer erótico. 

Madonna diz, por exemplo, que isso não é uma conversa de sala de jantar e que todas as garotas deveriam comer fora. Que a vida e a diversão começam lá "em baixo", e que devemos deleitar da nossa sensualidade.

Por fim, em 11) 'Why It's So Hard?', temos uma mensagem sobre amor em um mundo individualista e cada vez mais tirano. Na realidade, a maior parte da música é concebida por perguntas como: o que preciso fazer para ser aceito? Em qual grupo entro para me sentir respeitada? Quem deve dizer no que acredito? Como devo parecer para ser igual? Por que é tão difícil amar?

As demais faixas são: 07) 'Waiting', 08) 'Thief Of Hearts', 09) 'Words', 13) 'Did You Do It?', e 14) 'Secret Garden'.

Conclusão


"Erotica" aborda temas relevantes e continua sendo um dos trabalhos mais geniais de Madonna. Foi lançado na década de 90, mas poderia ter sido divulgado em nosso momento atual, afinal de contas muitos tabus persistem na sociedade como a liberdade sexual, por exemplo. 

É um álbum maduro, requintado, surpreendente, moderno. Podemos dizer, inclusive, que ele inspira coragem para expressarmos nossa sexualidade, nossos desejos. Que suscita o amor ao próximo, a ser quem quisermos e não sentir medo de vivenciar aventuras. Que sexo pode e deve ser seguro, prazeroso e recreativo para qualquer pessoa. Que o padrão pode ser contrariado.

"Erotica" pode não ter o mesmo peso revolucionário que a produção anterior, "Like a Prayer" (1989), mas é extremamente original em diversos sentidos. O disco funciona como uma declaração de independência para o mundo, trazendo Madonna no centro de um desabafo emocional que se estende ao longo de catorze longas faixas. Os equívocos podem até ganhar uma expressiva voz; porém, perdem força e são ofuscados por uma sexy e dançante confissão musical.

E podemos concluir o texto reiterando a grandiosidade e a imponência de Madonna no mundo pop através de todos os seus trabalhos, sejam eles antigos ou mais recentes. Obviamente, cada um de nós possui um gosto musical, um cantor que mais admira, no entanto jamais podemos ignorar o que Madonna fez para a música, principalmente. Talvez o mundo esteja necessitando de mais artistas corajosos, rebeldes e que nos façam abrir a mente.
[Fonte: Obvius, por Gabrielly Rezende; Cine Pop]

A Deus toda glória.
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E nem 1% religioso. 
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Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. A pandemia não passou, a guerra não acabou.

Um comentário:

  1. Adorei. Realmente Madona é uma artista a frente de todos os tempos, certa? Ou errada? Não sabemos, mas que é diferenciada, ousada e expressiva pela própria natureza, isso ela é sem sombra de dúvidas.

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