Total de visualizações de página

quinta-feira, 30 de abril de 2020

A BÍBLIA COMO ELA É - ENTENDENDO JOÃO 4:1-30: JESUS E A SAMARITANA


O capítulo que relata a história de Jesus encontrando a mulher Samaritana junto ao poço de Jacó, em João 4, é uma das mais conhecidas, ministradas e cantadas tanto por cristãos evangélicos, como os de outras vertentes cristãs.

Ela começa definindo o cenário para o que acontecerá mais tarde em Samaria e está firmado no que aconteceu na Judeia no tempo em que já se desenvolvia o Evangelho. A popularidade crescente de Jesus resultou em um significativo número de seguidores.

Seus discípulos realizaram um antigo ritual Judaico de lavagem cerimonial com água, assim como fez João Batista e seus discípulos. O ritual representava a confissão dos pecados das pessoas e seu reconhecimento da necessidade do poder purificador do perdão de Deus. Quando ficou claro para Jesus que as multidões estavam se tornando maiores, mas especialmente quando soube que muitos fariseus estavam alarmados, Ele decidiu que era hora de ir para a Galileia para continuar seu ministério (versículos 1-3).

No texto deste capítulo da série especial de artigos A Bíblia Como Ela é, vamos ver alguns detalhes importantes nessa passagem e os aprendizados que podemos tirar dela.

"...E era-lhE necessário passar por Samaria..." 


O texto simplesmente diz que Jesus "...teve de passar por Samaria..." (vs. 4). Talvez, neste momento uma curta aula de geografia seja útil. As terras Samaritanas ficavam entre as terras da Judeia e da Galileia. O caminho contornando Samaria levava o dobro do tempo, ao invés dos três dias necessários indo direto da Galileia a Jerusalém, porque evitando Samaria era preciso atravessar o rio Jordão duas vezes para seguir um caminho a leste do rio. 

O caminho através de Samaria era mais perigoso, porque eram comuns os ânimos se exaltarem entre Samaritanos e Judeus. Não nos é dita a razão pela qual Jesus e seus discípulos precisavam passar por Samaria. João simplesmente diz que Jesus "...tinha que ir...", implicando que para Jesus isto não era comum. 

Talvez Jesus precisasse chegar à Galileia relativamente rápido. Mas o texto não nos dá nenhuma indicação de que Ele tinha um convite pendente para um evento na Galileia para o qual Ele estava atrasado. Ele saiu quando sentiu a iminência de um confronto com os fariseus sobre a sua popularidade entre os Israelitas. 

Isto estava associado à compreensão de Jesus que o tempo para tal confronto ainda não tinha chegado. Na mente de Jesus, o confronto com a liderança religiosa da Judeia, (e não se enganem sobre isso, os principais fariseus eram parte integrante de tal liderança) neste momento era prematuro e que muito precisava ser feito antes de ir para a cruz e beber do cálice da ira de Deus, em nome da antiga aliança com o povo e as nações do mundo. A maneira como Jesus via os Samaritanos e seu próprio ministério entre eles pode nos surpreender à medida que continuamos a examinar esta história. 

Apesar de fazer parte da região central de Israel, Samaria era rejeitada pelos judeus, que a consideravam herege e espiritualmente imunda por vários motivos. Vejamos os principais deles abaixo.

Porque "os judeus não se davam com os samaritanos?"


Quando o país se dividiu, em 930 a.C., Samaria foi a capital do reino do norte (1 Reis 12:16; 16:21-29), em oposição a Jerusalém, capital do reino do sul, o que provocou muita rivalidade política. 

Quase trezentos anos depois, a Assíria dominava Samaria e seu rei Asnapar, também conhecido como Assurbanipal, levou cinco povos estrangeiros para morarem em suas cidades. Estes cinco povos trouxeram suas crendices religiosas, apoiadas em diversas divindades e ídolos, entre elas Tartaque, deusa da fertilidade, Nibaz, Sucote-Benote, Nergal, e o casal de ídolos Adrameleque (sol) e Anameleque (lua) (2 Rs 17:24-31), que exigia sacrifício de crianças. Esta situação, trazida pelos estrangeiros, levou judeus e samaritanos a uma rivalidade racial e religiosa.

Em 538 a.C., surgiu o principal motivo que provocou a definitiva inimizade entre samaritanos e judeus: quando da reconstrução do Templo de Jerusalém, iniciada pelos judeus que voltavam do exílio da Babilônia, os samaritanos ofereceram-se para ajudar, mas foram rejeitados por Zorobabel. 

Em represália, os samaritanos fizeram de tudo para atrapalhar a reconstrução do Templo. Por isso, foram proibidos pelos judeus de congregar em Jerusalém (Esdras 4). Para não ficarem sem lugar de adoração, os samaritanos construíram um templo no Monte Gerizim em Samaria – a 64 quilômetros de Jerusalém – e fizeram dele o único lugar de culto, afirmando, com base no livro de Deuteronômio, que este era o "Monte da Bênção" e o único lugar escolhido por Deus (11:29).

Rejeitavam totalmente a autoridade espiritual do sumo sacerdote do Templo de Jerusalém e professavam fé somente nos cinco primeiros livros da Torá, já que consideravam o restante excessivamente favorável aos judeus. Por tudo isso, os judeus os chamavam de endemoninhados. Em Israel, nos tempos de Jesus, a palavra "samaritano" tornou-se sinônimo de "endemoninhado". O próprio Jesus foi xingado de samaritano e endemoninhado (João 8:48). 

Samaria 


Quer dizer "Torre de Guarda", hoje tem o nome de Sebastieh e a sua população é extremamente reduzida. Talvez a palavra Sebastieh seja derivada do grego Sebastos, que quer dizer "venerável, adorável", empregada em relação aos imperadores romanos. Foi ali que Jesus ensinou quem é o Único que deve ser venerado e adorado. 

"...Cerca da Hora Sexta (Meio-dia)..."

Jesus quebrando as convenções sociais e religiosas 

"...Como, sendo Tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana?..." 
Além de toda a inimizade histórica e religiosa que separava judeus e samaritanos, impedindo-os até de se falarem, aquela mulher ficou admirada com o fato de que Jesus conversasse com ela porque, naquele tempo, nenhum homem conversava com uma mulher em público.

Até o próprio marido evitava conversar com a esposa na rua. Quanto mais um estranho que, ainda por cima, era judeu! Não apenas ela estranhou, mas os próprios discípulos de Jesus ficaram admirados que Ele estivesse conversando "...com uma mulher..." (Jo 4:27). 


Os rabis diziam que 
"era melhor queimar a Torá, do que ensiná-la a uma mulher". 
Portanto, segundo a intolerância da época, tudo parecia ter conspirado contra aquela vida: nasceu mulher, era samaritana e vivia em concubinato com o sexto homem. Que chance ela teria de ser salva? Que religião a aceitaria? 

"...Se Tu conheceras o dom de Deus..." 


Mesmo sabendo antecipadamente da conturbada vida conjugal daquela mulher, Jesus – o "Rabi dos rabis" – não apenas lhe dirigiu a Palavra e a ensinou, como também ofereceu a ela e ao seu concubino o que Ele tem de mais precioso: a Água Viva (Salvação) e a Fonte que Jorra (o Espírito Santo – Jo 7:37,38). 

Jesus deixou bem claro que a Salvação é dom – presente – de Deus e que uma vida cheia do Espírito Santo nada tem a ver com o estado civil de qualquer pessoa. 

"...Disseste bem: não tenho marido; porque já tiveste cinco maridos e o que agora tens não é teu marido..."


Este é, sem dúvida nenhuma, o ponto mais curioso e importante deste episódio. Com tantas mulheres em Samaria, todas precisando igualmente da Água Viva, por que Jesus se encontra justamente com uma mulher que já tinha tido cinco maridos e que, agora, vivia com o sexto que não era seu esposo? 

A razão é emblemática: os cinco ex-maridos da samaritana representam os cincos povos pagãos que povoaram Samaria, cada povo com o seu deus diferente (já tratei especificamente sobre este tema em outro artigo, se quiser mais detalhes, clique ➫ aqui). 

Apesar dos seus "cinco deuses", os samaritanos não eram felizes. Os samaritanos só passaram a viver em segurança quando se converteram ao "sexto" Deus – o Deus de Israel (2 Rs 17:24-39). Porém, toda a religiosidade posterior dos samaritanos acabou se apoiando em doutrinas de homens, o mesmo ocorrendo com todo o Israel. O próprio Jesus mencionou: 
"Em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens" (Mateus 15:9). 
Visto que o ser humano foi criado no sexto dia, "seis" passou a ser o número do homem. A mulher samaritana agora vivia com o sexto homem que não era o seu marido. Jesus é ao mesmo tempo, o "Sexto marido", fazendo uma referência ao fato de a mulher ainda não O conhecer, ou seja, "ainda não ser sua esposa legítima" (conversão, novo nascimento), e também, dentro deste contexto, se tornaria o "Sétimo Homem" que está aparecendo na vida daquela samaritana e Ele é Deus, o Marido Perfeito, e ela, à partir daquele encontro, passaria a ser Noiva (Igreja): 
"Pois o teu Criador é o teu marido. O Senhor dos Exércitos é o seu Nome. E o Santo de Israel é o teu Redentor, que é chamado o Deus de toda a Terra" (Isaías 54:5). 
Como aquela samaritana, assim também a humanidade tem muitas relações religiosas, de fundamento puramente humano, mas é somente com Jesus – o Homem Perfeito que é Deus – que o ser humano pode ser verdadeiramente feliz. 

"...A salvação vem dos judeus..." 


Os judeus, por serem descendentes de Abraão – o primeiro homem a ter fé no Deus invisível e verdadeiro –, receberam, por intermédio de Moisés, a revelação escrita de Sua vontade. Foi o único povo da Terra a receber tal privilégio. O texto abaixo sugerido é do livro de Deuteronômio – um dos mais citados por Jesus – e retrata, na Torá, o que Jesus disse à mulher samaritana: (Dt 4:10-31).

A verdadeira adoração 

"Deus é Espírito e importa que aqueles que O adoram O adorem em espírito e em verdade..." 
Desde o princípio de Sua revelação à humanidade, Deus enfatizou a adoração em espírito, proibindo o ser humano de adorá-lO por meio de qualquer representação, ou de confeccionar imagens semelhantes a quaisquer criaturas do Céu ou da Terra (Êxodo 20:4-6). Adorar o SENHOR por intermédio de objetos ou imagens não é adorá-lO "em espírito e verdade". 

"...Eu o Sou, Eu que falo contigo..." 


Além do ensino extraordinário dado à samaritana, Jesus disse, pela primeira vez, algo que não havia falado nem aos seguidores mais chegados: "Eu sou o Messias". Assim, nesta passagem, vemos o sincero amor e interesse do Senhor em se revelar e salvar a todos, inclusive aos mais desprezados e rejeitados.


Conclusão


O texto da Mulher Samaritana, sem dúvida, um dos textos mais conhecidos da Bíblia e traz em si mesmo, algumas lições muito importantes para a vida de todos nós também nos dias atuais. E é justamente sobre isso que eu desejo compartilhar com você através desse artigo.

Aquela mulher era muito discriminada pelo simples fato de ser mulher (vs. 27); ela também era uma pessoa rejeitada pelos judeus por ser samaritana (vs.9). Além disso, ela era rejeitada pelos próprios samaritanos por ter vida sexual irregular (vs.18).

Diante tantas rejeições, provavelmente ela foi buscar água ao meio-dia (hora sexta, vs.6) para não se encontrar com ninguém no poço. O horário de se buscar água era pela manhã. Ela vivia fugindo, se escondendo. Tinha vergonha de si mesma. A mulher samaritana precisava de uma verdadeira mudança de vida; só não sabia como tal situação poderia de fato acontecer em sua vida.

Mas, para a sua surpresa, no momento em que ela chegou junto ao poço para apanhar água, Jesus veio até ela. E é justamente aqui que nós aprendemos essa importante lição dada por Jesus; Ele sempre está disposto a vir até ao nosso encontro. Precisamos entender que o Encontro com Deus não se dá apenas pelo esforço humano. Na verdade, a decisão do encontro partiu dEle quando enviou seu filho Jesus ao nosso encontro.

Aquela mulher, além de não fugir do encontro com Jesus, também reconheceu que Ele era Profeta, não somente acreditou mas também se comprometeu com Ele. Mesmo sem ter ainda pleno entendimento, ela quis o que o Senhor oferecia. Não adianta reconhecer e não se comprometer com Jesus.

Além de crer em Jesus, aquela mulher tomou a brilhante iniciativa de testemunhar aos outros a respeito de Jesus. Ela foi e anunciou na Cidade de Sicar sobre seu encontro com Jesus (vs. 28,29). A mulher samaritana quebrou seu estado de isolamento social, deixou pra trás o cântaro e foi anunciar o que Jesus fez em sua vida. Precisamos entender que existem muitas coisas que precisam ser deixadas pra trás quando entregamos a nossa vida pra Jesus.

A mulher samaritana, antes de ter um Encontro com Jesus, se alimentava de "passado" e só conseguia ver um futuro muito distante: 
"...Quando o Messias vier nos anunciará todas as coisas..."
Mas, naquele momento, ela pôde compreender que Jesus não se preocupa apenas com o nosso futuro, mas também com o nosso momento atual.

Eu não sei como a sua vida se encontra nesse exato momento, mas eu creio que, o que Jesus fez na vida da mulher samaritana, Ele está disposto a fazer na sua vida também!

Não importa o quanto você tenha sido rejeitado até aqui. Basta que você aceite ter agora esse encontro com Jesus, creia nEle e se disponha a obedecê-lO!

Neste texto de João capítulo 4, Jesus não está pregando para uma multidão. Ele estava falando apenas para aquela mulher e isso mostra que Ele valoriza as pessoas individualmente.

Mesmo que você hoje esteja se sentindo apenas mais um em meio à multidão, creia que Jesus não somente está te vendo, como também está vindo ao seu encontro. E, com toda certeza, esse encontro com Jesus, vai mudar por completo e para sempre a sua vida!

[Fonte: Israel Institute of Biblical Studies, por Dr. Eli Lizorkin-Eyzenberg; Comunidade Cristã Paz e Vida, por pr. Juanribe Pagliarin]

A Deus toda glória. 
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade. 
E nem 1% religioso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário