Quando o assunto é namoro, não faltam mitos e invencionices, principalmente nos círculos cristãos. Do tal de "namoro santo" à furada crença do "escolhido", este assunto no meio cristão é cercado de coisas que até Deus duvida.
Só love, só love?
Eu acredito e defendo a teoria de que namoro é para casamento. Por esse motivo eu sou frontal e irredutivelmente contra namoro entre adolescentes (por ser um posicionamento pessoal, não irei entrar nos pormenores da questão). Uma coisa é certa, chegando ao casamento: dizer, no momento da cerimônia, que estará ao lado do companheiro na alegria e na tristeza, na saúde e na doença e até que a morte os separe não é, nunca foi e nem será o suficiente para manter um bom relacionamento a dois. A prova é que muitos casamentos nem sequer chegam perto da página do felizes para sempre que ambos idealizaram.
Quando se fala em casamento, se pensa em uma escolha para a vida toda. Por isso, a fase do namoro – apesar de não ser bíblica (não existe uma linha sequer na Bíblia que sugira algum relacionamento parecido com o namoro do jeito que conhecemos) – é tão importante, já que é a ocasião propícia para que ambos se conheçam e estejam certos do que realmente querem. Mas quantas pessoas, em vez de chegarem a uma definição, prolongam um relacionamento nutrindo as dúvidas do que será no futuro?
A Bíblia não fala nada sobre namoro por uma razão muito simples: o "namoro" é um conceito muito recente, e não existia na forma como conhecemos hoje quando a Bíblia foi escrita. Na Bíblia vemos que as pessoas entram em uma dessas categorias: amigos/irmãos em Cristo, noivos, ou casados. Ou só existia amizade, ou então o compromisso era sério.
Mas nós podemos retirar alguns princípios teológicos, que encontramos na Bíblia, e que podem nos ajudar a entender o que Deus espera de quem está namorando. Vou listar os sete principais:
- Deve ter um único objetivo: o casamento.
- Cristão não devem namorar não cristãos.
- Encontre a pessoa certa.
- Comece pela amizade.
- Espere pelo momento certo.
- Mantenha a pureza.
- Coloque Deus em primeiro lugar.
Se escolher o sonhado vestido de noiva e caminhar ao som da marcha nupcial faz parte de um desejo de muitas garotas, resta a pergunta: o que virá depois? Isso os contos de fadas não mostram.
O que é namoro?
Vejo o namoro como um processo de avaliação. Um momento para as pessoas se avaliarem com o intuito de chegarem a uma escolha, a uma decisão.
E, por razões óbvias, chegar a essa escolha é algo que deve ser feito o quanto antes. Por mais que se goste da outra pessoa e ache que vale a pena correr o risco, a avaliação – que pode ser feita com base no que se conhece do outro e dos momentos que compartilharam juntos – deve ser realizada com lupa. Vejamos:
- Observe o comportamento – como é o caráter e a personalidade do outro. Há indícios de que o príncipe virou sapo ou a fada virou bruxa? Ele(a) é equilibrado(a)? Emotivo(a) ou ponderado(a)? Uma pessoa fútil, ciumenta, mentirosa?
- Questão de gosto – o seu parceiro gosta do que vê em você fisicamente? Se sente bem ao seu lado do jeito que você é ou lhe propõe mudanças? Há química entre vocês?
- Relação com a família – o jeito que ele(a) lida com a família é o jeito que provavelmente tratará você. Ele(a) já levantou a mão para a mãe? Você o(a) escuta no telefone aos berros com a irmã?
- Como a(o) trata – há reciprocidade no relacionamento no dia a dia? Ele(a) a(o) compara com outras mulheres (homens), principalmente com a(o) ex?
- Dinheiro no bolso de quem? – ele(a) é esforçado(a)? Econômico(a) ou consumista? Acomodado(a) e imediatista? Depende (ou explora) os pais financeiramente?
- O que querem? – se um quer ter uma família do tamanho de um time de futebol e outro não pensa em ter filhos; se um pensa em ter uma casa em um lugarzinho no meio do nada e o outro ambiciona crescer profissionalmente, coloque isso tudo na balança.
- Princípios – vocês têm a mesma fé? Há expectativas em comum?
Está namorando? Pretende namorar? Não deixe de se questionar quanto às questões acima e acrescente mais algumas: como tem sido sua relação consigo mesmo(a)? É refém de inseguranças e questionamentos? Realmente está pronto(a) para bancar um relacionamento amoroso?
"Titiofobia"
O medo de ficar sozinha ou de começar tudo novamente faz com que muitas pessoas façam vista grossa para uma situação que tem tudo para desmoronar ladeira abaixo. Mas não tenha pena de si mesmo. Nem se iluda.
No casamento tudo aumenta: as coisas boas e as ruins também. Se há problemas e posições que não tolera, não espere que o outro mude, porque casamento não faz milagre. Se brigam o tempo todo, se não há comunicação e se o relacionamento não evolui, repense.
Não fantasie que a opinião dele sobre ter filhos ou uma mesa de pebolim no meio da sala vai desaparecer. Nem que seu péssimo caráter, aquele comportamento egoísta ou temperamento explosivo sumam de uma vez por todas. Quer pagar 'pra' ver?
Questão de escolha
Você não está escolhendo em qual empresa irá construir a sua carreira ou em que lugar irá passar as férias. Muito menos a universidade na qual irá se formar. A escolha de quem irá acompanhar você no futuro é delicada e pode sim ser complicada, caso tome a decisão errada.
Cada pessoa tem sua particularidade e nenhuma vem com um "manual" de como saber lidar com ela. Então, a opção mais segura é saber detectar, de preferência logo no início da amizade ou relacionamento, qual é o tipo de mulher/homem com quem está se relacionando, para não ter nenhuma surpresa desagradável no futuro.
Conclusão
O melhor caminho para fazer a escolha certa é quando se consegue olhar além das aparências. Obviamente, é preciso que haja química e interesse mútuo, mas o caráter da pessoa diante de Deus precisa ser analisado antes de tudo.
"Enganosa é a graça, e vã, a formosura, mas a mulher que teme ao Senhor, essa será louvada" (Provérbios 31:30).
Obs.: Embora o versículo acima tenha sido escrito pela sob a perspectiva masculina, o princípio que ele ensina é aplicável a ambos os sexos.
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