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sábado, 1 de agosto de 2015

EU NÃO QUERO MAIS IR À IGREJA!

Vem crescendo cada vez mais um fenômeno religioso que foi "batizado" como Movimento dos Sem Igreja (MSI). Esse movimento é composto por pessoas que se dizem "crentes" (ou não, pois há os que tem pavor de ser chamados "crentes", "evangélicos" ou adjetivos congêneres), afirmam crer na Bíblia (ou não, pelo menos não integralmente, pois nesse movimento há muitos que questionam a verossimilidade de alguns princípios bíblicos no que tange à moral e aos costumes). A essas pessoas eu chamo de "decepcionados com a graça". E muitas delas, sob os mais variados argumentos e justificativas pessoais ("A salvação é individual", "Igreja/denominação/placa não salva ninguém", "Sirvo a Deus na minha casa. Oro todo dia e leio a Bíblia frequentemente..."), se dizem mesmo decepcionadas: (com o que chamam de) "a instituição falida", com as pessoas (principalmente com os líderes) e com a diversidade doutrinária. O intuito deste artigo absolutamente NÃO É julgar aos irmãos que têm tal posicionamentos mas sim fazer uma análise sobre todo o contexto e sob à luz da Escrituras, que para mim é integralmente absoluta, me posicionar.

A salvação é individual. É verdade! Paulo disse que “cada um” será julgado “perante o tribunal de Cristo” (2 Coríntios 5:10). Não seremos julgados coletivamente como igrejas. A igreja [e/ou a denominação, a placa] não salva ninguém. Isso, também, é verdade! É pelo sangue de Jesus que recebemos “a remissão dos pecados” (Efésios 1:6-7). “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé” (Efésios 2:8). A igreja não morreu por nós, e não é capaz de nos salvar. Algumas pessoas, compreendendo estes fatos, chegam à conclusão que a vida cristã não tenha nada a ver com a igreja. Pode frequentar uma se quiser, mas também pode usar o tempo igualmente bem recebendo amigos em casa, passeando no shopping ou indo pescar. Pode comunicar com Deus em qualquer lugar, então quem precisa de igrejas? Antes de descartar ou desprezar a igreja na sua vida, não seria importante ver o que Deus diz a respeito dela? E, aqui começa o ponto chave do assunto, se a igreja é importante para Deus, por que não seria para aqueles que dizem nEle acreditar?

Entendendo o conceito de igreja em seus contextos


A igreja (grego, ekklesia) é um grupo de pessoas chamadas para saírem do pecado e pertencerem a Cristo. Jesus prometeu edificar a igreja dEle (Mateus 16:18). Deus comprou a igreja com seu próprio sangue no sentido que ele comprou cada pessoa salva (Atos 20:28; cf. 1 Coríntios 6:20). Paulo frisou a importância de procedimento adequado “na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade” (1 Timóteo 3:15). Embora a igreja não salva, ela tem um papel fundamental na divulgação do evangelho. Devemos valorizar a casa de Deus.

Quando se trata da responsabilidade de participar de uma igreja, uma congregação local, o Novo Testamento não deixa dúvida. Além de muitos exemplos no livro de Atos e referências nas epístolas, encontramos instruções específicas que exigem a nossa participação nas reuniões de uma igreja. O autor de Hebreus claramente condena a atitude de pessoas que deixam de se congregar, porque negligenciam seu papel importante na edificação mútua (Hebreus 10:23-27).

Outras instruções exigem a nossa participação nas reuniões da igreja para participar da Ceia do Senhor (1 Coríntios 11:17-34; cf. Atos 20:7), para juntar ofertas (1 Coríntios 16:1-3; Atos 4:36-37; 5:1-2) e para resolver questões de pecado na congregação (1 Coríntios 5:4-5). Discípulos de Cristo se juntam, também, para cantar hinos de louvor e edificação (Efésios 5:19-21) e para ensinar a palavra do Senhor (1 Coríntios 14:26).

Pessoas que negligenciam estas responsabilidades, não participando dos cultos da congregação, desobedecem a Deus. Pecam contra os irmãos e contra o Senhor.

Por que congregar?


Porque a Bíblia assim orienta. E, por mais eloquente, enfático e até convincente que sejam os discursos contrários à importância de se congregar, ao ser passado pelo crivo da autoridade das Escrituras, eles se esfacelam ao nível de pó. Seja fiel na sua participação em uma congregação local. E não deixe de examinar tudo para verificar que a igreja onde você congrega esteja realmente agradando a Deus em doutrina e prática (1 Tessalonicenses 5:21-22). Os possíveis erros e equívocos doutrinários que caracterizam a falibilidade e a debilidade humanas não anulam o que orienta as Escrituras em Hebreus 10:25, que nos diz: "não deixemos de congregar, como é costume de alguns". Por mais erros que possam ter, é na congregação que está o segredo para nossas vidas. 

O conselho que recebemos aqui é para não deixarmos de congregar, reunir, juntar, convocar, chamar pessoas, a palavra do Senhor, enfatiza como é importante estarmos em uma igreja, termos uma família espiritual. Como hoje, naquela época, tinha pessoas, que andavam isoladas e Ele observou isso e deu a direção, para se reunirem e caminhassem juntos.

O protótipo da Igreja no Antigo Testamento


Podia usar várias passagens do AT que deixam claro a visão de Deus para sua igreja mas vou usar algo do livro do Êxodo. Você se lembra, quando o povo de Deus, caminhou pelo deserto? Em Êxodo 13:21, 22 diz: "E o Senhor ia adiante deles, de dia numa coluna de nuvem para para os guiar pelo caminho, e de noite numa coluna de fogo para os alumiar, a fim de que caminhassem de dia e de noite. Não desaparecia de diante do povo a coluna de nuvem de dia, nem a coluna de fogo de noite." Aqui encontramos 2 dos principais ponto a se destacar que são pilares de sustentação da igreja cristã em todas as suas épocas:

  • Princípio da Comunhão (relacionamento - Salmo 133) - Eles tinham que caminhar juntos, era uma congregação, que com certeza tinham seus momentos de crise, dificuldade, desentendimento, mas não valia a pena se separar, senão corriam o risco de se perder no meio da noite, ou morrer diante do sol escaldante do deserto.
  • Princípio da Unidade (visão - Atos capítulos 2 ao 4) - Tinham que permanecer debaixo da nuvem e da coluna de fogo.

Hoje muitos não ouvem mais a voz de Deus, se perderam, porque se decepcionaram ou se desiludiram, se afastaram da congregação e caminham sozinho pelo deserto, vão se afastando cada vez, mas preferem ficar sozinhos, do que caminhar debaixo da nuvem. É na congregação que recebemos a palavra revelada do coração de Deus, para o nosso coração. Portanto apesar dos pesares, com todos os prós e contras, é importante que permaneçamos congregados, não ziguezagueando sozinhos pelo deserto. É válido lembrar que Deus só se responsabilizava pelos que estivem debaixo da nuvem e dentro da coluna.

A metáfora dos gansos selvagens


Vamos aprender com os gansos selvagens? 

  • Quando os gansos selvagens voam em formação "V", eles o fazem a uma velocidade 70% maior do que se estivessem sozinhos. Eles trabalham em EQUIPE.
  • Quando o ganso que estiver no ápice do "V" se cansa, ele passa para trás da formação e outro se adianta para assumir a ponta. Eles partilham a LIDERANÇA. 
  • Quando algum ganso diminui a velocidade, os que vão atrás grasnam encorajando os que estão à frente. Eles são AMIGOS.
  • Quando um deles, por doença ou fraqueza, sai de formação, outro, no mínimo, se junta a ele, passando a ajudá-lo e protegê-lo. Há casos em que um ganso literalmente carrega outro sobre as costas. Eles são SOLIDÁRIOS.
Sendo parte de uma congregação nós podemos produzir muito mais e mais rapidamente. A qualquer instante, também podemos estar sendo indicados para liderar o grupo. Da próxima vez, ao ver uma formação de gansos voando, lembre-se: É uma recompensa! É Um desafio! E um privilégio congregar!

Conhecendo mais o Movimento dos Sem Igreja (MSI)


Este fenômeno contemporâneo aumenta de forma impressionante nos últimos dias. Um voz proeminente no MSI é a do reverente Caio Fábio d'Araújo Filho, que fala forte contra a importância da congregação. Tanto assim, que assistindo a alguns vídeos dele disponibilizado no Youtube e lendo acerca do que ele escreve em seu site, decidi escrever esse artigo para uma reflexão sobre o tema.

Volto a repetir que meu objetivo declarado aqui é confrontar este movimento não com opiniões frívolas, levianas e vazias, mas sim à luz da Palavra de Deus, e, quem sabe conseguir, se Deus assim permitir, levar alguns destes a reverem suas posições, para voltarem ao lugar de onde nunca deveriam ter saído, ou para que, pela primeira vez ingressem onde nunca fizeram parte realmente.

A igreja verdadeira de Jesus, O Cristo, A Igreja Invisível, não aquela manifesta exclusivamente em um prédio e debaixo de uma placa... Vejo grupos de pessoas que seguem suas vidas presos a comportamentos religiosos, decepções, engano, presunção. Não digo que são todos estes, apenas estes. Digo que estes são alguns que eu identifico, mas, claro, não sou o dono da verdade. Não os julgo. Quero apenas propor uma reflexão.

O que creio é que os membros destes grupos tem até mesmo seus motivos, que, se observados sinceramente, e confrontados com a verdade da Palavra, não subsistem. Pelo menos, para um coração sincero.
  • Primeiro Grupo: Os donos da verdade - Estes são, talvez, o grupo mais importante dos que fazem parte do Movimento dos Sem Igreja, e estão, preponderantemente, na sua liderança. São aqueles que sabem TUDO. Se posicionam como heróis paladinos em defesa da verdade. Explicam de uma forma detalhada e clara por que não vão mais à igreja, por que os pastores estão errados, por que a igreja não é o que deveria ser. Sabem inclusive como fundamentar sua decisão utilizando determinados textos bíblicos para justificar suas atitudes antibíblicas. Fora de seu contexto.    Um exemplo clássico para exemplificar o que digo, acerca de textos verdadeiros usados fora de seu contexto, apareceu nas mídias sociais durante os protestos do meio deste ano de 2013. Evangélicos que queriam justificar sua “desobediência por licença profética” postavam textos de Provérbios que demonstravam que quando os ímpios governam, ou os que cobram impostos excessivos governam, o povo sofre.  Sim, isso é uma verdade bíblica, mas não, não há uma exortação do autor do texto bíblico para que saiam todos à rua e “derrubem os infiéis”... Muito pelo contrário, somos sempre chamados a orar por nossos governantes, pela cidade em que vivemos, e sermos submissos a autoridades. Quem julga e remove reinos, é O Senhor! E se acompanharmos a história da humanidade, veremos que Ele já o fez várias vezes! Bem, este mesmo padrão de usar verdades bíblicas fora de seu contexto ou da harmonia bíblica é utilizado pelos donos da verdade do Movimento dos Sem Igreja. Demonstram os pecados e falhas públicas de muitos pastores, bispos, apóstolos. O que é verdade. Denunciam heresias e absurdos perpetrados em Nome de Jesus...Tudo correto... Criticam a errada utilização por algumas igrejas do dinheiro dos dízimos e ofertas. Verdade, triste verdade. E nesta esteira, alguns chegam inclusive a criar uma nova derivação dos MSI, o MSD, “Movimento dos sem Dízimo”... E assim, equivocadamente, levam muitos ao engano, a engrossarem as fileiras dos que abandonam suas congregações...
  • O segundo grupo é constituído pelos críticos pragmáticos e rebeldes - Este grupo de pessoas é aquele que assume a máxima espanhola para inseri-la no “mundo gospel”... “Hay pastor, soy contra!” Mas na maioria das vezes nem mesmo sabe o que crê. Aliás, provavelmente, nem crê no evangelho que diz abraçar. Não conhecem a Bíblia, nunca a leram, porque quando são confrontados de alguma forma por seus pastores, líderes e outros, usam aquela máxima... “Não é bem assim”..., “Não creio desta maneira”... ou ainda, “o mundo mudou”! Como se um argumento racional e humanista, e não bíblico, fosse suficiente para alguém viver como deseja, praticar o que bem entende, e, ainda assim, ser, supostamente, cristão! Os críticos pragmáticos metralharam tudo antes de optar por se “filiarem” ao M.S.I. Não gostaram da forma do pastor pregar, do jeito de ser da mulher do pastor, do líder de louvor, do repertório do louvor, dos músicos. Do tratamento dado às crianças, aos adolescentes, aos jovens, aos casados, aos idosos, aos vizinhos, ao bairro. Do trabalho da diaconia, do endereço, do calor, do frio, dos bancos, do carpete, do horário do culto, da duração do culto. Da quantidade de reuniões, do boletim da igreja, do website da igreja, dos e-mails da igreja, da igreja. Normalmente estes já passaram por diversas igrejas, e após chegarem à conclusão que“nenhuma igreja serve, pois todas estão erradas de alguma maneira”, desistiram por que não existe uma única igreja que os satisfaça. E por não haver uma igreja que os agrade, tornam-se não apenas membros do MSI, mas, quando encontram um novo convertido ou alguém envolvido mesmo com o evangelho, iniciam seu “proselitismo”, ou “anti-proselitismo”, buscando uma brecha para destilarem sua sabedoria crítica para demonstrar por que não vão mais a igreja nenhuma. São inclusive orgulhosos de serem absolutamente “zelosos” da excelência que deveria ser praticada nas igrejas em nossos dias. E após apresentarem seu diagnóstico, concluem: “Não há nenhuma igreja séria hoje em dia”... E ponto final. Assim, concluem, decretam, na liberdade que os apraz, "vou ficar quieto em minha casa, levando minha vida com Deus que me dou melhor". 
  • O grupo dos “ultra corretos doutrinariamente” - Estes são os mais difíceis de tratar por que realmente conhecem as Escrituras. Sabem história bíblica, dominam exegese e hermenêutica, e por este motivo, se acham irrepreensíveis (na internet é fácil encontrá-los em sites, redes sociais, blog...)! Normalmente já foram injustiçados em ministérios pelos quais passaram, por que nunca tiveram a chance de demonstrarem tudo o que sabem. E sabem muito! Sempre têm na ponta da língua o texto que o pastor não usou em sua pregação, o exemplo que não deu ou a passagem paralela que não incluiu na conclusão... Sempre têm uma crítica bem fundamentada quanto ao fato de que o que foi feito não foi o que deveria ter sido feito. Sabem claramente por que o batismo é por aspersão e não por imersão, ou o inverso. Sabem muito bem por que creem nos dons ou não. Sabem muito bem por que são da predestinação ou do livre arbítrio. Sabem muito bem por que são ou não apostólicos. Sabem muito bem por que são históricos ou não. Sabem muito bem se a efusão dos dons espirituais são válidas hoje ou não. Também sabem tudo sobre a lei, a graça, o Espírito Santo, o diabo, o céu (inclusive quem "vai ou não vai"), o inferno (idem), o certo, o errado, o bem e o mal (aliás, às vezes parece que estão acima dos dois)... E por qualquer destes motivos, por quaisquer destas posições, demonstram o quanto o meio evangélico atual está completamente errado, e... Ficam em casa. São do grupo dos membros mais preparados biblicamente do MSI.
  • O grupo dos magoados/decepcionados - Estes poderiam até mesmo ter alguma justificativa para sua filiação ao MSI. Alguém os magoou profundamente em sua jornada cristã. Um pastor, um líder, um discipulador, o melhor amigo na igreja... Alguém que deveria ter sido bênção, não o foi. Traiu a sua confiança, não fez o que deveria, ou fez o que não deveria. E assim, foi um instrumento das trevas para afastar esta pessoa da comunhão, e isso a encaminhou para se tornar mais um sem igreja. Associa que todas as pessoas de todas as igrejas são iguais a esta. E, portanto, não há por que tentar de novo, não há por que procurar outra igreja, não há por que perdoar o ofensor. A dor, a vergonha, a frustração, a ira... Qualquer destes ou todos estes justificam a ausência... E são agora MSI de carteirinha, e tem, talvez, a melhor justificativa de todos os perfis que analiso aqui.
  • E eu batizarei o último grupo como “Os proféticos” - Por que “proféticos”?Porque este grupo inclui todos os anteriores, o próprio MSI. 
Por trás de tudo isso, conscientemente ou não, está uma postura arrogante, pois estas pessoas se consideram tão boas, tão acima da média que acreditam não haver na face da terra uma igreja boa o bastante para recebê-las. Para fundamentar minha análise, aos sinais dos últimos dias, do fim dos tempos, da volta de Jesus e do Juízo, sugiro que leiamos os seguintes textos: 2 Timóteo 3:1-17, 4: 1-5; Hebreus 10:19-25. Os textos citados - não se trata de passagens isoladas, mas sim de uma sequência contextual - são para livre compreensão de todos. Creio e oro para que, se você é um dos que estava preso neste sutil engano, que se volte a Jesus, O Cristo, volte à comunhão dos irmãos em qualquer igreja que pregue o genuíno evangelho. Que se volte para fazer parte de uma Noiva, apaixonada, aguardando a volta do Senhor Jesus. Como eu posso ficar fora da igreja se Jesus virá buscar sua Igreja - e aqui é no coletivo, no significado de Povo (cf 2 Pedro 2:9)? Abandonemos a apostasia (o abandono e a negação da fé, ou seja, a negação daquilo que se crê, ou melhor, que se cria; e uma forma bem simples, é a negação do ensino da Bíblia e o afastamento das pessoas da vontade de Deus - 2 Tm 2:17). Sejamos sóbrios e vigilantes.

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