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terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

QUER ACEITAR JESUS?


"Se você agora deseja receber a Cristo como seu Senhor e Salvador, queira se manifestar levantando sua mão (...) agora pode vir aqui à frente, fazer sua confissão diante dos homens (...) a igreja irá orar por você", brada o pregador, do púlpito, momentos depois de encerrar a mensagem. Diante das mãos que se ergueram. Após à "oração de entrega (a tal confissão diante dos homens)", "os decididos" são exortados ao arrependimento e à mudança de vida. Quem já viu esse filme levante a mão. Se você é crente, obviamente levantou também o pé. Trata-se do popularíssimo e clássico apelo, rito praticado em diversas igrejas evangélicas e que constitui-se, para muitos, no momento mais importante de uma reunião de culto. Afinal, é ali que a pregação da Palavra de Deus adquire um caráter prático, e o ouvinte é desafiado a tomar uma atitude espiritual diante do que ouviu. 


É difícil encontrar um crente que nunca tenha atendido a um apelo. As formas de abordagens são as mais variadas possíveis, de acordo com a imensa diversidade de teologias, doutrinas e costumes entre as mais diferentes denominações. Mas, o objetivo é sempre o mesmo - abrir oportunidade para quem quiser, diante de todos, declarar que creu na Palavra de Deus. O ato é baseado, certamente, na passagem bíblica que diz que aqueles que confessarem a Cristo publicamente terão seus nomes confessados pelo Filho de Deus diante do Pai. 

Há uma vertente evangélica - dessas que aparecem com novas "visões" e "mensagens" "de Deus", prometendo "revolucionar" o mundo -  que ensina que não se deve fazer apelos porque "não tem isso na Bíblia". Ah, faça-me o favor! Eu pergunto: quais os males que o ato de fazer apelos já trouxe para a Igreja? Eu mesmo respondo: nenhum! Então, por qual motivo não se pode ou não se deva fazê-lo? Há tanto descalabro teológico infiltrado no seio da Igreja, bizarrices que são ensinadas como doutrinas, às quais podem ter sido extraídas de qualquer lugar, menos da Bíblia e me vem essa gente implicar com o apelo?! Isso é no mínimo falta do que fazer.

Mas, afinal, quem é o "pai do apelo"?


Charles Grandison Finney nasceu em Connecticut, nos Estados Unidos, no ano de 1792. Sua família era descrente, e ele recebeu formação secular. Tornou-se advogado e, consultando seus livros de jurisprudência, encontrou muitas citações da Bíblia. Curioso, resolveu comprar um exemplar para conhecê-la. Foi o começo de uma profunda mudança em sua vida. Entretanto, sua conversão só se daria aos 29 anos, depois de um conflito interior. Profundamente transformado, Finney não demorou a abandonar os tribunais para dedicar-se ao trabalho evangelístico.

Em uma época marcada pelo nacionalismo, ele foi um dos primeiros a empunhar a bandeira da necessidade de uma fé viva e compromissada. Enquanto muitos pregadores preferiam os grandes centros, de olhos nas multidões, Finney dava maior atenção às pequenas cidades do interior. Onde passava levava, como diziam seus contemporâneos, um "rasgo de fogo". Em certas ocasiões, sua simples presença era suficiente para levar homens e mulheres ao pranto compungido. Como a quantidade de pessoas ansiosas pela salvação era grande em suas pregações, Finney introduziu o método do "banco dos decididos", ou "banco dos ansiosos", que é considerado por muitos teólogos e historiadores como precursor do apelo.

A coisa funcionava assim: a fim de evitar decisões prematuras, tomadas no calor da emoção, Charles Finney convidava os mais despertados por suas mensagens a virem sentar nos primeiros assentos, em separado. O evangelista opunha-se aos convites imediatos, e só depois de algum tempo assistindo aos cultos - ou seja, quando a decisão já estivesse madura -, aquelas pessoas eram chamadas a ir à frente, tornando público o ato.

Narrativas da época dão conta de que, enquanto em reuniões promovidas por outros avivalilistas, o índice de pessoas que aceitavam Cristo e acabavam se desviando em seguida era de 75%, com Finney 80% permaneciam fiéis nas igrejas. Porém, não foram apenas as manifestações do Espírito Santo que marcaram a vida de Finney. Professor e depois reitor em Oberlin College, ele é autor de várias obras de teologia e sermões que marcaram época. Entre eles estão "Uma vida cheia do Espírito" e "Teologia sistemática", publicados no Brasil pela CPAD (Casas Publicadoras das Assembleias de Deus). Além dos EUA, Charles Finney pregou a Palavra - e fez seus apelos - também em outros países, como a Inglaterra. Tal disposição marcou o evangelismo até o fim de sua vida. Ele pregou seu último sermão em 16 de agosto de 1875, às vésperas de completar 83 anos de idade - e morreria naquela mesma noite.

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