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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

FIDELIDADE A QUEM?



É muito comum as pessoas ficarem a procura de uma igreja com a qual se identifiquem. E, convenhamos, atualmente é possível encontrar igrejas para todos os gostos (e desgostos): igreja para metaleiros, igreja para motoqueiros, igrejas para punks (é o chamado "evangelho undergroud"), igreja para LBGTs e simpatizantes (é o chamado "evangelho inclusivo")... Enfim, o importante é que na igreja escolhida tenhamos um melhor atendimento e/ou um atendimento à nosso contento.

Há uma tendência contemporânea indicando que os critérios de pertencimento das pessoas a uma igreja está mudando. No passado, os crentes eram leais à sua igreja por motivos doutrinários ou mesmo pela sua ligação familiar. Mas as pessoas hoje buscam mais conforto e melhores condições de atendimento. Umas espécie de fidelização gospel, semelhante aos métodos que as empresas utilizam com seus clientes.

Assim, as pessoas poderão se sentir mais atraídas se a igreja oferece um bom estacionamento, se tem datashow para expor as letras dos cânticos, se a música é agradável (ao gosto pessoal de cada um) ou se o berçário fornece atendimento VIP para as crianças, com fraldas descartáveis e serviço de enfermagem. Melhor ainda se for uma igreja cuja mensagem vá ao encontro das necessidades dos fiéis, pregando um evangelho de resultados positivos e de prosperidade (é o bem recebido "evangelho triunfalista", onde não há perda alguma, só ganhos).

Estamos assistindo uma "guerra comercial" no mundo evangélico, em que muitas igrejas, para atrair mais "clientes", se utilizam de toda sorte de estratagemas, muito semelhantes ao mercado empresarial. Certa feita vi um outdoor que dizia assim "Você está sem igreja? Venha para a igreja..." Eu pensei que a chamada deveria ser "Você ainda não encontrou a razão do seu viver? Venha conhecer Jesus Cristo aqui" ou algo semelhante, que levasse as pessoas a única possibilidade eficaz de transformação.

Falar em pecado, em Cristo, talvez espante o "freguês". Há até um vocabulário - o famigerado "evangeliquês" - de linguagem viciada nos clichês, que deve ser bem decorado e estar sempre na ponta da língua. E há o vocabulário proibido, afinal, "as palavras têm força", então, partamos agora para o "evangelho da confissão positiva". Em vez de falar que para obter a vitória você deve contribuir para a igreja, fala-se em bom evangeliquês, que você deve fazer o "sacrifício" ou o "ato profético" (termos ambíguos que variam de denominação para denominação; sim, o evangeliquês também tem suas normativas). Técnicas de publicidade estão aí para serem utilizadas - no Brasil, até ganham eleição.

Por que, em vez de levarem as pessoas a se renderem aos pés de Jesus, confessando seu estado pecaminoso e rebelde, negando-se a si mesmas para seguir o Mestre custe o que custar, os profetas contemporâneos insistem em transformar o Evangelho em mercadoria e levar seus "clientes" apenas a desejar um projeto de vida boa, tocando nas riquezas de Deus? É porque assim conseguem conquistar mais gente, mais bolsos para pagar o "sacrifício" e rechear a tesouraria da igreja e seus próprios bolsos.

A porta do céu é estreita, pois o chamado de Jesus é comprometedor, constrangedor - negar-se a si mesmo (se preciso for, abrir mão de projetos pessoais) e a cada dia (progressividade) tomar a sua cruz (os desafios pessoais), rejeitando o seu próprio eu. O apóstolo Paulo dá a fórmula do projeto de vida boa - "Tendo porém alimento e abrigo (vestimenta e onde morar), estejamos com isto contentes" (1 Tm 6:6, 7). Certamente isso atrai poucos "clientes". É preciso equilíbrio oferecendo Evangelho sadio e bom atendimento.

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