Situação 1 - Apelo do mundo
"Eu e minha ex-mulher tínhamos tudo em comum: ela fora minha primeira namorada, e eu, o primeiro dela. Nos convertemos juntos. Fomos batizados juntos. Mesmo contra o conselho de minha mãe, pois ela tinha apenas 16 anos (eu, 18), nos casamos. Igreja cheia, festa grande. Mas o sonho virou pesadelo, e, com cinco anos de casados, ela afastou-se da igreja. Dizia que queria se divertir, e a igreja não deixava. Ela me tratava muito mal, mas eu relevava algumas crises porque achava que eram devido ao fato de um filho ter nascido morto. Além do mais, nosso casamento foi 'profético'.
As brigas deixavam-me deprimido, mas eu confiava na minha mulher. Só que ela saía muito de casa, e pessoas próximas diziam para 'eu abrir o olho'. Um dia, meu irmão a viu junto com a irmã dela, dando bola para um rapaz. Foi quando descobri, na nossa própria casa, algumas fotos dela com outros caras, beijando-os, inclusive. Certa ocasião, minha mulher ficou uma semana fora. Só depois fiquei sabendo que, havia mais de um ano, ela dizia para todo mundo que estávamos separados e que não morava mais comum. Na época, eu era ativo na igreja e fiquei tão mal que tive que me afastar.
Quando ela voltou, ainda permiti que ficasse um mês em casa, pois não tinha para onde ir. Nem seus parentes a queriam. Ela chegou a pedir desculpas, mas eu sabia que era da boca para fora. Agora, estamos separados há um ano e meio. Nesse tempo, até tentei a reconciliação, mas ela disse que só voltaria se eu aceitasse que ela continuasse com aquela mesma liberdade. Realmente, é uma experiência muito difícil e que só pode ser superada pela oração."
Situação 2 - O difícil caminho do perdão
"João e Maria, casados desde 1980, passaram pela experiência amarga do adultério. Aos nove anos do casamento, João conta que deu a brecha inicial: 'Eu ia para a academia quase todo dia. Maria ficava cuidando das crianças e da casa, mas sentia-se usada. Vivíamos em uma época de prosperidade, morávamos na região da Pampulha em uma bela e espaçosa casa, mas brigávamos muito.
Um belo dia, chegou uma nova aluna na academia. Jovem - metade da minha idade - e muito atraente. Ela logo despertou minha atenção, pois se exercitava ao meu lado. Trocamos olhares, conversamos e... Começou um caso. A relação durou cerca de um ano. Eu não tinha hora para nada. Acompanhar o ritmo de uma jovem de 20 poucos anos não era nada fácil para um coroa de quase 50.
Eu não tinha hora para nada. Não medi consequências. Comecei a usar aquela velha desculpa de sempre - dizia para minha esposa que ficava até tarde no trabalho. Os filhos, que eram pequenos, só vieram a saber de tudo tempos depois, ouvindo o nosso testemunho na igreja'.
Por sua vez, Maria conta que percebia que havia outra mulher no pedaço. O marido começou a mudar o corte de cabelo, o vestuário (mais jovial)... ficou mais "vaidoso". A certeza veio quando encontrou um bilhete da amante e uma pulseira feminina no carro. 'A humilhação que você sente quando é traída é horrorosa. A gente fica péssima.' No meio da crise, Maria começou a frequentar uma igreja evangélica. Ao mesmo tempo, a amante tentava segurar João de qualquer jeito. O talão de cheques dele era muito atrativo.
Hoje, João não tem dúvida: era coisa do demônio. Laço. Ele resolveu terminar o caso. 'Acredito que Deus começou a me incomodar à medida que minha mulher orava, mesmo não sendo eu ainda crente.' A outra fez um escândalo e ameaçou se suicidar, mas João permaneceu firme na sua decisão. Contudo, a reconciliação do casal foi difícil. 'Fui sustentada em oração pelo grupo de intercessão da igreja', lembra Maria. Hoje, João sente-se perdoado pela mulher, e atribui-lhe boa parte do mérito pelo final feliz. 'Ela chorava de joelhos no nosso quarto. E me dizia que tinha a sensação de que estava chorando no colo de Jesus.'
Quanto à confiança no marido, Ana garante que Jesus tirou toda sua insegurança: 'A questão do meu perdão foi algo divino. Nós não temos capacidade de perdoar.'"
Situação 3 - Os plantões
"Eu tinha uma família maravilhosa, com esposa e quatro filhos. Quando nos casamos, eu vinha de uma família espiritualista e ela era evangélica de berço, da Assembléia de Deus. Ela orava e pregava para que eu me convertesse, até que o Senhor fez a obra em minha vida. No total, ficamos casados por quase 18 anos. Mas três anos após minha conversão, começaram os problemas. Minha mulher trabalhava num hospital psiquiátrico e não tinha horário para chegar em casa. Todo fim de semana fazia plantão e, quando estava de folga, saia toda arrumada sem me dizer onde ia. Ela sempre foi independente.
Nossas relações íntimas iam ficando cada vez menos frequentes. Logo ela começou a evitar qualquer tipo de intimidade comigo e diminuiu muito sua frequência na igreja. É claro que eu suspeitava de algo, mas não tinha ideia do que fosse. Pensei em pedir a ela que deixasse o emprego, entretanto, ela ganhava bem mais do que eu e grande parte das despesas da casa era bancada por ela. Eu acabei descobrindo uma troca de mensagens no celular dela, que estava mantendo um caso amoroso com um rapaz de 19 anos, alcoólatra e viciado em drogas, que fazia um tratamento no hospital. Meu mundo desabou. Tivemos uma briga muito violenta. Eu a agredi fisicamente. Crise em casa, no trabalho e na igreja.
Ela chegou a passar uns dias na casa da mãe, mas voltou. Ainda continuamos um tempo morando debaixo do mesmo teto, apesar de não levarmos vida de casal. Ela continuou com o jovem. Aconselhado pelo pastor, eu me mantive minha integridade. Resolvia solitariamente minhas necessidades sexuais de homem, enquanto pedia pra Deus que restaurasse meu casamento. Eu cria nisso com toda a força da minha fé, embora ela continuasse a mesma.
Um dia quando cheguei em após o trabalho, ela tinha ido morar com o cara, na casa dos pais dele. Levou até alguns móveis e nossa filha mais nova. Só que algum tempo depois o companheiro dela morreu de cirrose hepática. Ela continua morando com a minha filha mais nova e com um filho dela com o rapaz. Dependente química, está acabada e longe dos caminhos do Senhor. Mantemos a amizade, e não a impeço de visitar os outros filhos. Entretanto, quero seguir minha vida ao lado do Senhor e de meus filhos. Não quero me casar de novo, pois acho que é pecado. Tive de recusar a liderança de um ministério por causa da minha condição, mas sigo firme na presença de Deus que me fortalece."
Situação 4 - O pastor
"Desde de garoto sempre quis seguir a carreira pastora, assim como meu pai e meu avô. Aos 29 anos, casei com Maria, que frequentava a mesma igreja que eu. Éramos felizes! Com cinco anos de casamento nasceu Mariazinha, nossa filhinha. Fui consagrado pastor aos 34 anos. Lembro-me que, na cerimônia, um irmão me disse: 'Você trabalhará com muitas vidas. Muitos vão procurá-lo para pedir conselhos, mas outros vão tentar derrubá-lo. Por isso, vigie e ore o tempo todo.'
Achei que aquilo nunca aconteceria comigo, pois eu era íntimo de Deus. Sempre fui homem de oração e sempre tive uma vida abundantemente espiritual. Tanto que ingressei integralmente na obra de Deus e ficava a maior parte do tempo na igreja. O tempo passou. Após sete anos de pastorado intenso, minha mulher começou a cobrar que eu participasse mais da vida familiar. Acho que foi nessa época, sem perceber, que comecei a dar espaço para o inimigo. Tentei explicar para Maria que eu precisava cuidar da igreja e que ela devia ajudar meu ministério junto às ovelhas. Mas nossa relação mudou, esfriou. Pouco nos falávamos e começamos a nos afastar. Na igreja, mantínhamos a aparência do casal perfeito. Zelo pelo testemunho e pelo ministério.
Eu coordenava a mocidade da igreja e viajava muito com os jovens. Maria se negava a viajar, pois trabalhava, e Mariazinha estudava. Então, ia sozinho. Numa dessas viagens conhecia Joana, mulher de um diácono. Moça linda, viçosa... Conversamos muito. Contou que seu casamento não ia bem, que tinha ouvido falar sobre o meu ministério e gostaria de marcar um gabinete.
Na manhã seguinte conversamos. Joana falou que não tinha mais amor pelo marido, que vivia mais na igreja do que em casa. Viviam de aparências... Então, lembrei minha de minha situação. Joana me perguntou sobre meu casamento. Contei que estava meio atribulado e a conversa foi por esse rumo. Perguntei-lhe onde morava e fui levá-la em casa. Chegando lá, Joana pediu que eu entrasse "para orar". Só que não houve oração alguma. O marido estava na igreja. Quando me dei conta, estava bem próximo dela. Beijei-a e depois concretizamos o adultério. Quando cai na realidade, pedi desculpas a Joana e sai desesperado daquele lugar. Parecia que tudo estava desmoronando. Eu tinha pecado. Era um adúltero! De volta para casa, mal podia olhar nos olhos da minha mulher.
Senti-me o pior dos homens. No domingo pela manhã, tive que pregar. Falei sobre adultério e, no meio da mensagem, diante de todos, desatei a chorar. Todos perceberam o que tinha acontecido. Em casa, contei tudo. Chorando, Maria disse que se sentia enojada de mim e que nunca mais queria olhar para minha cara. Pegou a mala e a nossa filha e foi embora. Veio o tão temido divórcio, contra o qual tanto preguei. Ao qual sempre condenei.
Senti-me o pior dos homens. Pensei até em suicídio. Fui excluído da igreja e passei um bom tempo sem ter notícia da minha filha. Pedi perdão à Deus, à Maria e à igreja. Mas meu casamento acabou. Atualmente, não atuo mais como pastor. Frequento uma igreja apenas como membro. Sem esposa, sem ministério, sem honra, sem respeito..."
Situação 5 - Traída com outro
"Antes de descobrir a traição de meu marido, meu casamento era perfeito. Ele era o marido perfeito: carinhoso, atencioso, bonito, muito sedutor. Mas ele começou a ficar um tempão em frente ao computador, a noite inteira. Tinha algo mais naquela internet além dos jogos que ele dizia gostar. Num dia, quando ele não estava em casa, pesquisei o histórico de acessos do computador e encontrei uma homepage gay. Fiquei assustada com o conteúdo daquele site. Um horror. Tinha um link para marcação de encontros entre homens. Atordoada continuei a pesquisa. Cheguei a um perfil bem parecido com o meu marido, só que com outro nome - os mesmo hábitos, a mesma profissão... Até a data de nascimento era a mesma! Quando baixei as fotos, meu choque foi maior. Era o meu marido. Ele tinha montado um perfil fake ara procurar homens na internet, e já estava comunicando com alguns rapazes. Vários encontros marcados. Meu mundo caiu. O meu marido era gay!
Minha primeira reação foi de ódio, de nojo. Imagine, fui traída pelo computador, dentro de minha casa e com homens! Quantos teriam sido os casos? Confrontei-o, e ele começou a dar desculpas absurdas. Depois, admitiu. Eu fiquei pensando como toda mulher nessa situação: 'Meu Deus, onde foi que eu errei? Será que tive culpa?'
Pensei na possibilidade de perdoar. Mas para isso acontecer era preciso estar de coração aberto, e no meu caso, não foi possível. Tinha que ser mais crente do que eu era. Até que nos separamos. Não era possível viver naquela situação humilhante. Suportar aquele sentimento. Eu nunca mais confiaria nele. Eu achava que ele me trairia com o primeiro cara que cruzasse na rua. Eu o perdoei, mas o mandei ir embora da nossa casa. Mais por vergonha do que por qualquer outra coisa, mantemos o segredo sobre o real motivo do divórcio que veio algum tempo depois.
Não tenho mais nenhum contato com meu ex-marido e hoje estou casada com outra pessoa. Deus é muito presente na minha vida. Graças a Ele não enlouqueci, superei tudo, inclusive essa traição sórdida, entretanto, nunca mais fui a mesma mulher."
Pecado capital
As histórias e personagens acima são fictícias, os acontecimentos não. Certamente que você já ouviu algum relato semelhante a algum desses, ou a todos. A prática do adultério atinge cada vez mais os crentes, mas traição conjugal pode até não ser o fim. Há realmente quem perdoe e tem seu casamento restaurado, no entanto, afirmar que isso é regra é acreditar na existência de duendes.
Todo crente conhece a clássica história do adultério - e suas consequências - de Davi, registrada na Bíblia nos capítulos 11 e 12 de 2 Samuel. O exemplo do rei de Israel devia ser o suficiente para que todos os crentes fugissem do adultério. E tem mais, jogar a culpa no diabo (ou em Deus!) é cômodo e fácil. É mais uma forma de não assumir os próprios erros. Mas, convenhamos, adultério não é coisa do diabo. É obra da carne.
A Bíblia tem várias passagens que adverte sobre os perigos e as consequências do adultério. Alguns deles: Êx 20:14; Lv 20:10-12; Dt 22:22; Pv 2:16,18-19; 5:3-4; 6: 27-33; 9:13-18; Mt 5:28, 32; Gl 5:19,21.
A Bíblia define o adultério de forma muito mais liberal do que as pessoas. Segundo Jesus, fantasiar sobre cometer adultério também é pecado: "Vocês ouviram o que foi dito: 'Não adulterarás'. Mas eu digo: qualquer que olhar para uma mulher e desejá-la, já cometeu adultério com ela no seu coração" (Mateus 5:27-28). Então, o adultério é muito mais do que um problema físico — é um problema do coração.
Em João 8:1-11, a Bíblia diz que Jesus perdoou uma mulher que cometeu o adultério e evitou que um grupo de homens a apedrejasse até a morte pelo pecado. O homem com quem ela cometeu o adultério está perceptivelmente ausente da história. Jesus disse aos homens: "Se algum de vocês estiver sem pecados, seja o primeiro a atirar pedra nela". Todos os homens largaram suas pedras, começando pelo mais velho.
A Bíblia não menciona especificamente uma pessoa por perdoar um cônjuge pelo adultério. Ela diz que é errado, mas também afirma que não é pior do que outros pecados. A Bíblia também aponta que o pecado pode ser cometido apenas no coração. Deus perdoou Israel - na analogia bíblica da nação como a esposa e Deus como o esposo (também chamada de quebra de aliança, e pacto ou de concerto) - por esse pecado várias vezes, o que implica que nós também devemos perdoar quando a outra pessoa tem um coração penitente, quebrantado e arrependido. Davi compôs o Salmo 51 justamente após cometer o adultério que culminou com a morte de Urias. Há que se perdoar, isto é fato, quanto a continuar ou não caso, tudo dependerá de outros fatores mais específicos. É isso.
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