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domingo, 12 de maio de 2024

PAPO RETO — A IMPORTÂNCIA DE MANTER O EQUILÍBRIO EMOCIONAL NO AMBIENTE CORPORATIVO

Quem nunca passou algum tipo de tensão/pressão no ambiente de trabalho, que se manifeste agora ou se cale para sempre! Independente de qual seja sua profissão ou cargo e em qual instituição/organização você trabalhe, pública ou privada — até mesmo quando você é um empreendedor, ou microempreendedor —, o fato que absolutamente nenhum de nós está livre das tensões/pressões inerentes ao ambiente corporativo, quer seja maior, média ou menor escala.
São cobranças por batimentos de metas, por perfeições — ambas, muitas vezes humanamente inalcançáveis —, que fazem com que líderes e colaboradores chegam quase às raias do total abatimento físico e mental, gerando um clima de insatisfação e, consequetemente, um comprometimento e queda na produtividade da equipe.
Em uma das aulas sobre Psicanálise Organizacional, aprendemos acerca do quanto é importante, mesmo em meio a toda a inconstância do ambiente corporativo, tentarmos ao máximo manter o equilíbrio de nossas emoções, para que não corramos o risco de sermos acometidos por estresses e outras patologias físicas e mentais. É o que veremos no texto desse artigo, mais um capítulo da minha série especial Papo Reto. Boa leitura.

A importância da Inteligência Emocional


Mais do que nunca, a Inteligência Emocional é uma habilidade essencial no ambiente de trabalho. Em um momento de tantas mudanças e incertezas no mundo, saber gerenciar suas emoções e não deixá-las afetar sua vida profissional tornou-se de grande valor.

Não é à toa que as empresas têm investido no cuidado da saúde mental de seus funcionários. Mas, você sabe o que é de fato a Inteligência Emocional e como desenvolvê-la na sua empresa e qual é a importância para a equipe? 

Afinal, o que é a inteligência emocional?


Segundo o jornalista e psicólogo americano Daniel Goleman, considerado o "pai da inteligência emocional", esse termo pode ser definido como a capacidade de uma pessoa em identificar e gerenciar seus sentimentos, assim como dos outros, de modo que eles sejam expressos de maneira apropriada e eficaz.

Trata-se, portanto, de uma soft skill (habilidades de cunho social e que permitem a uma empresa ser um ambiente mais saudável) bastante valorizada pelas empresas, uma vez que ajuda a manter um ambiente organizacional mais harmonioso e produtivo.

Vale a pena procurar por programas que atendam ao seu time e, quem sabe, aproveitar o Setembro Amarelo, mês que reforça a importância do cuidado com a saúde mental, para implementar essa novidade.

Os benefícios, certamente, serão sentidos também nos resultados das empresas e na redução de afastamentos por problemas psicológicos, como depressão e a tão falada Síndrome do Burnout (Em resumo, a síndrome de burnout é uma alteração psíquica provocada por exaustão extrema e diretamente relacionada ao ambiente de trabalho. Por isso, ela é conhecida também como a "síndrome do esgotamento profissional", que tende a surgir devido ao acúmulo de estresse.).

Quais são os cinco pilares da inteligência emocional?


A IE é dividida em cinco pilares, São eles: 
  1. Autoconhecimento — saber reconhecer suas próprias emoções e sentimentos;
  2. Controle emocional — saber lidar com seus sentimentos e adequá-los a cada situação de sua vida;
  3. Automotivação — capacidade de dirigir e comandar suas emoções, para assim alcançar algum objetivo pessoal ou profissional;
  4. Reconhecimento de emoções em outras pessoas — saber reconhecer os sentimentos dos outros e ter empatia;
  5. Habilidade em relacionamentos interpessoais — a partir do reconhecimento das emoções dos outros, conseguir criar interações sociais de qualidade.

Da Inteligência à Maturidade Emocional


A Maturidade Emocional é a capacidade que uma pessoa tem de gerir as suas emoções e os fatores que geram estresse em sua vida de uma forma saudável¹. E tem papel fundamental nas nossas relações porque nos auxilia a resolver conflitos e a estabelecer relacionamentos seguros¹,².

De acordo com os especialistas, os oito sinais abaixo são os mais comuns entre pessoas emocionalmente maduras.
  • 1. Você é empático: pessoas emocionalmente maduras são capazes de tirar o foco de suas próprias necessidades e pontos de vista e se concentrarem nas realidades emocionais dos outros;
  • 2. Você consegue reconhecer e compartilhar o que está sentindo: e também consegue compreender o que o motiva a se sentir assim. Essa é a base para administrar os seus sentimentos de maneira saudável;
  • 3. Você é flexível e de mente aberta: uma pessoa emocionalmente madura responde aos desafios da vida com uma mente aberta e criativa;
  • 4. Você consegue estabelecer relações saudáveis: a habilidade de manter relações seguras e saudáveis é um dos sinais mais importantes de maturidade emocional:
  • 5. Você exerce responsabilidade sob suas ações: você leva em consideração como as suas ações vão afetar outros e assume a responsabilidade quando atitudes suas causam algum tipo de dano;
  • 6. Você estabelece limites saudáveis: isso significa que você é capaz de declarar quais são seus limites emocionais para si mesmo e para os outros, e que é capaz de manter esses limites com firmeza quando confrontado com conflitos;
  • 7. Você consegue resolver conflitos: você busca resolver conflitos, em vez de prolongar a sua existência ou prosperar no caos.
  • 8. Você consegue lidar com o estresse de maneira saudável: você não tenta afastar ou evitar o estresse. Ao mesmo tempo, não entra em desespero quando é impossível não se deparar com ele. Você aprendeu a gerenciar o estresse.
Apesar de a Maturidade Emocional começar a se desenvolver na infância e continuar durante a adolescência, a busca por ela pode acontecer já na vida adulta, e envolve conhecer melhor as suas emoções, aprender a ouvir os outros com compaixão, aprender maneiras diferentes de resolver conflitos e também aprender a desenvolver relações mais saudáveis e colocar um fim a relações que não são saudáveis(2).

Uma das grandes aliadas para o desenvolvimento da Maturidade Emocional é a terapia, para trabalhar uma melhor compreensão dos seus sentimentos e como desenvolver relações mais seguras.

Maturidade emocional no desenvolvimento profissional


No ambiente profissional, pessoas emocionalmente maduras tendem a desenvolver relações melhores com os colegas de trabalho e são mais felizes no ambiente de trabalho porque:
  • são mais otimistas;
  • sabem lidar melhor com situações de pressão;
  • sabem reconhecer seus talentos e limitações;
  • sabem lidar com as limitações de outros;
  • sabem ouvir feedback e usar críticas de maneira construtiva;
  • tem maior facilidade de encontrar soluções sem reclamar de si e dos outros.
É importante entender que cada indivíduo é único e não há como estabelecer um padrão de personalidade. Cabe à empresa identificar quais são as mudanças que realmente precisam ser feitas e quais as características pertencem ao perfil da pessoa, respeitando essas diferenças.

A importância da cultura do feedback


O conceito de feedback pode ser definido como um processo comunicativo que envolve duas ou mais pessoas, podendo ser uma avaliação individual, ou uma avaliação mútua, como, por exemplo, uma liderança avaliando um liderado e vice e versa.

Essa avaliação pode se referir ao comportamento, entrega de demandas, atendimento de prazos, dentre outros aspectos que podem ser pertinentes ao cotidiano dos envolvidos.

O processo de feedback não é focado apenas nos resultados obtidos no período avaliado, mas também nas habilidades e competências, uma vez que elas influenciarão no atingimento de metas futuras.

Uma empresa que promove a cultura de feedback mostra-se aberta a dialogar com seus funcionários de forma respeitosa.

Nesse sentido, deve ser feita uma análise sobre a performance do colaborador, apresentando seus pontos positivos, assim como as melhorias que precisam ser feitas, não apenas nas suas entregas, como também em relação a seus comportamentos.

É preciso que isso seja feito com frequência, sempre de forma individual e que a empresa também esteja aberta para receber os feedbacks do outro lado. Tudo isso vai contribuir para que o ambiente corporativo fique cada vez melhor, propiciando resultados ainda mais satisfatórios.

Uma das características mais marcantes de quem tem um bom controle emocional é conseguir lidar bem com feedbacks e críticas, sem agir de maneira reativa.

Portanto, na hora de entrevistar os candidatos, tente incluir perguntas que deem pistas de como a pessoa já lidou com feedbacks que recebeu, qual foi sua postura e o que fez com as informações recebidas sobre o seu próprio comportamento.

A prática do princípio da resiliência


O dia a dia para quem trabalha não costuma ser fácil. Empreendedores e trabalhadores, cada um com as suas especificidades, costumam enfrentar adversidades que podem mexer com o aspecto emocional, desestabilizá-los e trazer consequências nefastas que vão desde pequenos conflitos com fornecedores a quebras de contratos e demissões. 

Antes que alguma dessas situações aconteça, é preciso usar a resiliência, uma das melhores alternativas para chegar à solução mais acertada e conciliadora. Contudo nem todos conhecem essa habilidade ou a possuem para poder aplicá-la no campo profissional.

Para Bia Nóbrega, executiva de recursos humanos, conselheira de empresas, mentora de mulheres e professora de desenvolvimento humano, primeiramente é preciso compreender o que é resiliência: 
"é a competência que pode ser usada após algum evento que nos afeta e nos dá a capacidade de voltarmos à nossa forma original. O termo deriva da engenharia e se relacionava originalmente ao quanto um prédio precisa ser resistente a terremotos e aos eventos da natureza. 
O conceito se expandiu e há muitos anos é usado para o mundo corporativo. Quando nós, seres humanos, sofremos um impacto causado por variáveis externas, por situações e eventos alheios a nós, e, depois desse impacto, muitas vezes emocional, voltamos à forma original, estamos sendo resilientes", 
explica.

No entanto, ser resiliente é diferente de ignorar que um problema esteja acontecendo. 
"Quando a pessoa entra no modo 'ignorar', ela não aprende porque não assimila. Esse não é um comportamento inteligente do ponto de vista evolutivo.

Lembre-se que temos que pensar como se estivéssemos na natureza: se eu ignoro uma situação de perigo iminente, virarei presa. No ambiente de trabalho ocorre o mesmo: se ignoro os feedbacks negativos, os problemas e os obstáculos, cairei no buraco e ficarei lá"
avisa Bia.

Há inúmeras situações em que a resiliência pode ser empregada e Bia dá exemplos: 
"quando tiver que mudar o rumo de uma tarefa quando você está superavançado, jogar tudo fora e começar de novo ou durante o trabalho em equipe, quando há colegas que colocam obstáculos, não necessariamente de forma intencional, mas que o atrapalham e você tem menos tempo para realizar uma tarefa e fica sob pressão, pois o tempo está passando e você está com uma demanda atrasada. Todas essas situações exigem resiliência".
Ser resiliente ajuda a reagir de forma positiva. 
"Sentimos emoções, obviamente, mas temos que nos controlar. Não dá para falarmos: 'não quero sentir raiva'. A raiva vem, mas, com resiliência, eu lido com ela e com a situação. Por isso que é tão importante desenvolver a resiliência, porque hoje, dado o cenário muito complexo, incerto e ambíguo, precisamos nos adaptar o tempo todo"
observa Bia.

Conclusão


A resiliência, portanto, não é a ausência de emoções. De acordo com a especilista acima, não é que não ficaremos tristes ou chateados, mas é necessário respirarmos e enfrentarmos a situação. Depois da pandemia, em especial, começamos até a falar de resiliência evolutiva, que não é só tentar voltar à nossa forma original, mas é voltar melhor do que éramos, ver o que aprendemos com a situação para que na próxima oportunidade estejamos mais bem preparados.

Embora seja possível fazer cursos para ter resiliência, a especialista fala de como ser resiliente na prática: 
"respire e conte até dez, porque é nos primeiros dez segundos que sofremos o impacto emocional e reagimos de forma impulsiva. É tempo suficiente para desarmarmos a amígdala cerebral, que causa esse impulso. A seguir, ouça o seu coração para saber qual é o melhor caminho: 'pedir ajuda?' Seguir com mais calma? Esperar cinco minutos e voltar? O que que eu preciso fazer?’ E, então, aja. A ação é o principal, ainda que seja pedir ajuda. Não fuja, nem fique paralisado diante de uma situação de pressão ou de um grande problema", 
orienta. Ficam aí as dicas que não são baseadas em achismos, mas são constatações de especialistas confiáveis, que sabem do que estão falando.

[Fonte: Universal.org; Uma Ajuda - 1. BHAGAT V, HAQUE M, BIN ABU BAKAR YI, et al. (2016). Emotional maturity of medical students impacting their adult learning skills in a newly established public medical school at the east coast of Malaysian Peninsula. Advances in Medical Education and Practice. 7:575-584. Doi:10.2147/AMEP.S117915, 2. WISNER, Wendy. 8 signs of Emotional Maturity. Verywell Mind, 2023. Disponível em: https://www.verywellmind.com/signs-of-emotional-maturity-7553316. Acesso em: 12 mai 2024; Caju]

Ao Deus Todo-Poderoso e Perfeito Criador, toda glória.

Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blogue https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade.
  • O blogue CONEXÃO GERAL presa pelo respeito à lei de direitos autorais (L9610. Lei nº 9.610, de 19/02/1998), creditando ao final de cada texto postado, todas as fontes citadas e/ou os originais usados como referências, assim como seus respectivos autores.
E nem 1% religioso.

LIVRE DO APRISIONAMENTO DA MÁGOA

Viver é um grande desafio. As experiências de cada indivíduo são peculiares, mas existe uma certeza: todos, em alguma etapa da vida, passam por episódios que contrariam suas expectativas. Por exemplo: o filho que espera o apoio do pai e não o recebe, a mulher que se envolve em um relacionamento e não é correspondida, a amiga que confia na outra e é apunhalada pelas costas e tantas outras situações que abalam nossos sentimentos e abrem caminho para a mágoa.

Como identificar o aprisionamento pela mágoa?


Na prática, esse sentimento é decorrente de um ato de indelicadeza, de algo que nos decepcionou ou de uma ofensa por parte de terceiros. O grande problema é que a mágoa tende a se instalar em nosso coração, criar raízes profundas e bagunçar tudo, tanto interna quanto externamente. A maioria das pessoas que tem mágoa no coração não sabe que a tem. 
A mágoa é uma doença silenciosa que muitas vezes toma outras formas, como indiferença, desprezo, desejo de vingança ou até de felicidade pela infelicidade da pessoa que lhe causou algum dano.
A mágoa é um sentimento ruim que uma pessoa guarda contra alguém. É normal ter mais alinhamento com uma pessoa do que com outra e não é pecado não ter afinidade com determinada pessoa. Entretanto, a mágoa é um nível acima disso. É quando a pessoa tem sentimentos ruins ao pensar em alguém e o coração sente raiva, vingança, ódio ou o desejo de maldade. Por isso, é algo negativo.

As marcas da prisão


Como a mágoa costuma ser justificada que ocorreu uma situação de injustiça, quem a sofreu se vê no direito de guardá-la dentro de si, mas não percebe que o único a colher as consequências negativas dela é ele mesmo. A Palavra de Deus alerta para os riscos de se apegar ao que lhe fizeram: 
"o ressentimento mata o insensato, e a inveja destrói o tolo" (Jó 5:2, NVI). 
Ou seja, é possível entender que guardar esse sentimento impacta o nosso presente e o nosso futuro.

Quem guarda mágoa tende a desenvolver outros problemas internos, como nervosismo, estresse, ansiedade e depressão, que afetam a mente e também o corpo, como, por exemplo, com o surgimento de diversas doenças, inclusive as cardiovasculares, o que é comprovado pelas pesquisas. 
Pelo fato de carregarem um verdadeiro barril de pólvora pronto para explodir dentro de si, é comum que as pessoas magoadas tenham dificuldade de cultivar bons relacionamentos e fiquem com a vida pessoal e a profissional estagnadas, assim como a espiritual.

Existem pessoas que frequentam a igreja e até estão envolvidas nos trabalhos evangelísticos, mas, quando observam suas vidas, percebem inúmeros problemas e até uma estagnação total. Por mais que se esforcem, elas não avançam e a vida delas parece travada. Elas não compreendem a razão de colher os frutos atuais, que são os problemas em diversas áreas da vida (conjugal, financeira, familiar, na saúde, etc.).

Muitas delas, se analisarem seu caso e forem humildes para reconhecer, notarão que a raiz de todos os males são as mágoas que insistem em carregar. É a falta de perdão que compromete a vida delas. Muitas pessoas fazem questão de recordar os fatos ruins que sofreram para "renovar" os sentimentos de rancor contra quem um dia lhes fez mal ou causou algum tipo de aborrecimento. Algumas vivem arrastando essa condição por anos, inclusive, há quem alimente mágoas até de quem já faleceu.

O pior resultado com tudo isso é que o seu relacionamento com Deus fica bloqueado. E você também fica mal pessoalmente e pode até mesmo acabar descontando em outras pessoas que não têm nada a ver com aquela pessoa que te machucou. Quem alimenta tais sentimentos pensa que está fazendo mal aos seus desafetos quando, na verdade, só está prejudicando a si próprio ao se tornar prisioneiro de sentimentos malignos.

A cura pela Palavra de Deus


Quando o Senhor Jesus ensinou os discípulos a orar, no "Pai Nosso" (Mateus 6:9-13), Ele disse: 
"...Perdoa as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores..." (v.12). 
Ou seja, para orar o "Pai Nosso", eu tenho que estar na presença de Deus com esse histórico de poder dizer: 

"Senhor, perdoa-me, porque eu tenho perdoado também aqueles que têm me ofendido, magoado...". 

Se você não pode falar isso, você não pode orar o "Pai Nosso" sob o risco de estar mentindo para Deus.

 

Para quem gosta tanto da ciência, ei-lá

A Ciência já comprovou que a falta de perdão prejudica a saúde e que permanecer com rancor pode provocar consequências fisiológicas, como danos cardiovasculares e doenças autoimunes.
Estudos da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) mostraram a relação entre a dificuldade de perdoar e a ocorrência de infarto agudo do miocárdio. Além disso, guardar mágoa e rancor, assim como manter ódio e pensamentos negativos, inibe a produção de ocitocina, hormônio ligado à felicidade.

Em contrapartida, alguns estudos sugerem que perdoar diminui as chances de depressão e do uso de remédios, além de aumentar a satisfação com a vida. Fazer o bem, ser generoso e honesto sem esperar nada em troca produzem a ocitocina e outros hormônios do bem-estar, um dos motivos pelos quais o perdão faz tão bem.

Mas, para que traga esses benefícios, o perdão deve ser genuíno, do tipo que não espera algo em troca, como que o outro também peça perdão, que se arrependa pelo que fez ou que reconheça sua atitude. Perdoar é uma decisão pessoal que não leva em consideração a reação da pessoa perdoada.

É só depois de liberar o perdão que a vida da pessoa pode avançar, uma vez que a mágoa tira a concentração, a paz e até as forças do magoado. Como alguém conseguiria, por exemplo, se dedicar à sua rotina normalmente guardando rancor de uma pessoa que lhe fez mal ou como pode viver de forma saudável em família se nutre ressentimento por um membro dela? Manter a cabeça ocupada com esses sentimentos é o mesmo que escolher ficar cativo de uma situação desagradável e, preso a ela, é impossível viver o presente e construir o futuro.

Ainda que não pareça, todas as áreas da vida estão relacionadas e a falta de perdão é capaz de prejudicar cada uma e todas elas. Por isso, não adianta fazer o bem ao próximo, ser religioso ou se dedicar o quanto for se você mantiver a mágoa: sempre lhe faltará a paz e a força.

Conclusão

A cura pelo perdão


Perdoar é um ato que se opõe à vontade humana, mas que deve ser considerado de forma racional. É preciso lembrar que liberar o perdão é uma necessidade humana para que a pessoa possa colocar um ponto final no passado de uma vez por todas, olhar para o futuro e seguir em frente.

Trata-se de uma decisão individual que provoca uma mudança interior e permite que a pessoa passe a enxergar as situações não mais com o olhar de vítima, mas com o olhar da fé.

O perdão é um exercício que vai na contramão do coração (alma), que é onde são alimentados os ressentimentos. O coração quer guardar rancor, então como obrigá-lo a perdoar? Por meio da razão, da inteligência. Primeiro, decida perdoar, mentalize-se perdoando, apresente em oração o nome da pessoa e peça para que Deus a abençoe.

Você pode questionar como pode perdoar quem lhe fez tão mal. Mas saiba que, por mais difícil que pareça, Jesus jamais pediria algo impossível, pois Ele é Justo e soube o que é ser maltratado. Mesmo na cruz, Ele rogou ao Pai por seus malfeitores dizendo: 
"Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" (Lucas 23:34). 
Se o cristão é o imitador de Cristo, torna-se fundamental que peça ao Pai por quem lhe fez ou mesmo desejou mal. Cristo é o maior exemplo de perdão que a Humanidade já teve.

É claro que essa mudança não é fácil e você pode não obter imediatamente uma resposta positiva daqueles a quem você perdoou. Mas a verdade é que, ao liberar o perdão, sua consciência fica limpa diante de Deus, assim como o seu interior, e isso é o que realmente importa. Afinal, como foi observado aqui anteriormente, apenas os que perdoam podem ser perdoados pelo Criador.

Não será fácil nem prazeroso no início, mas o Espírito Santo recompensará seu esforço de Fé e logo os sentimentos negativos não habitarão mais seu interior. Você então sentirá sua alma leve, em paz com Deus e com os homens e sua vida deixará de ser estagnada. Os benefícios do perdão ocorrem nos campos espiritual, pois seu relacionamento com Deus será muito melhor e nada o impedirá de receber O Espírito Santo; mental, ao evitar o sofrimento com a depressão ou infarto; e físico: já que a paz gera saúde, vigor e bom ânimo. Então, você vai seguir guardando mágoa ou se livrará desse peso prejudicial? A escolha é sua.

Ao Deus Todo-Poderoso e Perfeito Criador, toda glória.

[Fonte: Adaptação de artigos extraídos da Folha Universal, da autoria do Bispo Renato Cardoso] 

Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blogue https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade.
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sábado, 20 de abril de 2024

ESTANTE DO LÉO — "O CONCEITO DE FAMÍLIA EM FREUD", JOSÉ NUNES FERNANDES

Li este livro, no formato digital de ebook, como parte da pesquisa para aula que tivemos sobre o tema na faculdade. De fato o conceito freudiano da família, nada tem a ver com o conceito da família tradicional, já arraigada em nosso imaginário coletivo, mesmo e não a despeito, dos atuais mutifacetados contextos familiares existentes na sociedade atual.

Conceito psicanalítico de família


A família sempre foi objeto de estudo na psicanálise. Dr. Sigmund Freud (✩1856/✞1939) afirmava que a família constitui uma restauração da antiga ordem primitiva e devolve aos pais uma grande parte de seus antigos direitos.
'As desavenças entre os pais ou seu casamento infeliz condicionam a mais grave predisposição para o desenvolvimento sexual perturbado ou o adoecimento neurótico dos filhos' (Freud, In. "Três ensaios sobre a sexualidade").
Criador da psicanálise, o neurologista austríaco Dr. Freud, em 1912, também escreveu "Totem e Tabu". Segundo ele, os quatro ensaios desta obra representam uma primeira tentativa de aplicar o ponto de vista das descobertas psicanalíticas ao campo da psicologia social. 

Para além desta proposta, Freud enfatiza a importância da pesquisa multidisciplinar, criando interfaces da psicanálise com outros campos de conhecimento. Trata-se de um estudo sobre a vida mental e os processos psíquicos que a norteiam, realizado a partir de um ponto de vista contextualizador. 

Neste ensaio, Freud reafirma, mais uma vez, a importância de se pensar o homem historicamente, no cerne de seu meio ambiente cultural, atravessado pelas vicissitudes do tempo e do espaço que constituem sua realidade psíquica.

Sobre o livro

A Família Freudiana


Em 1897, ao abandonar a teoria da sedução, Freud menciona pela primeira vez o complexo de Édipo: 
"A lenda grega captou uma compulsão que todos reconhecem porque todos sentiram. Cada espectador foi um dia, em germe, na imaginação, um Édipo e se aterroriza diante da realização de seu sonho transposto na realidade. Estremece diante de toda a dimensão do recalcamento que separa seu estado infantil de seu estado atual" (Freud, La naissance de la psychanalyse. Paris: PUF, 1991, p. 198).
O homem edipiano vai aparecer no momento da passagem de Freud de uma concepção traumática do conflito neurótico para uma teoria do psiquismo inconsciente. 

Mais tarde, na interpretação dos sonhos, Freud associa Édipo e Hamlet aos deuses gregos, criando a cena do desejo de incesto e de assassinato do pai, inaugurando assim, um modelo de romance familiar que sustentara a família ocidental cristã por um século (Freud, 1900/1980). 
Para a psicanálise freudiana, a concepção da família é, portanto, fundada no assassinato do pai pelo filho, na rivalidade deste em relação ao pai, no questionamento da onipotência patriarcal e na emancipação das mulheres da opressão paterna.
O sonho do incesto, a culpa do filho pelo assassinato do pai e desejo pela mãe torna-se um modelo único e universal batizado por Freud de Ödipus — Komplese (um tipo especial de escolha feita pelo homem (Freud, 1910, Obras C. Vol 11). 
Reinventando o Édipo, Freud assegura o funcionamento simbólico da família. 

Retomando Hamlet, Freud o associa a Édipo para construir melhor o Complexo, criando um personagem inconsciente (Édipo) em fusão com um elemento consciente (Hamlet). Podemos dizer que Édipo estava para a teoria, assim como Hamlet está para a clínica. 
Frente à decadência da vida familiar burguesa, Freud lança mão do complexo de Édipo para restaurar a família enquanto instituição, agora simbólica e inconsciente.
A Lei do pai (simbólica) remete a um sujeito culpado de seu desejo (inconsciente). Completando a criação de seu complexo, Freud, adiciona a Édipo (inconsciente), Hamlet (culpa do desejo) e os irmãos Karamazov (o assassinato do pai, real) (Freud, 1928-1927/1980). 

Questionando a morte do pai, Freud nos remete ao pai totêmico, primevo, devorador e criminoso, em suas duas grandes obras: Totem e Tabu e Moisés e o Monoteísmo (1939/80), onde torna o complexo de Édipo universal, por ligá-lo aos dois interditos fundamentais da cultura. 

Consequentemente, o poder na sociedade pode ser centrado em três imperativos: 
  1. um ato fundador (morte do pai), 
  2. necessidade da lei (punição) e 
  3. renúncia ao despotismo do pai tirano da horda selvagem. 
Na evolução do indivíduo, estes três imperativos têm, como consequência, três estágios: no período animista, onipotência e narcisismo infantil; na fase religiosa, poder divino e paterno; e, finalmente, na época científica, o logos (Freud, 1939/1980). 
A família freudiana adota como sua base a culpa e a lei moral, fundamenta o desejo entre condições conflitantes da autoridade, rebeldia, universal, diferença, crime, castigo. 
Esta nova concepção de família, do início do século XX, será capaz de lidar não só com o declínio da autoridade paterna, mas também com a consequente emancipação da subjetividade, uma vez que tem como seu cerne o amor, o desejo e a sexualidade. 
Esta família afetiva implica, através do interdito do incesto, no reconhecimento do inconsciente, do desejo e da própria subjetividade.
A partir da teorização do complexo de Édipo, Freud formulou sua concepção psicanalítica sobre a família, passando a abordá-la sempre relacionando-a ao viés do complexo edipiano, apresentando-a como uma instituição humana duplamente universal, através da qual encontra-se associada a castração simbólica a um fato da natureza biológica. 

Diferentemente de Freud, Melaine Klein (✩1882/✞1960) trabalhou a família através das vivências edípicas dos primeiros meses de vida, focalizando as relações do sujeito com a mãe, como objeto parcial, demonstrando que a função paterna presente, desde os primeiros meses, na relação mãe-filho, ativa o Édipo da criança. 

Por outro lado, para Lacan (✩1901/✞1981), a família humana desempenha um papel primordial na transmissão da cultura, prevalecendo na primeira educação. Lacan mostra a família organizada, segundo imagos paternas e maternas, reconhecendo que esta é responsável pela promoção do processo de humanização do indivíduo, pela criação da subjetividade.

O que entendi na leitura do livro?


Bom, devo confessar que o livro é um tanto quanto complexo, nada facil de entender e, por vezes, devido às minhas indissociáveis convicções cristãs, veio a tendência natural em considerar Freud um herege, um endemoniado. Mas, a razão me volta ao equilíbrio da compreensão do contexto ao qual Freud exercia suas teorias.              
A família é uma organização marcada pela diferença entre as gerações e entre as funções, cuja finalidade é a de proteção daqueles que são os mais vulneráveis — crianças, adolescentes e idosos. A família é o espaço de realização dos mais fundamentais direitos da personalidade. A família é uma instituição configurada na dinâmica genealógica e psicológica.
A terapia familiar no contexto psicanalítico dá ênfase ao passado, à história da família tanto como causa de um sintoma, quanto como um meio de transformá-lo. Os sintomas são vistos como decorrência de experiências passadas que foram recalcadas fora da consciência. 

O método utilizado, na maior parte das vezes, é interpretativo com o objetivo de ajudar os membros da família a tomar consciência do comportamento passado, assim como do presente e das relações entre eles.

As três instituições antiquíssimas: a família biológica, a família religiosa e a família jurídica. A primeira prevalece o fator genealógico e afetivo, a segunda: o fator dogmático, o sagrado, o sobrenatural e sacrificial e na terceira: o fator da jurisprudência e da ordem para o bem comum. 
Todas essas famílias estão dentro do contexto social, político, econômico e cultural. Daí a relevância da ciência psicanalítica para auxiliar na estrutura holística de ambas. A conexão da ciência, da tecnologia e da psicanálise para o bem-estar familiar e de uma sociedade afetiva, justa e fraterna.

Conclusão


Este livro trata de uma reflexão sobre o pensamento de Freud, mais especificamente sobre o conceito de família, através da análise de, principalmente, cinco dos seus últimos trabalhos, as obras de Freud ditas sociais: "Totem e tabu", "O futuro de uma ilusão", "Psicologia de grupo e análise do ego", "O mal-estar na civilização" e "Moisés e o monoteísmo"

Além disso, o autor busca: demonstrar três opiniões sobre os primórdios e as modificações da família até a atualidade (Ariès, Poster e Engels); discutir temas relevantes para o entendimento do que compõe o conceito de família em Freud; e refletir criticamente sobre a atualidade do conceito freudiano de família. O assunto está delimitado à área do saber denominada Psicanálise, abordando também outras áreas. 

Em relação à demarcação, ou seja, delimitação conceitual, o texto está centralizado em alguns temas de análise utilizados para entendimento do grupo familiar, temas que servirão como componentes da discussão sobre o conceito de família: sexualidade infantil, complexo de Édipo, incesto, narcisismo, romance familiar, ambivalência, sentimento de culpa, totem e tabu (horda primeva, tabu, totemismo na infância), moral sexual civilizada, transferência, pulsão, grupo e vínculo.

Ficha técnica

  • Editora: ‎ Letra Capital; 1ª edição (1 janeiro 2014)
  • Idioma: ‎ Português
  • Capa comum: ‎ 118 páginas
  • Sobre o autor:
José Nunes Fernandes possui Curso de Licenciatura Plena Em Educação Artística - Música e de Psicologia. É especialista em Educação Musical e Mestre em Música, ambos pelo Conservatório Brasileiro de Música - Centro Universitário (1991 e 1993). 

É Doutor em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) (1998). É professor Associado III da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), no Instituto Villa-Lobos (Bacharelado e Licenciatura em Música) e no Programa de Pós-Graduação em Música — Mestrado e Doutorado (professor orientador, ministra Seminários de Música e Educação 1 e Psicologia da Música). 

É professor da disciplina Psicologia da Música no Curso de Especialização em Musicoterapia do CBM/RJ. É professor do Curso de Licenciatura em Pedagogia do PAIEF/CEDERJ/UNIRIO. Tem experiência na área de Artes, com ênfase em Educação Musical principalmente nos seguintes temas: educação musical, ensino da música (formal, não-formal e informal), ensino da música na escola regular, pedagogia, televisão e mídia, psicologia da música, família e psicanálise, psicologia do desenvolvimento, pesquisa em educação musical e história da educação musical brasileira. Líder do Grupo de Pesqusia: Linguagem audiovisual, música e educação (CNPQ).

[Fonte: UFSJ — Universidade Federal de São João del-Rei  original, por João Gualberto Teixeira de Carvalho Filho (Psicólogo e Psicanalista, Professor do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de São João del-Rei, Minas Gerais, Brasil. Mestrando no Mestrado em Psicologia da UFSJ, área de concentração "Estudos Psicanalíticos". Contato: jogual@ufsj.edu.br), UNIRIO — Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro]

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E nem 1% religioso.

sábado, 13 de abril de 2024

ESPECIAL — O DESAFIO DE ENFRENTAR O LUTO

Esta semana aconteceu um fato muito desagradável e que muito me entristeceu: a perda repentina de uma colega de trabalho. Apesar de saber que ela já há algum tempo lutava contra um câncer e mesmo não tendo tido a oportunidade de um relaciomento mais estreito com ela, tendo sido restrito nosso contato apenas no ambiente profissional e, eventualmente, através das redes sociais, o pouco tempo de convivência foi o suficiente para constatar o quanto ela era uma pessoa alegre, divertida, de bem com a vida e mesmo apesar das dores provenientes da sua enfermidade, ela estava sempre pra cima, com um belo sorriso no rosto, cativando e contagiando a todos. 
Descanse em paz, Viviane!
Pois bem, este lamentável acontecimento foi o que me inspirou a escrever/postar o texto deste artigo, pois é fato incontestável que, mesmo sabendo de sua iminente possibilidade, nenhum de nós nunca está preparado para enfrentar o luto. Como estudante de Psicanálise, fui pesquisar como esse sentimento de perda e ruptura de laços emocionais, pode nos atingir em nossa psique e quais as estratégias para que possamos ao menos tentar conseguir superá-lo.

O que é o Luto?

Considerações acerca do Luto em Freud

O luto é caracterizado como uma perda de um elo significativo entre uma pessoa e seu objeto, portanto, um fenômeno mental natural e constante no processo de desenvolvimento humano. 
O processo de luto está inevitavelmente presente na dinâmica entre os dois polos da existência humana: a vida e a morte. Para compreender tal princípio, irei explorar as concepções de luto e seu processo, a partir da ótica psicanalítica, utilizando as contribuições conceituais de Sigmund Freud (✩1856/✞1939) e de Melanie Klein (✩1882/✞1960).

O luto é caracterizado como uma perda de um elo significativo entre uma pessoa e seu objeto, portanto um fenômeno mental natural e constante durante o desenvolvimento humano. 

Nesse contexto, por se tratar de um evento constante, acaba implicando diretamente no trabalho de profissionais da saúde, tornando-se um conhecimento necessário para o amparo adequado àqueles que sofrem a perda.

A ideia de luto não se limita apenas à morte, mas o enfrentamento das sucessivas perdas reais e simbólicas durante o desenvolvimento humano. Deste modo, pode ser vivenciado por meio de perdas que perpassam pela dimensão física e psíquica, como os elos significativos com aspectos pessoais, profissionais, sociais e familiares do indivíduo. 

O simples ato de crescer, como no caso de uma criança que se torna adolescente, vem com uma dolorosa abdicação do corpo infantil e suas significações, igualmente, o declínio das funções orgânicas advindo com o envelhecimento. A capacidade de o indivíduo, desde a infância, se adaptar às novas realidades produzidas diante das perdas servirá como modelo, compondo um repertório, reativado em experiências ulteriores.

Para compreender o conceito de luto dentro da perspectiva psicanalítica foi necessário partir pela obra do precursor da investigação da psique, Sigmund Freud. O autor sistematizou teoricamente fenômenos até então incompreendidos sobre o funcionamento mental. Diante disso, sob a perpectiva de Melanie Klein, não há negativa em relação à concepção do desenvolvimento como base da teoria da sexualidade, mas que a partir dela, construiu a sua teoria com novas contribuições.

Partindo pelo pressuposto de a Psicanálise ter uma linha de pensamento desenvolvimentista, seria totalmente impreciso tomar o caminho pelo entendimento do luto na obra dos autores, sem antes compreender os seus conceitos clássicos, que apresentam, por intermédio do desenvolvimento infantil, efetivas contribuições para o conceito do Luto.

Ao explicar o conceito em "Luto e Melancolia", Freud (1915) o entende como uma reação à perda, não necessariamente de um ente querido, mas também, algo que tome as mesmas proporções, portanto um fenômeno mental natural e constante durante o desenvolvimento humano.

Assim como o ser humano é singular, a forma de receber e enfrentar o luto, também difere de pessoa para pessoa


O sofrimento frente a uma perda é inevitável. Nesse sentido, para sair desse limbo, é importante encontrar um direcionamento para a resolução do luto, a reorganização da vida e o investimento em um emocional saudável, com um novo sentido de existência.
O luto é um conjunto de sentimentos que vem após uma perda significativa. Logo, seu processo é uma adaptação à ausência de algo, ou alguém, e se organiza quando a falta é tomada como algo real.
O significado de luto, no entanto, sempre será diferente para cada pessoa. Entretanto, apesar da dor, o processo é saudável e necessário para a cicatrização e elaboração das feridas emocionais provocadas pela falta.

Logo, é um trabalho subjetivo, mobilizado por uma resposta inevitável que move o indivíduo a viver um processo de ajustes em todos os setores da vida.

Quando a morte leva alguém que amamos, muitas pessoas tentam assumir posturas contrárias aos seus sentimentos de dor, por medo de não sair da situação de tristeza e amargura. Porém, o correto, por pior que pareça, é se permitir sofrer.

Portanto, somente quando extravasamos as emoções é que conseguimos aceitar os fatos. Sendo assim, vale afirmar que, a privação dos sentimentos podem acarretar em problemas psicológicos e desenvolvendo um tipo de patologia, chamado luto patológico.

Em cada uma das fases do luto, o mais importante é vivenciá-las, pois é uma etapa que precisamos encarar para aceitar e compreender os processos da vida. Logo, um profissional especialista pode ser de extrema ajuda no apoio ao indivíduo, proporcionando uma adaptação e uma retomada à vida no seu cotidiano.

Como enfrentar o luto?


O luto é um desafio interno repleto de angústia, dor e questionamentos. Nós nunca sabemos o dia de amanhã, tampouco quando será a nossa hora, ou a hora do outro. No entanto, o período pós perda costuma ser intenso e cheio de significados para quem está nele.

Falar sobre a morte, no geral, é muito delicado. Entretanto, muitos de nós temos a tendência de considerar a morte como um fato aceitável e natural apenas na velhice. Isso, por sua vez, acaba dificultando a nossa aceitação quanto o óbito é inesperado.

Nesse sentido, compreender a morte é fundamental no tratamento de todos que passaram e ainda passam pelo luto. Cada um precisa levar o tempo que for preciso para recompor-se e superar o grande choque da perda.

O luto patológico


O luto patológico, ou luto complicado, é marcado por uma intensificação dos sentimentos, impedindo a reorganização da vida, a superação e o início de projetos futuros. Diante disso, sentimentos de raiva, culpa, impotência, perda, ansiedade, depressão, tristeza e desamparo fazem parte desse conjunto de rompimento do vínculo.

Nestes casos, o acompanhamento psicológico é essencial para o indivíduo. Lidar com a morte nunca foi algo fácil, e algumas pessoas costumam ter mais dificuldades do que outras para entender o processo.

Ainda, vale ressaltar que, podemos classificar o processo de luto como toda adaptação à perda, independente do que se trata, sendo assim, não exclusivo à morte. Dessa forma, entende-se também que ele ocorre quando há algo que abala emocionalmente a vida de alguém, podendo ser considerado como luto também, o término de um relacionamento.

O tipo de morte impacta no luto?


No luto relacionado a morte, podemos falar de diversos tipos de óbito: o natural, o não natural (acidentes, violência, suicídio), os decorrentes de doenças graves e também imprevistos clínicos. Visto isso, o ambiente e a forma em que a morte ocorre determinam em grande amplitude a forma que ela vai ser encarada.

No entanto, o comportamento frente a morte é determinado por diversos fatores e, muitas vezes, dependendo de como a pessoa falece, digerir o acontecimento se torna mais difícil. Nesse sentido, é muito mais fácil aceitar que uma pessoa, já aos 90 anos, morreu por doença, do que aceitar que um jovem de 18 anos morreu em um acidente.

Para amenizar o sentimento de luto, costumamos criar repertórios para lidar com o rompimento do vínculo. Logo, sempre tentamos justificar o óbito, mas dependendo do caso, como justificar? Como entender o por quê aquilo aconteceu?

Uma hora os repertórios se tornam inexistentes e dizer “viveu tudo o que tinha pra viver e agora vai descansar em paz” já não se torna mais um consolo. O tipo de morte impacta no luto. De fato, o ser humano não está preparado para enfrentar a transitoriedade da vida. Desse modo, a dor da perda é avassaladora para o emocional das pessoas submetidas a essa experiência.

A subjetividade do luto


Não há como denominar tipos de luto, ele é um processo único e individual. Contudo, pode-se interpretá-lo em níveis, que partem da ideia de aceitação e da intensidade emocional com a qual o momento é vivido.

Sendo assim, não são todas as pessoas que choram compulsivamente e descontroladamente. Dessa maneira, há também pessoas que conseguem manter sua rotina normalmente, porém, isso não significa que elas não estejam no mesmo processo de dor e compreensão. São somente modos distintos de lidar com a perda.

Além disso, existe também também o luto de pré-morte, ou seja, quando alguém passa por um processo irreversível e os familiares e amigos queridos já começam a aceitar a perda antes mesmo dela de fato acontecer.

As 5 fases do luto


Apesar do luto ser um processo individual e que varia de pessoa para pessoa, na maioria das vezes, ele segue uma padronização até sua esperada superação. Diante disso, a psiquiatra Kübler-Ross aponta cinco fases para a elaboração do luto: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação.

Contudo, essas denominações não significam o fim do sofrimento, mas um período em que a pessoa deixa de lutar contra o fato de que a morte aconteceu, o que facilita o enfrentamento.

No entanto, quando falamos em elaboração do luto, nos referimos à vivência da perda e das dificuldades em entrar em contato com as contingências do vazio que a falta causa.

Alguns autores colocam um período de quatro meses até dois anos para a superação de uma perda. Entretanto, o que determina esse processo e a magnitude deste fato é o vínculo que existia com a pessoa que morreu. Dessa forma, alguns estudos classificam o luto em cinco etapas:

  • 1. Negação — Esta primeira fase acontece após o recebimento da notícia. É definida pela negação da realidade e do problema. A longo prazo, a ficha parece ainda não ter caído, desse modo, a pessoa sempre tenta achar algum jeito para relembrar a perda.
Contudo, as pessoas costumam cheirar as roupas usadas do falecido, vestir seus acessórios, passar tempo vendo fotos e vídeos, chorar bastante e sentir desânimo para realizar suas atividades diárias nessa fase. No primeiro momento, é preciso tempo para digerir a situação.

  • 2. Raiva — Os dias passam e a ficha começa a cair. Por que isso aconteceu? Nessa fase, a raiva toma conta da pessoa por considerar uma injustiça a morte de seu ente querido. Logo, buscam um culpado pelo ocorrido – muitas vezes eles mesmos. Será que eu poderia ter feito algo que impedisse a morte? E se ele não tivesse saído de casa naquele dia?
Todavia, os questionamentos só aumentam e parece inacreditável que aquilo tenha acontecido com alguém que você ama tanto. Os pássaros continuam cantando, as pessoas continuam seguindo suas vidas e o sol brilha como sempre. É revoltante pensar que a vida continua mesmo com seu coração devastado.

  • 3. Negociação — A rotina exige que você continue a vida e você decide sair da fossa. Visto isso, na etapa de negociação a pessoa busca uma solução para alterar o que aconteceu. Geralmente, negocia possíveis mudanças e realiza promessas para si mesmo.
Viver para fazer jus ao legado que a pessoa querida deixou, entrar para projetos sociais e realizar desejos que o falecido não pode cumprir são formas de continuar a vida com um propósito e que, são comuns de serem elaboradas nessa fase.

  • 4. Depressão — Mesmo tentando continuar a seguir em frente, o período de depressão surge após a pessoa dar continuidade a sua vida e perceber a falta da pessoa amada. Logo, a dor, a tristeza e cansaço ficam mais fortes.
O indivíduo se isola e sente-se impotente diante da situação. Sendo assim, os dias parecem tristes, e nada faz sentido. Na etapa de depressão, a realidade é enxergada com mais clareza e a morte do ente querido já não parece mais algo irreal.

  • 5. Aceitação — O tempo passa, as informações vão se organizando e aquele processo doloroso vai chegando ao fim. A saudade ainda continua, mas a compreensão faz com que seja possível enxergar novamente a vida com paz e sem a pessoa amada.
Na quinta etapa, a morte é aceita. Diante disso, compreendemos o acontecimento e não mais sentimos raiva, apenas entendemos e seguimos a vida como ela deve ser seguida. Ao lembrar do falecido, ainda dói, mas nosso dia a dia não é mais tomado por aquela profunda angústia de antes.

 

O que é normal de sentir no período de perda?


Falar sobre o luto é importante, então, devemos conhecer também os sentimentos e consequências que podem se aflorar nesse período complicado. Entende-se, por sua vez, que não há como superar a morte de uma maneira fácil e cada pessoa sente a dor de forma diferente.

Algumas pessoas serão marcadas pelo isolamento social, baixa autoestima e pessimismo durante o tempo de luto, enquanto outras poderão percorrer as etapas do luto com impulsividade, hostilidade e agressividade.

De qualquer forma, a dor do luto precisa ser sentida. Um dos cuidados, entretanto, no período de luto é com a utilização de substâncias lícitas (álcool, tabaco) ou ilícitas (drogas tóxicas). A busca da realidade por meio desses agentes pode ser muito prejudicial para a saúde e dificulta a melhora emocional.

De qualquer forma, o processo de luto dá sinais de quando ocorre e devemos prestar atenção neles para procurar ajuda caso os sintomas sejam excessivos e persistentes. No período de luto, após receber a notícia de morte de alguém, é comum:
  • Ter crises de choro, raiva, estresse e ansiedade;
  • Apresentar sintomas de alimentação compulsória ou falta de apetite;
  • Sofrer com insônia;
  • Passar dias melancólicos;
  • Demonstrar sinais depressivos;
  • Apresentar falta de vontade de exercer qualquer atividade, como estudo e trabalho.

Como acabar com a dor do luto?


Primeiramente, é importante destacar que o luto não é um transtorno ou uma doença, ele é um processo natural de aceitação. Portanto, todos aqueles que sofreram perdas de entes queridos estão dentro do período de luto.

Não é necessário, nem indicado, que haja controle emocional por meio de medicamentos e tratamentos mais específicos, pois os sentimentos não devem ser, de forma alguma, contidos, e sim superados e compreendidos.

Desta maneira, o mais indicado para acabar com a dor do luto é um acompanhamento psicológico para que haja uma assimilação melhor dos fatos para que, assim, a dor emocional seja amenizada.

Contudo, aconselha-se o tratamento psiquiátrico somente em casos de reações psíquicas no processo emocional, ou seja, quando o estresse, a insônia e a depressão tomarem o controle da situação e da vida da pessoa.
Dicas para superar o luto

A morte é um tabu, um assunto que se evita, poucos falam e temem. No entanto, não é possível falar com exatidão quanto tempo dura o luto e como superá-lo. Por conta disso, é interessante saber de algum modo dicas sobre como lidar com a morte de alguém próximo.

Afinal, a única certeza que se tem na vida, é que um dia seremos acometidos por esse fenômeno. Nesse sentido, veja a lista de dicas importantes para você saber e praticar:
  • 1. Dê tempo ao tempo — No período de luto, é importante dar chance ao tempo, procurar encarar o luto como sinal de processo e um ciclo que terá fim. Ele poderá durar bastante tempo, por isso, é importante se livrar de cobranças e expectativas.
  • 2. Procure ajuda profissional — Procurar ajuda psicológica é uma maneira excelente de lidar com a dor, porque só assim a pessoa terá oportunidade de falar tudo o que sente e que a incomoda. Por conseguinte, o psicólogo poderá ouvir e aconselhar, respeitando a dor e direcionando o paciente da melhor forma.
  • 3. Não deixe a rotina de lado — Lidar com o luto pode ser complicado, por isso, continue a vida da melhor forma possível, ou seja, vivendo a rotina, mesmo que seja difícil se esforce. No entanto, conseguir continuar a fazer o seus afazeres poderá te ajudar a sair do limbo da angústia constante.
  • 4. Recorde com amor — Tenha sempre em mente boas lembranças, reviva somente as memórias boas e momentos felizes. Leve com carinho a pessoa amada lembre-se o pra que ela viveu, e não o por que morreu, esse é um ótimo exercício de fixação que te ajudará a aceitar a perda de forma mais leve.
  • 5. Faça atividades prazerosas — Reserve mais tempo para descansar, se cuidar e dar uma atenção maior para as coisas que gosta de fazer, momentos de lazer são importantes para aliviar a ansiedade e angústias trazidas pela morte. Atividades prazerosas aumentam o estímulo de hormônios responsáveis pela felicidade!

Como confortar alguém de luto


O luto é um período difícil não só para quem está vivenciando o processo. Logo, as pessoas ao redor também são fortemente impactadas pelos sentimentos de perda do outro, bastam ter um pouco de empatia.

Muitas vezes não sabemos o que dizer, como nos portar ou o que falar para alguém que perdeu algum amigo ou familiar próximo. No entanto, não existe palavra certa ou um remédio especial que vá tirar a dor do outro mas, algumas atitudes podem amenizar, mesmo que temporariamente, o sofrimento. Em contrapartida, para confortar alguém de luto:
  • Preste suas condolências;
  • Diga que está presente para o que acontecer;
  • Pergunte se deseja companhia ou se quer conversar sobre;
  • Dê um abraço bem forte;
  • Além das palavras, demonstre com atitudes dias depois. Faça uma visita, leve um café ou um presente para mostrar que você se importa.

A terapia do luto como auxílio emocional


Mesmo que seja possível, não precisamos lidar com tudo sozinhos. Visto isso, a terapia do luto é uma estratégia de tratamento psíquico utilizada para que o luto seja superado e o ciclo com a pessoa falecida seja encerrado.

Contudo, é importante que o profissional tenha conhecimento em tanatologia e em terapia de luto para que as intervenções terapêuticas cooperem de forma eficaz nas reações frente à vivência da morte.

O psicólogo especialista em terapia do luto permite que as pessoas se sintam amparadas, validadas por seus sentimentos e produz reflexão, elaboração e aceitação do luto.

Conclusão


Ao falar do luto, percebemos que não há muitas diferenças. Em meio a uma corrida constante pela felicidade e soluções milagrosas para o sofrimento, quase não resta espaço para vivenciar o luto. É comum que as pessoas queiram acelerar esse processo para dar fim à angústia e tudo voltar a ficar "bem". 

Porém, é importante compreender que esta vivência é tão imprevisível, quanto necessária. Não existe uma ordem específica para as etapas do luto, assim como não há certo ou errado. 
Cada pessoa experimenta a dor de forma diferente, podendo haver altos e baixos emocionais, momentos de avanço e outros de retrocesso, um processo que pode durar meses ou anos. Por isso, trata-se de uma jornada individual que exige tempo, paciência e apoio.

A importância do sentir


Aceitar os sentimentos desagradáveis resulta em mais benefícios à saúde mental do que evitá-los ou negá-los. Sentir e reconhecer o próprio estado emocional leva ao autoconhecimento e tende, ao longo do tempo, à aceitação e redução do sofrimento, enquanto que a negação perpetua o conflito entre o indivíduo e suas emoções.

No entanto, em uma sociedade imediatista e permeada pela positividade tóxica é comum solucionar e julgar qualquer situação ou comportamento. Neste contexto, ficamos mais angustiados com os momentos de pesar, já que não nos permitimos sentir.

Esquecemos que a solução está em prestar atenção nas nossas emoções, trazendo maior consciência ao momento presente e, dessa forma, ter a oportunidade de experienciar genuinamente os acontecimentos.
O luto é uma travessia por um percurso que precisa ir da dor da perda até a completa ressignificação da pessoa que fica. Em conclusão, compreender esse trajeto implica na necessidade de conhecer e descobrir-se e, com isso, atingir uma nova dimensão enquanto ser humano.
Em tempos de redes sociais, excesso de informações e mensagens instantâneas, precisamos aprender a parar, sentir e observar a nós mesmos, respeitando nossas necessidades, vontades e limites.

[Fonte: Telavita, original por Psicóloga Sonia Pittigliani - CRP 06/14188 (https://www.telavita.com.br/app/psicologia-online/sonia-maria-campos-pittigliani); Pepsic - Periódicos Eletrônicos em Psicologia, original por Andressa Katherine Santos Cavalcanti e Milena Lieto Samczuk — Discentes 5º ano de Formação em Psicologia, Universidade Metodista São Paulo, Tânia Elena Bonfim — Doutora em Psicologia Clínica pelo Instituto Psicologia USP e Docente supervisora do Curso de Psicologia da Universidade Metodista de São Paulo, ambos acessados em 13 de abril de 2024]

Ao Deus Todo-Poderoso e Perfeito Criador, toda glória.

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sábado, 30 de março de 2024

"...EIS O CORDEIRO DE DEUS, QUE TIRA O PECADO DO MUNDO..."

"No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo" (João 1:29).
Estamos terminando o período de comemoração da Páscoa, do ano de 2024 (este artigo está sendo escrito e postado, especificamente no sábado, dia 30 de março). E, embora nos dias atuais as comemorações dessa data tão importante para o cristianismo, esteja cada vez mais se arrefecendo e perdendo muito do significado que tinha antigamente, acho salutar abordar o tema aqui no blogue Conexão Geral, mesmo não sendo ele um tema inédito (ao final, eu posto os links de outros artigos abordando a Páscoa).

O significado da Páscoa nas diversas religiões


Uma das celebrações religiosas mais marcantes e respeitadas no mundo é a Páscoa, que tem origem na tradição judaico-cristã e em elementos ligados às celebrações do equinócio da primavera, além daqueles que foram sendo incorporados dos povos cristianizados ao longo do tempo.

Quem segue alguma das muitas religiões de origem cristã está finalizando a chamada Semana Santa, a semana que antecede a Páscoa. Este é um ótimo momento para entendermos de que exatamente se trata a data. Qual é o significado deste feriado em que as famílias se reúnem para almoçar (tradicionalmente, algum prato com peixe) e trocar os tais ovos de chocolate (muito embora coelhos e ovos, absolutamente nada terem a ver com qualquer coisa ligada à Páscoa)?
Além disso, a Páscoa é uma das mais antigas celebrações, com data instituída pela Igreja Católica em 325 depois de Cristo, no Concílio de Niceia. Antes disso, as comemorações desse importante período, já ocorriam há centenas de anos entre os judeus.
A Páscoa, entretanto, não é celebrada por muitas religiões, em função do conjunto de dogmas próprios de cada uma. Assim vamos conhecer qual é o significado atribuído a ela por oito das principais religiões do mundo e com impacto no Brasil.

As principais religiões do mundo


Entre as muitas religiões, há várias formas para se relacionar com a espiritualidade e se ligar ao divino. Imagine pensar em todas essas maneiras, considerando a quantidade de povos, por exemplo, da Ásia e da África.

Por isso vamos nos ater às religiões com as quais convivemos e com as quais de alguma forma interagimos. Considerando que o Brasil é uma terra acolhedora, que congrega povos do mundo todo e abraça a liberdade de suas crenças, entenda a seguir como a Páscoa é vista por elas:

  • Judaísmo

A palavra "Páscoa" deriva do hebraico (pessach) e significa passagem. A celebração relembra a libertação do povo hebreu da escravidão imposta pelo Egito há cerca de 3.500 anos. É a primeira das grandes festas, muito comemorada pelos judeus, pois as tradições são mantidas como uma orientação divina aos seus seguidores.

A Páscoa passou a ser celebrada pelo povo judeu como memória da passagem da décima e mais devastadora praga pelo Egito, informada a Moisés por Deus. A praga da morte dos primogênitos resultou na saída dos antepassados hebreus dessa região em direção à Terra Prometida, trajetória descrita no Antigo Testamento da Bíblia, no livro de Êxodo e que teria ocorrido no ano 1445 antes de Cristo.

  • Cristianismo

A palavra "cristianismo" remete a Cristo e representa a religião com o maior número de seguidores no mundo. Tem raízes semelhantes ao judaísmo e entende Jesus Cristo como o Messias ou o próprio Deus. Ao longo da história da Humanidade, o cristianismo sofreu cisões e o surgimento de divisões. Assim sendo, temos o catolicismo romano, a igreja oriental (ou ortodoxa) e o protestantismo.

Embora com atuações diferentes, todas as divisões do cristianismo ideologicamente entendem Jesus Cristo como o Eleito, o Filho de Deus. E a celebração da Páscoa é sobre a ressurreição de Jesus e a salvação da Humanidade, um ponto central da fé cristã. 

  • Catolicismo romano

Foi no Concílio de Niceia que o Imperador Constantino e o Papa Silvestre I consolidaram a doutrina da Igreja Católica e o catolicismo como a religião oficial do Império Romano, que já havia admitido a livre escolha da crença religiosa pelo povo, sem as perseguições e mortes que muitos haviam anteriormente sofrido. 

Foi neste Concílio que se instituiu a Semana Santa entre o Sábado de Aleluia e o Domingo da Ressurreição, que é o Domingo de Páscoa. O termo Páscoa significa passagem, mas, nesse caso, para a vida eterna, passagem esta que Jesus Cristo teria feito quando ascendeu aos céus e se juntou ao Pai.

A Páscoa, para os católicos, é a celebração da ressurreição de Jesus Cristo, depois de ter percorrido a Via Crucis, ter sido humilhado, torturado, crucificado e morto. Ela traz esperança na vida eterna e a crença de que o Filho de Deus aqui esteve para que o ser humano fosse salvo de seus pecados, principalmente porque, à época de sua vida terrena, a conduta humana era dissonante dos preceitos religiosos deixados pelos profetas. A morte de Cristo foi um sacrifício voluntário dEle para salvar a Humanidade de seus pecados e, devido a Ele, o ser humano recebeu uma segunda oportunidade.

A data de celebração da Páscoa é móvel e corresponde ao primeiro domingo da primeira Lua Cheia após o equinócio de primavera no Hemisfério Norte e do equinócio de outono no Hemisfério Sul, entre 22 de março e 25 de abril, de acordo com o calendário gregoriano.

  • Igreja Ortodoxa

Embora a Páscoa, para os ortodoxos, tenha o mesmo significado daquele atribuído pelos católicos romanos quanto à ressurreição de Jesus Cristo, eles festejam a data de forma bem rigorosa, com idas às missas, uso de muito vermelho (considerada por eles a cor da vida) e jejuns seguidos à risca, nos quais não são consumidos defumados, carnes, manteigas e linguiças.

  • Protestantes

Os protestantes se dividem em luteranos, anglicanos, pentecostais e outros. Contudo a Páscoa tem o mesmo significado para todos os cristãos, variando apenas a forma de celebrar. 

De um modo geral, as celebrações são feitas com reflexão e orações. Na sexta-feira da Paixão, acontece um culto especial com apresentações de teatro, música e dança. No domingo de Páscoa há um louvor à ressurreição. Quanto à data a ser comemorada, ela segue basicamente o mesmo calendário da Igreja Católica.
Islamismo

Os muçulmanos acreditam num único Deus, Criador de todas as coisas, a quem atribuem o nome de Alá e recebem os Seus ensinamentos por meio dos profetas, como é o caso de Maomé. Eles enxergam Jesus Cristo como um profeta. 

Para os muçulmanos, Jesus Cristo não morreu após a Última Ceia, mas foi arrebatado, indo para perto de Alá sem ter passado pelo sacrifício da crucificação e lá permanece até o momento de voltar à Terra. Desse ponto de vista, a Páscoa e a semana que a antecede não têm significado especial para eles.

  • Budismo

O budismo é uma religião que surgiu com Buda (Siddhartha Gautama) no norte da Índia, por volta do século V antes de Cristo. Atualmente, ela abrange países como China, Japão, Paquistão, Nepal, Sri Lanka, Afeganistão, Tailândia e outros. No Brasil, há 243.966 praticantes, conforme dados do IBGE no censo de 2010. Os adeptos dessa religião não celebram a Páscoa, que não faz parte de suas doutrinas.
Sikhismo

Embora com cerca de mil adeptos no Brasil, essa é a quinta maior religião do mundo, com aproximadamente 20 milhões de seguidores. Entendida como sincrética entre o hinduísmo, o islamismo e o sufismo (uma das linhas do islamismo), ela concebe Deus como eterno e sem forma e que todos os seres humanos estão separados dEle devido ao egocentrismo, por isso todos permanecem num ciclo de renascimento.

  • Espiritismo

No Brasil, há 123.4 milhões de fiéis ao espiritismo, conforme o censo de 2010 do IBGE. Segundo a doutrina da religião, os espíritas reconhecem em Jesus Cristo um grande Mestre Ascensionado que veio ensinar aos homens os meios para a evolução espiritual. 

Eles respeitam todas as manifestações religiosas, contudo entendem que esse período de Páscoa deve ser destinado à reflexão e à renovação de pensamentos e atitudes, para fazer surgir uma nova pessoa.
Hinduísmo

Embora tenha poucos adeptos da religião no Brasil, ela é a maior entre as politeístas e uma das oito que mais têm seguidores no mundo. As divindades mais importantes são Brahma (que representa a força criadora do universo), Krishna, Ganesha, Vishnu e Shiva.

  • Religião tradicional chinesa

A China é uma nação que tem em suas raízes três grandes bases filosóficas e religiosas: o confucionismo, o taoísmo e o budismo. Outras menores ou vertentes dessas três maiores constituem a chamada religião tradicional chinesa, um conjunto de valores, crenças e práticas espirituais com várias divindades desenvolvido ao longo dos séculos e que valoriza o culto e o respeito aos antepassados. É uma das principais do mundo, com cerca de 454 milhões de seguidores. Nela, a Páscoa não é celebrada.

No Brasil, essa religião não é significativa, embora haja em São Paulo e no Rio de Janeiro dois templos taoístas. Estima-se que a população de chineses e descendentes no país seja de cerca de 200 mil, embora os dados da imigração na Polícia Federal, publicados em 2014, apontem apenas 37.417 chineses, concentrados 80% na região sudeste.

  • Religiões de matriz africana

Os seguidores do candomblé e da umbanda, religiões de matriz africana, não celebram a Páscoa, embora respeitem as tradições relacionadas à Igreja Católica. O período da Quaresma, por exemplo, tem como significado o combate dos orixás ao mal, por isso as atividades nos terreiros são interrompidas. 

No Brasil, segundo dados do IBGE, publicados no censo demográfico de 2010, as duas religiões, juntas, representam 500.219 praticantes, porém abrangem ainda outras religiões menos expressivas.

Entendido as diversidades do significado da Páscoa, nas mais vertentes religiosas, entendamos agora, o verdadeiro significado, de acordo com o que nos ensina a Bíblia Sagrada.

Jesus, o nosso Cordeiro Pascal

A celebração da Páscoa no Antigo Testamento


O cordeiro pascal era o animal que Deus ordenou que os israelitas usassem como sacrifício no Egito na noite em que Deus atingiu os primogênitos de todas as casas (Êxodo 12:29). Essa foi a praga final que Deus lançou contra o faraó, a qual o levou a libertar os israelitas da escravidão (11:1). Depois daquela noite fatídica, Deus instruiu os israelitas a observar a Festa da Páscoa como um memorial permanente (12:14).

Deus instruiu todas as famílias do povo israelita a selecionar um cordeiro de um ano de idade que não tivesse qualquer defeito (12:5; Levítico 22:20,21). O chefe da família devia abater o cordeiro durante o crepúsculo, cuidando para que nenhum dos ossos fosse quebrado, e aplicar um pouco de sangue nas duas ombreiras e na viga superior da porta. O cordeiro deveria ser assado e comido (12:7,8). Deus também deu instruções específicas sobre como os israelitas deviam comer o cordeiro, 
"já prontos para viajar, com as sandálias nos pés e o cajado na mão" (Êx 12:11).
Deus disse que quando visse o sangue do cordeiro na viga de uma casa, Ele "passaria por cima" daquela casa e não permitiria que "o Destruidor" entrasse (12:23). Qualquer lar sem o sangue do cordeiro teria o seu filho primogênito morto naquela noite (12:12,13).

A celebração da Páscoa no Novo Testamento


O Novo Testamento estabelece uma relação entre este cordeiro protótipo da Páscoa e o consumado cordeiro da Páscoa, Jesus Cristo (1 Coríntios 5:7). O profeta João Batista reconheceu Jesus como "o Cordeiro de Deus" (João 1:29), e o apóstolo Pedro liga o cordeiro sem defeito (Êx 12:5) a Cristo, a quem ele chama de "um cordeiro sem defeito e sem mácula" (1 Pedro 1:19). 

Jesus está qualificado para ser chamado de "sem mácula" porque a Sua vida estava completamente livre do pecado (Hebreus 4:15). Em Apocalipse, o apóstolo João vê Jesus como "um Cordeiro que parecia que tinha sido morto" (5:6). Jesus foi crucificado durante o tempo em que a Páscoa foi observada (Marcos 14:12).

A Bíblia diz que os crentes têm simbolicamente aplicado o sangue sacrifical de Cristo em seus corações e, assim, escaparam da morte eterna (Hb 9:12, 14). Assim como o sangue aplicado do cordeiro pascal fez com que o "Destruidor" passasse por cima de cada casa, o sangue aplicado de Cristo faz com que o julgamento de Deus passe sobre os pecadores e dê vida aos crentes (Romanos 6:23).
Assim como a primeira Páscoa marcou a libertação dos hebreus da escravidão egípcia, a morte de Cristo marca a nossa libertação da escravidão do pecado (8:2). 
Assim como a primeira Páscoa devia ser realizada em memória como uma festa anual, os cristãos devem relembrar a morte do Senhor através da comunhão do Senhor até que Ele volte (1 Co 11:26).
O cordeiro pascal do Antigo Testamento, embora fosse uma realidade naquele tempo, era um mero prenúncio do melhor e definitivo cordeiro pascal, Jesus Cristo. Através de Sua vida sem pecado e morte sacrificial, Jesus Se tornou o único capaz de dar às pessoas uma maneira de escapar da morte e uma esperança segura da vida eterna (1 Pe 1:20,21).

Assim, em síntese, o Novo Testamento estabelece uma relação entre este cordeiro protótipo da Páscoa e o consumado cordeiro da Páscoa, Jesus Cristo (1 Co 5:7). O profeta João Batista reconheceu Jesus como "o Cordeiro de Deus" (Jo 1:29), e o apóstolo Pedro liga o cordeiro sem defeito (Êx 12:5) a Cristo, a quem ele chama de "um cordeiro sem defeito e sem mácula" (1 Pe 1:19). 

Jesus está qualificado para ser chamado de "sem mácula" porque a Sua vida estava completamente livre do pecado (Hb 4:15). Em Apocalipse, o apóstolo João vê Jesus como "um Cordeiro que parecia que tinha sido morto" (Apocalipse 5:6). Jesus foi crucificado durante o tempo em que a Páscoa foi observada (Marcos 14:12).

Conclusão


Em Êxodo 12:3 diz: 
"Falai a toda a congregação de Israel, dizendo: aos dez deste mês tome cada um para si um cordeiro, segundo as casas de seus pais, um cordeiro para cada família."
Este é um perfeito retrato de nosso Senhor Jesus em sua humilhação. Ele, que é o Deus Todo-Poderoso e eterno, tornou-se um cordeiro, o Cordeiro de Deus, que nos redimiu com seu sangue. - "Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo." Ao longo da Bíblia, nosso Salvador nos é apresentado sob a figura de um cordeiro.
• No sacrifício de Abel vemos o cordeiro (Gênesis 4:4). 
• na vida de Isaque 
"Deus proverá para si um cordeiro" (Gn 22:8). 
• Na profecia de Isaías 
"Trazido como um cordeiro ao matadouro" (Isaías 53:7). 
• Nas epístolas de Pedro diz que fomos: 
"Comprado com o sangue do Cordeiro" (1 Pd 1:18-20). 
• E por fim na visão de João no livro de Apocalipse: 
"Digno é o Cordeiro" (Ap 5:12).
O nosso Senhor Jesus Cristo foi separado no conselho e decreto de Deus como o Cordeiro que foi morto antes da fundação do mundo (13:8).

Ele é o Cordeiro escolhido do rebanho (Salmo 89:19). Quatro dias antes de ser crucificado, ele entrou em Jerusalém, e foi separado dos homens. Após ser examinado ele foi encontrado por todos como um cordeiro sem defeito algum! 

Assim como os filhos de Israel colocaram o sangue nos umbrais das portas para a salvação de todos na casa, hoje o nosso Pai celestial, pelo poder e graça do seu Espírito Santo, aplica o sangue de Cristo aos nossos corações para nos salvar de Satanás, do mundo, do pecado, do ego e da carne. O sangue de Cristo é a nossa completa libertação (Hb 9:14;10:22).

Para finalizar, vimos que a Páscoa tem significados religiosos profundos, de épocas milenares, que permanecem vivos nas tradições de celebração da data. Diferentemente das religiões politeístas e com divindades muito específicas, Jesus Cristo é respeitado como um grande líder influenciador no aperfeiçoamento do espírito humano e na conexão do humano com o divino.

Renovação, renascimento, amor ao próximo, caridade, união familiar e fé são alguns temas centrais com os quais devemos ter contato rotineiramente, especialmente nesse período. Assim, mantenha a ligação com o que te faz evoluir espiritualmente nesse mosaico que se chama Humanidade!
Cristo é o nosso Cordeiro pascal. Para ele apontaram os patriarcas e profetas. Ele foi a esperança dos nossos pais e o conteúdo da pregação dos apóstolos. Cristo é o Cordeiro imaculado de Deus, o Pão vivo que desceu do céu. Ele é a verdadeira páscoa, a nossa páscoa!
A morte de Cristo na cruz foi a maior missão resgate do mundo. Deus nos redimiu não mediante ouro e prata (metais nobres) nem mesmo pela mais valorizada moeda corrente. Ele resgatou-nos pelo precioso sangue de Cristo, o Cordeiro sem defeito e sem mácula. 

Deus deu tudo para resgatar-nos. Deu seu Filho. Deu a si mesmo. Deus, porém, pagou o mais alto preço, o preço de sangue, o sangue do seu Filho. Portanto, você tem um alto valor para Deus. Ele investiu tudo para ter você para ele, a fim de que você se deleite nele.
"O Cordeiro veio sentado em um jumentinho, que tomará emprestado, mas em breve, o Leão retornará assentado em seu cavalo branco"  (Saullo Stan).
Escrevi mais sobre este tema nos seguintes artigos (por ordem de postagens):
[Fonte: Eu Sem Fronteiras, texto original, não creditado (acessado em 30/03/2024); parte do texto desse artigo, foi adaptado do original "Cordeiro Pascal", escrito por Israel Reis]

Ao Deus Todo-Poderoso e Perfeito Criador, toda glória.
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