Total de visualizações de página

quinta-feira, 14 de outubro de 2021

A BÍBLIA COMO ELA É — AFINAL, HÁ CONTROVÉRSIA ENTRE MATEUS 26:51-53 E LUCAS 22:35-37?

"Em seguida, Jesus os inquiriu: 'Quando Eu vos enviei sem bolsa, mochila de viagem e outro par de sandálias, sentistes falta de algo?' Ao que eles prontamente replicaram: 'De nada!' Então, Jesus os adverte: 'Agora, porém, quem tem bolsa, pegue-a, assim como a mochila de viagem; e quem não tem espada, venda a própria capa e compre uma. Pois vos asseguro que é necessário que se cumpra em mim o que está escrito: "E Ele foi contado com os transgressores". Sim, o que está escrito a meu respeito está para se cumprir'" (Lucas 22:35-37 — grifo meu).

"E eis que um dos que estavam com Jesus, estendendo a mão, puxou da espada e, ferindo o servo do sumo sacerdote, cortou-lhe uma orelha. Então Jesus disse-lhe: 'Embainha a tua espada; porque todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão. Ou pensas tu que eu não poderia agora orar a meu Pai, e que ele não me daria mais de doze legiões de anjos?'" (Mateus 26:51-53 — grifo meu).
Retornando à série especial de artigos A Bíblia Como Ela É, trago um assunto que é um dos muitos que os inimigos da Palavra de Deus, aqueles tais que vivem na inglória tentativa de invalidar sua veracidade e sua infalibilidade, usam para basear seus frágeis e, portanto, facilmente derrubados argumentos. Não é preciso nem uma profunda exegese para fazê-lo, basta uma análise de contextos e uso de um mínimo da inteligência.

Qual deve ser a postura do cristão em um cenário de violência?


A repercussão do caso Henry Borel — um menino de somente quatro anos, que faleceu em 8 de março, vítima de agressões supostamente realizadas pelo padrasto, com o conhecimento da própria mãe — trouxe de volta a discussão para crimes cometidos contra crianças.

Infelizmente, o caso de Henry não é exceção, já que no Brasil o homicídio de crianças e adolescentes tem números alarmantes. De acordo com dados de uma recente pesquisa realizada pela UNICEF, todos os dias, 32 crianças e adolescentes morrem assassinados no país.

Em fevereiro de 2007, um caso envolvendo a morte de uma criança em circunstâncias trágicas chocou o Brasil mais uma vez. Trata-se do menino João Hélio, na época com seis anos de idade. O garotinho foi vítima fatal de um assalto que terminou de forma cruel (Escrevi artigo especial sobre este caso ➫ aqui.).

Na noite de 13 de agosto de 2015, São Paulo viu acontecer a maior chacina da história do estado. O pior de tudo, todavia, é que os autores do banho de sangue, embora naquele momento à paisana e usando máscaras para esconder suas identidades, tinham como profissão justamente proteger a população do crime. Sim, isso mesmo, nesse obscuro episódio paulistano os criminosos eram os policiais.

Foi um ato de retaliação: alguns dias antes, tanto um policial militar, quanto um guarda civil metropolitano haviam sido assassinados. Coincidentemente, ainda que em momentos distintos, ambos morreram após reagirem a um assalto.

Como aconteceu o massacre


Munidos de armas de fogo e do mais puro desejo de vingança, um pequeno grupo de oficiais se dirigiu aos municípios de Osasco e de Barueri, na região metropolitana de São Paulo, e começaram um massacre. Durou duas horas. Foi o suficiente para fazer 17 vítimas fatais e ferir outras 7.

Vale ressaltar ainda que, alguns dias antes, havia ocorrido o que ficou conhecido depois como uma "pré-chacina". Isso é, no dia 8 de agosto, o mesmo grupo de agentes de segurança teria assassinado mais 6 pessoas.

Segundo divulgado pelo portal de notícias G1 uma semana após o terrível acontecimento, 
"em pelo menos um dos ataques, as vítimas foram enfileiradas, os criminosos perguntavam se as pessoas tinham antecedentes criminais e, depois, atiravam à queima roupa".
A chocante história da chacina de Osasco logo ganhou repercussão internacional. Segundo divulgado pelo jornal O Globo em 2018, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) chegou a exigir das autoridades brasileiras um maior esclarecimento em relação ao caso.

Em ambos os casos, todos os envolvidos nos respectivos crimes, foram julgados, condenados e cumprem penas.

Histórias reais como essas, carregadas de violência e que espalham o terror e a insegurança, são imensas e encontram-se espalhadas pelo mundo. Ondas de violência estão presentes pelo mundo, desde ataques terroristas, guerras, às elevadas taxas de homicídios na América Latina (25 em 100.000 pessoas são assassinadas por ano).

Diante de tanta violência, o medo cresce e a insegurança também. Paz, proteção, segurança, justiça são desejos profundos de qualquer ser humano, mais ainda do cristão. Por isso, certos temas começam a ser desenterrados por parte de quem deseja que atitudes concretas sejam tomadas para que haja mais proteção e paz, para que nações sejam protegidas de ataques exteriores e para que maior segurança seja encontrada nos lares, ruas e estabelecimentos públicos.

Pretende-se, neste artigo, abordar assuntos que na sociedade em geral, e nas igrejas evangélicas, têm estado enterrados e que se tornaram tabu. É imperativo, no entanto, que o cristão tenha uma perspetiva bíblica desses mesmos assuntos. Ou seja, fingir que nada está acontecendo não é a solução e nem o caminho. O fato é que, por mais cristã que uma pessoa seja, se ela tiver um mínimo de sensibilidade, é impossível não sentir indignação — sim, e até mesmo revolta — diante de tanta violência.

Neste sentido procurar-se-á perceber como o cristão, que se vê confrontado com todo este terror e que valoriza conceitos como paz, amor, justiça e dignidade humana, deve pensar, à luz da Bíblia, sobre o papel do governo civil, a guerra, a pena de morte, as orações imprecatórias (orações com pedidos de vingança contra os inimigos) e a auto-defesa. Daí nos veem os questionamentos: O cristão pode fazer uso de orações imprecatórias? Porte de arma não faz aumentar a criminalidade? Pena de morte não estava só em vigor no Antigo Testamento? O cristão pode envolver-se numa guerra do seu país? Estas e outras questões, que geralmente são levantadas, serão tratadas, de forma introdutória, no presente artigo.

O "DILEMA DAS ESPADAS"


Estas palavras de suave repreensão foram ditas pelo Senhor Jesus a Seu discípulo, Pedro, logo após Judas ter traído o Mestre. Pedro tinha acabado de sacar sua espada com a qual cortou a orelha de um servo do sumo sacerdote, quando Jesus disse-lhe:
"Embainha a tua espada; porque todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão" (Mateus 26:52; João 18:11).
O Senhor deixou bem claro que Ele não desejava que Seus discípulos se levantassem em defesa dEle, independente de quais fossem suas boas intenções.

Mas o que pode não ser tão claro para os cristãos é este comentário enigmático do Senhor Jesus, encontrado apenas no evangelho de Mateus, no qual Ele parece estabelecer uma relação de causa e efeito entre usar uma arma letal e sofrer a morte por sua instrumentalidade. Que lição Ele quer ensinar a Pedro e, por extensão, a todos os Seus discípulos ao longo dos séculos?

Creio que podemos descartar um par de possíveis significados dessas palavras tomadas pelo seu valor nominal. Quando Jesus disse 
"...todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão..." (Mt 26:52), 
parece óbvio que Ele não quis dizer que a declaração fosse no sentido mais literal, pois milhões já tomaram da espada e outras armas e viveram uma vida longa, morrendo mais tarde de morte natural. 

Por outro lado, muitos cristãos que recusaram se defender usando força letal, ou que tiveram objecção de consciência para empunhar a espada em guerras contra potências estrangeiras, sofreram mortes violentas por causa de sua fé e de sua posição em prol da verdade da Palavra de Deus . 

Para confirmar isso basta apenas observar a morte violenta de Jim Elliot aos 28 anos e de seus compatriotas em 1956, os quais poderiam ter facilmente eliminado seus assassinos, índios Auca, usando as armas que tinham, mas optaram por não "tomarem a espada" em defesa própria (escrevi artigo especial sobre este caso ➫ aqui).

No entanto, estaríamos manuseando descuidadamente as Escrituras se minimizássemos ou passássemos por cima desta palavra do Senhor por ela não poder ser tomada literalmente. Ele nunca disse uma palavra vã, nem uma frase que possamos nos dar ao luxo de tratar levianamente. 

Você e eu poderíamos ter dito algo parecido com a melhor das intenções durante um momento de aprendizado como aquele, mas depois, quando colocados sob pressão, não sermos capazes de justificar de forma coerente nossa declaração precipitada. 

Não é assim com o Senhor Jesus; Suas palavras eram cheias de significado, e Ele deixou que seus discípulos procurassem esse significado. 
"A glória de Deus está nas coisas encobertas; mas a honra dos reis, está em descobri-las" (Provérbios 25:2).
Considere isto: Quando alguém empunha uma arma acaba se prontificando a recorrer à violência, ou talvez mais particularmente, acaba assumindo a responsabilidade de recorrer a meios violentos para obter um fim desejado, seja ele egoísta ou altruísta em sua natureza. 

Muitos têm admirado os métodos do Dr. Martin Luther King, Jr. (escrevi artigo especial sobre ele ➫ aqui) e de Mahatma Ghandi (escrevi artigo especial sobre ele aqui ➫ aqui), dois homens que defendiam o ideal de resistência não-violenta contra a opressão (embora devemos notar que tomar essa posição não-violenta não salvou nem Martin Luther King  e nem Ghandi de mortes violentas nas mãos de assassinos). 

Eles adotaram a posição da não-violência e colheram uma recompensa por isso, em termos de seus legados entre os seus povos, e em termos da admiração que grande parte do resto do mundo ainda nutre por eles. 
"Eles já receberam o seu galardão" (Mt 6:2).
Então que posição um cristão deveria adotar? Parece claro que o Senhor procurou incutir em seus discípulos que adotar uma posição não-violenta é o caminho moralmente mais elevado, e que, ao usar de armas carnais contra contra um mal o crente acabará no caminho moralmente baixo, onde a morte prevalece e aprovação do Senhor deixa de existir.

Conclusão


Portanto, em uma análise contextual, as palavras de Cristo em Lucas 22:35-37 não devem ser entendidas literalmente, de que Ele gostaria que seus discípulos se munissem de qualquer quantidade de espadas, uma vez que Ele jamais teria dito, como Ele o fez depois, que duas seriam suficientes, o que não seria de fato para onze homens; ou teria proibido Pedro de se utilizar de uma, como Ele fez pouco depois, em Mateus 26:51-53.

Assim, o sentido é que, onde quer quer estivessem e onde houvesse uma oportunidade para pregar o Evangelho, eles encontrariam muitos adversários, e poderosos, e haveria grande violência seguida de ódio e perseguição; tanta que lhes pareceria necessário precisar de espadas para que se defendessem: a frase expressa assim o perigo a que eles seriam expostos e a necessidade de proteção; e, portanto, seria errado para eles [os apóstolos] brigarem e discutirem sobre superioridade assim como procurar ou esperar algum tipo de pompa ou circunstância temporal no momento desta condição lastimável, aflitiva e de grandes privações; e eles logo perceberiam que a fonte deste desespero e aflição seriam eles mesmos.

Jesus censurou muito clara e enfaticamente a Pedro por fazer uso da espada (Mt 26:52). O fato de Jesus ter mandado seus discípulos se proverem de espadas é uma clara noção de que mesmo que o cristão tenha o poder, recursos e motivos para fazer o mal, não deve fazê-lo.

Por fim, deixemos que a Bíblia fale por si e quem tiver ouvidos ouça o que o Espírito diz à Igreja, ou tome suas próprias decisões, mas, assumindo as consequências advindas delas e não tentando "colocar a culpa em Deus":
"Ouvistes que foi dito: 'Olho por olho, e dente por dente'. Eu, porém, vos digo que não resistais ao mau; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra; E, ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa; E, se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas. Dá a quem te pedir, e não te desvies daquele que quiser que lhe emprestes. 
Ouvistes que foi dito: 'Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo'. Eu, porém, vos digo: 'Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; 
Porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos. Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? 
Não fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também assim?'" (Mt 5:38-47 — grifos meus).
"Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas, sim, poderosas em Deus, para destruição das fortalezas; destruindo os conselhos e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo entendimento à obediência de Cristo (2 Coríntios 10:4,5 — grifo meu).
A Deus toda glória.
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade.
E nem 1% religioso.
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. A pandemia não passou, a guerra não acabou.

segunda-feira, 11 de outubro de 2021

IURD SOB O "EFEITO ICABODE"?

Sugiro que você leia pelo menos os 5 primeiros capítulos do Livro 1 Samuel, especialmente o capítulo 4, para ter um melhor entendimento do que estarei falando aqui.

Para quem não sabe, "icabode" é uma expressão hebraica que significa: "Foi-se a Glória".

Em um resumo contextual, ela foi dita pela nora do sacerdote Eli, quando soube da morte do seu marido e o que havia acontecido com a Arca da Aliança.

Ela sabia muito bem o que significava perder a Arca. Essa triste história talvez lance muita luz sobre a história de nossos dias, da nossa Geração. Oro para que haja esperança para nós, como houve para aqueles dias.

Crise na Iurd


Falando mais especificamente nos últimos três anos a Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) continua uma potência econômico-religiosa, mas a opulência quase nunca é eterna.

Embora mantido sob quase absoluto sigilo, uma grande crise institucional, administrativa e financeira abala os pilares de sustentação do Templo de Salomão, a monumental e nababesca sede da igreja criada por Edir Macedo em 1977 atravessa um de seus piores períodos.

O ponto nevrálgico da crise é a secessão que ocorreu em Angola, África, onde os pastores e bispos locais se insurgiram contra os líderes brasileiros.

Denúncia de lavagem de dinheiro


As provas reunidas contra quatro integrantes da Iurd em Angola denunciados sob acusação de crimes como lavagem de dinheiro, evasão de divisas e associação criminosa no país são fartas e contundentes, afirmam a Procuradoria-Geral da República (PGR) de Angola e o Serviço de Investigação Criminal (SIC, a polícia federal angolana) em entrevista à BBC News Brasil (leia reportagem na íntegra➫ aqui).

Os quatro investigados no caso são: Honorilton Gonçalves da Costa (foto), ex-representante máximo da Igreja Universal do Reino de Deus em Angola, Fernando Henriques Teixeira, ex-diretor da TV Record África, o bispo António Pedro Correia da Silva (então representante legal da Record e presidente do conselho da IURD em Angola) e o pastor Valdir de Sousa dos Santos.

O processo corre atualmente sob sigilo, mas deve vir a público em breve durante a tramitação judicial que começou em maio, após um ano e meio de investigações por parte da PGR e do SIC.

Hoje, na prática, são os angolanos os verdadeiros representantes da denominação naquele país. Nenhum brasileiro têm mais voz ativa. Grosso modo, foram proscritos.

Em resumo: os fiéis angolanos levantaram uma "rebelião" por estarem insatisfeitos há anos como as coisas estavam sendo conduzidas pelos bispos brasileiros.

Eles acusam os brasileiros de usar as igrejas de Angola apenas para arrecadar dinheiro e enviá-lo ao Brasil. Mas, essa é só uma das irregularidades apontadas.

Os líderes da Universal no Brasil chegaram a pedir que a Presidência da República intercedesse no assunto. O vice-presidente, Hamilton Mourão, chegou a visitar o país africano, mas voltou com um fracasso nas mãos.

Os insurgentes estão determinados a não permitir interferência de ninguém em seu país.

Onde há fumaça...


O maior temor dos bispos da Universal é não apenas sofrer um julgamento injusto (vários estão proibidos de deixar Angola, inclusive), mas que a "rebelião angolana" — como vem sendo chamada — cresça e se espalhe para outros países africanos, como Moçambique.

O problema maior é que Angola era uma das principais fontes de renda da Universal mundo afora e, comenta-se, parte desse dinheiro sempre foi investido na compra das madrugadas da RecordTV brasileira.

Sequêla pandêmica?


Outro problema bem mais grave está ocorrendo em solo brasileriro: milhares de pastores e bispos estão abandonando a fé. Essa tendência já vinha ocorrendo com menos intensidade desde 2018, segundo apuração da imprensa.

Mas, desde a eclosão da pandemia, quando os salários de bispos e pastores (e outras benesses) foram cortados (com autorização da lei), muitos religiosos decidiram sair da Universal e, não raro, abrir outra igreja.

Há estimativa de que dentro da igreja calculam que desde 2018 mais de 3.000 pastores já abandonaram a obra ministerial de Edir Macedo. Isso representa cerca de 25% do total de pastores só no Brasil.

Caso Vanessa Urach


Muito conhecida na mídia brasileira das subcelebridades, a modelo Andressa Urach supreendeu quando anunciou que havia se convertido ao evangelho em 2015, após quase perder a vida em um procedimento estético.

Em várias entrevistas concedidas aos programas de televisão, ela, inclusive, disse que tinha decidido se tornar pastora. Ela também escreveu livros onde contou detalhes de sua vida pregressa ("Morri para Viver", 2015, 240 pg, Editora Planeta; "Desejos da Alma", 2019, 160 pg, Unipro Editora).

Durante algum tempo, Andressa andou dando seu testemunho em sedes da Iurd Brasil afora, inclusive em evento muito divulgado na sede oficial em São Paulo, o Templo de Salomão. 

Porém, recentemente, a tão celebrada parceria entre a modelo e a igreja do bp. Macedo acabou, isso porque Urach contou em um longo desabafo que havia se sentido usada e até solicitou a devolução dos dízimos que doou ao longo do tempo na instituição. Entenda mais sobre o caso!

Andressa Urach mostrou em suas redes sociais uma conversa que teve com a advogada da Igreja Universal do Reino de Deus. A modelo foi "missionária" da instituição, rompeu ligações em 2020 e atualmente acusa a igreja de roubar o seu patrimônio. Andressa abriu um processo em que pede de volta os mais de R$ 2 milhões que doou durante os anos.
"A Igreja Universal falou que eu agi de má-fé quando disse que não tinha R$ 50 mil para pagar pelo processo para pedir meus R$ 2 milhões de volta. 
Tenho as conversas com a Cristiane Cardoso (advogada da igreja) e posso provar que a Universal tirou todo meu patrimônio. Só quero o que é meu de volta. Se tenho condições hoje para pagar as contas é graças ao Miss Bumbum”, 
declarou Urach, que está grávida, de seu casamento com o empresário Thiago Lopes — ela já é mãe de Arthur, de 16 anos, de uma relação anterior.

A modelo continuou e culpou a Universal de usar a fé das pessoas 'para tirar tudo delas'. 
"Não se preocupam com alma nenhuma. Se se preocupassem, teriam devolvido quando implorei.

A única coisa que me sobrou foi minha casa e, por pouco, ainda não tiram. […]. Implorei para eles me devolverem meu patrimônio, mas falaram que abriria precedentes para outras pessoas pedirem de volta o que perderam"
disse.

Apesar disso, Urach não é contra o dízimo cobrado pela igreja. 
"Mas tirar tudo da pessoa não acho justo"
justificou a modelo, que está frequentando outra instituição religiosa. 
"Sei que preciso alimentar a minha fé. Depois de tudo que passei, só não me matei porque acredito que o inferno existe e porque tenho um filho para criar. Nunca imaginei que passaria por tudo que passei"
desabafou.

A modelo ainda fez questão de ressaltar que seu afastamento não tem nada a ver com sua fé ou com a religião evangélica. 
"A questão em pauta é: amo a igreja, mas não consigo mais ir na igreja, peguei ranço"
falou. 

Urach, que está de volta à prática do mesmo tipo de vida que condenou em seus livros auto-biográficos, ainda complementou dizendo que 
"a obra de Deus é feita por pessoas falhas".

O caso do "farão dos Bitcoins"

Pastores são investigados por desvio de R$ 3 milhões de dízimo da Universal


Um grupo de 12 ex-pastores da Iurd no Distrito Federal (DF) é acusado pela instituição de desviar pelo menos R$ 3 milhões em dízimos recebidos de fiéis pela entidade. A suspeita é que o dinheiro desviado tenha irrigado a compra de imóveis de luxo em nome do líder do grupo e tenha ligação com o esquema de pirâmide financeira do chamado "Faraó das Bitcoins". As informações são do site Metrópoles (veja reportagem na íntegra ➫ aqui).

De acordo com a Universal e as investigações conduzidas pela Polícia Civil do Distrito Federal (PC/DF), os religiosos se organizaram para abrir empresas de fachada e lavar os recursos amealhados com os desvios, principalmente do chamado "Culto dos 318", reunião de fiéis destinada a empresários e pessoas que desejam melhorar suas vidas financeiras.

Segundo os investigadores, o líder do grupo é Nei Carlos dos Santos, ex-pastor regional da igreja no Distrito Federal. Em 2020, mesmo recebendo um salário de R$ 2,9 mil, Nei comprou um apartamento avaliado em R$ 2,6 milhões em uma área nobre de Brasília. O imóvel é pago em parcelas mensais de R$ 87,7 mil.

Conforme a reportagem dos jornalistas Mirelle Pinheiro e Carlos Carone, os 12 pastores têm ligação com o ex-garçom Glaidson Acácio dos Santos, conhecido como Faraó dos Bitcoins, preso pela Polícia Federal em agosto. A Polícia Federal acredita que as movimentações bilionárias feitas pelo Faraó teriam começado com o desvio de ofertas dos fiéis da Universal, supostamente facilitadas por Nei.
"Nesses encontros, foi relatado que eles efetuavam operações financeiras (bitcoin) utilizando dinheiro supostamente desviado proveniente dos dízimos e ofertas. Não à toa que investigado e ex-pastores abriram diversas empresas nos últimos meses"
diz o texto assinado por um advogado da Universal e encaminhado aos investigadores do DF.

Ao mesmo tempo, Nei abriu uma empresa com capital social de R$ 500 mil, no mesmo endereço onde, originalmente, funcionava uma empresa de mineração de bitcoins — hoje investigada pela PF por movimentar cerca de R$ 38 bilhões. Sem conseguir explicar à Iurd como seu patrimônio cresceu tão rápido, Nei foi demitido do cargo de pastor no início deste ano.

Conclusão


A UniCOM, porta-voz da Universal, não se manifesta sobre os fatos. Porém, embora Edir Macedo de Bezerra ainda seja o líder espiritual inconteste da Universal, o chamado poder "terreno" está hoje nas mãos do bispo Renato Cardoso (genro de Macedo) e da sua esposa filha do líder, Cristiane, a advogada da instituição, ambos apresentadores do programa "The Love Scholl", exibido nas tardes de sábado, pela RecordTV.

Não posso concluir este artigo sem a citação mais que embasadora de uma conhecida passagem bíblica:
"De fato, a piedade acompanhada de alegria espiritual é grande fonte de lucro. Porque ingressamos neste mundo sem absolutamente nada, e ao partirmos daqui, nada podemos levar; por isso, devemos estar satisfeitos se tivermos com o que nos alimentar e vestir. 
No entanto, os que ambicionam ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitas vontades loucas e nocivas, que atolam muitas pessoas na ruína e na completa desgraça.
Porquanto, o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males; e por causa dessa cobiça, alguns se desviaram da fé e se atormentaram em meio a muitos sofrimentos" (1 Timóteo 6:6- 10 grifo acrescentado por mim).

A Deus toda glória.
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade.
E nem 1% religioso.
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. A pandemia não passou, a guerra não acabou.

terça-feira, 5 de outubro de 2021

ESPECIAL — ABUSO SEXUAL INFANTIL: SE ENGANA QUEM PENSE QUE A IGREJA EVANGÉLICA ESTÁ LIVRE DESSE MAL

"Não entres pela vereda dos ímpios, nem andes no caminho dos maus. Evita-o; não passes por ele; desvia-te dele e passa de largo. Pois não dormem, se não fizerem mal, e foge deles o sono se não fizerem alguém tropeçar. Porque comem o pão da impiedade, e bebem o vinho da violência.  
Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito. (...) ...Para que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis, no meio de uma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo..." (Provérbios 4:14-18; Filipenses 2:15).
No texto deste artigo, vou mexer em um assunto polêmico, não com o intuito de gerar polêmica, mas, sim, como uma forma de alertar aos pastores, líderes de ministério infantil e, principalmente aos mais interessados: os pais e seus filhos, sobre essa chaga que está aberta no seio de nossa sociedade e que muito nos estarrece, a cada caso que é noticiado pelos veículos de imprensa.

Ferida putrefata e exposta


De acordo com os especialistas a maioria das violências contra crianças e adolescentes ocorre dentro da esfera doméstica, com pessoas de confiança da criança. Eles ainda informam que mais de 70% das vezes essa violência é praticada por alguém da família ou conhecido que conviva diariamente e tenha acesso a casa.

No caso da violencia sexual tem uma particularidade que a criança tem um vínculo de confiança com o abusador. Porque ela acaba pela confiança que ela tem na pessoa abrindo essa porta com a sua ingenuidade, sua inocencia. E a gente tem dados que como a maioria ocorre dentro de casa, infelizmente na pandemia esse número aumentou.

Mas, como sabemos, não é somente no ambiente doméstico que há a possibilidade de acontecer um abuso sexual. Conforme tristes registros que todos conhecemos, os abusadores podem também estar no ambiente escolar, no ambiente de saúde, no ambiente social (vizinhos, "amigos"...) e, por mais triste que seja, até mesmo no ambiente eclesiástico (e aqui incluo não somente as igrejas de confissão católica, mas também as de confissão protestante).

O Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual de Crianças e Adolescentes incentiva que no Brasil sejam realizadas ações para alertar a sociedade sobre como prevenir o ato e como denunciar os fatos.

No que tange às igrejas evangélicas, muitas delas ignoram completamente esse perigo que as ronda. Mas, o fato é que, escondido atrás de uma Bíblia (E sim, até mesmo em cima do púlpito!) ou de uma psêudo santidade, pode sim estar um tarado, um pervertido sexual, um pedófilo, um abusador de crianças, que, uma vez tendo possibilidade, não perderá a oportunidade de lançar seus venenosos tentáculos, causando um enorme estrago na vida das pessoas envolvidas.

Com este artigo, estarei "cortando na própria carne", pois, é muito cômodo ficar apontando dedos, condenando e denunciando os desvios morais, os pecados de outrem (muitos evangélicos descem o pau na igreja católica, como se esse tipo de ocorrência fosse exlusividade em meio à comunidade católica) e empurrando os nossos para debaixo do já cheio tapete da omissão.

Vamos encarar de frente a realidade?


Esse é um cenário de pesadelo para todos os envolvidos: um homem liga para o seu pastor em lágrimas e solicita uma reunião o mais rápido possível. Trinta minutos depois, ele está no escritório do pastor, confessando que sua esposa o pegou tocando sua filha de 13 anos de forma sexual. 

Ele parece completamente perturbado, até que o pastor exorta o homem a ligar para o disque-denúncia de abuso infantil e denunciar a si mesmo. Então, o agressor começa a se proteger: 
"Isso não destruirá a minha família? Isso não me custará o meu trabalho? Isso não destruirá a minha reputação?".
O homem se recusa e sai do escritório. Duas semanas depois, toda a sua família muda de estado para um local desconhecido.

O que o pastor deve fazer? Muitas vezes, o pastor não faz nada, ainda que muitos estados tenham leis de denúncia de abuso sexual que exijam que clérigos denunciem este tipo de abuso mesmo quando a prerrogativa de pastor-confessor tenha sido invocada. 

Da mesma forma, a liderança da igreja não faz nada, argumentando que a família fugiu para outro estado, além do alcance da sua antiga congregação. E o resultado é que um abusador sexual se livra do seu pecado e crime e continuará a cometer esse pecado até que finalmente seja pego pelas autoridades.

Pense na criança envolvida, o que a igreja está dizendo em relação a ela neste caso? Pense sobre a esposa e os outros filhos; no próprio homem e em sua alma imortal; na nova comunidade para a qual ele se mudou com sua família, o que a igreja está dizendo em relação a esses envolvidos? Pense na igreja e no evangelho, o que a igreja está dizendo no que diz respeito a estes?

Rompamos com as correntes do egoísmo


Em cada caso em que a igreja não enfrenta o pecado, e especialmente os pecados sexuais disruptivos, estamos dizendo algo muito simples: amamos a nós mesmos, nosso conforto e nossa reputação mais do que a Deus, o evangelho e os outros. Isso é o que acontece quando não vemos mal algum.

É claro que existem inúmeras outras situações em que nossas igrejas e nossa liderança relevam o mal:
  • Quando o eminente apoiador financeiro deixa a sua mulher por outra e a igreja não lhe disciplina, permitindo que ele "renuncie" à sua membresia;
  • Quando o cardiologista ameaça sua esposa com uma arma, depois diz que "estava apenas brincando", e não sofre nenhuma consequência;
  • Quando a mãe de meia-idade, tendo três filhos, decide deixar seu marido, sua casa e sua igreja simplesmente porque ela não está feliz e ninguém entra em contato com ela.
Em cada uma dessas formas e em inúmeras outras, quando a igreja não consegue lidar com os indivíduos com disciplina formativa, corretiva, graciosa e amorosa, provocamos dano espiritual e realmente traímos o evangelho.

Então, o que faremos sobre isso? Como nossas igrejas podem brilhar como luzes no meio de situações reconhecidamente difíceis, complexas e confusas? Como passamos de ser pessoas que não veem mal algum e amam nosso próprio conforto a pessoas que amam a Cristo e seu povo, independentemente do custo para nós?

Planeje com antecedência


As igrejas muitas vezes não fazem a coisa certa — tanto eclesiástica quanto civilmente — porque não pensaram com antecedência em como proceder em situações específicas. 

Não podemos esperar até que o cenário de pesadelo ocorra. Se o fizermos, teremos certeza de lidar com isso da forma inadequada. Antes, precisamos antecipadamente ter procedimentos claros e escritos a serem seguidos.

Para as igrejas presbiterianas, por exemplo, há um sentido em que isso já foi determinado. Na igreja Presbiteriana na América, por exemplo, tem o livro de ordem da igreja, que estabelece um processo disciplinar. 

Para as igrejas independentes que não têm regras de disciplina denominacional é necessário que haja um processo claro e escrito de disciplina eclesiástica. Independentemente do contexto denominacional, como líderes eclesiásticos, devemos estar determinados a seguir o processo — não importa quem esteja envolvido (Mateus 18:15-20; 1 Timóteo 5:21).

Entretanto, devemos admitir que talvez precisemos de outros protocolos para ajudar a orientar respostas a situações específicas. Por exemplo, quando há suspeita ou confirmação de abuso infantil, os líderes da igreja precisam ter e seguir diretrizes específicas para denunciar o caso às autoridades civis competentes. 

Para desenvolver tais protocolos, será necessário trabalhar com um advogado local para garantir que a igreja cumpra as leis estaduais de denúncia. Ter esse protocolo escrito retira os achismos da denúncia. 

Em muitos estados, a exigência é que os líderes eclesiásticos relatem o assunto assim que ele é descoberto, e então permitam que as autoridades competentes investiguem e determinem se um crime foi cometido. Cooperar com o estado nestas questões é apropriado e bíblico (Romanos 13:1-7).

Seja firme, mas amável


O apóstolo Paulo nos exorta a restaurar os pecadores com brandura (Gálatas 6:1). Tal mansidão não é oposta à firmeza e à determinação; pelo contrário, isso decorre de reconhecer que nós também somos pecadores. 

Esse reconhecimento deve nos preservar de uma justiça própria jactanciosa ou de uma ira arrogante. Esteja certo de que com pecados como o abuso infantil, há uma ira justa que é apropriada contra o pecado e seus efeitos a longo prazo. 

Ainda assim, é a bondade de Deus que leva ao arrependimento (Rm 2:4). Mesmo enquanto tratamos amável e firmemente com aqueles que cometem o crime, estamos buscando o seu arrependimento e restauração final.

Porém, muitas vezes falhamos em demonstrar compaixão similar para com as vítimas. As igrejas regularmente noticiam falhar ao lidar com compaixão com as mulheres que se divorciam dos seus maridos que são flagrados vendo pornografia infantil; ou relevarem quando casos de abuso infantil são descobertos. 

Outras igrejas confessam que se recusam a defender as mulheres que são fisicamente maltratadas por seus maridos ou que as crianças que são abusadas sexualmente por seus pais passam despercebidas. 

Onde está a compaixão por essas vítimas? Como igrejas, devemos ser determinados a demonstrar compaixão àqueles contra quem o pecado foi cometido por sermos determinados a fazer com eles como desejamos que os outros façam conosco (Mt 7:12).

Lidere e se envolva com o evangelho


Tanto o autor quanto a vítima do pecado precisam da mesma coisa: o evangelho de Jesus. Aqueles que cometem pecados sexuais — seja imoralidade sexual, adultério ou mesmo abuso sexual — precisam ouvir o evangelho. 

A suma da disciplina é confrontar o pecador com as demandas de Cristo, exigir o arrependimento, mas também buscar novos padrões de obediência que só podem ocorrer quando o pecador corre diariamente para Cristo.

Muitas vezes, aqueles que cometem pecados complicados e hediondos acreditam que seus pecados são muito grandes para que sejam perdoados. Eles precisam ser lembrados de que 
"não há pecado tão grande, que possa trazer condenação àqueles que verdadeiramente se arrependem" (Confissão de Fé de Westminster 15:4). 
Tal arrependimento genuíno provém da 
"apreensão da misericórdia [de Deus] em Cristo para com aqueles que se arrependem" (CFW 15:2). 
Quão grande é a misericórdia de Deus em Cristo? Tão grande que ele enviou seu Filho unigênito para morrer pelos pecadores, e que essa morte é suficiente para perdoar todos os nossos pecados, mesmo os mais hediondos.

As vítimas também precisam do evangelho de Jesus: que Jesus é um Salvador que não esmaga a cana quebrada ou apaga a torcida que fumega (Mt 12:20); que ele se identifica com o ferido e quebrantado e concede liberdade aos oprimidos pelo pecado (Lucas 4:17-21); e que Ele também perguntou "por quê?", quando a dor e o desamparo de Deus foram esmagadores (Mt 27:46).

Mas as vítimas do pecado também precisam saber que Jesus faz mais do que se identificar conosco em nossas dores, Ele realmente fez algo sobre isso. Através da sua ressurreição, Ele é capaz de dar nova vida e nova esperança no presente e no futuro. 

Há poder para prosseguir em meio a dor que eles conhecem. Além disso, o evangelho nos fornece a base para o perdão, sabendo que nós também cometemos pecados hediondos contra Deus (Efésios 4:32).

Esteja preparado para um longo caminho


Essa é realmente a coisa mais difícil de todas. Como líderes no ministério, gostamos de acreditar que quando intervimos, trabalhamos em um processo disciplinar e nos envolvemos com o evangelho, nós "consertamos" a situação. 

Mas isso não funciona assim. Especialmente em situações em que há uma denúncia significativa — como em um relacionamento adúltero de longo prazo, divórcio ou abuso sexual — pode levar meses e anos de aplicação do evangelho para que vejamos cura e esperança.

Tais situações geralmente envolvem apoio financeiro (se o criminoso arrependido perde o seu emprego, se houver um divórcio), aconselhamento ou terapia de longo prazo (que podem ou não ser cobertos pelo seguro) ou reuniões contínuas e regulares de prestação de contas. Essas coisas custam tempo, esforço e energia emocional aos pastores e líderes no ministério.

E, ainda assim, Deus, por meio do seu Espírito, não apenas nos sustenta para amar dessas maneiras, mas também nos aponta para o objetivo final de tudo: 
"...[Cristo,] o qual nós anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo" (Colossenses 1:28). 
Ver pecadores recuperados, vítimas restauradas e os dois em caminho seguro para o céu — o que mais um pastor ou uma igreja desejariam?

Conclusão


E a igreja? O que tem feito para protegê-los contra essa mazela dentro do seu próprio ambiente? Como ela pode se transformar num espaço seguro para os mais jovens? Algumas sugestões:
  • 1 – Aceite a ideia de que esse problema apresenta grandes possibilidades de fazer parte da igreja — O primeiro passo para agirmos nesse campo de batalha é aceitar que, possivelmente, há pessoas e famílias que estejam lutando silenciosamente contra esse problema. Isso não deveria nos surpreender, pois vivemos numa sociedade – da qual as famílias fazem parte dela – decaída e marcada pelo pecado.
  • 2 – Procure conhecer, através da literatura, mais sobre a problemática do abuso sexual — Muitos livros, seculares e cristãos, estão disponíveis no mercado. Artigos científicos encontram-se disponíveis na internet. Urge os pastores e líderes de crianças e adolescentes, especialmente, conhecerem os aspectos que envolvem a questão.
  • 3 – Leve os líderes de sua igreja a se capacitarem a respeito do tema — Pastores e líderes precisam ser capacitados sobre o assunto. Psicólogos, policiais podem ser chamados para falarem aos líderes sobre essa pauta.
  • 4 – Procure saber mais sobre como a igreja e a família podem ser um lugar de proteção — A igreja precisa tornar suas dependências um lugar seguro para crianças e adolescentes. Abusos sexuais podem acontecer nas dependências do templo. Para que isso não aconteça, é preciso formular um código de condutas de segurança para evitar o abuso.
  • 5 – Ajude as famílias a se prevenirem — Abuso sexual pode ser evitado  Brasileiros geralmente não valorizam, como deveriam, os aspectos preventivos. Esclareça aos pais sobre temas que envolvem o problema. Crianças e adolescentes que frequentam nossas igrejas precisam se ouvir e serem ouvidas nesse sentido.
  • 6 – Faça da igreja um lugar de cura, um espaço terapêutico — Em nossas igrejas há pessoas (vítimas e abusadores) que precisam ser tratadas com a graça curativa de Jesus Cristo. O abuso sexual é, em sua gênese, uma consequência da queda humana (Gênesis 3).
  • 7 – Faça da sua igreja uma bênção nesta área — Deus tem levantado pessoas e instituições para ser uma resposta ao desafio do abuso sexual. Movimentos como o "Bola na Rede” (bolanarede.org) vêm se destacando no Brasil para ajudar a Igreja a ser bênção para a sociedade brasileira. Peça apoio às organizações que trabalham com famílias (Ministério Oikos e outros) a fim de que auxiliem no trabalho de se pensar sobre o tema.
  • 8 – Esteja atento e conheça os líderes que trabalham com crianças e adolescentes — Não é paranoia, mas um cuidado. Procure conhecer o perfil psicológico dos líderes que trabalham com crianças e adolescentes para que não tenha surpresas nessa área. Como já dito acima, predadores sexuais não carregam crachá de identificação pendurado no peito.
  • 9 – DENUNCIE! — Não é o caso de apenas espiritualizar o fato ocorrido. ABUSO SEXUAL É CRIME e tem agravantes quando cometido contra crianças (veja um resumo das leis que protegem as crianças contra abuso e exploração sexual aqui: https://turminha.mpf.mp.br/explore/direitos-das-criancas/18-de-maio). E, não tem conversa: LUGAR DE PREDADOR SEXUAL É NA CADEIA!
Assim termino essa minha exposição de um tema assaz delicadado, mas que se faz urgente de ser encarado de frente, antes que seja tarde demais.

[Fonte: Comunhão, por Pr. Gilson Bifano é diretor do Ministério Oikos, palestrante, escritor e conferencista na área de casamento e família; Livre adapção do original "https://www.ligonier.org/learn/articles/ministering-abused-and-abusers", por Dr. Sean Michael Lucas é pastor titular da First Presbyterian Church (PCA) em Hattiesburg, Mississippi, EUA. É autor de God’s Grand Design: The Theological Vision of Jonathan Edwards [sem tradução em português], via Ministério Fiel]

A Deus toda glória.
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade.
E nem 1% religioso.
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. A pandemia não passou, a guerra não acabou.

sábado, 2 de outubro de 2021

PAPO RETO — VOCÊ É O QUE VOCÊ FALA?

“Pois nele vocês foram enriquecidos em tudo, em toda palavra e em todo conhecimento, porque o testemunho de Cristo foi confirmado entre vocês” (1 Coríntios 1:5,6).
Se tem uma coisa que está cada vez mais subjetiva é o conceito de privacidade. Isto se deve ao fenômeno da popularização das mídias digitais, pois, ao mesmo tempo em que as pessoas dizer querer manter sua privacidade, muitas delas são céleres em usar as redes sociais como uma verdadeira vitrine pública de tudo o que fazem. E, aí vem o dilema, pois, a partir do momento que me exponho nessas mídias públicas, menos privado estou me tornando.

Um outro grande problema enfrentado nesse paradoxal aspecto do comportamento social, é o que tange à tão aclamada e evocada liberdade de expressão. Afinal, ela é limitada ou não? Nesse ponto, a maioria se dá ao livre direito de falar o que quer, quando quer, a quem quer, do jeito que quer, mas, entretanto, quando é sua vez de ouvir, aí a coisa engrossa. Eu costumo dizer que o perfil criado em uma rede social, pode até ser pessoal, mas, seu domínio é público.

O fato é que vivemos mais do que nunca sob o alcance das lupas dos outros, tanto no que falamos (ou escrevemos, postamos, compartilhamos...), quanto, principalmente, no que fazemos. Daí vem a análise proposta no texto deste artigo, mais um capítulo da série especial Papo Reto: será que nossas atitudes são correspondentes ao teor dos nossos discursos?

Entendendo o significado de testemunho 

(sin. "exemplo")


O testemunho principalmente de um servo de Deus é extremamente importante. Mas o que significa testemunho? É uma declaração, um depoimento.

No dicionário, a palavra "testemunho" significa: 
“afirmação fundamentada e comprovada”. 
Já a palavra "testemunha" nos diz que é: 
"alguém que assiste a um fato e atesta com veracidade ou validade legal"
ou seja, o testemunho deve ser feito por alguém capacitado para esclarecer os fatos, caso contrário, tal testemunho não poderá ser comprovado, não gerará confiabilidade ou veracidade. Quando Jesus deu essa incumbência aos discípulos, Ele estava certo que esta seria mais uma ferramenta que ajudaria no avanço do Evangelho.

Testemunho cristão


É uma declaração ao mundo de quem Jesus é através do nosso viver. As pessoas precisam olhar para você e ver o verdadeiro testemunho de um cristão, pois elas, através de sua vida, verão e dirão: 
"Cristo é isto o que estou vendo neste cristão e Cristo pode ser isto para mim".
Ou seja, é uma leitura de Cristo que as pessoas farão através não apenas das nossas palavras, mas, principalmente do nosso modo de viver (1 Coríntios 3:1-3)

Saiba que tem muita gente nos observando. Não só os que são de fora da Igreja (família, parentes, amigos, vizinhos) como os próprios irmãos de outras igrejas/religiões estão de olho em nossa vida. 

Percebeu o peso de um testemunho, do exemplo? Testemunhar não é algo que fazemos porque é um "programa" ou uma mera doutrina de nossa igreja local. Mas sim é o resultado natural de nossa conversão e dedicação a Jesus.

Os efeitos do testemunho


O testemunho pode gerar duas reações nos observadores: ou ele afasta ou atrai. Dependendo da qualidade do seu testemunho, você pode atrair as pessoas para o Evangelho, ou você pode afastá-las. 

Às vezes você quer muito que uma pessoa venha para o Evangelho, mas o seu testemunho a está afastando. Por outro lado, muitas vezes não precisamos nem pregar, pois nosso próprio testemunho vai atrair a pessoa. 

E o que você quer, ou melhor, quem você quer ser para o Reino de Deus? Afastar as pessoas ou atraí-las? Se faz necessário que estejamos fazendo uma constante análise dos nossos exemplos dados diariamente. 

E, não se assuste ou desista, pois, como estamos em um processo paulatino de aperfeiçoamento, sempre chegaremos à conclusão de que tem algo a ser mudado, abandonado ou aprimorado. É importante frisar também que nosso testemunho não pode ser forçado.

Um exemplo nós temos em Jesus: 
"Eu tenho um testemunho maior que o de João; a própria obra que o Pai me deu para concluir, e que estou realizando, testemunha que o Pai me enviou" (João 5:36). 
Em outras palavras, Jesus disse que Suas obras — em consonância e concordância com Suas palavras — davam testemunho de que Ele era de Deus! Então, as pessoas ouviam e olhavam para Jesus, viam Suas obras e diziam: 
"Aquele homem ali é de Deus". 
E Jesus não precisava fazer nenhum esforço para isso, era algo que fluía normalmente dEle. Por que Jesus vivia cercado de pessoas? Porque Suas palavras e obras atraíam as pessoas. Ou seja, o exemplo e o testemunho de Jesus atraíam! O testemunho dEle era uma expressão do exemplo que dava e vice-versa.

Vamos ver outro exemplo que Jesus nos deu: 
"Os chefes dos sacerdotes e todo o Sinédrio estavam procurando depoimentos contra Jesus, para que pudessem condená-lo à morte, mas não encontravam nenhum" (Marcos 14:55). 
Isto tem que ocorrer com você também. Responda para si próprio: 
"Se alguém procurar testemunho contra você, vai achar?". 
Veja o exemplo de Jesus: Os legalistas procuravam algo para acusá-lo e não achavam nada!

Como meu exemplo pode ser uma descrição do meu testemunho?


Existem duas formas de você dar testemunho: é forma como se vive e a forma como agimos nas situações da vida. Então, no geral, — mais do que simplesmente ouvir os nossos discursos, por mais eloquentes e rebuscados que eles sejam — as pessoas estão olhando a nossa forma de viver e a nossa forma de agir na vida. 

Veja o que Paulo disse ao jovem pastor Timóteo em início de sua carreira ministerial: I Timóteo 3:7
"Também é necessário que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em opróbrio, e no laço do diabo" (1 Timóteo 3:7).
  • Opróbrio — significa desonra, vergonha pública. Temos que ter bom testemunho para com os que estão de fora. Senão, caímos no laço do diabo. 
  • Laço do diabo — Paulo está falando de pessoas que estavam prontas a acusar os crentes. 
Então, o "laço do diabo", significa "acusação". Logo, "cair no laço do diabo", no texto em concordância com seu contexto, quer dizer "cair em acusação alheia". 

Na época de Paulo tinha muito isso (e tem até hoje). Por isso ele, já experimentado, recomendou a Timóteo que os obreiros tivessem bom testemunho! 

Irmãos: como têm pessoas hoje em dia caindo no laço do diabo. Inclusive muitos pastores, líderes, crentes etc., estão trazendo acusação para a obra de Deus, porque não têm bom testemunho!
"...porque para Deus somos o bom perfume de Cristo entre os que estão sendo salvos e os que estão perecendo" (2 Coríntios 2:15). 
Não podemos cair em desonra pública. Ao contrário, nós temos que ser o bom perfume de Cristo. Onde você passar, as pessoas têm que sentir o aroma de Jesus. Sabia que as pessoas querem sentir um bom perfume em nós! Que aroma você tem exalado? Do diabo ou o cheiro de Cristo? Essas são perguntas que devemos nos fazer o tempo todo!

O modo como vivemos trás, inclusive, resultados para nós mesmos em nossa vida diária e não só para o Reino — quando temos bom testemunho, nós vamos bem na escola, no emprego, na faculdade, na vida financeira, na vida emocional, na vida espiritual... As pessoas confiam em nós. Então, não é só a questão do Reino.

Não devemos permitir nosso exemplo cale o nosso testemunho


O seu falar também trás valores ao seu testemunho — Tem gente que é — ou que, pelo diz ser — cristão, mas só fala: em desgraça, só faz fofoca, só profere palavrões, só grita e diz o que não deve. 

Nossas palavras devem revelar o amor de Deus em nossos corações. A conversa do crente deve ser cativante, agradável, pura, amável E não adianta vivermos de aparências, pois Deus está de olhos abertos: 
"…E não há criatura alguma encoberta diante dele" (Hb 4:13). 
Nós temos é que fazer a diferença, pois as pessoas estão saturadas. Quando vamos falar do Evangelho, as pessoas não querem mais ouvir, zombam da Igreja, por causa do mau testemunho do sistema religioso.

Tipos comuns de mau testemunho do crente


  • No lar — Brigas, gritos, confusões, mentiras, falar mal (pessoas/irmãos). 
  • Na rua — Companhias, vestes, falar, proceder, comentários sobre vida alheia. 
  • No comércio — Compras e não pagamento, trambiques. 
  • Na igreja — Vestimentas, falar, proceder, respeito, amor e prática. 
  • Na escola – Companhias, conversações, piadas, abjuração, negação. 
  • No trabalho — Conversações, procedimentos, pontualidade, assiduidade e respeito, como trata colegas e chefia. 
  • Na vizinhança — Procedimentos, brigas, desrespeito, comentários da vida alheia.

Testemunhos fiéis da glória de Deus


Agora, levando para outra parte do significado de "testemunho" Seus contínuos feitos por nós servem como apenas alguns por centos ao afirmar sermos verdadeiras testemunhas diante os céus, a terra e debaixo dela. Pois ser testemunha não significa falar somente das realizações divinas e sim pregar com o exemplo pessoal o fato de sermos imitadores de Cristo.

O poder do testemunho é gerar fé de Deus nas pessoas, ele é capaz de fazer com que a confiança delas estejam nAquele que faz o impossível acontecer. Bem, esta é apenas uma de várias passagens na Bíblia cujo o testemunho foi o ponto chave para o avanço do Reino de Deus, podemos ver nas narrativas do evangelhos e no livro de Atos.

Já parou para pensar que muitas pessoas podem ser impedidas de receber sua cura, libertação ou salvação por não terem o conhecimento de Alguém que já levou sobre si as doenças, miséria, pecado e morte a mais de 2000 anos atrás? 

Falando sobre eu e você, ambos discípulos de Cristo, devemos reconhecer essa incrível estratégia e buscar testificar sobre a vida, morte e ressurreição do Salvador. Embora não sejamos testemunhas oculares durante Seu ministério terreno, somos capazes de comprovar a veracidade da Sua palavra em nossas vidas.

Conclusão


Façamos, portanto, valer com nossa vida o proceder e as obras do nosso Senhor. Sabe, o bom testemunho é tão importante quanto as demais qualificações. O que fazemos não deve ser bom apenas aos nossos olhos, porque muitas vezes só atentamos para o que queremos. 

Engana-se quem acredita que não deve satisfação dos de fora com seu proceder, pois além de nossa palavra, o que nos habilita para sermos testemunhas é nosso estilo de vida e consequentemente nossas experiências testificando a Palavra e ação do Espírito em nós e através, consequentemente, através de nós. 

Será que encaixamos nesta qualificação? Será que podemos ter a ousadia de Pedro com o coxo na porta Formosa do templo (At 3:4 — para compreensão do contexto, é aconselhável a leitura da passagem completa, de 1-8), e dizer aos que nos ouvem:
"- Olhem para nós!"
Ou continuaremos a usar o subterfúgio religioso, disfarçado de "humildade", dizendo:
"- Não olhem para nós, olhem para Deus!"?
A Deus toda glória.
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade.
E nem 1% religioso.
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. A pandemia não passou, a guerra não acabou.

sexta-feira, 1 de outubro de 2021

A IMPORTÂNCIA DOS IDOSOS NO CONTEXTO SOCIAL, SOB UMA PERSPECTIVA BÍBLICA

"Não me rejeites no tempo da velhice; não me desampares, quando se for acabando a minha força. Agora também, quando estou velho e de cabelos brancos, não me desampares, ó Deus, até que tenha anunciado a tua força a esta geração, e o teu poder a todos os vindouros" (Salmos 71:9,18).
O Dia Internacional do Idoso é comemorado anualmente a 1 de Outubro. Este dia, embora ignorado por muitos, representa uma importante ocasião para homenagear os idosos e sensibilizar para as oportunidades e desafios colocados pelo envelhecimento da população.

A humanidade vive em um eterno e paradoxal dilema: ao mesmo tempo em que tem horror de envelhecer, parecendo ser o envelhecimento um castigo, a mesma nutre um estranho medo da morte. 

Uai, tá complicado! Uma vez que a tão sonhada fonte da juventude, não passa de uma utopia que para nada mais serve do que como ingrediente da ficção e/ou do imaginário coletivo, o que tais esperam? Viver eternamente jovens?

Sim, pois, o fato contra o qual ninguém pode lutar é o quão inexorável é o tempo: todos nascemos, crescemos, envelhecemos e morremos! Essa é a ordem natural da vida. Ou não?

Ah, o tempo...


Seremos todos, anciãos um dia — ao menos é o que se espera (ou não?). Sentiremos aos poucos a morte de nossa importância. Sentiremos o peso dos anos em nossa pele que envelhecerá, em nossos músculos que se atrofiarão, também em nossos ossos que enfraquecerão e finalmente as dores crescentes em nossos nervos que só aumentarão. 

Sentiremos o peso do exílio e do abandono em nossos corações que guardam tantos sentimentos e, por fim, Deus nos levará fisicamente também. A esta altura já teremos sido muito marginalizados pela nossa idade avançada. Tudo isso ocorrerá mesmo depois de décadas e décadas de dedicação de nossas vidas a esta sociedade egoísta e insensível em que vivemos.

Envelhecer é para todos. Saber envelhecer, no entanto, é só para os sábios. Os problemas mais básicos da velhice, em todas as épocas e culturas, impõem-nos (a todos nós, individualmente) a necessidade de, ao longo da vida, adquirirmos sabedoria para viver na terceira idade. 

Salomão disse assim: 
"Não se esqueça de seu Criador nos dias de sua juventude… Lembre-se dele antes que [cheguem os problemas da velhice]" (Eclesiastes 12:1-7). 
Sendo de outra forma, que não a proposta por Salomão, como lidar com a fraqueza, as dificuldades e a solidão que se despejam sobre os idosos? 

Principalmente nesse atual contexto, onde jovens vivem como se nunca irão envelhecer (Será que em seus subconscientes eles já não têm mesmo essa perspectiva, já que vivem uma vidas completamente caracterizadas pelos excessos?), não há como ignorar esses agravantes.

No texto deste artigo, eu proponho a você que juntos aprendamos com Davi a arte de envelhecer, conforme está no belíssimo Salmo 71.

Envelhecer: bênção ou maldição?

A resposta está dentro de cada um de nós


Esse salmo é uma oração. É a oração de um idoso que estava sofrendo. O idoso, em conformidade contextual, parece ter sido o próprio Davi. A fraqueza da velhice (Sl 71:9), a perseguição dos inimigos (vs. 4, 10, 13 e 24) e a solidão (vs. 11, 12) colocaram o homem segundo o coração de Deus de joelhos, suplicando graça e misericórdia ao SENHOR (vs. 9 e 18).

A Bíblia é sempre fantástica, pois não se esquiva dos problemas reais da vida. Neste salmo em tela, por exemplo, aprendemos que para envelhecer com sabedoria precisaremos ter, simultaneamente, os olhos fixos em quatro direções específicas: 
  1. os problemas do presente (vs. 1-4), 
  2. a providência do passado (vs. 5-13), 
  3. a perspectiva do futuro (vs. 14-21) e 
  4. o propósito da vida (vs. 22-24). 
Olhemos agora com os olhos de Davi.

1) Os problemas do presente (vs. 1-4)


A oração de Davi parte de seu problema pontual: a perseguição de seus inimigos. Mesmo tendo servido a Deus com fidelidade, durante toda sua vida, a velhice não o poupou dos problemas. Pelo contrário, acentuou-os.

Esses versículos são quase uma cópia de Salmo 31:1-3. O momento é de crise e o ancião pede que Deus o ampare em refúgio e o honre perante o povo (v. 1). Pede também pela justiça do SENHOR, não por sua misericórdia (v. 2). Por quê? Parece ser um caso em que Davi estava sendo infamado ou caluniado.

Mas sua confiança não está na sua virtude. Está em Deus que, além de justo (v. 2), é "rocha de refúgio", "minha rocha e minha fortaleza" (v. 3), o único capaz de livrá-lo (v. 4).

Aprendemos com Davi algumas lições sobre os problemas do presente.
  • Primeiro — a oração nasce do desespero, nem tanto da simples decisão de orar. Os problemas e o desespero nos fazem curvar de joelhos. Só por isso já vale o sofrimento.
  • Segundo — mesmo quando estivermos certos, devemos confiar em Deus. Ele é a nossa justiça e rocha de refúgio, não é o nosso mérito nem nossa fé nem, ainda, nossa religiosidade (Paulo fala da justiça
"mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé" (Filipenses 3:9).
  • Terceiro — devemos orar com os atributos de Deus em mente. Aqui, por exemplo, Davi destaca a soberana providência de Deus (v. 1), a justiça de Deus (v. 2), a prontidão de Deus para ouvir seus filhos e o abrigo do SENHOR para os necessitados (vs. 3-4).
A lição é clara: para envelhecer com sabedoria, precisamos aprender a orar com os olhos fixos nos problemas do presente, ancorados pela fé em Cristo Jesus, como canta o nosso bom e velho hino:
"...Oh, que paz perdemos sempre!
Oh, que dor no coração!
Só porque nós não levamos tudo a Deus em oração..." (Cantor Cristão, nº155)).

 

2) A providência do passado (vs. 5-13)


Davi também nos ensina que envelhece com sabedoria quem aprende a olhar para o passado, identificando a soberana providência do SENHOR sobre a vida. Tanto que somos aqui neste salmo compelidos a enxergar a fidelidade do Senhor e, como Samuel, construirmos nosso próprio "Ebenezer" e dizer: 
"Até aqui o SENHOR nos ajudou" (1 Sm 7:12). 
Assim foi que Davi olhou a providência do passado e conferiu que desde a sua concepção, no ventre de sua mãe, passando pelo nascimento e a juventude, o SENHOR esteve com ele, e não seria agora na velhice que o abandonaria. 

Olhar para o passado, para a soberana providência de Deus no passado como forma de encorajar e fortalecer o coração, diante do sofrimento do presente, era uma prática comum entre os salmistas, especialmente Davi. Veja:
|"Os que me veem zombam de mim; riem com maldade e balançam a cabeça: 'Esse é o que confia no SENHOR? Que ele o livre! Que o liberte, se dele se agrada!'. 
Tu, porém, me tiraste a salvo do ventre de minha mãe e me deste segurança quando ela ainda me amamentava. Fui colocado em teus braços assim que nasci; desde o ventre de minha mãe, tens sido meu Deus" (22:7-10). [de Davi]| 
|"Fui jovem e agora sou velho, mas nunca vi o justo ser abandonado, nem seus filhos mendigarem pão" (37:25). [idem]| 
|"Teus inimigos, SENHOR, perecerão; todos que praticam o mal serão dispersados. Tu, porém, me tornaste forte como o boi selvagem e me ungiste com óleo da melhor qualidade. 
Meus olhos viram a queda de meus inimigos, meus ouvidos ouviram a derrota de meus perversos adversários. Os justos, porém, florescerão como palmeiras e crescerão como os cedros do Líbano. 
Pois estão plantados na casa do SENHOR; florescerão nos pátios de nosso Deus. Mesmo na velhice produzirão frutos; continuarão verdejantes e cheios de vida" (92:9-14) [anônimo (ou de Moisés)]|.
|"Tu formaste o meu interior e me teceste no ventre de minha mãe. Eu te agradeço por me teres feito de modo tão extraordinário; tuas obras são maravilhosas, e disso eu sei muito bem. 
Tu me observavas quando eu estava sendo formado em segredo, enquanto eu era tecido na escuridão. Tu me viste quando eu ainda estava no ventre; cada dia de minha vida estava registrado em teu livro, cada momento foi estabelecido quando ainda nenhum deles existia. 
Como são preciosos os teus pensamentos a meu respeito, ó Deus; é impossível enumerá-los! Não sou capaz de contá-los; são mais numerosos que os grãos de areia. E, quando acordo, tu ainda estás comigo. 
Ó Deus, quem dera destruísses os perversos; afastem-se de mim, assassinos!" (139:13-19) [de Davi].| 
A lição: para envelhecermos com sabedoria, precisamos aprender a orar com os olhos fixos na soberana providência do passado, juntando assim fé, esperança e coragem para enfrentarmos os problemas do presente.

3) A perspectiva do futuro (vs. 14-21)


O salmista [1] olhou para o presente e disse (v. 1-2): 
"Em ti, SENHOR, me refugio; não permitas que eu seja envergonhado"
[2] olhou para o passado e disse (v. 5): 
"Só tu, Senhor, és minha esperança; confio em ti, SENHOR, desde a infância"
e [3] olhou para o futuro e disse (v. 14): 
"Eu, porém, continuarei a esperar em ti e te louvarei cada vez mais".
A lição: Envelhece com sabedoria quem sabe olhar o futuro com fé na graça futura de Deus.

Perceba que o futuro que Davi contempla com os olhos da fé na graça futura de Deus não é um futuro para si mesmo, mas para a salvação das novas gerações e a plena satisfação deles em Deus. 

Ele reconhecia que todas as coisas boas dadas a ele por Deus é para serem empregadas na salvação e santificação do próximo — Deus o ensinou para que ele ensinasse de Deus. 

Portanto, para envelhecer com sabedoria, devemos manter os olhos no futuro, nas próximas gerações que precisam conhecer e amar o SENHOR Jesus Cristo.

4) O propósito da vida (vs. 22-24)


Davi termina essa oração com os olhos no propósito supremo da vida — adorar e servir ao SENHOR com alegria, anunciando-o a todos em todas as nações. 

Envelhece com sabedoria quem tem os olhos fixos no propósito da vida: adorar e servir ao SENHOR com alegria, anunciando-o a todos em todas as nações. 

Jesus deixou isto muito claro em João 9, quando falou, não da causa da cegueira, mas do propósito da cegueira do jovem cego desde o nascimento. Falou assim o SENHOR (Jo 9.1-5):
"Enquanto caminhava, Jesus viu um homem cego de nascença. Seus discípulos perguntaram: 'Rabi, por que este homem nasceu cego? Foi por causa de seus próprios pecados ou dos pecados de seus pais?'. 
Jesus respondeu: 'Nem uma coisa nem outra. Isso aconteceu para que o poder de Deus se manifestasse nele. Devemos cumprir logo as tarefas que nos foram dadas por aquele que me enviou. 
A noite se aproxima, quando ninguém pode trabalhar. Mas, enquanto estou aqui no mundo, eu sou a luz do mundo'" (João 9:1-5).

Conclusão


Por ora, basta dizer que o propósito da vida — na alegria ou na tristeza, na saúde ou na doença, na riqueza ou na pobreza — é manifestar a glória de Deus, adorando-o e servindo-o com alegria. Envelhece com sabedoria quem assim entende ser o propósito da vida: a glória de Deus.

Concluindo, aprendemos que o tempo passa para todos, a idade chega, as forças se vão, os problemas aumentam e nós acabamos sós. Nesse processo, alguns, muitas vezes, ficam amargurados, ressentimentos e frustrados. 

Só não envelhece assim com a alma doente quem aprendeu a envelhecer com sabedoria, segundo a oração do idoso composta por Davi: 
  • [1] tendo os olhos no presente (clamando a Deus),
  • [2] os olhos no passado (alimentando a fé na soberana providência de Deus), 
  • [3] os olhos no futuro (viver para a salvação das próximas gerações) e 
  • [4] os olhos no propósito da vida (adorar e servir ao SENHOR com alegria).
Seja sobre nós a graça do SENHOR, ensinando-nos a envelhecer com sabedoria, cheios de Jesus, cumprindo o que Paulo escreveu a respeito de nossa salvação (2 Coríntios 5:15). Não desperdice a velhice — viva-a para anunciar o Senhor à próxima geração.

Não desperdice a juventude ou o vigor de sua idade — use a sua força para se encher da Palavra e vencer o maligno (1 Jo 2:14), falando de Jesus e se preparando para envelhecer.

Parabéns e felicidades a todos os nossos amados idosos, com quem temos muito que aprender e a quem devemos muito do que já aprendemos até aqui.

A Deus toda glória.
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade.
E nem 1% religioso.
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. A pandemia não passou, a guerra não acabou.