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sexta-feira, 1 de outubro de 2021

A IMPORTÂNCIA DOS IDOSOS NO CONTEXTO SOCIAL, SOB UMA PERSPECTIVA BÍBLICA

"Não me rejeites no tempo da velhice; não me desampares, quando se for acabando a minha força. Agora também, quando estou velho e de cabelos brancos, não me desampares, ó Deus, até que tenha anunciado a tua força a esta geração, e o teu poder a todos os vindouros" (Salmos 71:9,18).
O Dia Internacional do Idoso é comemorado anualmente a 1 de Outubro. Este dia, embora ignorado por muitos, representa uma importante ocasião para homenagear os idosos e sensibilizar para as oportunidades e desafios colocados pelo envelhecimento da população.

A humanidade vive em um eterno e paradoxal dilema: ao mesmo tempo em que tem horror de envelhecer, parecendo ser o envelhecimento um castigo, a mesma nutre um estranho medo da morte. 

Uai, tá complicado! Uma vez que a tão sonhada fonte da juventude, não passa de uma utopia que para nada mais serve do que como ingrediente da ficção e/ou do imaginário coletivo, o que tais esperam? Viver eternamente jovens?

Sim, pois, o fato contra o qual ninguém pode lutar é o quão inexorável é o tempo: todos nascemos, crescemos, envelhecemos e morremos! Essa é a ordem natural da vida. Ou não?

Ah, o tempo...


Seremos todos, anciãos um dia — ao menos é o que se espera (ou não?). Sentiremos aos poucos a morte de nossa importância. Sentiremos o peso dos anos em nossa pele que envelhecerá, em nossos músculos que se atrofiarão, também em nossos ossos que enfraquecerão e finalmente as dores crescentes em nossos nervos que só aumentarão. 

Sentiremos o peso do exílio e do abandono em nossos corações que guardam tantos sentimentos e, por fim, Deus nos levará fisicamente também. A esta altura já teremos sido muito marginalizados pela nossa idade avançada. Tudo isso ocorrerá mesmo depois de décadas e décadas de dedicação de nossas vidas a esta sociedade egoísta e insensível em que vivemos.

Envelhecer é para todos. Saber envelhecer, no entanto, é só para os sábios. Os problemas mais básicos da velhice, em todas as épocas e culturas, impõem-nos (a todos nós, individualmente) a necessidade de, ao longo da vida, adquirirmos sabedoria para viver na terceira idade. 

Salomão disse assim: 
"Não se esqueça de seu Criador nos dias de sua juventude… Lembre-se dele antes que [cheguem os problemas da velhice]" (Eclesiastes 12:1-7). 
Sendo de outra forma, que não a proposta por Salomão, como lidar com a fraqueza, as dificuldades e a solidão que se despejam sobre os idosos? 

Principalmente nesse atual contexto, onde jovens vivem como se nunca irão envelhecer (Será que em seus subconscientes eles já não têm mesmo essa perspectiva, já que vivem uma vidas completamente caracterizadas pelos excessos?), não há como ignorar esses agravantes.

No texto deste artigo, eu proponho a você que juntos aprendamos com Davi a arte de envelhecer, conforme está no belíssimo Salmo 71.

Envelhecer: bênção ou maldição?

A resposta está dentro de cada um de nós


Esse salmo é uma oração. É a oração de um idoso que estava sofrendo. O idoso, em conformidade contextual, parece ter sido o próprio Davi. A fraqueza da velhice (Sl 71:9), a perseguição dos inimigos (vs. 4, 10, 13 e 24) e a solidão (vs. 11, 12) colocaram o homem segundo o coração de Deus de joelhos, suplicando graça e misericórdia ao SENHOR (vs. 9 e 18).

A Bíblia é sempre fantástica, pois não se esquiva dos problemas reais da vida. Neste salmo em tela, por exemplo, aprendemos que para envelhecer com sabedoria precisaremos ter, simultaneamente, os olhos fixos em quatro direções específicas: 
  1. os problemas do presente (vs. 1-4), 
  2. a providência do passado (vs. 5-13), 
  3. a perspectiva do futuro (vs. 14-21) e 
  4. o propósito da vida (vs. 22-24). 
Olhemos agora com os olhos de Davi.

1) Os problemas do presente (vs. 1-4)


A oração de Davi parte de seu problema pontual: a perseguição de seus inimigos. Mesmo tendo servido a Deus com fidelidade, durante toda sua vida, a velhice não o poupou dos problemas. Pelo contrário, acentuou-os.

Esses versículos são quase uma cópia de Salmo 31:1-3. O momento é de crise e o ancião pede que Deus o ampare em refúgio e o honre perante o povo (v. 1). Pede também pela justiça do SENHOR, não por sua misericórdia (v. 2). Por quê? Parece ser um caso em que Davi estava sendo infamado ou caluniado.

Mas sua confiança não está na sua virtude. Está em Deus que, além de justo (v. 2), é "rocha de refúgio", "minha rocha e minha fortaleza" (v. 3), o único capaz de livrá-lo (v. 4).

Aprendemos com Davi algumas lições sobre os problemas do presente.
  • Primeiro — a oração nasce do desespero, nem tanto da simples decisão de orar. Os problemas e o desespero nos fazem curvar de joelhos. Só por isso já vale o sofrimento.
  • Segundo — mesmo quando estivermos certos, devemos confiar em Deus. Ele é a nossa justiça e rocha de refúgio, não é o nosso mérito nem nossa fé nem, ainda, nossa religiosidade (Paulo fala da justiça
"mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé" (Filipenses 3:9).
  • Terceiro — devemos orar com os atributos de Deus em mente. Aqui, por exemplo, Davi destaca a soberana providência de Deus (v. 1), a justiça de Deus (v. 2), a prontidão de Deus para ouvir seus filhos e o abrigo do SENHOR para os necessitados (vs. 3-4).
A lição é clara: para envelhecer com sabedoria, precisamos aprender a orar com os olhos fixos nos problemas do presente, ancorados pela fé em Cristo Jesus, como canta o nosso bom e velho hino:
"...Oh, que paz perdemos sempre!
Oh, que dor no coração!
Só porque nós não levamos tudo a Deus em oração..." (Cantor Cristão, nº155)).

 

2) A providência do passado (vs. 5-13)


Davi também nos ensina que envelhece com sabedoria quem aprende a olhar para o passado, identificando a soberana providência do SENHOR sobre a vida. Tanto que somos aqui neste salmo compelidos a enxergar a fidelidade do Senhor e, como Samuel, construirmos nosso próprio "Ebenezer" e dizer: 
"Até aqui o SENHOR nos ajudou" (1 Sm 7:12). 
Assim foi que Davi olhou a providência do passado e conferiu que desde a sua concepção, no ventre de sua mãe, passando pelo nascimento e a juventude, o SENHOR esteve com ele, e não seria agora na velhice que o abandonaria. 

Olhar para o passado, para a soberana providência de Deus no passado como forma de encorajar e fortalecer o coração, diante do sofrimento do presente, era uma prática comum entre os salmistas, especialmente Davi. Veja:
|"Os que me veem zombam de mim; riem com maldade e balançam a cabeça: 'Esse é o que confia no SENHOR? Que ele o livre! Que o liberte, se dele se agrada!'. 
Tu, porém, me tiraste a salvo do ventre de minha mãe e me deste segurança quando ela ainda me amamentava. Fui colocado em teus braços assim que nasci; desde o ventre de minha mãe, tens sido meu Deus" (22:7-10). [de Davi]| 
|"Fui jovem e agora sou velho, mas nunca vi o justo ser abandonado, nem seus filhos mendigarem pão" (37:25). [idem]| 
|"Teus inimigos, SENHOR, perecerão; todos que praticam o mal serão dispersados. Tu, porém, me tornaste forte como o boi selvagem e me ungiste com óleo da melhor qualidade. 
Meus olhos viram a queda de meus inimigos, meus ouvidos ouviram a derrota de meus perversos adversários. Os justos, porém, florescerão como palmeiras e crescerão como os cedros do Líbano. 
Pois estão plantados na casa do SENHOR; florescerão nos pátios de nosso Deus. Mesmo na velhice produzirão frutos; continuarão verdejantes e cheios de vida" (92:9-14) [anônimo (ou de Moisés)]|.
|"Tu formaste o meu interior e me teceste no ventre de minha mãe. Eu te agradeço por me teres feito de modo tão extraordinário; tuas obras são maravilhosas, e disso eu sei muito bem. 
Tu me observavas quando eu estava sendo formado em segredo, enquanto eu era tecido na escuridão. Tu me viste quando eu ainda estava no ventre; cada dia de minha vida estava registrado em teu livro, cada momento foi estabelecido quando ainda nenhum deles existia. 
Como são preciosos os teus pensamentos a meu respeito, ó Deus; é impossível enumerá-los! Não sou capaz de contá-los; são mais numerosos que os grãos de areia. E, quando acordo, tu ainda estás comigo. 
Ó Deus, quem dera destruísses os perversos; afastem-se de mim, assassinos!" (139:13-19) [de Davi].| 
A lição: para envelhecermos com sabedoria, precisamos aprender a orar com os olhos fixos na soberana providência do passado, juntando assim fé, esperança e coragem para enfrentarmos os problemas do presente.

3) A perspectiva do futuro (vs. 14-21)


O salmista [1] olhou para o presente e disse (v. 1-2): 
"Em ti, SENHOR, me refugio; não permitas que eu seja envergonhado"
[2] olhou para o passado e disse (v. 5): 
"Só tu, Senhor, és minha esperança; confio em ti, SENHOR, desde a infância"
e [3] olhou para o futuro e disse (v. 14): 
"Eu, porém, continuarei a esperar em ti e te louvarei cada vez mais".
A lição: Envelhece com sabedoria quem sabe olhar o futuro com fé na graça futura de Deus.

Perceba que o futuro que Davi contempla com os olhos da fé na graça futura de Deus não é um futuro para si mesmo, mas para a salvação das novas gerações e a plena satisfação deles em Deus. 

Ele reconhecia que todas as coisas boas dadas a ele por Deus é para serem empregadas na salvação e santificação do próximo — Deus o ensinou para que ele ensinasse de Deus. 

Portanto, para envelhecer com sabedoria, devemos manter os olhos no futuro, nas próximas gerações que precisam conhecer e amar o SENHOR Jesus Cristo.

4) O propósito da vida (vs. 22-24)


Davi termina essa oração com os olhos no propósito supremo da vida — adorar e servir ao SENHOR com alegria, anunciando-o a todos em todas as nações. 

Envelhece com sabedoria quem tem os olhos fixos no propósito da vida: adorar e servir ao SENHOR com alegria, anunciando-o a todos em todas as nações. 

Jesus deixou isto muito claro em João 9, quando falou, não da causa da cegueira, mas do propósito da cegueira do jovem cego desde o nascimento. Falou assim o SENHOR (Jo 9.1-5):
"Enquanto caminhava, Jesus viu um homem cego de nascença. Seus discípulos perguntaram: 'Rabi, por que este homem nasceu cego? Foi por causa de seus próprios pecados ou dos pecados de seus pais?'. 
Jesus respondeu: 'Nem uma coisa nem outra. Isso aconteceu para que o poder de Deus se manifestasse nele. Devemos cumprir logo as tarefas que nos foram dadas por aquele que me enviou. 
A noite se aproxima, quando ninguém pode trabalhar. Mas, enquanto estou aqui no mundo, eu sou a luz do mundo'" (João 9:1-5).

Conclusão


Por ora, basta dizer que o propósito da vida — na alegria ou na tristeza, na saúde ou na doença, na riqueza ou na pobreza — é manifestar a glória de Deus, adorando-o e servindo-o com alegria. Envelhece com sabedoria quem assim entende ser o propósito da vida: a glória de Deus.

Concluindo, aprendemos que o tempo passa para todos, a idade chega, as forças se vão, os problemas aumentam e nós acabamos sós. Nesse processo, alguns, muitas vezes, ficam amargurados, ressentimentos e frustrados. 

Só não envelhece assim com a alma doente quem aprendeu a envelhecer com sabedoria, segundo a oração do idoso composta por Davi: 
  • [1] tendo os olhos no presente (clamando a Deus),
  • [2] os olhos no passado (alimentando a fé na soberana providência de Deus), 
  • [3] os olhos no futuro (viver para a salvação das próximas gerações) e 
  • [4] os olhos no propósito da vida (adorar e servir ao SENHOR com alegria).
Seja sobre nós a graça do SENHOR, ensinando-nos a envelhecer com sabedoria, cheios de Jesus, cumprindo o que Paulo escreveu a respeito de nossa salvação (2 Coríntios 5:15). Não desperdice a velhice — viva-a para anunciar o Senhor à próxima geração.

Não desperdice a juventude ou o vigor de sua idade — use a sua força para se encher da Palavra e vencer o maligno (1 Jo 2:14), falando de Jesus e se preparando para envelhecer.

Parabéns e felicidades a todos os nossos amados idosos, com quem temos muito que aprender e a quem devemos muito do que já aprendemos até aqui.

A Deus toda glória.
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade.
E nem 1% religioso.
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. A pandemia não passou, a guerra não acabou.

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