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segunda-feira, 30 de junho de 2025

🧠PAPO DE PSICANALISTA🧠— JONAS, UM PROFETA NO DIVÃ

Relendo a história do profeta Jonas, resolvi fazer uma abordagem de seu perfil e dos acontecimentos que o acometeram, sob o prisma da psicanálise freudiana. Assim, nasceu mais um capítulo da minha série especial de artigos Papo de Psicanalista.

Viagem insólita


A história de Jonas e o grande peixe (muitas vezes chamado de "baleia", embora seja improvável que o tal peixe seja dessa espécie) é muito mais do que um simples relato de um profeta desobediente que é engolido por um animal marinho.

Por trás dessa narrativa bíblica há camadas profundas de simbolismo espiritual, psicológico e até iniciático — uma verdadeira jornada da alma humana em busca de reconexão com o divino. Vamos mergulhar nesse simbolismo oculto.

A jornada de Jonas

Reflexão profunda e simbolismo oculto


Complexo de Jonas é um mecanismo de defesa do ego que representa a recusa do indivíduo de realizar-se ou de alcançar suas plenas capacidades.

Partindo da premissa de que os personagens bíblicos são expressões de arquétipos do inconsciente coletivo e de que suas jornadas são um manancial de símbolos e metáforas organizadores da própria psique humana, é possível afirmar que a história do profeta Jonas, narrada na Bíblia, descreve a experiência do homem que nega sua dimensão espiritual e se rende a um medo arcaico:
o medo de ser diferente e ser rejeitado, o medo de transcender e cair no ostracismo, o que pode significar para ele a própria morte.

1. Jonas:

o "Eu" que foge da missão da alma


Jonas representa a consciência humana, o “eu” que, ao ouvir o chamado de Deus (o propósito da alma), decide fugir.

Ele não quer ir a Nínive — a cidade símbolo do caos, da sombra, daquilo que precisa ser transformado.

Essa fuga é o retrato da recusa do ser humano em encarar suas dores internas, seus traumas, seus medos e sua missão de cura e elevação.

Quem nunca fugiu de um chamado interior por medo do que encontraria em si mesmo?

2. O Barco e a Tempestade:

o caos quando fugimos de nós mesmos


Ao embarcar rumo a Társis (o oposto de Nínive), Jonas desce — simbolicamente — a um estado inferior de consciência.

A tempestade que vem não é apenas climática, é interna: confusão, angústia, desequilíbrio. É o universo gritando: “volte ao caminho!”.

Todos no barco são afetados, pois quando uma alma foge de sua missão, ela desequilibra não só a si, mas todos à sua volta.

Análise do contexto


Durante a travessia, em alto mar, enquanto Jonas dormia 
  • ele estava inconsciente da sua realidade, perdido,
foi formada uma tempestade que ameaçava virar o barco 
  • um episódio difícil, uma crise, como as que constantemente a vida nos impõe.
O capitão do barco 
  • a consciência maior, que nos avisa intuitivamente o que nos está acontecendo, 
após descobrir que a tempestade fora provocada pela desobediência de Jonas, tentou acordá-lo
  • uma tentativa de fazê-lo despertar, para que assumisse a responsabilidade por aquilo que era, por aquilo a que veio.

Não conseguindo acordá-lo, lançou-o ao mar 
  • o mar é a representação do inconsciente, enquanto a água é a representação do emocional.

3. A Baleia:

o útero escuro da transformação


Jonas foi engolido por um grande peixe 
sem opção, Jonas foi lançado ao encontro do desconhecido, dentro do qual passou três dias e três noites 
  • a “noite sombria da alma”, a crise existencial, a sensação de não ter saída, o sofrimento.
A grande criatura marinha que engole Jonas representa o inconsciente profundo, o lugar onde somos levados à força quando recusamos o chamado da alma. 

Estar no ventre da baleia por três dias e três noites é um símbolo do renascimento espiritual. É o “inferno” interior, o escuro do útero, onde ocorre a morte do ego e o nascimento de um novo ser.

Assim como o herói mítico, Jonas precisa morrer para si mesmo para renascer como instrumento do divino.

4. Os Três Dias:

o ciclo de transformação


O número três tem grande simbolismo espiritual: representa corpo, mente e espírito; nascimento, morte e renascimento.

Durante esse período no ventre da baleia, Jonas ora, reflete, e finalmente se entrega à vontade divina.

Ele passa por uma purificação interna, um mergulho na escuridão que o leva à luz.

5. O Vomitar na Praia:

o novo nascimento


Quando a baleia devolve Jonas à terra firme, é como se ele tivesse passado por um novo parto.

Ele retorna transformado, agora pronto para cumprir sua missão.

A praia representa o novo início, um espaço entre o mar inconsciente e a terra da realização.

6. Nínive:

a sombra que precisa ser curada


Finalmente, Jonas vai a Nínive. Lá, ele confronta o que antes temia: o lado escuro da humanidade, que simboliza nossos próprios vícios, orgulhos e corrupções.

Mas ele não destrói — ele orienta, alerta, e a cidade se arrepende. Este é o poder do espírito desperto: transformar realidades densas através da consciência e da palavra.

Estando em Nínive, Jonas transmite aos seus habitantes a mensagem de Deus, pedindo-lhes que se arrependam de toda a iniquidade que estavam praticando 
  • momento do enfrentamento, que não é confortável, mas faz parte do processo. 
Todos ouvem Jonas e se rendem. O rei fica feliz, e Nínive é salva.

Conclusão

✨ O segredo da história


Jonas, porém, não fica satisfeito
  • o ego quer estar no controle. 
Ele quer que o rei mande matar os que iniciaram aquela situação, ao que o rei não consente, alegando que esses também se arrependeram 
  • o processo de transcendência do ego não é fácil, pois o ego não quer se desapegar, ele quer que as coisas sejam feitas do seu jeito.
Frustrado, Jonas vai para uma cabana no alto de um monte, a fim de se isolar.

Um dia, pela manhã, nasce ao lado da cabana uma bela árvore, que oferece a Jonas uma generosa sombra. Este fica maravilhado e feliz 
  • o ego é preso a imagens idealizadas, ilusórias. 
Mas, ao anoitecer, a árvore morre, deixando Jonas desolado.

Então, a Voz vem falar a Jonas novamente:
“Jonas, você está nesse estado somente porque uma árvore que nasceu pela manhã morreu ao fim da tarde. 
No entanto, você queria que mandassem matar todos os meus filhos, que os tenho desde o princípio da criação!”
Jonas, então, entende que a sua grande missão era a de conseguir amar o inimigo.

Antes de amar ao inimigo, Jonas precisa aprender a amar a si mesmo, não somente a parte que tem sucesso, mas também a parte que fracassa. 
Por isso, em última instância, Jonas é o arquétipo do medo de amar.
Precisamos aprender a acolher todas as partes que nos compõem enquanto seres humanos ainda em processo de evolução no aqui e agora. 

Devemos aprender a aceitar a nossa imperfeição, porque assim vamos conseguir aceitar a imperfeição do outro e a da vida, encontrando o sentido de unidade que nos falta. 

O caminho para isso começa com o reconhecimento da negatividade que ainda nos constitui e também com o reconhecimento do ser espiritual perfeito e eterno que somos em essência.

O grande segredo oculto por trás da história de Jonas é este: o mergulho na dor é necessário para encontrar a verdade. 

A jornada não é sobre fugir dos desafios, mas encará-los com coragem. A baleia não é castigo — é cura. Nínive não é inimiga — é parte de você pedindo transformação.

Reflexão final

  1. Quantas vezes você tem fugido de Nínive?
  2. Que tempestades sua alma tem causado ao tentar escapar do seu propósito?
  3. Está disposto a entrar no ventre da "baleia" e renascer?
A história de Jonas nos ensina que o verdadeiro despertar espiritual só ocorre quando temos a coragem de descer às profundezas da nossa alma, aceitar o chamado e servir ao que nos transcende. 

Só assim o mundo ao nosso redor — e dentro de nós — pode ser verdadeiramente curado.

[Fonte: Autoconhecimento — Conhecer e Integrar, original por Patrícia Maciel]

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